RAYSSA
A garota tentava manter uma linha de comunicação com o ratinho acuado. Os movimentos lentos ajudavam ao Rattata não se assustar, evitando um ataque ou uma fuga inesperada. Bem, talvez a fuga não aconteça, já que ele está visivelmente debilitado e assustado, então movimentos bruscos eram praticamente improváveis. Assim sendo, o pequenino não tinha muitas opções. Para a sorte dele, Rayssa era uma garota inteligente e preparada, mas também era bondosa e justa, e com a ajuda de Tesla e seu Rotom Helmet, a comunicação era bem mais facilitada! O Rattata alolano observou a treinadora aplicar o super potion em Unagi e as feridas do elétrico cicatrizarem quase que imediatamente, então permitiu que ela fizesse o mesmo nele. Depois de ter suas energias recuperadas, outro sinal que ele transmitia era um bem óbvio: um estômago roncando de fome!
Porém ele estava recuperado e bem mais confiante na bondade das humanas e nos elétricos ali presentes, então começou a responder as perguntas de Rayssa com o auxílio do maquinário de Marina e a conexão do Rotom. - Eu… eu vivia em uma praia com a areia tão branca que chegava a cegar. Minha amiga é uma senhora que cuida de crianças humanas que não tem um lugar para ir… ela ensina as crianças a ler, escrever, dançar e fazer coisas que os humanos de onde vim fazem. Minha amiga é bem velhinha… precisa de mim pra fazer ela sorrir! Eu.. seu sinto muita falta dela! Ela.. ela cuida tão bem de mim! E esses homens de preto… vieram do nada e… me tiraram dela! Bateram nela, queimaram a casa! A última coisa que lembro… foi a de um homem de cabelo branco me jogando uma bola roxa… e então não tem nada. Eu… eu só quero voltar pra casa e ficar com minha amiga! - o ratinho, então, começa a chorar, em um misto de saudades e vontade de voltar para a casa, para perto de sua mestra, para sua terra. Um sinal dfirente começa a ser recebido no aparelho. - ESSES… ESSES… BASTARDOS! - pelo visto, Rotom estava irado com a história do ratinho, Unagi também não estava nada feliz. Talvez Pokémon tenham um senso empático mais desenvolvivo que os humanos, já que era bem provável que ambos os elétricos tenham se colocado no lugar do ratinho, imaginando como seria ficar longe de Rayssa. Marina se ajoelhou na frente do Rattata e, também chorando, o pegou no colo e abraçou - Nós vamos fazer de tudo pra te levar de volta! Não vamos? - ela, então, olha para Rayssa, No olhar da garota, havia um misto de revolta e tristeza.
- Bom, pelo visto Rotom precisa do capacete, de um decodificador de sinal e de um conversor de ondas. - a jovem enxuga as lágrimas e volta para a frente do computador, deixando o Rattata próximo de seus amigos ainda desacordados. - Se conseguir uma fonte de energia, posso levar um laptop na mochila para analisar melhor no caminho de volta para os esgotos. Mas o estranho é que esse sinal emitido pela torre está embaralhando todas as comunicações. A cidade está isolada do mundo lá fora. - concluiu, então, Marina, respondendo a pergunta de Rayssa. E de fato, a mensagem que a ruiva tentou enviar para Gray não chegou, uma mensagem de “fora da área de cobertura” surgia na tela de seu Rotom Phone.
GRAY
O interrogatório seguia normalmente, com o RR pendurado e semi nu, uma transfusão de sangue acontecendo e um policial lutando para sobreviver ao chão. Priscila mantinha as respostas fisiológicas do homem em seu conhecimento, mas ainda assim não pensava em uma forma de controlar a queda de temperatura. Era o sistema imunológico de Malvin que estava em jogo! Quanto ao RR, bem, ele tentava responder da melhor forma possível…
- Na torre… na torre de rádio! Todos estão lá! Bem… ao menos aqueles que não foram executados ainda!
- E-eu não sei! Isso é com os cientistas! Mas sei que envolve umas máquinas espalhadas pelo continente e… e as naves, sim! As naves de invasão! Elas são conexões de salto dimensional!
- B-bom, é isso que fazemos.., digo, vamos em cada dimensão, invadimos e roubamos os recursos para nosso próprio bem! N-nosso líder Giovani está à frente de tudo…
- A-ah… eu… é… não posso falar! Não posso mesmo, ele me mataria! Você vai me matar, mas ele vai sentir prazer nisso! Não posso, não…
De repente um zunido forte, como um apito de alta frequência, ecoa pelo lugar deixando tanto os humanos quanto os Pokémon incomodados. Mas a resposta mais violenta foi a do RR…
- NÃO! ARRRGH! ME DESCULPA, DESCULPA! EU NÃO QUERIA… EU… AAAAARGH! O NOME DELE.. O NOME DELE É DO…DO…R… ak! - e, de súbito, sangue começou a sair pelo nariz do grunt! Se fosse em uma situação normal, seria apenas um discreto filete, mas como estava de ponta cabeça, com muito fluxo acumulado, alguns outros vasos se romperam, saindo muito sangue pela boca e pelas orelhas. E então, o silêncio. Parece que quem quer se esteja à frente dessa invasão não quer se revelar… ao menos não agora.