Pokémon Mythology RPG
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Corrupção na pradaria.

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Depois de ter uma conversa com meu mais novo colega treinador, Harvey, cujo não sei exatamente o sobrenome, me levantei daquela praça de alimentação do Centro Pokémon de Petalburg enquanto olhava pro garoto e dizia algumas condicionais pra que eu pudesse começar o trabalho da melhor forma. Eu já havia deixado meu numero com ele, portanto ele poderia ligar pra mim pelo Rotom Phone a hora que bem entendesse para saber do andamento da missão.

Andando com a Gastly ao meu lado, caminhei pela cidade com certa pressa, pois não sabia exatamente quanto tempo teria para encontrar o homem. Enquanto caminhando, no entanto, não pude parar de pensar nas coisas que aconteceram recentemente: Encontrar alguém legal num Ginásio, tipo de local que eu costumo abominar, ter uma batalha Pokemon com essa pessoa e... Ter gostado da batalha... Definitivamente as coisas estão mudando, espero que pra melhor. Mas... Esse tipo de trampo nunca vai me largar, eu acho... Mas também, eu não paro de procurar por eles...

Em seguida, pensei que o dinheiro que conseguiria angariar com esse trampo poderia me levar de Rustboro até Mauville rapidamente com aquele transporte rapido porém caro que o garoto havia mencionado pra mim. Realmente precisaria correr um pouco, eu já enrolei por tempo demais, não sei como ela está, se está viva, se está bem... Isso tá me corroendo.

Então, passando pela saída leste de Petalburg, me direcionei para a Rota 102, onde eu teria de encontrar o pai de Harvey, que também não foi me informado o nome, apenas sei que é o dono de uma mineradora local, e assim poder iniciar o trampo: Ir até uma cabana dentro da Petalburg Woods e cobrar uma galera que tá devendo dinheiro... Não que eu nunca tivesse feito algo do tipo, mas agora eu tinha um Pokemon comigo... O que isso mudaria?

Olhei para Gastly e fiquei me imaginando se ela seria capaz de instigar algum medo nos devedores. Lancei um pequeno comentário, mesmo sabendo que ela não poderia me entender ou me responder. — Eu juro que vou parar com esse tipo de trampo, é só aparecer a oportunidade certa... - Pois eu sabia que ela poderia estar me julgando por ter aceitado esse tipo de trampo, dado o passado que tenho com ela.

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Tropa dos lobos :

By Leandrin o mais quente

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Era um dia pacífico na rota 102 de Hoenn.

O sol não fustigava os habitantes terráqueos como costumava fazer nesta região tropical; na verdade, fazia um dia bastante morno, com poucas nuvens no céu e sem sinal de chuva, o que era incomum. Ao longe, era possível ouvir o doce canto dos pokémons pássaro, arrulhando em alguma copa de árvore distante. Fora isso, nem sinal de fauna selvagem; era estranhamente silencioso o local, dado suas condições quase que paradisíacas: havia um pequeno lago ao lado esquerdo de Victor com algumas vitórias-régias flutuando na flor d'água, límpido e azul da cor do céu. As sombras das árvores eram muito convidativas também, uma forma de fugir do calor abrasivo do sol que hoje em exceção não era tão quente assim. A paz reinava por ali junto da natureza feliz.

É claro que - diferente de seu exterior - o interior de Victor era o exato oposto daquela paisagem incauta. Se sua psiquê fosse uma rota, teria as árvores queimadas e retorcidas, o chão de poeira e cinzas fúnebres e o lago seria um charco de cachaça barata. Suas incertezas pairariam no formato de bestas abissais, o questionando sobre tudo: o desaparecimento de sua mãe, o gosto doce que parecia ter adquirido uma batalha pokémon, os trabalhos pérfidos que pareciam o perseguir...

Caminhava pela serenidade com aqueles pensamentos sempre o acompanhando; assim como Gastly, que ao ser informada por Victor que ele pararia com as tramoias, apenas revirou os olhos e mostrou a língua, seguindo seu caminho normalmente.

