Ar Fresco!

De cima da árvore saltou uma menina, parecendo ter por volta de seus quinze ou dezesseis anos de idade. Caiu como um raio sobre o solo, parecia estar bastante irritada.


- Você é maluco?! Eu estava trepada nessa árvore maldita para evitar contato com aquele rato asqueroso, e você, querendo me ajudar, tem a ideia "brilhante" - e enfatizou bem o "brilhante". - de jogá-lo contra a árvore? - a jovem, se alterando cada vez mais, começava a berrar. - O que você vai fazer agora? Esfregar o Rattata na minha cara, é?

Descontrolada e vermelha de raiva, a dita cuja bradava suas represálias gesticulando histericamente. Apesar de apresentar um semblante completamente furioso seria impossível para o garoto deixar de perceber a notória beleza que a mesma possuía. Seus voluptuosos e sedosos cabelos castanhos, traços finos e delicados e seus olhos castanhos amendoados denotavam uma feminilidade harmoniosa e agradabilíssima.

- Eu estou falando com você! Você é surdo por acaso?! - subitamente a menina cessou sua gritaria, voltou seus olhos para o pequeno roedor aos ombros de Gabriel e tornou a falar, porém agora em tom calmo. - Ei, lindinho. Desculpa falar mal dos ratos desse jeito. Você é um ratinho mas é tão fofo, eu nunca te chamaria de asqueroso. - e roubou o pequeno animal dos ombros de seu dono. - Seu pelo é tão brilhoso e bonito. Como você bonitinho!

A jovem segurava Pichu em seu colo bem forte, apertando-o contra seu busto em um caloroso abraço e acarinhando-o com as mãos. O nada bobo roedor parecia agradar-se bastante com aquele afago.

O rapaz permanecia quase em estado de choque, se segurando para não ceder ao chão diante dos berros enlouquecidos da recém surgida menina. Pasmo, estava extremamente confundido, sem saber bulhufas sobre ao que tange às razões que desencadeavam aquelas reações díspares apresentadas pela moça. Não entendia nada. Ha! Que novidade! Nenhum homem entende. Nunca hão de entender, meu caro. Não importa o quanto tentem. Suas mentes são muito simplistas, muito objetivas. E, assim, de forma simplista e objetiva, Gabriel dirigiu suas palavras à garota:

- Bem...peço desculpas se me distrai com a batalha mas...não tinha como aquele Rattata chegar até você quando eu joguei-o contra a árvore, o impacto dele não pareceu ter sido tão forte. A propósito...meu nome é Gabriel...o que você fazia aqui na rota 1? - foi o que disse. Cautelosa e temerariamente, foi o que disse.

A reação não podia ser diferente:

- Não tinha como chegar até mim?! Isso é o que você me diz?! Eu podia ter caído, seria muito pior. Além de ser pega por aquele rato nojento, eu ainda poderia ter um traumatismo craniano. O impacto da minha queda seria forte o bastante pra você?!

Diante da explosão da menina, Pichu, sabiamente, deixou sorrateiramente o colo da mesma, voltando para o ombro de seu treinador.

- Enfim... deixa isso pra lá. Eu sou Melody, estava até agora pouco nesse Iceberg que estão chamando de Cold Cave. Saindo de lá me deparei com esse bicho horroroso. Eu sabia! Eu sabia que iria encontrar com um aqui na Rota 1!

Realmente, o garoto aferia muito acertivamente o contraste existente entre o nome da garota e sua atitude. Porém cada mulher guarda dentro de si uma infinidade de faces e nuances, mais de mil almas se escondem por baixo do involucro feminino. Melody ainda poderia guardar muitas surpresas para o menino.

- Uma batalha? - disse a garota. - Tudo bem... acho que será uma boa oportunidade para testar o meu mais novo companheiro.

Findadas suas palavras, a garota imediatamente de uma pequena bolsa que matinha escondida em suas costas e lançou para o alto, fazendo-a se abrir. Então, num raio de luz escarlate, surgia um novo pokemon de gelo em campo.