Greensight

Natu's Gate

Durante o jantar, eu fiquei impressionada com a história por trás dessa casa. Era um dojo, que colaborava com o Day Care que tinha no terreno onde eu encontrei a gangue de Snubbull. Depois da calamidade, Tummus chegou antes dessa rota começar a ser povoada e pegou esse terreno para ele com suas economias e suporte dos Ranger. Notei que ele nunca havia mencionado nada sobre familia ou algo do tipo, hmm mas ele já está bem da vida, se ele sente falta de uma família ou não, não é da minha conta saber.

Agradecia pela comida, iria dormir, depois acordar e tomar meu banho. Nem prestei atenção na hora que acordei, não sei se foi tarde demais ou cedo demais, mas eu ia para Tummus, com o meu receio de sempre, medo de estar sendo intrusiva, de estar apressando-o demais. Mas para a minha surpresa ele já estava pronto, agora o meu receio foi de eu ter demorado demais no meu sono.

- Oh acho que eu dormi demais... - Dizia timidamente. Mas o que importava era que partimos e até soltei um "wow" ao ver o velho Ranger aposentado montando em seu Arcanine. Heh, acho que eu estou olhando para a definição literal de "envelhecer bem". Só por disposição e espírito, antes de eu ter começado minha jornada como treinadora, a minha disposição faria eu parecer a idosa perto de Tummus. Acho que encontrei a minha motivação perfeita pra levar uma vida saudável. Ficar com essa energia nessa idade é simplesmente impressionante.

- Oh, eu estou procurando um Natu. - Respondia a Tummus e finalmente contaria o que exatamente eu estava fazendo. Não começando do melhor jeito, pois um Natu se encontra em qualquer lugar de Johto: - Mas um Natu em específico. Pode parecer estranho, mas o meu mentor de ginásio tem pesadelos por causa de um Natu que mostra visões de catástrofes nos sonhos dele. Ele até foi pra Johto, mas o Natu fugia dele. Eu tenho que acalmá-lo e capturá-lo.

Educadamente pedia para pegar um sanduíche e então tirava uma das minhas Pokébolas. De praxe era Reason e a bruxa da floresta logo se materializava e logo me encarava com a pergunta subentendida de: "O que é dessa vez?".

- Oi Reason. Agora a gente vai atrás do que eu vim fazer aqui desde o começo. Só preciso saber se você sentir algo muito forte. - É, a Hatterene sabia que se tratava do de sempre, mas também: - Tá, ainda não começamos, é bom você comer alguma coisa. - Bem, eu deixaria para que Tummus escolhesse algo para dar para a minha Pokémon.

Natu's Gate

- Sim, meu primeiro pensamento foi que essas visões desse Natu vem de traumas e não são de fato visões do futuro, apesar da espécie ser capaz disso. - A possibilidade dessas visões serem fidedignas no entanto existia, até porque Tate me contou que as visões eram de um outro tipo de catástrofe. - Apesar de ter passado um bom tempo de minha jornada com eles, eu ainda estou longe de entender o que os psíquicos são capazes de fazer.

A caminhada era longa, mas eu não me importava, o clima estava bom e eu estava com boa companhia. Pouco a pouco a civilização que tinha na Rota ficava para trás e entrávamos em territórios deixados a mercê da natureza. Até mesmo os Snubbull diminuíam em número, era como se eu estivesse em um lugar completamente diferente. E pouco a pouco também via resquícios de concreto, estava chegando no lugar certo.

- Parece até que estou em um lugar diferente. Até me pergunto o que são essas ruínas. - Então era a hora de pensar no que fazer, chamava Reason para perto e então falaria com Tummus: - Acho que vou precisar que seus Pokémon fiquem um pouco mais quietos.

Mais uma vez contaria com Reason, na verdade ela seria imprescindível nessa etapa, pois o Natu que procuro certamente está com emoções fortes e também, ela provavelmente poderia acabar vendo as visões por si mesma, o que me ajudaria muito. Embora, eu me pergunto o que são essas visões. Será que elas assustariam até mesmo a minha Hatterene? Uma calamidade, mas o que exatamente?

- Querida, preciso que você procure por um Natu, mas procure por emoções bem fortes, imagino que solidão seja o que a gente procura. - Eu olhava para o Natu que estava nos observando, talvez não seja ele, imagino que o que eu procuro esteja mais isolado: - Talvez comece por aquele ali, mas imagino que você pode acabar vendo algumas coisas não muito legais quando encontrar o Natu que a gente procura. Mas eu conto com você querida.

Natu's Gate

É, as ruínas que encontramos até agora eram apenas construções que foram destruídas na inundação e essa área foi simplesmente esquecida pela civilização e reclamada pela natureza, nada fora do ordinário. O que me intrigava era que iríamos onde Tummus não conhecia a história, mas pelo menos sabia onde ficava, eu acho. O Natu que procuro deve ter se isolado muito bem.