Por fim, Victor lembrou-se da orientação de Harvey: seu pai deveria estar pescando uma hora dessas; era esquisito pensar que um agiota como fora descrito detestava violência e praticava hobbies como pesca recreativa. Deveria ser uma figura e tanto! De todo modo, era bom o garoto manter-se perto da água; hora ou outro, acabaria trombando com o tal pai. A rota não poderia ser tão grande, né? Agora, encontrava-se numa bifurcação: de um lado, um caminho mais aberto, logo após o laguinho. Do outro, um trecho mais fechado, com a mata densa e mais escura que o resto da rota. Por onde o garoto escolheria ir?

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Vendo a reação da Gastly em relação ao meu comentário sobre abandonar os trabalhos duvidosos, sentia como se ela realmente pudesse me entender, as vezes. Ficava um pouco sem reação ao pensar que ela realmente pode me entender, além dos comandos de batalha. Nunca tive uma relação com Pokémon, portanto é tudo muito novo pra mim.

Seguindo caminho pela pacífica Rota 102, lembrei-me que tinha que procurar o pai de Harvey em um lago, pois ele provavelmente estaria pescando. Puta merda como pode um agiota não meter a porrada em quem tá devendo ele e... Pescar?! É a primeira vez que vejo algo assim... Hoenn é um local estranho, devo dizer. Enquanto pensava em tudo isso e olhava o caminho que se abria em dois na minha frente, sem nem parar pra pensar, segui pelo caminho mais aberto, pois não queria me meter em locais onde encontraria possíveis perigos. Já basta ter de lidar com uma família de supostos estelionatários, com a chance de eles resolverem se crescer pra cima de mim, não quero ter que lidar com esses monstrinhos também.

Caminhei, com um passo calmo, pela porção da rota que era mais aberta. Pretendia me manter bastante próximo de qualquer tipo de lago, pois seria ali que encontraria meu objetivo. Não estou muito afim de me prolongar demais nesse trampo, ainda tenho que seguir pra Rustboro, me informar por lá e depois pegar o transporte pra Mauville, pra só então continuar meu caminho até Slateport... Porra, o que a falta de grana não faz? Enquanto caminhava pela rota, acabei por me distrair um pouco, usando o Rotom Phone pra acessar o PokéGram, tentando acessar o perfil da minha mãe, se é que ela ainda atualiza aquilo, pra tentar descobrir um pouco mais de informação, ou ao menos ter uma imagem salva de seu rosto pra mostrar às pessoas quando for perguntar por ela.

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By Leandrin o mais quente

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Quase treinador e pokémon viajavam juntos pela rota tranquila enquanto a mente de Victor viajava junto, essa indo para tempos remotos onde sua mãe ainda estava por perto. Podia quase sentir o cheiro dela, tão característico, seu toque e afago. Guardava consigo as fotos em seu dispositivo eletrônico não somente de lembrança, mas também como garantia que não esqueceria de seu rosto, o tempo sendo o algoz que dissolve nossas lembranças mais preciosas. Parecia perdido na face de sua mãe quando Gastly se agitava com algo, prontamente avisando Victor:

Logo mais a frente, havia um lago mais amplo, frondoso, onde ao lado de tronco de árvore derrubado que parecia um banco jazia um balde de metal. Logo se aproximaram para checar do objeto incomum na paisagem, e atestaram algo mais esquisito ainda: uma vara de pescar estava presa com uma gambiarra comum de pescador, usada para deixar a vara imóvel para quando demonstrar sinal de ter fisgado algo, o pescador poder facilmente puxá-la. Era uma vara bastante vagabunda, sem molinete ou algo parecido, feita de bambu barato. O balde estava virada, com pouquíssima ração pokémon em seu interior. Era uma isca comum para pescaria. Havia ainda uma trilha confusa e irregular de ração que saía do balde e se embrenhava na mata mais densa. Eita. O que o garoto faria com essas informações?

