Ao receber a corrente de volta em seu colo, Angel simplesmente dá de ombros como quem diz "Meh, tanto faz" e a guardou de volta num dos muitos bolsos do seu colete de pesca. Seus olhos ficavam fixos na isca rosada, que boiava serenamente na flor d'água, sem indício algum de ter fisgado algo. Enquanto isso, Victor aproveitava já estar por ali mesmo e acompanhar seu "cliente" na atividade de pesca, retirando a varinha retrátil de sua bolsa que parecia ser simples, porém eficaz. Angel, ainda com o olhar fixo em sua boia, dizia em tom baixo e contido, respondendo a ávida pergunta do garoto:
- É uma coisa de família... Sou o filho mais velho de um agiota, é claro que seria escolhido para continuar o legado da família. Não tive muita escolha, se quer saber, mas também não reclamei quando comecei a ganhar muito dinheiro em cima disso hahahah... Pode parecer um trabalho difícil, mas ingrato ele não é, te garanto, filho. E eu sei me virar. Posso parecer bonzinho demais, um dos motivos para ter herdando esse apelido haha, mas não se engane. - ele fez uma longa pausa aqui, cerrando mais ainda seus olhos. - Eu faço meu trabalho muito bem. A pesca, por incrível que pareça, tem muitas semelhanças com agiotagem. Por exemplo, você não pode assustar os peixes, tem que ter paciência para na hora certo você EITA!
Foi quando a boia de Victor afundou com força no lago; o garoto, que prestava atenção ao discurso de Angel, mal entendeu a interjeição de surpresa do agiota até perceber sua vara puxar com violência. Até Poochyena, que tirava uma soneca aos pés de seu mestre, levantou de susto, enquanto Gastly sorria para as águas, animada com o que via. Angel permanecia orientando Victor:
- Puxa agora! Isso! Dá linha, dá linha... Relaxa... PUXA! Cuidado pra não curvar a vara demais senão ela quebra! Faz força aqui, moleque!
E indicava onde em seu corpo deveria concentrar sua atenção muscular. Depois de alguns minutos que para Victor pareceram uma eternidade ao mesmo passo que passaram voando, finalmente uma criatura era puxada para a superfície: um peixe branco, de manchas alaranjadas e chifre emergia das límpidas águas! Sua beleza exuberante chocava a todos ali! Angel, por fim, quebrava o silêncio contemplativo:
- Aaaaah garoto, filha da mãe! É um Goldeen, lindo e dourado! Vamos lá, quero ver como você se sai numa batalha! Dá seus comandos!
E esperava, mais do que empolgado, que Victor batalhasse. O que o garoto faria diante tal pedido?