Gus ouviu seu discurso com os olhos postos em você, como uma medida de não cair na tentação de se distrair em sua bagunça. Eevee, por sua vez, depois de pegar um dos petiscos e dar mais uma fuçada curiosa em Faísca, saltou sobre papéis e pastas até chegar em seu dono, recebendo e dando carinho ao homem cansado enquanto saboreava a ração.
– Hmmpf... – Gus suspirava profundamente, tomando mais um gole de café frio e agora pousando os olhos sobre o mapa da cidade, estirado no chão – É, a situação parece simples, mas são os detalhes que tem causado maiores dores de cabeça, principalmente porque 'tô meio que sozinho por aqui. Mas, sim, sim, suas observações são corretas. Vejamos...
O secretário deixava o Eevee de lado mais uma vez e se ajoelhava sobre a imagem do mapa que cobria boa parte do seu chão. O objeto não era um mapa comum, mas sim um quadro muito grande, o que justificava a superfície de vidro que o revestia e sobre a qual Gus rabiscou e marcou usando canetas coloridas, dessas que a gente usa em quadro magnético.
– As maiores famílias nós estamos abrigando nos prédios públicos, principalmente o ginásio de Mina que abriu suas portas. As famílias menores e os idosos nós estamos enviando de ônibus pra Cianwood, que abriu suas portas pra nos ajudar nisso. – no mapa, ele apontava três dos prédios públicos que mencionou, bem como delineou com os dedos a rota de saída da cidade que se conectava com a vizinha Cianwood – Agora, sobre o problema em si. Parece que tudo começou com a cheia das marés e a enchente do rio, ao norte de Green Mangrove, então...
Gus lhe contaria que a tal enchente, ainda sem causa definida, teria feito o rio e outros corpos d'água transbordarem, tornando as áreas já úmidas dos pântanos agora completamente inundadas. Considerando que Arboville foi fundada num terreno pantanoso e tinha uma arquitetura projetada para lidar com isso, as cheias não eram o problema mais crítico.
O secretário lhe diria que, na verdade, o que andou gerando tanto caos foi a reação dos Pokémon, pois muitos perderam seus habitats nas enchentes e então migraram para se proteger, indo acabar na cidade. Porém, a cidade em si já tinha sua população natural de Pokémon, mas como os humanos ocupavam cada vez mais espaços, sobrou menos para os Pokémon, que começaram a entrar em conflito uns com os outros, disputando habitats e território. São essas batalhas e agressividade que tem gerado a maior parte dos problemas, afetando diretamente os humanos que, inevitavelmente, acabam tendo que recorrer ao poder público para solucionar as coisas.
– Você é uma treinadora experiente, eu vejo, então pode supor o que os Pokémon mais raivosos são capazes de causar... Até então os conflitos deles estão concentrados mais ao norte da nossa cidade, pois tem vindo de Green Mangrove. Parei de receber os relatórios de todos os problemas, pra não me sobrecarregar... Mas já me relataram um monte de coisas. O último que soube é de uma mãe Ambipom raivosa com seus filhotes, disputando uma árvore com famílias de Furrets da cidade. Também soube de uma matilha de Houndoom e Houndour que botaram pra correr vários Pokémon e humanos da área que eles reivindicaram pra eles, mesmo que nem usassem tantos espaços. Enfim, não sei o que resolveram com isso, mas os problemas são nesse nível. De qualquer modo, fico grato pela sua ajuda e sou todo ouvidos para as sugestões, pois posso ter deixado alguma possibilidade me escapar...
Missão Ranger – Manhã | 23ºC – Rayssa
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Hiro ♡