[Recrutamento de Aprendiz] - Natalie Chase

Considerando a maneira como estou sendo boicotada por ser uma jogadora de RPG Maker, só posso concluir que o dono da tal risadinha é, em realidade, um tal de Jão Grandão. Não dá pra dizer que não combina, considerando que é uma risada misteriosa e grandona - o tamanho da fonte não me deixa mentir, é grandão mesmo.

Como não era exatamente a mais forçuda (o treinamento ainda não começou, fazer o quê?), de fato teve de pedir um S.O.S para seus pokémons. O da vez acabou sendo Ryo, que emprestou um de seus cipós (afinal, o outro estava ocupado servindo de "cinto de segurança" para a Quagsire bobinha) para dar uma lapada de lado no azulejo, afastando-o o suficiente para que fosse possível de se esgueirar para dentro.

A ruiva se pôs de pé na borda da escadaria, espiando o subterrâneo com certa dúvida no olhar. Era um ambiente estranho, para dizer o mínimo, de se ter em um ginásio; Quase como se realmente existisse um impostor à espreita e Crasher, querendo ou não, estivesse em um perigo inimaginável e inigualável. A ideia era um pouco aterradora, se parasse para pensar sobre como a substituição daquele Gor-... lutador muito largo seria uma péssima ocorrência para aquele bendito ginásio.

Pensando nisso, chegou à conclusão de que ele precisava de um herói.
E quem melhor do que alguém que vive se metendo em todo o tipo de furada possível?

A cabeça se balançou devagar, suave. Não poderia deixar um VILÃO DE QUADRINHOS ali do lado de dentro, muito menos se ele quisesse dominar o ginásio que, sinceramente, era seu por direito. Era a líder interina - quer dizer, a verdadeira líder, como já dito anteriormente, então tinha o dever de proteger a honra e a segurança de seu novo lar! Era certo que não poderia deixar aquilo como estava, então a decisão era mais que óbvia e inevitável.

Por incrível que pareça, o exorcismo não levou Wanda Panda em consideração.

— ...Ok. — Respirou, a atenção se voltando brevemente na direção de Ryo. A gramínea não poderia fazer nada ali, e ela mesma tinha consciência do fato: Tanto que simplesmente deitou no lugar, usando um dos cipós para abraçar Aynnas e o outro para ficar fazendo carinho na cabecinha e no buchinho da aquática, em uma mistura de carícias/coceguinhas naquele pufe fofo de meu Suicune. Restava Balthazar no processo e, aproveitando que sua eletricidade seria suficiente para iluminar o caminho, foi ele mesmo quem mandou à frente, seguindo bem de pertinho logo atrás.

Pé ante pé, pra não chamar (tanta) atenção e nem sair escorregando em qualquer coisa pra ir arrastada de bunda, quicando até o fim dos degraus.

Ah, nem me fale em cultos, por favor - só em Hisui já encontrei uns três! Tudo bem que um dele tecnicamente foi efetivo para Bombril na época, considerando sua MÁQUINA DE DEZ VELOCIDADES, mas também havia despertado uma seita antiga de Fantasmas de Catálogo e, pra piorar, o negócio estava enfiado no fundo da mochila de Winnie naquele exato momento. Apesar de que, pra ser bem sincera, a "chave" do bagulho acabara se tratando do Trick de Balthazar, por mais incrível que pudesse parecer...

Coisas estranhas que a perseguiam, fazer o quê. Parecia até que a vida tentava o tempo todo sentar com a porta na sua cara. Até conseguia sentir a sensação da madeira esmagando seu narizinho e deixando ele todo vermelho, que nem os próprios cabelos.

...EI, ESPERA AÍ, ERA UMA PORTA DE VERDADE!

— Ow! — Foi o gemido sofrido que deixou escapar quando sentou de cara na entrada no esconderijo frio. Não só de cara, como de corpo e alma - talvez essa última tenha sido mais questão do Bombril que, coitado, entrou no efeito dominó que literalmente se iniciou quando a porta cedeu e SIMPLESMENTE DESABOU. — ....aaaaiiiiiii........ ...........vixe! — E lá se ia o efeito surpresa, tal qual uma infeliz missão fracassada contra Herbert. Você sabe, o ursão barrigudo, enfim... O que quero dizer é que, dada a BARULHADA, não teve nem como evitar cruzar diretamente o olhar com o... Pokémon?... Que se escondia naquela toca de chão.

