[Missão de Sociedade] Tudo no Sigilo - Parte 2: Encrenca em Dobro

LaRousse.

Matte odiava essa cidade. Apesar de super tecnológica, LaRousse era podre! Não apenas pelos políticos e a marginalização da população mais pobre, mas pelo fato de em um bairro mais carente, a Equipe Rocket ter feito um prédio com aspecto abandonado de base.

Como Matthew não poderia ser reconhecido, usávamos uma máscara negra com o cabelo preso em coque para que o capuz do casaco, também preto, pudesse esconder parte do rosto. Não seria comum ver um dos sócios de multinacional andando pelas mazelas da cidade, então era comum a preocupação, mas também era com a organização que não tinha pistas do passado de Matte, já que assumiu que gostaria de começar do zero, como muitos grunt, e não foi questionado.

Entrar na base não era problema, ainda mais de noite. O movimento nas ruas era menor nesse horário. O real problema seria na relação com… os outros da classe.

Veja, Matte não tem interesse em atividades criminosas. Nossa real motivação é pessoal, mas ainda não encontramos os arquivos que nos motivaram, então o foco era subir na classe e ter maior acesso. Enquanto isso, atrapalharíamos os planos deles, desde que não comprometesse nossa identidade.

Pois bem, ainda assim estabelecer relações com outros rockets era complicado pelo nojo que sentíamos dos que se filiavam desejando vida fácil às custas da desgraça alheia. Não atoa Matte já tinha sujado as mãos quando encontrou com grunts nas Ilhas Redemoinho, mas agora estava mais conectado com a memória e habilidades de Matthew e Thito. O coordenador era um ótimo ator, e se somados à labia do rocket, poderia conseguir as informações que veio buscar sem chamar atenção. Por isso, abria o casaco para mostrar que estava de idamente uniformizado e tomava o caminho da central de missões. Certamente alguém teria feito um relatório recentemente.

Para falar a verdade não fui até a base sem um plano principal e outro caso o primeiro não funcionasse. O primeiro era direto, sem rodeios ou grandes cenas que pudessem levantar suspeitas. O outro envolvia pedir ajuda de uma agente rocket de suporte que era hacker e também gostaria de estragar os planos deles. Só que como pedir ajuda de outros exigia baixar a guarda e confiar que fariam certo e sem deixar rastros, era preferido acreditar que a primeira abordagem ocorreria bem.

Por isso ao chegar próximo do balcão já chegava colocando o plano em ação:

- Matte, Operador do setor de Inteligência. Eu vim conferir o último relatório da missão, acho que deixei passar a localização de uma câmera de segurança.

Falhas deveriam ser verificadas e corrigidas, se fosse o caso, certo? Esperava que elas também pensassem assim. Se conseguisse me aproximar do local ou servidor com os arquivos de missões recentes saberia onde procurar, afinal, eu tinha o relatório de Will.

Os arquivos são salvos em papel ou posso acessar em algum computador?
Não queria dar margem para “nãos”, por isso me adiantava procurando a informação de por onde começar. Atitude e confiança eram atributos base para conquistar respeito em uma organização de hierarquias.

Pode ter certeza que se fosse Matthew ou Thito lidando com aquelas duas teria rolado resposta e até um pequeno barraco. Matte simplesmente não se importava com a opinião delas, só queria cumprir seu objetivo, mesmo que isso significasse trocar favores.

Pois bem, em resposta silenciosa ele apenas pegou a caixa e foi depositar ela no quarto indicado. Não muito depois disso rolou uma pequenas discussão sobre aquele momento em especial onde não houve resposta direta:

THITO
“ainda acho que não deveria deixar alguém falar assim com você, como vai impor respeito desse jeito?”

MATTE
“hierarquia. superiores acham que podem montar na base da pirâmide sem consequências futuras, mas o karma dela virá”

Pois é. O silêncio não só mostra maturidade como também é um dos processos da vingança lenta da vida. E falando nisso… Azula saía da esfera ao perceber que era Matte quem “pilotava” o treinador. A Pachirisu curtia a vibe dessa persona e, curiosa, olhava o que tinha dentro da caixa, mostrando interesse no pacote.

- Hm? Que foi? Você também quer uniforme? Vamos ver se aquelas duas ficam ocupadas com você e o Dedenne enquanto eu procuro uma informação, ok?

Ela se mostrou animada. Não só pela roupinha, mas pelo esquema também.

É isto. Ninguém queria enfrentar a ira de um Gestor, então a hierarquia era mantida pela ordem. O que era paradoxal já que a organização promovia o caos com o resto do mundo. De toda forma a caixa era depositada no seu devido lugar. Nunca foi necessário ficar mais que cinco minutos naquele local então era novidade que não fosse uma zona. Azula, que estava de carona no ombro do loiro, olhava para os recrutas como se fosse esmagar os crânios deles com os dentes. Isso tirava um riso satisfatório de Matte.

Ao retornar pelo mesmo corredor de onde tinha partido, chegava no balcão onde foi prometido verificar os relatórios no computador. Só era esquisito a agente que ofereceu o lugar ter sumido num piscar de olhos. Que seja, não perderia tempo. A outra estava tão envolvida que nem perceberia, e caso percebesse, ela tinha ouvido que ganhamos permissão. Azula ficava no balcão, de olho nos arredores para caso alguém resolver se aproximar, fazendo uma segurança discreta. Ela avisaria com a cauda para que não fosse pego de surpresa.

Agora diante do computador, procurava nos relatórios de missões recentes por qualquer informação que tivesse relação com o navio vindo de Kanto e desembarcado em LaRousse. Só precisava saber onde era o esconderijo do grupo designado. Quer dizer, além da base eu não tinha acesso aos outros esconderijos, mas duvidava que fossem trazer diretamente para o QG. Ao menos torcia para que não fosse o caso, por que qualquer outro não conseguiria invadir um lugar com tantos agentes…

Resolver problemas invadindo sistemas e me aproveitando de situações como aquelas era costumeiro. Infelizmente mentir fazia parte do trabalho e tomar proveito de situações, mesmo que adversas, também. Não tinha nada de honroso nisso, apesar de pensar que não importavam os meios se fossem para um final digno, como impedir aquele roubo.

Assim que chegamos no arquivo certo a leitura dinâmica entregava nomes e algumas informações conhecidas.
Alya… Natalie…

“Amora…?” - esse nome passava mais lentamente na leitura do Operador. Isso porque era a responsável pelo arquivo anexo.

Fechava os arquivos e levantava da cadeira. Amora era a mulher que esteve na recepção instantes antes.

- Obrigado, estava tudo certo. Perfeccionista, né? Lua em Virgem. - Fingia costume. - Vem cá, eu não consigo um uniforme fofo pra minha Pachirisu não? Ela ficaria uma graça com um cap… Aliás, aquela Amora parecia ter estilo, de repente que ela sabe onde posso conseguir um modelo estilizado. Vocês parecem ocupadas. Pra onde ela foi?

Esperava que ela ainda não tivesse saído da base. Seria mais fácil procurar por ela lá dentro que em LaRousse, apesar de ter um plano B e um C para rolar em concomitância.