[Villain] – Lilycove City –

E então, após um circo invejável de emoções que bailava entre fazê-la duvidar da própria capacidade e abraçar a necessidade de contar exclusivamente com a maestria e experiência de seus pokémons, estava acabado - aí, e só aí, a ruiva pôde se dar ao luxo de enfim deixar o ar escapar dos pulmões quase que por completo, esvaziando-os e fazendo com que a tensão que se agarrava aos músculos e ombros amenizasse e afrouxasse, a cabeça pendendo alguns centímetros para frente em alívio praticamente instantâneo. Apesar dos pesares, oras, no fim das contas todo aquele sofrimento havia servido somente para trazer um pouco de emoção à batalha, considerando que seus últimos dois pokémons encerravam o confronto com a vitalidade quase máxima.

— Um pouquinho assustadores, eu acho, mas... — Foi o que comentou, um riso baixo escapando ao passo que se aproximava dos dois pokémons que sobraram na arena, a mão se apoiando com delicadeza sobre um dos ombros da gramínea e afagando-o com suavidade, um sorriso gentil passeando pelos lábios quando as pupilas cruzaram com as suas. — Bom trabalho. — Disse, volvendo a atenção brevemente para o fantasma ao lado, cumprimentando-o com um sutil menear de cabeça. Então, paciente, dignou-se a retornar ambos os seus pokémons, estalando os dedos e apressando alguns passinhos na direção do homem que a aguardava (quer dizer, mais ou menos, considerando que ele logo tratara de partir em frente).

— Eu... Na verdade, eu tenho dois! Digo, um, mas... — Comentou, tropeçando uma e duas vezes antes de alcançar verdadeiramente o mais velho, um sorriso torto sendo a única reação diante da animação repentina do oponente há pouco exaurido. — ...Eu quero um Dracovish, também. É um conjunto de dois, não é? — Quis confirmar, olhando em volta ao adentrarem o dito escritório do senhor. Paciente, retirou uma das alças do ombro e jogou a mochila pra frente do corpo, revirando-a por alguns segundos antes de encontrar e pescar duas pedras ali de dentro, uma verde e outra azul. — São essas, não são? Eu dei uma pesquisada mas, sinceramente, não tenho certeza... — Disse, dando um sorriso sem graça ao titereiro dos fósseis, estendendo os próprios em sua direção.

Foi com um cenho franzido que a treinadora cumprimentou a estranha máquina de ressurreição que descansava no escritório/camarim do homem que havia desafiado. Quer dizer, não era como se já não houvesse visto coisas bem mais estranhas mas, sabe, normalmente elas significavam trecos bizarros, não tecnologias já meio que difundidas (quer dizer, mais ou menos) na modernidade.

— Tão fácil assim? — Perguntou, observando em silêncio enquanto Vossa Majestade tomava as partes rochosas que havia entregue e as inseria nos espaços reservados das “mangueiras”, pendendo a cabeça para o lado com discrição quando o aparelho meio que absorveu as partes para fundi-las em uma só. — Eles são temperamentais? — Achou válido questionar, espiando a pokéball “cuspida” ao fim da metamorfose das duas metades em uma só, achando graça das instruções passadas pelo homem a respeito dos banhos e corridas. Ora, talvez fosse mais difícil do que tinha imaginado - ou será que era simplesmente algum tipo de exagero “paternal” e superprotetor de um especialista dedicado? Hmm…

Enfim, não teve muito tempo para pensar sobre, visto que uma escuridão repentina veio para aturdi-la e fazê-la recuar às cegas, esbarrando em um e outro móvel mas, felizmente, não criando nenhum caos em específico - afinal, tinham sido só alguns passinhos hesitantes -. Sinceramente, não prestaria muita atenção à situação, não fosse o horário tão coincidentemente marcado próximo ao período em que supostamente ocorriam as reuniões da tal gangue… Será que tinha alguma relação? Alguma tecnologia que “sugava” demais a cidade, ou algo que simplesmente cortava e…

...Balançou a cabeça. Não valia a pena pensar demais, pois não teria como chegar em nenhuma conclusão.