Aliás, toca é jeito de falar, né?
O lugar era mais luxuoso que muita coisa que já tinha visto na vida!

Ou seja, acabou ali, parada na porta, esfregando o narizinho sofrido com a palma da mão enquanto o olhar acinzentado vagava (até meio impressionado, eu devo admitir) por cada uma das coisinhas do lugar. Particularmente, divertiu-se ao ver a estátua de cabeça amassada de Crasher, pois aquilo revelava um background não revelado mas que poderia muito bem ser verdade: que o líder só era piradinho por ter batido a cabeça com MUITA FORÇA, e eu não digo isso de graça. MAS VAMOS DEIXAR ISSO POR BAIXO..... afinal, estamos no PORÃO!

— ...Whow... — Murmurou, com um tom singelo de admiração. O metido do rolê acabou sendo Bombril que, assim que bateu os olhinhos no ofurô, foi fuçar sem pedir licença, se enfiando num mergulho de tampa e tudo, antes que a carinha enfim voltasse pra superfície, a mangueirinha batendo de leve no FloatInflável e o girando pra lá e pra cá em singela diversão. ENTRETANTO, porém, contudo e todavia, aquele não era o foco que deveria estar tendo no momento - e tinha consciência disso.

— ...AHÁ! — Exclamou de repente para o alaranjado petrificado. — ENTÃO VOCÊ É O VILÃO DA HISTÓRIA! — Acusou, meio que sem pé nem cabeça, considerando que o coitado claramente era só um Fanboy. Mas veja bem, tinha que ter um motivo para invadir a Base Secreta além de simples e somente por ser fuxiqueira, então se estivesse ali fazendo papel de heroína, não iria fazer tão mal assim...

Né?

Não precisa editar na box, mas:
Tirando geral, menos o Rotom, Egg de Tandemaus | Milcery
Adicionando: Fletchinder, Dreepy Egg, Froakie Egg

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Acima de absolutamente tudo e todos, é preciso deixar uma coisa bem clara:
EU que sou a VÍTIMA aqui!

Parágrafo pós parágrafo, fui induzida ao erro. De assassinatos brutais de líderes, ocupação de cargo inesperada (só para ser roubada novamente), o Mistério do Desaparecimento de Crasher Wake, a máquina de costura e, por fim, mas NEM DE LONGE menos importante, o VILÃO OCULTO DO GINÁSIO DO BREJO. Ou a vilã, no caso. E, como todas as induções anteriores, mesmo que realmente seja possível afirmar que a pobre Floatzel era meio zé lelé, piradinha e tudo o mais, não sei se era possível dizer que era, verdadeiramente, uma vilã. Talvez um Charada da vida no filme do Coringa, se é que você me entende.

O drama do desmaio da aquática só não foi maior que o que ela mesma sentia que ia passar se, por algum motivo, Crasher crashasse ali junto com Wanda Panda.

— VAMOS, PODE S-... eita meu deus que que isso — Tá aqui o susto diante do tombo bruto da alaranjada. Ele com toda a certeza se intensificou diante dos berros do líder (e da percepção de que a existência de Ryo praticamente a DELATAVA), e a ruiva simplesmente saltou no lugar - foi mais ou menos aí que o desespero bateu e... e... Oh, não. — Puta merda. — Escapou da garganta, imediato, ao se dar conta de que havia deixado o acesso ao porão aberto. OK, OK, não era exatamente culpa sua, mas estava SENDO QUASE ACUSADA DE UM CRIME NAQUELE CENÁRIO ALI!!! E pensar que tinha até ponderado, rapidamente, sobre realocar o azulejo no lugar... Merda. — ...Balt, a porta! A PORTA! — Desesperou-se - mais pela adrenalina que por realmente culpa, é verdade, mas isso ninguém precisa saber.

De imediato, virou-se para levantar a porta, empurrando-a tão bem quanto possível contra o local que era de direito. Considerando que tinha ARREBENTADO o negócio, não dava pra simplesmente CONSERTAR sem nenhuma ferramenta, então o jeito era improvisar...