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Enquanto caminhava pela calmaria da pradaria, olhava o PokéGram e visualizava muitas fotos da minha mãe. A maioria sozinha, uma ou outra comigo que estava sempre com a cara fechada enquanto ela esbanjava um grandioso sorriso. Não é a toa que é uma enfermeira, alguém que está sempre bem para que os outros estejam bem. Ao passo que fui olhando o feed, pude sentir que realmente ela estava fazendo falta.

Mas isso não é de hoje. Como o trabalho dela a forçava muito a ficar fora de casa por conta de plantões e tudo mais, era um pouco raro eu parar pra conversar com ela por mais de uma hora. Eu também passava muito tempo na rua, fazendo... Minhas coisas... E, pouco a pouco, fui me distanciando dela de uma forma que eu nem consigo dizer quando que isso aconteceu. Não pude nem dizer que a amo pela ultima vez antes do desastre, pois eu sequer imaginava que poderia acontecer algo assim.

Com todo esse tipo de coisa passando pela minha mente, senti um nó na garganta, aquela vontade de chorar reprimida, mas, por conta do destino, sequer tive tempo de fazer isso, ao passo que encontrei pistas do paradeiro do meu cliente. Guardei o Rotom Phone e imediatamente me foquei em analisar o local, deixando um pouco de lado a saudade que eu sentia da minha velha.

Um toco de madeira que servia de banco, uma vara de pescar presa ao chão com uma gambiarra de pescador, um balde de iscas revirado e uma trilha de iscas que levava até a mata fechada que eu queria evitar. Me aproximei vagarosamente daquele ponto de pesca e me pus a analisar a situação com mais atenção. Não era incomum eu aceitar trampos que envolviam um pouco de investigação, principalmente pra seguir pessoas suspeitas de traição, ou conseguir dados sobre um dispositivo de uma companhia gigantesca pros Rockets... Enfim...

Aproximei-me mais daquela cena do toco, vara e balde e agachei perto do balde. Observando-o, poderia deduzir o tamanho do ser que o derrubou pela quantidade de ração Pokémon sobrando, que era ínfima, praticamente limpou o balde. Que foi um Pokémon, isso é óbvio, afinal quem iria querer roubar comida de Pokémon se não fosse um deles?

Por um instante se passou pela minha cabeça que o meu cliente poderia ter sido atacado por outra pessoa e que ele teria derrubado o balde na tentativa de se defender, mas a ração Pokémon ainda estaria aqui, ou ao menos haveria uma concentração maior de ração ao redor do balde caso um monstrinho tivesse aparecido depois dessa situação e comido o que estivesse aqui. Não, isso não parece ser o que ocorreu. Acho que o pescador se distraiu, foi dar uma mijada e um Pokémon brotou aqui e roubou a comida, daí o pescador pode ter visto e o Pokémon correu pra mata, com o cara atrás dele... Isso explicaria a trilha de ração totalmente confusa, já que o monstrinho que estava roubando a comida correu em desespero, provavelmente tentando ludibriar o pescador com movimentos aleatorios ao entrar na mata, tentando despistá-lo.

No fim, não dá pra ter certeza, mas é uma boa hipótese. Decidi entrar um pouco na mata, ter a Gastly do meu lado me encorajava a tomar esse tipo de atitude. Tentei, além de tentar manter um rastreio da trilha de ração, verificar se as folhagens ao redor da trilha estavam dobradas ou mesmo quebradas, podendo identificar o tamanho do Pokémon ou então a presença do pescador passando por aqui. Se eles estavam correndo, certamente destruíram algumas plantinhas.

Suspirei. — Não esperava ter que procurar esse cara... Que merda, Gastly, já não tô gostando muito desse trampo. - Comentei com a minha fantasminha camarada, enquanto observava a entrada do matagal.