— Isso sempre acontece? Tipo, todo dia? — Quis saber, resumindo sua curiosidade em uma única pergunta, discreta o suficiente para que não levantasse algum tipo de suspeita. — Enfim… Acho que tenho que agradecer por me receber! E pela oportunidade do desafio… — Sorriu, simpática, segurando as mãos uma na outra. — Não vou tomar muito mais o seu tempo. Com certeza deve estar querendo descansar, depois de um dia todo de batalhas. — Emendou. — Obrigada! Por tudo, tá bem? — Disse, balançando levemente a cabeça num aceno tímido, apertando as pálpebras num gesto relaxado. — Espero que a gente possa se encontrar num outro desafio em outra oportunidade, quem sabe? — Comentou, um acenar de dedos servindo de despedida para o rapaz. — Até mais!

...E foi.

Ao finalmente abandonar o escritório e o projeto de coliseu organizado para aquele evento de confronto contra o homem ali coroado, a primeira coisa que fez foi permitir que um profundo suspiro de alívio escapasse, os pés freando na entrada da estrutura e as pálpebras se cerrando quase ao mesmo tempo que o queixo se ergueu ao manto celeste, as madeixas curtas açoitadas pela brisa fria que embrenhava e escorria pelos fios escuros. Por alguns instantes relativamente longos, a ruiva deu-se ao luxo de se manter em tal posição, a respiração num vai-e-vem hipnótico que se mesclava à maresia soprada do oceano não tão distante; Os pensamentos picotados bailavam junto ao sopro de ar gélido que escorria pelas vielas de Lilycove, prensando a urbe em abraço agressivo - ora, não fosse o fato de que há muito se acostumara com a ideia de que toda e qualquer situação na qual se intrometia acabava rasgando-lhe aos pedaços, talvez não tomaria para si um único instante no qual poderia simplesmente relaxar e absorver a ideia de que tinha dado tudo certo, afinal.

...Claro, a noite sequer havia começado, huh?

Quando enfim o rosto se baixou e um balançar discreto de cabeça espantou os sussurros que ecoavam nas profundezas de sua mente, as pálpebras permitiram-se abrir com tranquilidade, os ombros relaxando e um sopro gentil de ar quente sendo expulso por uma simplória fresta entre os lábios pálidos. Um sorriso parvo brincou no rosto quando pensou, mais uma vez, no companheiro recém-revivido pela máquina disponibilizada pelo homem que há pouco era seu oponente; Apenas mais um entre os tantos que mantinha consigo, é verdade, mas definitivamente uma experiência que calharia de ser tão significativa quanto as demais - fosse por um ótimo ou péssimo motivo.

A primeira coisa que fez, então, foi retirar o aparelho eletrônico alaranjado do bolso, os orbes acinzentados desviando-se na direção de sua tela para que checasse o horário ali demarcado. Um suspiro tranquilo escapou quando se deu conta que ainda teria um bom par de horas pela frente e, então, alguns cliques foram suficientes para redirecioná-la para a tela de mensagem, afinal, a notificação não estava lá de graça; A primeira resposta era de Karinna, e foi com um erguer de sobrancelhas que recebeu as notícias superficiais acerca das aventuras pelas quais a loira estava passando. Então, veio Luch, mencionando sequer ter saído do continente e, com um singelo suspiro, os passos começaram a encaminhá-la na direção do Centro Pokémon pois, afinal, havia a necessidade de recuperar seus companheiros para o que ainda estava por vir.