Mas falando em Natu, o trio dos pequeninos de Tummus se mostrou bem obediente, parando um pouco com sua hiperatividade e se mantendo em formação, tudo isso deixando uma tranquilidade para Reason investigar. Bem, a investigação dela parecia mais como uma competição de encarar com o Natu que estava empoleirado no galho. Reason não me mostrava nada, pelo menos eu não "sentia" nada, apenas uma sensação estranha, eu estava confusa, não entendia o que acontecia.

Mas mesmo assim não posso pedir para a minha Pokémon se apressar, isso não é só um sinal de má relação treinador e Pokémon, como também eu não entendo como funciona esse poder dela. Bem, quanto mais dúvidas se formavam em minha cabeça, uma imagem surgia em minha cabeça, bastante vívida, quando eu finalmente tirei esse pensamento de minha cabeça eu via Reason se virando e acompanhando a comitiva de Tummus. Devo adivinhar que aquele não era o Natu que eu procurava.

- Então, se você não conhece a história do lugar, então devem ser aquele tipo de ruínas antigas e misteriosas. - Dizia para Tummus quando eu finalmente me reagrupei com todo mundo: - Bem, eu já estive em ruínas, mas imagino que não vamos encontrar nenhuma tão perigosa quanto a que eu estive uma vez. - Estava falando da Shimmer Ruins, a minha experiência com aquele lugar era peculiar. Os detalhes certos escapavam de minha mente, mas aquilo não deixava de ser uma experiência que me marcava. De algum modo passei um ano ali: - Quer dizer, eu sei que Johto tem umas ruínas bem famosas, Ruins of Alph certo?

Desviava um pouco o assunto, porque eu estava começando a falar estranho, sendo vaga sobre minhas experiências pessoais, então é melhor desviar para uma pergunta nada pessoal.

Natu's Gate

Bem, eu consegui desviar a conversa com sucesso antes que ficasse pessoal de mais pra mim. Provavelmente Tummus notou algo estranho no que eu estava falando, mas ele é certamente alguém educado o suficiente para perceber que eu preferia não falar sobre. Enfim, conversas sobre ruínas, apenas mencionei as Ruins of Alph pois é um sítio famoso de Johto, mas eu nunca estive lá e só vi algumas fotos na internet. Aquele lugar deve significar algo ao Ranger aposentado, pois eu pude notar os seus gestos ao falar de lá. Unown huh, o símbolo de minha sociedade é um, mas mais porque parece legal e místico.

- Unown huh. O máximo que sei deles é que um deles não é muita coisa, mas se eles se juntarem, os seus poderes são incompreensíveis. Ilusões de enormes proporções, acho que é provavelmente exagero mas já ouvi que eles podem alterar a realidade. - Ok talvez seja melhor eu parar de falar de Unown, eu devia ter percebido que Tummus não parecia gostar muito deles: - Mas acho que não encontraremos nenhum deles por aqui, pelo menos espero que sim.

Eu sinto que já vi Unowns em algum lugar, nas minhas vagas memórias da Shimmer Ruins, que o que basicamente sobrou em minha mente era como se fossem fotos, eu tenho algumas imagens de alguns momentos, mas não consigo fazer a continuidade dos eventos. O que importa, é que eu sinto que eu vi algo por lá. Bem, antes que eu ficasse boiando em meus pensamentos, o cenário mudava, eu parecia ter chegado no meu destino.

Ruínas, eu não sei o que esperar de ruínas. Oras, era um lugar abandonado, mas era bem rudimentar, se tinha algo que eu me lembro de Shimmer era a entrada do lugar. Bem, posso ficar tranquila, não vou encontrar armadilhas e nem nada do tipo de coisa que se vê nos filmes, não que eu ache que eles são realistas ou coisa do tipo. Pelo menos não estávamos no relevo para uma pedra gigante sair rolando atrás de nós.

- Certo, obrigada por me trazer por aqui. - Agradecia a Tummus e agora era comigo. Ou melhor com Reason, aqui parece um lugar desolado o suficiente que se a única presença for um pequeno Pokémon traumatizado, isso será "barulhento" o suficiente para a Hatterene. Isso é o que eu acho. Se eu fosse investigar sozinha, eu teria muitos lugares para procurar e se o Natu me notasse, ele simplesmente iria embora antes que eu sequer o visse, por sorte eu tenho essa bruxinha aqui ao meu lado.

E Reason estava parada olhando para uma direção, entre as pedras. Como eu pontuei, isso era um lugar bem desolado pelo que parecia, então a direção onde a Hatterene fitava era o X do tesouro. Mas como vou me aproximar? Algum dos meus Pokémon? Hmm, eu tenho alguns que não são tão ameaçadores comigo, mas eles também são quase bebês, imagino que o Natu seja mais forte que um Pokémon recém-nascido, e se ele se assustar, vai sobrar pra um dos meus pequeninos.