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By Leandrin o mais quente

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Victor não tinha tempo para se permitir chorar: logo, uma cena investigativa erguia-se na pacífica rota, obrigando o garoto a engolir suas lágrimas num soluço reprimido e volta-se para a investigação. Ficava claro que ele era bom em dedução; em apenas alguns minutos, conseguia unir as peças daquele quebra-cabeça simplório e enxergar de forma ampla o que poderia ter acontecido. Enquanto fazia isso, sua Gastly aproveitava para fazer uma boquinha, enfiando sua cabeça gasosa dentro do balde de alumínio para mordiscar um pouquinho daquela ração. Quando terminou de utilizar da lógica, só havia um caminho possível: seguir a trilha de ração.

Quando comentou não estar gostando muito desse serviço, Gastly revirou os olhos como quem diz "não foi por falta de aviso". Era engraçada a interação da dupla, já que a pokémon fantasma agia como uma espécie de consciência para Victor, sempre julgando suas escolhas com a melhor das intenções. Lá no fundo, a fantasma só queria o bem de seu treinador; talvez ele não soubesse, mas Gastly nutria uma profunda admiração e carinho por ele. Caso contrário, o que estaria fazendo ali, seguindo-o até mesmo em trabalhos os quais ela não concordava de jeito nenhum? Só poderia ser amor. Essa lealdade de segui-lo mesmo quando desconfortável com suas escolhas só poderia ser resultado desse sentimento maior.

Pois bem, de volta a trilha, acabaram por entrar num trecho de mata mais fechada, apesar de ser bastante ampla para os padrões de Hoenn. As muitas árvores tropicais competiam por espaço e sol, formando uma cúpula verde com suas copas frondosas que escureciam o local de leve, apenas abaixando a luminosidade de 10 para 8. Era úmido; dava para sentir no ar a transpiração da flora local. Victor se concentrava em encontrar qualquer sinal de movimentação vindoura do lago. Era difícil seguir uma só trilha, pois assim que entrou na mata, a trilha parecia se dividir. Entretanto, era possível atestar que - seja lá o que criou aquela cena exótica na beira do lago - não era muito grande. E não era um só: Victor atestava várias marcas que deixavam claro que era uma quadrilha, desde gramas levemente amassadas em vários pontos até galhos quebrados. Era confuso seguir a trilha pois ela vertia em várias afluentes, que se entrelaçavam e distanciavam uma da outra sem um padrão muito definido. Mas definitivamente iam para o mesmo lado; isso era claro agora, pois o garoto chegava para ver uma cena um tanto quanto inusitada:

De trás de uma árvore, sorrateiramente, observava um grupo de pokémons lupinos em cima de algo, as cabeças abaixadas e sons de mastigação. Apesar do grupo estar realizando aquela atividade juntos, existia um membro que era menorzinho e mais pálido, que tentava entrar na roda para participar daquilo mas era logo enxotado. Ele não desistia, entretanto; era empolgado em seu ofício, mas toda vez que chegava mais perto do centro da roda, algum pokémon maior o empurrava para fora com um rosnado ou latido, mostrando suas presas, no que ele respondia com um chorinho decepcionado, logo voltando para seu humor brincalhão e tentando se enturmar. O que Victor faria diante da cena? Aquilo fazia parte da sua investigação?

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Enquanto caminhei pela mata mais fechada, fui observando a mudança brusca, onde antes era tudo mais plano e aberto, agora com arvores e gramas altas que impediam um pouco da visão. Um pouco, apenas, nada que fosse realmente preocupante. Apenas era um pouco mais difícil de perceber qualquer tipo de trilha, talvez levando a um ponto onde seja possível se perder, mas eu sou bom com direções... Eu acho...

De toda forma, quando Gastly revirou os olhos, era como se eu pudesse ouvir ela falando "não foi por falta de aviso". Mas que coisa... Eu não sabia que era possível se comunicar com Pokémon dessa forma. Ou talvez seja apenas com ela? Afinal, ela já conversou comigo, de alguma forma... Naquele dia que eu apaguei...

