Aparentemente a pergunta inocente de Chris tomou uma proporção maior do que ele gostaria. Se aquilo tudo fosse real (ainda que dentro de um sonho), ele seria punido por ser racional? Se fosse apenas uma encenação, que tipo de companhia teatral era aquela que pedia interação da plateia e não aguentava 30 segundos de improvisação? Respirou fundo e respondeu:
-Tá, tá. Não tá mais aqui quem falou. Tira a voz da pobre coitada. Pelo menos ninguém escuta ela cantando mais. Mas acho que a dança não deve ser censurada.
Chris não entendia a falta de pudor e justiça num mundo fictício, talvez produto de sua própria mente, talvez produto de uma anomalia científica. Mas, felizmente ou infelizmente, não havia o que fazer... Ele era refém daquele lugar e precisava tomar uma escolha se não quisesse perder a oportunidade de resolver a situação catastrófica do Dream World (e sair vivo, né?). Sendo assim, resolveu cortar a voz da menina para encerrar tudo de uma forma menos dramática. O foda é que não foi o bastante...
— Excelente escolha! A partir de hoje ela está condenada a perder a voz e servir de sua auxiliar no cuidado do Príncipe. Você começa seu trabalho substituindo-a imediatamente. — E como se fosse a coisa mais normal do mundo, um Carrasco entrou no palco e agarrou os cabelos ruivos da jovem, tirando uma faca grande do bolso para cortar profundamente seu pescoço. Ao mesmo tempo, o Ventríloquo se levantou e, com um cacetete em mãos, fez BONK na cabeça de Chris, desmaiando-o.
Como num piscar de olhos, Chris acordou em um lugar completamente diferente. Era um quarto, com uma cama infantil, mas GIGANTE. Além disso, haviam brinquedos e coisas de criança em tamanho GG. Será este o quarto de Léo Santana? No momento, Chris estava sozinho e poderia investigar.
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Chris conseguia - ou achava que conseguia - resolver tudo da forma menos dramática possível ao optar remover a voz da jovem garota, entretanto, talvez pela audácia do jovem, o rei achou por bem não encerrar o julgamento por ali e agora ele mesmo era condenado por qualquer crime que fosse, sofrendo um golpe na cabeça.
Despertou depois - ainda dentro do sonho, mas estaria dentro da peça dentro do sonho? - num local completamente diferente. Era para ser o quarto do princípe, mas as coisas tinham proporções para um Snorlax naquele lugar. Bem, a jovem condenada seria sua assistente, talvez devesse começar procurando por ela?
Sem ter o que fazer naquele quarto, Chris poderia primeiramente observar duas saídas. Uma delas era a janela, que dava para o Pátio onde havia encontrado o Ventríloquo. Contudo, naquele noite estrelada, tentar sair por ali era um suicídio, já que a torre onde estava ficava há muitas dezenas de metros de altura. A outra opção era um corredor escuro, tão enorme quanto o restante dos objetos do lugar. A escuridão era tão densa que parecia tocar o coração de Chris de uma forma negativa. Além disso, o eco que vinha de lá era de um grito prolongado e melancólico, que deixava a alma do rapaz imersa em tristeza. O que Chris faria? Tentaria sair ou averiguaria o local?
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Chris se via sem muitas opções dentro daquele quarto. Analisou as saídas e se ganharia algo tentando ficar ali. Ao não obter uma resposta satisfatória, preferiu arriscar a saída pelo corredor. Se fosse interceptado de alguma forma, ainda tinha seus pokémon com quem contar.
Conforme Chris avançava pelo Corredor escuro, acabou esbarrando com uma figura bastante conhecida, mas agora melhor trajada. Contudo, ainda com a garganta claramente cortada. Era a ré de outrora, agora revelada como Meloetta, se é que o rapaz conhecia as lendas envolvendo esse Pokémon em Unova....
O Pokémon estava preso por cordas, mas estas desapareciam na escuridão e não era possível saber para onde iriam parar. A criaturinha sapateava e, inicialmente, isso parecia uma forma de comunicação incompreensível... Até se tornar compreensível. Sim, agora Chris conseguia entender o sapateado de Meloetta como uma forma de comunicação não-verbal. A Pokémon dizia estar sozinha, solitária. Sua única vontade era brincar, como fazia com o Príncipe e você seria seu par agora.
"Que tal Pique Esconde?"
Sugeriu a Pokémon degolada, começando uma contagem regressiva que se iniciava em 10... Conforme os números iam caindo, passos pesados eram ouvidos vindo de trás dela e duas passagens surgiam dos lados de Chris, uma para direita e outra para esquerda, conforme a parede se abria. Assim que chegou no 0, o som de passos era forte demais e ficou claro o porquê. Aquele que controlava a Meloetta surgiu. Era o Principezinho, mas GIGANTE, um bebê enorme e extremamente gordinho, com uma cabeça menor do que deveria ser para o tamanho do corpaço. Ele controlava a Meloetta como um Ventríloquo faria e estava perseguindo Chris. CORRA, CHRIS! CORRA!
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A opção de Chris por avançar pelo corredor era posta em prática, e não tardava para que ele topasse com a moça ruiva que tivera a voz arrancada. Só que a tal moça era na verdade um pokémon. E lendário, ainda por cima.
Cordas pendiam de seu corpo, sumindo na escuridão, muito suspeito, uma vez que havia um personagem ventríloquo em algum lugar ali por perto. Sem voz, Meloetta fazia o possível para ser escutada por outros meios. Pior era que Chris conseguia entender o que ela falava. Ela queria brincar.
