O reencontro

De fato não tinha muito o que eu pudesse fazer nesse momento, a casa estava penhorada para o agiota e o dinheiro que eu tinha não chegaria nem perto da quantidade que eu precisava para pagar a casa. O problema não era a casa em si, mas as lembranças que nela estavam contidas. - Entendo, então não há muito o que fazer.

Me aproximo de minha mãe e coloco a mão em suas costas.

- Vá arrumar suas coisas, vamos sair daqui. Tenho dinheiro e pretendo ir até Hoen, te levarei comigo para começarmos uma vida nova naquele continente.

Ela olha para mim com seus dois olhões. - Você está louco, e tudo que vivemos aqui e todas as lembranças que temos de John que estão presentes aqui, não podemos deixar isso acontecer.

- Pensa bem mãe, tudo que você passou nesses últimos anos vivendo nesse local a sombra de John e tudo que está acontecendo, não digo apenas em relação a nós e sim também com o clima que está cada vez mais louco. Tenho alguns amigos que me falaram que existe oportunidade de emprego lá e não esses problemas de enchente e nada disso.

- Mas Novak, não quero deixar essa parte de nossa vida para trás dessa forma.

- Mãe, não tem o que fazer. E acho que essa mudança te fará bem, poderemos começar do zero, vou te ajudar a recomeçar. Ficarei com você alguns dias e te ajudarei a achar algum lugar para ficar até juntarmos um dinheiro para comprar uma casa lá.

Helena começa a avaliar as opções e sem muita chance de escolher algo logo acata minha ideia. Minha mãe entra no seu quarto localizado mais ao fundo, conseguia ouvir ela resmungando e choramingando um pouco. Em quanto ela arrumava as suas coisas eu pego uma máquina fotográfica e começo a bater foto de todos os cômodos da casa para guardar de recordação, em quanto o homem esperava pacientemente a saída de Helena da casa.

Passado 20 min, Helena volta até a sala com uma mochila nas costas. Me atravesso e pego a mala de minha mãe.

- Deixa, que eu carrego. Um sorriso tímido abre em meu rosto e é respondido por Helena.

- Bom, estamos desocupando. Faça bom proveito desse velho barraco. E com um acenar de cabeça me retiro da casa com Helena logo atrás de mim.

Finalmente eu havia encontrado a minha mãe depois de longos anos, a perda de nossa casa era algo que eu não esperava mas mesmo assim ambos estávamos bem e nada poderia nos afetar agora.

- Levante a cabeça mãe, vamos ficar bem. Tentava consolar Helena em quanto caminhávamos em direção ao Heliporto.

- Sim, eu sei que iremos. Mas dói saber que todas as nossas lembranças de John estavam naquela casa e é horrível pensar que nunca mais iremos voltar para ela.

Me aproximo e pego as mãos de Helena. - Isso será bom para nós, é hora de levantarmos a cabeça e seguir em frente. John foi muito importante em nossas vidas e não esqueceremos dele, hoje agradeço muito a meu pai por tudo que sei e tudo que me tornei. Não é uma casa que fará com que nos esqueçamos dele.

- É, você tem razão filho! Com tais palavras começamos nos aproximar do heliporto.