— ...segura!! SEGURA AQUI!!! — Gritou cochichado para o eletrodoméstico, que abandonou o ofurô (bem a contragosto, pra falar a real) para poder se empurrar contra a porta e fazer uma barreira com o próprio corpo. A ruiva também puxou rapidinho um armário baixinho para ajudar a segurar a madeira, colocando-o atrás da porta e disparando para tentar dar jeito na "desmaiada"... — ...ei, não faz isso comigo, bora, levanta!!! — Cutucou a espécime MORTA, sacudindo seu ombro e tentando dar jeito na sujeita. Tinha que insistir, tinha que PELO MENOS acordar a dita cuja antes de que-

...e foi aí que, compreendendo plenamente o desespero da treinadora, Bombril entrou em ação. Ainda contra a porta, virou a mangueira, mirou...

E lançou um fortíssimo jato d'água contra a desmaiada que, de rebarba, carregou Natalie junto.

Ih.

nao me bata mas pfv deixa Eiscue Egg e Phantump Egg no lugar da Milcery | Froakie

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Acima de tudo e qualquer coisa, é preciso dizer que aquele não era o plano.

Nunca fora o de Natalie e certamente não o de Bombril que, ao se dar conta do exagero do jato (que, admito, provavelmente seria pedido caso o eletrodoméstico não tivesse tido a iniciativa de), escondeu vagarosamente os olhos por detrás do próprio cano, espiando por uma mísera frestinha que deixou exclusivamente para o fato. Há uma explicação plausível para isso: Recentemente, seu Sp.Attack havia sido boostado de maneira um pouco exagerada e, cá entre nós, era o tipo de situação digna de "não sabe a força que tem".

Não poderia verdadeiramente culpá-lo, entende?

A maior prova disso se tratou do baque contra a própria treinadora - o impacto fortíssimos havia sido suficiente para arremessá-la em direção à parede mais próxima e, além de tentar não se afogar no processo, a ruiva ainda teve de lidar com o choque dolorido da coluna contra uma das paredes da Base Secreta que, vou te contar, não foi exatamente agradável. E isso que ainda tinha tido a sorte de não atropelar uma estante no meio do caminho...

— ...Nhh... — Um gemido curto foi o que escapou primeiramente, seguido de um breve acesso de tosse - sinal de vida suficiente para atrair o fantasma que, no mesmo zum de sempre, disparou para próximo da garota para ter certeza de que não tinha paralisado a própria mentora por acidente. Admito, porém, que ainda precisou de alguns segundos para se livrar do zumbido esquisito no ouvido, a cabeça balançando devagar e se erguendo em alguns centímetros, os orbes acinzentandos tentando se localizar novamente por detrás da franja encharcada.

...não só a franja, logo descobriu.

— ...Ah, não... — Murmurou, o coração se esmagando dentro do peito ao se dar conta que, ainda que a atitude havia certeira para acordar a doninha (e teria sido espetacular caso bem dosada, é verdade), também fora suficiente para trazer à tona uma angústia que não tinha certeza se seria capaz de consertar com a mesma facilidade que poderia fazer com a pobre da porta, caso tivesse um tempinho. Os dentes pressionaram com inquietação o lábio inferior e, com o auxílio de uma mangueira passando em torno do tronco (e um braço sobre a tampa da máquina), finalmente encontrou sustância para que pudesse levantar; Ainda meio bamba, ainda meio atordoada pelo projeto de afogamento.

Estava ali para desmascarar um vilão, mas sua intenção não era DEMOLIR o pobrezinho no processo.
Não quando o vilão era simples e somente uma colecionadora relativamente inofensiva.

— ...você nunca mais tem o direito de mandar uma dessas num lugar fechado assim. — Foi o direcionamento para o elétrico, que encolheu os ombros que não tinha, os olhos cerúleos telados correndo pelo ambiente em busca de uma solução que não existia. O suspiro veio consequencial, as pontas dos dedos afagando sua lataria com gentileza pois, querendo ou não, tinha consciência das boas intenções do animal. — ...Vê se você consegue puxar de volta parte dessa água, pelo menos. — Pediu, suave, antes de se aproximar vagarosamente da Fã Alaranjada...

...mesmo que tivesse medo de levar uma caudada furiosa no processo, é verdade.

— ...Ei... — Chamou, meio sem jeito, meio sem saber o que fazer. Os olhos vagaram pelas fotos flutuantes e, por si só, tomou a dianteira de juntar as ensopadas mais próximas com todo o cuidado possível, afinal, não pretendia terminar de estragar as benditas. — ...talvez dê pra secar com um pouco de sol e vento... — Murmurou, os dentes pressionando o lábio mais uma vez, sem o humor que há pouco aproveitava no meio da batalha. A respiração veio e foi, funda, e os ombros se encolheram quando ofereceu a única efetividade que possuía: — ...Desculpa. — ...a sinceridade, eu quero dizer.