Enfim, deixando isso de lado, até porque a cena a seguir era intrigante e havia roubado minha atenção, percebi uma matilha de Pokémon lupinos, o que poderia ser bastante comum por essas bandas, se eu pudesse afirmar isso com certeza, mas já que não conheço a região, não posso. Eles pareciam estar comendo alguma coisa. A trilha de ração me levou até eles, então certamente eram os culpados de roubarem as iscas do pescador. Bem, é o raciocínio mais óbvio a se pensar. Uma coisa curiosa a se perceber era que havia um deles, menorzinho e mais pálido, que parecia estar tentando chegar na comida mas os outros não deixavam que ele se aproximasse.

Era melhor ele tentar caçar alguma coisa ou então morreria de fome. Os outros certamente não iriam deixá-lo comer. Bem... É a natureza. Eu não deveria interferir em algo assim, e eu ainda preciso encontrar o meu cliente. Olhei para a Gastly, sabendo que ela provavelmente me julgaria novamente por não ajudar o pequenino, mas nesse caso realmente não tem muito o que fazer. Se eu ajudá-lo, ele não construirá a força que precisa pra passar pelos desafios.

Isso me fez lembrar um pouco do passado. De como fui abandonado por meus supostos amigos, justo na pior situação em que podiam ter me deixado pra trás. Por conta disso, perdi quatro anos da minha vida... Não que eu tenha feito algo de útil com os outros dezenove... Ao lembrar de tudo isso, cerrei o punho, e minha expressão se fechava ainda mais. De toda forma, por mais que eu me identifique com aquele carinha, ainda não posso fazer nada por ele. Sequer tenho comida pra dar a ele, então seria inutil tentar afugentar todo o resto da matilha pra deixar ele comer, além de injusto também.

Com isso em mente, apenas fui me retirando lentamente daquele local, evitando fazer muito barulho, pois ainda tinha um pescador agiota pra encontrar. Jamais achei que uniria essas duas palavras num mesmo contexto...

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By Leandrin o mais quente

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Victor não tinha interesse algum em subverter a ordem natural das coisas: se intervisse no que via, por seu sentimento humano e defender o mais fraco ou até mesmo a empatia que criou ao se ver no lugar daquele lobo pálido, poderia estar afetando uma delicada ordem que sustentava a harmonia do ecossistema. Acreditava que o lobo mais fraco deveria aprender a lutar pela sua comida sozinho; fazia parte da seleção natural. Se sua ação eventualmente favorecesse um lobo mais frágil, logo toda uma ninhada deles seria gerada até grande parte da população de lobos ser pálida e menor, como aquele exemplar, criando um provável cataclisma mais tarde que começara com uma simples e bem-intencionada ação humana.

Sem fazer som algum, o garoto então decide por partir, apesar de sua Gastly claramente estar incomodada... Seria seu senso de justiça falando mais alto? Muitas vezes, era difícil interpretá-la. Seu próprio mestre, Victor, tinha essa dificuldade. De todo modo, voltou de fininho por onde veio, tomando cuidado para não partir nenhum galho no caminho e atrair a atenção da matilha. Frustrado e sem respostas, já estava pronto para retornar ao lago onde primeiro encontrara pistas sobre o paradeiro do pescador agiota quando ouviu, bem distante, um leve grito masculino, que logo cessou. Victor teve a impressão de que era um som espontâneo, como quando tomamos um susto ou tropeçamos e emitimos aquelas exclamações características de surpresa. Estava distante, mas perto o suficiente para que o garoto distinguisse de onde viera: de uma parte ainda mas fechada da mata. Se ele se apressasse, talvez chegaria a tempo de atestar se era o homem que procurava. Poderia estar enganado, é claro, mas que outra pista teria? Os lobos trataram de acabar com sua única trilha provável. Gastly mesmo se animava, fazendo gestos com o olhar e corpo flutuante para que seguissem o som. E agora? O que Victor optaria por fazer? 

