Travessuras ou travessuras

Ao ver o desinteresse dos jovens, imediatamente o velho se debruçou sobre a mesa e começou a chorar. Eles mal tinham recusado, quando ele levantou o rosto vermelho, encharcado de lágrimas e disse olhando com uma expressão perturbante:

- Vocês precisam me ajudar! – ele recomeçou a chorar e então continuou. – Ninguém mais quer me ajudar, a polícia está muito ocupada, os treinadores recusam, meu neto vai morrer!!!

Novamente ele recomeçou a cair nas lágrimas. Depois de alguns minutos ele enxugou o rosto com a manga da camiseta, e então olhou nos olhos de Igneel:

- Não, não, eles já devem estar longe à uma hora dessas. Fazem uns dois dias que eu não vejo Johny... Eu os levarei até o Mt. Moon se me ajudarem, eu tenho um carro...

Ele olhava esperançoso para ambos, esperando a resposta.

Novamente me vi em uma encruzilhada, havia duas escolhas óbvias a se fazer: Escolher entre salvar o neto do velhinho ou sair dali como se nada tivesse acontecendo. Claro, tinha algumas variáveis a considerar, Mimi estava passando por cirurgia, eu estava debilitado e o outro treinador poderia não aceitar... Enfim, resolvi esperar ele falar algo. Após alguns segundos Igneel começou a falar, aceitando a missão.

Não tive escolha, mas é claro também tive algumas considerações a fazer. Antes de partirmos para o monte eu tinha algumas coisas a fazer, primeiramente eu tinha que me preparar! Suspirei, era a hora de começar a falar:

- Se é assim, que isso acabe rápido! Mas antes também preciso passar nos correios e no Centro Pokémon visitar uma certa pessoa... - Eu queria ver Mimi antes de partir para o monte, eu tinha que ver ela!

Vasculhando a casa, acabei vendo alguns móveis interessantes. Acabei me lembrando de um Pokémon que aproveitava certos eletrodomésticos para aumentar seu poder. Felizmente eu tinha um exemplar na equipe, Rot seria perfeito agora, me virei para o velhinho e continuei:

- Poderia me emprestar seu fogão? Tenho um Pokémon que se beneficiará com isso. - Disse, pegando um pokébola e liberando um clarão, um serzinho animado invadiu a sala. Olhei para ele e sorri, dizendo- Ei Rot, como vai? Pronto para invadir um eletrodomestico?  

Quando ambos aceitaram a expressão do velho mudou para um sorriso de orelha a orelha. Quaisquer pedidos dos treinadores seriam atendidos agora. O senhor se levantou e indicou um fogão para o rapaz. As condições do mesmo eram precárias, ainda haviam panelas com comida estragada e mosquitos rodeando o eletrodoméstico. Uma camada de gordura e ferrugem envolviam o fogão branco e o forno parecia emperrado.

Embora tudo isso, o pseudo-lendário conseguiu mudar de forma ao entrar em contato com o objeto. Agora era praticamente um fogão que seguia o treinador. O velhinho voltou ao local, em companhia de Igneel esperando para ver oque o jovem faria a seguir: se ficaria esperando Daisuke ou preferiria fazer algum antes da viagem.

A decisão era dele.

Após Daisuke fazer sua visita à Mimi, que tinha a operação como um sucesso, ele logo ia em direção à casa do velhinho, para se encontrar com Igneel e realizar a tal missão. O jovem de Pallet, por sua vez, era um treinador precavido e já tinha tudo pronto quando o senhor tinha proposto a missão. Esse sorria ao ver que os dois treinadores realmente tinham aceitado fazer isso e ia em direção ao seu carro.

Era um antigo. O motor rangia e fazia muito barulho. O carro era branco, a tintura já saía nas bordas e ele era um pouco amarelado. Era apertado para que todos os três coubessem lá dentro e o cheiro não era muito bom, mas funcionava. Ora o carro morria, ora o velhinho se esquecia do caminho, mas depois de tortuosos vinte minutos eles chegaram ao destino.

O grande monte só mostrava a face frontal para eles. Uma imensa formação rochosa era vista. O Mt. Moon estava lá. O velhinho olhava sério para os jovens e dizia:

- Toma. – puxou do porta-luvas uma fotografia e entregou para Igneel. – Eu vou ficar aqui no carro para quando voltarem. Traga ele vivo ou morto. Vocês conseguem, eu sei!

Depois disso, eles olharam para fotografia e identificaram. O menino não deveria ter mais que dez anos. Seus cabelos loiros eram longos e lisos e cobriam parte do seu olho, tinha olhos esverdeados e sardas pelo rosto. Seu rosto era fino e curto, sua boca e sua orelha eram quase imperceptíveis de tão pequenas, enquanto seu nariz era fino e longo.

A missão estava prestes a começar.