Keishin invites a strange jornalist to... do something?

Ler autos dos processos NUNCA é uma tarefa muito fácil, mas é aquela coisa: quem procura acha. A requerente da primeira - e única - petição era a moçoila grávida, que em toda sua argumentação evitou nomear as partes envolvidas, salvo Juan. Em seu argumento, Juan ia frequentemente para seu apartamento e, num belo dia, parou de ir. Semanas depois ela descobriu a gravidez e o avisou, mas Juan lhe acusou de estar o manipulando, para que ele não terminasse a relação. Anexou os prints dessa conversa e, num deles, Juan fala "Cintia, você está maluca se acha que vou cair nessa". Os prints em si eram curtos e não provavam nada demais, só deixavam o juiz a par dessa conversa, como quem dizia que o Juan havia sido avisado sobre.

No mais, não tínhamos ainda o argumento de defesa de Juan, que parecia estar protelando uma resposta. Por quê? Não sabemos ao certo. Mas enfim, vamos as outras coisas.

Sem uma defesa, também não havia nenhum parecer do juiz ainda. O que existia era apenas uma deliberação: tanto Juan quanto Cintia (e aqui o nome dela ficava mais evidente, como Cintia Kley) estavam sendo chamados para uma audiência de paz, a portas fechadas, numa cidade maior de Hoenn: Mauville. A audiência era amanhã às 15h.

Por fim, Keishin tirou sorte grande, já que a última parte dos autos eram justamente as notificações de andamento do processo, onde registrava não só a ciência de cada um dos envolvidos como tinha também o endereço de ambas as partes. Cintia, ironicamente, mora a algumas quadras da mansão de Juan, que é bem famosa e qualquer um sabe onde fica. A localização não é muito longe dali.

No mais, as provas anexadas eram o Beta HCG positivo de Cintia e a sexagenagem fetal, que informava que o bebê era um menino.

Há algo engraçado naquela abertura de portas repentina que Keishin recebeu. Sim, já lhes adianto: alguém abriu a porta, e alguém prenha, ainda por cima. A barriga não estava tão grande, mas ao saber que havia alguém grávida naquele endereço, há de se inferir que era justamente a mulher que atendeu a porta.

Sim, mulher. Não moça, não senhorita, nem senhora: mulher. Seu rosto já tinha rugas, devia está próxima dos cinquenta, e era essa a grande peça pregada do destino. Provavelmente - pela idade - a moça já estava bem próxima da menopausa, se é que não estava de fato na menopausa. Isso tudo fazia com que a coisa ficasse ainda mais confusa.

Enfim, ao abrir a porta, Keishin pôde ver um pouco dentro da casa da moça, que se tratava de um duplex bastante arrumadinho por fora - mas que não chamava muita atenção. Dentro, era a típica casa de família dos anos 80-90 daqueles que tem um dinheirinho, mas que não são MILIONÁRIOS. Muitos móveis de madeira, alguns enfeites que não podiam ser deixados para trás, porta-retratos que Keishin só conseguia ver a moldura e mais alguns itens que com uma olhadela era impossível identificar. No mais, a moça, ao ouví-lo, respondeu mal encarada:
- Não falo com jornalistas - E se preparou para fechar a porta.

*Modo de Turno Ativo*

Ao por a mão na porta, Cintia olha o rapaz com um arquear de sobrancelha, como quem pensa "que porra de perulância é essa". Lhe olha de cima para baixo, ouve o que ele tem para dizer e apenas pergunta sem pestanejar ou estremecer a voz:
- Investigador de quem? - Uma das mãos foi para a cintura e a outra ficou esticada, como quem demonstra um enorme desprezo a audácia de alguém.

Esta pergunta era de extrema importância para Cintia, mas não há como saber o que passava na sua cabeça nesse momento.

Assim que Keishin dera uma resposta curta & grossa, a moça rebateu:
- E que tipo de mãe eu seria se saísse por ai dando informações a desconhecidos? - Seu cenho ficou franzido por toda a fala e continuou pelo restante da conversa. Ouviu o garoto falando sobre testemunhas e "blá blá blá". Verdade seja dita, Cintia não sabia nada dos aspectos jurídicos daquele encontro, então, em resposta, tirou do bolso um cartãozinho e entregou para K. - Fala com meu advogado, vai? Não me enche.

Fechou a porta.

O cartão era do Dr. Joseph K. Rocha, advogado familiar. O telefone estava na parte debaixo do cartão: tinha whatsapp. Keishin podia tentar de novo também, fique a vontade.

Se qualquer coisa serve, qualquer coisa ele teve. O nosso Kafka não iria encontrar Joseph por agora. Desculpe a piadinha mas você sabe que eu não iria resistir, né?! Enfim, foi para a área mais povoada, usou um Fast Food de lá, malhou por lá numa academia boa, que dava direito a uma semana experimental grátis. Por fim, foi numa hospedaria, que poderia bem ser os dormitórios do Centro Pokémon.

Acordou num dia de sol bonito, bem cedo. Não sei se estava com muita fome ou não, mas quem dorme por aqui pode comer o café da manhã por aqui. Enfim, bom dia flor do dia, qual o próximo passo?!