Pique-esconde.
Chris não tinha lá muita opção a não ser aceitar, ou pelo menos ele não conseguiu pensar em uma alternativa. Ainda mais quando a contagem se iniciava.
Entretanto, não havia para onde fugir, muito menos se esconder, visto que o responsável por manipular Meloetta era o príncipe: uma criança gigantesca que queria muito brincar com Chris. O garoto pensou rápido e lançou Volcano para fora da pokébola:
-Voe, o mais rápido que puder. Vamos fugir desse.... daquilo! - gritava, apontando para o bebê
Era isso, não tinha o que se fazer. Bem, até tinha... Haviam aberto passagens próximas a ele, como o narrador disse. Porém, Chris foi mais criativo e chamou seu Charizard para voarem dali. Volcano atendeu rapidamente seu treinador e, colocando-o em suas costas, ergueu voo pelo alto corredor, tentando retornar pelo caminho que o levaria até o quarto anterior. Porém... Não foi bem isso que o rapaz encontrou...
Assim que venceu a escuridão, Chris e Charizard sentiram o frio da noite varrer seus corpos. Estavam agora do lado de fora, ou melhor, em uma aldeia a céu aberto. Era noite e todas as casas estavam fechadas, não havia qualquer ser vivo nas ruas... Atrás de si, os passos pesados do Príncipe cessavam e apenas Meloetta, ainda presa pelas cordas, surgia para desafiá-lo. Mas... Em um momento de lucidez, a Pokémon sapateou algumas palavras para o Ás, informando que não queria fazer aquilo, que o controle era forte demais. E era mesmo, pelo visto....
Dessa vez, os cordões de Ventríloquo enrolaram mais fortemente os braços, pernas e pescoço da Meloetta, fazendo-a assumir um olhar amedrontador, avermelhado, emitindo um grunhido monstruoso. Não era mais a Pokémon falando ali, mas sim todo o ódio contido naquele Dream World. Era isso... Chris teria que batalhar para sair vivo dali...
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A princípio a tentativa de fuga de Chris nas costas de Volcano era bem sucedida, com o rapaz até conseguindo tomar certa distância. Entretanto, ao serem atingido pelo frio cortante do vento noturno do mundo dos sonhos, percebeu que era uma fuga inútil. O bebê gigante tinha sumido, mas Meloetta seguia em seu encalço, manifestando ser obrigada a batalhar.
Honestamente, o jovem estava cansado daquilo tudo. Aquilo era muito exaustivo para ser um mero sonho, ele ainda não entendera bulhufas sobre como aquele mundo funcionava, sequer sabia se Meloetta estava ali. Não tinha tempo para entrar em conflitos éticos ou sentir pena de um pokémon cuja existência ele sequer poderia confirmar por meios empíricos. Além do que, era um pokémon lendário. Ele podia ir com tudo, ela não se machucaria tão facilmente.
Não é?
Bem, por quê não arriscar? Comandou Volcano ao pouso e desceu de suas costas, liberando ainda Tiamat de sua pokébola. Aqueles dois deveriam ser suficientes.
-Bem, se não tem outro jeito, vamos pelo menos resolver isso de um jeito que a gente sabe bem. Volcano, comece com Sunny Day e em seguida Flamethrower. Tiamat, use o Dual Chop por duas vezes.
Para sair daquele cenário nonsense, o jeito era batalhar... Sendo assim, Chris ordenou uma sequência de golpes para seus dois fiéis companheiros: Volcano e Tiamat. Entretanto, a Meloetta controlada era mais rápida e velozmente dançou passos confusos, capaz de deixar os dois Pokémon de Chris em um estado de plena confusão mental. Apesar disso, as criaturinhas foram mais fortes do que as adversidades e cumpriram com as primeiras ordens do rapaz. O Charizard fez o Sol surgiu naquele cenário de desilusão e escuridão, onde o que se anunciava era vago e incerto. Agora, ainda era tudo vago e incerto, mas tinha Sol. Já a Fraxure foi mais pragmática e acertou duas vezes a adversária bonecona, tirando uma quantidade considerável de energia. Em seguida, a Meloetta ergueu uma barreira de proteção contra golpes físicos diante de si, o que nem pareceu necessário neste turno, uma vez que os dois adversários ficaram confusos e se acertaram... Será que essa confusão permaneceria por mais tempo? O que Chris faria?
Meloetta: Light Screen (1/6) (33% de redução de danos especiais)
Hold Item: ---
Trait: Serene Grace
Lv. 25 Meloetta ☼
51/85
Lv. 52 Volcano ♂
132/143
Lv. 36 Tiamat ♀
82/94
Trait 1: Blaze Trait 2: Mold Breaker
Hold Item 1: Charcoal Hold Item 2: ---
Charizard: Confuso (2/?) Fraxure (2/?)
Campo: Clareira da floresta com alguns troncos caídos, chão coberto de folhas alaranjadas e alguns raios de Sol entre nuvens.
Log de Batalha escreveu:
Rodada 1 - Turno 1
Meloetta usou Teeter Dance (Charizard e Fraxure ficaram confusos!) Charizard utilizou Sunny Day (Clima Ensolarado | Golpes de Fogo +50% Power) Fraxure utilizou Dual Chop (-34 | HP 51/85)
Rodada 1 - Turno 2
Meloetta usou Light Screen (Danos Especiais reduzidos em 33%) Charizard utilizou Flamethrower, mas se acertou na confusão (-11 | HP 132/143) Fraxure utilizou Dual Chop, mas se acertou na confusão (-12 | HP 82/94)
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