Talvez houvesse sido impulsiva demais, no fim das contas.

— ...eu posso te ajudar a levar lá pra fora, pra gente ver se... Dá certo? — Ofereceu, pois era o que estava ao seu alcance no momento. Não sabia se seria útil ou bem recebida, mas aquele jeito magoado da bípede - com toda a razão, aliás! - cortava o seu coração de um jeito inexplicável e até imoral, para falar bem a verdade. A parte boa era que, apesar da papelada, o resto das coisas provavelmente não teriam nenhum problema quando secassem, mas...

Mesmo assim, era um trabalho que poderia ter sido evitado.

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Entre tantas memórias e artigos de coleção cuidadosamente organizados, havia um sentimento fortíssimo de nostalgia e carinho que, mesmo com todo o banho (Tsunami?) que Balthazar acidentalmente dera no ambiente, era possível de ser sentido a quilômetros de distância. Esse era o maior dos detalhes que fazia com que o nó na garganta se mantivesse persistente, especialmente ao observar a maneira como a aquática estava simplesmente arrasada com toda a situação.

Tanto que quase não teve medo de levar uma dentada quando a bípede demonstrou um lado arisco que, vá lá, era bem justo se fosse parar pra pensar na situação. O eletrodoméstico até se pôs atento diante da possibilidade de investida, entretanto, considerando que a treinadora não demonstrou indícios de recuar ou nada do tipo, se manteve atento no trabalho de "tomar a água de canudinho", ainda que o olhar subisse vez ou outra para se certificar que estava tudo bem.

Ambos os lados puderam relaxar, porém, quando os bracinhos trêmulos criaram coragem para começar a se aproximar da pilha de fotos estendida pela ruiva.

...a tranquilidade se foi tão rápida quanto veio, entretanto, diante dos berros escandalosos que, ironicamente, já conhecia muito bem. O desespero veio palpável nos trejeitos de Floatzel e, antes de agir ou pensar em qualquer coisa, a ruiva primeiro respirou fundo e olhou cuidadosamente ao redor para que não acabasse fazendo outra bobagem no processo - entretanto, não importando por onde olhasse, era claro que aquele buraco era simplesmente um beco sem saída (o que seria péssimo para um vilão de verdade, se parasse para pensar bem).

— ...e se — Disse, bem devagar, o coração tranquilizado e um sorrisinho curto escapando ao perceber que Ryo era capaz de lidar muito bem com a situação lá em cima - deveria provavelmente ter pensado nisso antes de se desesperar mas, huh, digamos que talvez estivesse envolvida demais com todo o lance de Vilão de Quadrinhos... — ...eu te arranjar um encontro com o Wake Jr.? — Foi a oferta repentina que pulou da garganta, antes que pudesse segurá-la. Admito aqui duas coisas: A primeira era que não tinha a menor ideia de quem se tratava antes de ver o nome do bicho em um dos pôsteres expostos na parede e a segunda, provavelmente mais importante, era que não tinha moral nenhuma pra sugerir uma coisa daquelas da própria cabeça.

O que não impedia que o fizesse com uma segurança até invejável, se parar pra pensar bem.

— Eu tive uma ideia. — Foi a conclusão que teve, simples e só. Estendeu mais uma vez a pilha de fotos recuperada na direção da alaranjada, esperando que ela realmente as tomasse para si; Feito isso, se aproximou de uma das estantes de bonequinhos, recuperando um Crasher Waker de "cabeça balançante" que resolvi agora que existe e, bem, espero não ser barrada no processo. — Vem comigo. — Pediu, afastando o móvel-barreira detrás da porta e segurando-a com cuidado para que pudesse depositá-la no chão sem que a madeira tombasse mais uma vez, tão violenta quanto da última.

...então, uma última olhada na Floatzel, só para saber se ela vinha mesmo ou não...
(Tenho a sensação de que a rejeição é difícil, afinal, uma OFERTA TENTADORA foi feita ali)

E subiu mais uma vez as escadas, mais devagar que outrora, considerando que Bombril ainda estava dando os retoques finais naquele porãozinho. Subiu, subiu, subiu, e...

"Ryo, pode sair!"

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