Para Karinna escreveu:

”Também amo você, cabeçudinha. Tô com um pouco de medo de perguntar mais sobre o que tá rolando por aí, mas pode ir me contando, anda!
Não sei se já te falei, aliás; Consegui descobrir minhas megas. Minha venusaur ficou linda, toda grandona. ♡
Também tô com um Lucario, mas ele ainda não conseguiu bater direito com a força necessária… Apesar de que acho que foi porque ele acabou de evoluir? Tô vendo se consigo treinar ele um pouquinho…”

Para Luch escreveu:

”Ih, tô vendo que esse papo de voltar pra Johto foi só pra me despistar, hein? Digo nada...
Parabéns pelo ginásio! Se for no outro, vou estar torcendo por você! ♡
De qualquer jeito, me avise quando/se estiver indo, ok? Te amo, palhaço.”

E foi justo quando terminou de escrever a última palavra que um bipe agudo de recebimento de uma nova mensagem apitou de seu Pokénav; Chase piscou, enviando as frases escritas logo antes de mudar a tela para a caixa de entrada, a expressão suavizando ao se dar conta de que se tratava do aviso de chegada de um dos rapazes com quem vinha negociando nos últimos tempos - ”timing incrível”, foi o que pensou, um sorriso torto brincando no canto dos lábios antes de enviar um simples “OK, estou indo”, como resposta, enfim guardando o aparelho no bolso mais uma vez e prestando mais uma vez atenção no caminho que tinha pela frente.

Assim que chegou ao Centro, sua primeira parada foi no balcão da enfermaria, estendendo as esferas de seus companheiros para que pudessem ser recuperados e, logo a seguir, partiu para a ala de negócios do lugar, tirando um tempinho para debater com o responsável acerca da pepita que carregava e, huh, conseguindo um precinho amigável em troca da bendita. Passado o tempo necessário, a moça recolheu mais uma vez suas pokéballs, demorando alguns segundos ao correr o olhar cuidadosamente pelo ambiente, freando-o ao finalmente dar de cara com uma dupla de, uh, pombinhos que, embora normalmente não lhe chamariam a atenção, o longo cabelo platinado e as cicatrizes espalhadas pelo corpo do rapaz eram características, digamos, difíceis de se ignorar.

— Gray? — Chamou ao se aproximar, num projeto de hesitação inevitável; Porém, logo espantou esse receio com um torcer de canto de boca. — Desculpa, não queria atrapalhar. — Pediu, ajeitando brevemente uma das madeixas avermelhadas e cumprimentando a adolescente ao seu lado com um singelo menear de cabeça. — Natalie. Prazer conhecer. — Apresentou-se, um aceno tímido de dedos em complemento. — Vem cá, vamos ali no computador que eu pego seu ovo. — Disse, encaminhando-se ao sistema de armazenamento que existia na estrutura. Não foi preciso muito antes que retirasse o dito cujo dali de dentro, logo estendendo-o ao especialista fantasma no processo. — Aqui. Você trouxe o TM que a gente combinou, né? — Quis conferir, tirando a carteira para separar a quantia previamente discutida sobre o objeto. Felizmente, já tinham resolvido parte dela anteriormente, então… É.

— Me diz, — Chamou, as pupilas passeando com paciência por um relógio pendurado na parede. — você tá com pressa? — Quis saber, encolhendo os ombros e respirando fundo. Não sabia se devia, mas… — Quer dizer, eu tô meio sem nada pra fazer por agora, e... — Disse, respirando fundo e tirando duas de suas pokéballs, libertando Lucario e Avalugg, respectivamente. — ...eu queria treinar um pouquinho meus pokémons. Então, se você tiver afim... — Sugeriu, um sorriso sem jeito. — ...a gente podia ir lá pra fora, e tal. Que que cê acha?

...Ainda tinha horas pra gastar, né?
E perguntar não ofende.
Né?

- Vender o Nugget;
- Entregar 1600PK$ pro Gray;
- Entregar Ovo de Rowlet, receber Oranguru (+2BC por troca).
- Usar TM Dazzling Gleam do Sr.Gray:
[Grimmsnarl, retirar Torment;
Minior, retirar Tackle;
Cherrim, retirar Leafage;
Klefki;
Togekiss, retirar Life Dew.]

