Discharge Brothers

Após derrotar a criatura que mais parecia um deus que o espírito atormentado da floresta, Raissa notou algo muito estranho nos capangas rubros. Eles simplesmente pararam de atacar como se não soubessem mais que rumo tomar. Os "pés" de raízes se fragilizavam e ambos caíam no chão, fracos como quem tem o cordão umbilical rompido ou um dente arrancado abruptamente. Por um segundo ou três rolou um silêncio absoluto perturbador. Nem mesmo a própria respiração Raissa conseguia ouvir. E no instante seguinte um agudo seguido do barulho da floresta. As árvores se abriam e delas pessoas e pokémon caíam por toda a extensão da Ilex Forest, desde aventureiros a caçadores.

E sim, um daqueles dois que estavam lutando contra ela era o amigo recém sumido, Rafael Lucky! Aos poucos a casca seca se rompia e Lucky se libertava das amarras mentais e físicas que o transformaram em parte de um todo para se tornar... ele de novo.

Com a derrota delu, duas coisas aconteciam. A primeira e mais urgente. As queimadas eram sentidas por todos  e vinham de uma trilha logo mais a frente dele. Em instantes uma cortina negra e tóxica os secariam se não fugissem ou procurassem conter o problema. A outra era um brilho rubro emanando das cinzas do monstro... O que seria?

Bem, como vida de treinador não tem descanso, é melhor decidirem como agir. Rafael, e principalmente as outras pessoas que estavam mais tempo naquela rede de zumbis, ainda estavam atordoadas de retomar a consciência. Seria necessário pulso firme e agir conforme o contrato, salvando pessoas, pokémon e a floresta!

Sim, eu sei jovens, muita informação.

Conter o fogo não era uma tarefa fácil. Bombeiros passavam dias e as vezes semanas tentando conter queimadas em florestas. Não seria em dois segundos que conseguiriam deter as chamas, mas ao menos retardar um pouco o fogo de se alastrar enquanto um ou outro pokémon ajudavam as pessoas a se manter de pé e se afastar dos focos de incêndio.

Sabe o caos? Ele mesmo estava instaurado. E o pior era que a guarda ranger estava em baixa, mas registrava o pedido de qualquer forma, orientando - quem quer que estivesse falando ao celular - que evitasse respirar a fumaça e se fosse preciso colocar um pano úmido no rosto. A outra indicação era levar quem precisasse de ajuda até a entrada da floresta, próxima de Azalea, que tinha um posto de atendimento com carro que poderia levar quem necessitasse de ajuda médica urgente pra upa mais próxima (viva o sus). Além disso, evitar o pânico e se unir em pequenos grupos para sair da floresta o quanto antes, já que a ajuda remoraria a chegar.

A coisa brilhante deixada por elu? Rafael se aproximou daquele monte de pó cinza. Estava quente e ainda brilhava intensamente. Era esférica, tinha uma densidade única, rústica, de tamanho e peso similar a uma apricorn. Certamente não era um item dropado atoa.

Ainda assim, algo clamava por ajuda na parte mais complicada do incêndio. Onde tinha uma trilha de terra batido por entre a mata. Será que eles seriam doidos de atender ao chamado da natureza mesmo sendo contra indicado? Tam tam taaaam. A missão ainda não tinha sido cumprida, afinal. Cabia eles decidirem ir até o final ou voltarem sãos e salvos para a cidade com os outros.

Crianças.

Raissa e Rafael eram CRIANÇAS.

...... Okay, pré-adolescentes (mas ninguém bosta dessa faze arborescentes, inclusive, sejam mais) !!
E já carregavam um peso enorme nas costas. Tanto as funções nos grupos sociais a qual faziam parte quanto as tarefas que se propunham a realizar. Salvar uma floresta de criminosos e exploradores, matar o espírito perturbado local, orientar jovens e adultos a saírem para assegurar suas vidas... Respirem crianças! Respirem.

Quer dizer, aquele ar era tóxico, então não. Lucky até teve uma ideia para lidar com essa questão, para além de rasgar as mangas e transformar em espécie de máscaras. Plume desmaiava com o calor. Não foi um boa ideia jogar um gramíneo no meio do incêndio. Já os dragões, realmente, suportavam bem melhor o fogo e conseguiam passar sem grandes problemas por eles até mesmo para jogar terra, como indicado anteriormente.

Mesmo entre tancos e barrancos, já que Rafael ora ou outra sentia-se fraco a ponto de ver pontinhos negros piscando entre calor, exaustão e pressão, e Raissa de preocupação, fadiga e estresse pós-batalha, eles seguiam por um caminho que Soul guiava. O dragão fantasma tinha encontrado algo que pedia por socorro. Ao longe eles conseguiam ver um pequeno altar com uma casinha em madeira, quase consumida pelo próprio tempo, mas que em breve seria consumida pelo fogo das queimadas se não defendessem o templo.


Talvez fosse uma boa hora pra ler o guia que encontrou na internet?