Faith estava fora de cogitação, Patience e Frosmoth pareciam pacíficos o suficiente. Mas a decisão final foi, eu andei a passos lentos na direção em que Reason observava. Longe de ser a decisão mais sábia, a presença humana é a que mais alarmaria o pássaro, mas eu queria vê-lo, com os meus próprios olhos.

Tentava fazer a minha voz ser o mais calma e serena o possível dizendo coisas como "Não estou aqui para te fazer mal. O que foi que aconteceu, já passou". Algo me dizia que eu deveria deixar Reason fazer o trabalho dela, ela provavelmente me julgaria do mesmo jeito que fez quando eu saí prematuramente daquela casa abandonada, mas eu quero entender aquele Natu. Essa era a minha missão, quer dizer era capturá-lo, mas para isso eu precise que ele confie em mim.

Ou isso é apenas o que eu estou dizendo para mim mesma, para não parecer uma abordagem burra.

Natu's Gate

O que me surpreendia nessa situação toda era o quão desoladas aquelas ruínas eram. Bem, eram de fato ruínas, mas o jeito que a natureza tomou conta do lugar, eu esperaria que alguns Pokémon fizessem os seus ninhos por aqui, que a vida selvagem estivesse mais pronunciada. Mas parecia que a única alma aqui antes de chegarmos era o Natu. Será que tem algo aqui que afasta os outros Pokémon, mas o Natu não se incomoda com isso?

Aquilo era uma hipótese válida, inclusive quanto mais eu andava em procura do Natu, eu tentava observar mais a arquitetura das ruínas em si, para ver se algo se destacava, mas duvido que notaria algo além das pedras cobertas de musgo que ilustravam a paisagem. Bem, talvez seja o próprio Natu que esteja afastando os outros Pokémon e se esse for o caso, ele realmente deve ser forte pra um pequeno pássaro, pois com certeza devem haver selvagens fortes por aí.

O silêncio era desconfortável, mas eu seguia em frente, talvez esteja sendo burra, pois até Reason hesitava e como eu a apelidei, acho que eu devo ouvir a voz da razão. Mas, eu queria saber o que acontecia e no fim a Hatterene também me seguia, talvez ainda relutante, como se não tivesse muito o que fazer, ou ela até mesmo concordava com a minha abordagem. Mas algo me fazia parar os meus passos.

Aquilo me assutava, eu encontrei o Natu, só que não exatamente. Enfim, aquilo não me machucava e eu me colocava de volta em pé e andaria mais um pouco, ele deve estar por perto e voilá. Lá estava ele, empoleirado em um pilar igual na visão em que acabei de ter, só que daí, mais um flash aparecia em minha mente, um sonho de segundos. Mas dessa vez, não parecia ser algo que estava presente na realidade no momento. Dessa vez era mesmo uma visão, provavelmente os fenômenos que Tate disse que interrompia o sono dele.

Se tinha um lado bom naquelas visões é que elas não aparentavam ser um cataclisma apocalíptico. Claro, era um cenário grave, um incêndio consumindo uma grande árvore, mas não um perigo terrível de larga escala. O sonho durou segundos, mas pude jurar que estava encarando aquela árvore em chamas por minutos, talvez até mesmo horas, mas no fim eu estava de volta na realidade e o Natu sumia. Ele pode ter voado, mas sou uma treinadora de psíquicos, é óbvio que se trata de Teleporte.

Eu sabia que ele não deve ter ido longe, pois os psíquicos só podem se teleportar para lugares que já conhecem. E mesmo que ele já esteve fora dessas ruínas, eu sei que ele não saiu daqui, pois era o único lugar que ele se sentia confortável. Não que as ruínas fossem pequenas, mas eu sabia que ele estava por ali pelo menos.

Antes de continuar minha busca, eu caminhava para perto de Reason, era óbvio que uma Pokémon com uma sensibilidade daquelas já tenha visto o que o Natu quis mostrar, talvez tenha sido ela mesma quem tenha transmitido aquelas visões.

- Hey, você tá bem? - Eu caminhava para perto dela, mas era óbvio que ela estaria bem, ela era forte, no máximo se sentia incomodada. Mas a feição que eu notava no rosto dela era um sorriso, já entendi o que ela sentia: - Entendi. Então, não vamos deixar ele ganhar, querida, mostre que você é a melhor, vamos achá-lo.

Basicamente a Hatterene estava se divertindo, viu aquilo como uma competição e estava interessada nas habilidades daquele Natu. Certamente estava motivada em encontrá-lo, mas eu teria que tomar cuidado com a personalidade da minha própria Pokémon, ela é assustadora e aquele Natu está assustado. Mas era ela quem podia encontrá-lo, portanto eu comecei a andar pelas ruínas, mas ainda ficaria de olho para ver o que a minha Pokémon perceberia, porém imagino que ele deve estar escondido em lugares mais estreitos, entre os restos dos pilares, me observando de onde eu não consigo vê-lo.

E dar um jeito para que Reason não assuste o Natu, bem, esse é um problema para o meu eu do futuro. Um futuro nada distante, mas eu penso nisso mais tarde.