Equipar Lucario com Metronome para essa luta o/

E vejam só, apesar de tanto conviver com aquele tipo de coisa, digamos que a surpresa bem que foi inevitável quando o bendito rapaz ao qual se dirigia na verdade se revelou a filhote noturna da raposa que ela própria possuía; As sobrancelhas se ergueram em reação imediata e, huh, os passos tropeçaram para trás quando a quadrúpede arremessou-se em seu colo sem mais e nem menos, os braços acolhendo a filhote felpuda com inicial desajeito.

— E-Ei, calma, garota! Calma! — Riu, afagando o topete rubro da pequena noturna, um sorriso gentil brincando nos lábios quando, enfim, a atenção se volveu ao verdadeiro treinador. — Parece que vocês já estão se dando bem juntos! — Comentou, dando uma piscadela e bagunçando os pelos do frágil animal; Ah, fazia um tempo desde a última vez que Joker estivera daquela maneira... — O treinamento é muito difícil? — Perguntou; Afinal, ainda que meio "parecidos", um noturno não era simplesmente igual a um fantasma, né?

Enfim, ora, dizem que quem tem boca vai à Hoenn - então, heh, é compreensível a alegria singela da moça diante da resposta positiva do rapaz (e vejam só, não é que ele era simpático? Apesar do visual um pouquinho intimidador à primeira vista; É como dizem, não se julga um livro pela capa, não...). Quer dizer, não era como se fosse o fim do mundo caso o especialista optasse por recusar, mas preferia mil vezes evitar ter que perder tempo zanzando pela rua e caçando o que fazer, sabe como é. Além disso, também tinha a graça no fato da moça na mesa tê-lo tratado como "princesinha", mas tecnicamente não devia ficar reparando muito nesse tipo de coisa... Né?

Assim que pisaram para fora do estabelecimento, a primeira atitude que a moça fez questão de tomar foi retirar seu zombeteiro sarcófago da esfera, recuperando o item que com ele estava e dando um peteleco relaxado no extremo do ponteiro do artefato, observando-o balançar de um lado para o outro antes de estendê-lo para o bípede que batalharia em seu nome, um menear de cabeça incentivando que o animal guardasse o objeto consigo temporariamente. Não tinha certeza se adiantaria de muita coisa mas, huh, considerando que havia lidado com inúmeros hit-kill na batalha contra o Rei dos Fósseis, digamos que não tinha lá muita probabilidade de encontrar algo pior... Né?

— Ah, acho que isso vai ser um problema... — Murmurou, balançando a cabeça em negativa quando os olhos encontraram os interiores flamejantes dos espécimes liberados pelo agora oponente. — ...Bem... Vamos ter que tentar, né? — Disse especificamente ao Iceberg, um sorriso ameno passeando nos lábios enquanto as mãos se acomodavam nos bolsos frontais. Com certeza aquele tipo de confronto seria incômodo ao gélido pokémon mas, huh, talvez também pudesse servir para que ele conseguisse resistir um pouco mais àquele tipo de batalha, no futuro?

Vai saber.

— Lawrence, primeiro você: Faça chover nesse campo com um duplo Rock Slide. — Instruiu ao canídeo, logo antes que a atenção se volvesse na direção do robusto quadrúpede da arena. — Avalugg, se concentre na Lampent. Dê cabo com seus Crunch. — Pediu, cruzando os braços com suavidade em frente ao peito. — Aliás, eu não cheguei a perguntar, mas... — Chamou, ajeitando a pequena canídea no colo. — ...O que mesmo te levou a querer treinar uma dessas? — Perguntou, indicando a Zorua com um singelo menear de cabeça. — Cê é especialista em fantasmas, não é? — Ponderou. — Não que impeça, mas... Só pra saber.