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Olhava para Gastly, que se mostrava incomodada com alguma coisa. Eu teria falado pra ela que ao menos dessa vez eu estava correto em não interferir no curso natural das coisas. Por mais que eu também quisesse ajudar o lupino, não era a melhor ideia. Então, eu e ela voltamos mais ou menos pro centro da mata e foi quando ouvi um... Grito? Tipo, de susto? O que poderia ter sido?

Alguém viu algo que não queria ver, ou se assustou, ou tropeçou e se machucou. De toda forma, era uma voz masculina e eu estava procurando por um cara. Era uma pista facil de seguir. Mesmo sem a trilha dava pra ter uma noção de onde o grito veio. Então foi o que fiz, adentrei ainda mais na mata pra procurar a fonte desse grito, tentando não me perder da direção de onde veio. Tentei andar o mais reto possível naquela direção, seja qual for, se necessário pulando por cima de obstáculos, coisa que eu podia fazer graças ao condicionamento que adquiri durante os trampos da vida.

No entanto, não iria correr, pra não gerar atenção indesejada. Mas esperava que pudesse chegar a tempo na origem do som, ou ao menos que pudesse chegar lá. Se perder seria uma merda. Ao longo do caminho ia conferindo se Gastly estava me acompanhando, mas acho que, pra ela, não é problema nenhum acompanhar um cara andando pelo matagal... Porque ela voa. Não tem muito mistério, ela passa por cima de tudo sem esforço.

Realmente não tinha muita opção, então era isso que seria necessário fazer.


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De mãos atadas, Victor se via sem outra opção a não ser se direcionar para onde primeiro ouvira o grito. Por que essas tarefas que pareciam simples e rápidas eram sempre as que mais se arrastavam desnecessariamente? Não poderia simplesmente trombar com o agiota pescando serenamente na beira de um laguinho tranquilo, claro que não. Tinha que se embrenhar na mata, sem pista alguma que não seja o grito anônimo de alguém que - se bem Victor estivesse com sorte - seria seu alvo. Apesar dos incômodos, Gastly parecia estar aproveitando da companhia de seu mestre. Não gostava da ideia de Victor estar se envolvendo com criminosos, é claro, mas o seguiria lealmente onde quer que fosse.

Seguindo a origem do som, caminharam por alguns minutos até se depararem com uma cena que denunciava ação humana por ali: havia uma frondosa árvore frutífera, cheia de frutos amarelados de aparência suculenta (Imagem de Referência), e atrás dela um galho quebrado que dava num barranco não muito alto, mas quem por ele descesse com certeza não subiria de volta, dada sua altura e inclinação. Ao inclinar-se para conferi-lo, Victor percebeu marcas de um corpo que escorregou na lama do barranco. Lá embaixo, a grama alta parecia ter amortecido sua queda que - mesmo que pouca - poderia causar arranhões e hematomas e dependendo de como caísse, uma bela de uma contusão, talvez até mesmo uma perna quebrada.

Haviam algumas frutinhas caídas no chão, mais precisamente quatro em bom estado, que poderiam ajudar o jovem treinador em sua busca, seja de alimento, seja para curar Gastly, que demonstrava apreço pelo fruto amarelinho, sinalizando para que seu mestre as guarde. Foi quando uma figura já conhecida reaparecia: o lobo pálido, aquele que sofria para conseguir comida do resto da alcateia, agora aparecia de fininho, com sua língua de fora e uma expressão de genuína felicidade. Não tinha medo do humano, tampouco do fantasma gasoso; se aproximou sem muita cerimônia e comeu uma das frutinhas, deixando somente três utilizáveis para Victor guardar, se assim desejasse. Depois, deitou-se de barriga pra cima aos pés do garoto, como quem pede um carinho, sem medo ou coisa assim, sua inocência infantil transparecendo em seus modos brincalhões e sua ingenuidade desnuda na frente de Victor. O que faria diante tal cena? A da árvore e seu galho quebrado em cima de um barranco e também do lupino amoroso?

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