Pokémon Mythology RPG
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VII - Pela estrada afora eu vou bem sozinho...

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OFF :


O índio não tinha problemas em neutralizar violentamente o suposto caçador. Chris tinha suas dúvidas se o homem era realmente tão mau, mas mesmo que fosse, o jovem não era muito fã de fazer justiça com as próprias mãos. Não queria se opor a Kira, que fora tão gentil com ele, mas sabia que matar o homem não recairia somente sobre o nativo. Não fazer nada sujaria também suas mãos.

-Olha, eu não sei o que aconteceu com sua família, mas você acha mesmo que matá-lo é uma solução? Você só estaria se igualando a ele. Por que não o levamos para a sua tribo e o deixamos preso? Amanhã nós o levamos até Pewter. Existe uma base ranger lá, minha própria irmã é uma. Eles vão prendê-lo e ele será levado a justiça.

Chris ainda tentava abrir os olhos do índio com palavras, tentando evitar que o homem fosse envenenado. Realmente não queria se opor a Kira, mas por via das dúvidas, pegava a pokébola de Volcano.

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Gloom já se preparava para lançar o veneno contra o ruivo, que ficava pálido por estar diante da morte. Chris não queria sujar suas mãos, então lutar não era uma boa opção, nem deixar que o homem fosse morto lá. Se colocou na frente do nativo para mostrar uma outra alternativa, e o homem fez um sinal para que o gramíneo parasse o movimento por um instante. Pensou durante um tempo, olhou para o ruivo que quase chorava e fitou o treinador também. Respirou fundo e soltou o ar com tudo antes de dar seu aval.

- É... Você está certo. - O homem começou. Fez o caçador levantar e segurou suas duas mãos para trás. - Você vai passar a noite em minha tribo. - E começou a andar. Assim que passou por Chris, o ruivo mexeu os lábios exageradamente para falar um "obrigado" sem som. Gloom ia na frente, cambaleando de sono. Chris conseguira estabelecer uma nova alternativa, e agora era esperar e ver o que estaria para acontecer. Kira começou a andar, novamente fazendo uma trilha confusa, a qual somente os experientes moradores sabiam.

Em pouco tempo de caminhada encontraram outra área sem árvores. Um círculo era formado, e delimitado pelos troncos marrom, e a lua iluminava a área. Cinco ocas, sendo uma maior e no lado oposto de onde Chris estava, se dispunham ao arredor de um mastro de madeira, onde dois esqueletos estavam colocados. Um deles estava sem os ossos da perna direita, enquanto o outro estava sem os dois braços. Eram somente esqueletos, e no meio deles o ruivo foi colocado. - Esta é a minha tribo. Estão todos dormindo, eu vim fazer a ronda. Fique à vontade, eu vou terminar minha patrulha. - E então saiu, voltando a serpentear as árvores para rondar, junto do sonolento Gloom.

Estava sozinho numa tribo, sem nenhum aconchego... Estranho, não é? Somente Chris e o ruivo estavam lá, o resto estava dormindo. Ou não. O que faria?

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Chris conseguia colocar um pouco de bom senso na cabeça de Kira, que cedia ao pedido do garoto, concordando com ele, não sem uma boa dose de suspense antes. Assim, o agora trio caminhava até a tribo.

O cenário entretanto não era nada animador. Apesar de Chris não esperar encontrar uma metrópole no meio da floresta, a tribo parecia demasiadamente arcaica, e os dois esqueletos entre os quais era colocado o caçador dava um ar tenebroso à aglomeração.

Chris não podia deixar de se sentir um invasor naquele lugar, ainda mais sendo posto em companhia do suposto caçador, num lugar onde todos os habitantes estavam dormindo. E se algum companheiro de Kira acordasse, não estranharia encontrar o garoto sozinho ali com um inimigo da tribo? Os nativos daquele lugar não pareciam ser muito afeitos ao diálogo, de modo que o garoto não sabia se poderia convencê-los contando a verdade, caso fosse necessário.

Por total falta do que fazer, e medo de adormecer e ser atacado por um índio de nome esquisito durante a noite, resolveu puxar assunto com o ruivo:

-E então, me conta sua história.

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Chris Ayusa, com medo de ser atacado, achou como proteção, o diálogo com o caçador para não dormir. Se aproximou do homem cabisbaixo e perguntou sua história, o homem sorriu sem muita alegria e começou a falar. - Bom... Como você sabe eu sou um caçador e lenhador. Não consegui passar na faculdade e tive que fazer isso para sustentar minha mulher, que engravidou muito cedo. Não gostaria de estar aqui, matando animais e cortando árvores... Mas se eu não faço isso, o que vou fazer para conseguir alimento para minha família? - Perguntou. Mexeu as pernas com euforia e continou: - Me solta daqui, vai. Some da floresta, fica longe daqui. Todos nós vamos ficar bem!

O homem falava brevemente o que fazia e porque o fazia, e sem delongas mandava o pedido de ajuda para Chris, já que o único Pokémon que o caçador tinha estava dormindo e não acordaria tão cedo por conta do horário. O que faria?

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Sozinho com o caçador em um lugar desconhecido, Chris não tinha outra escolha que não conversar. O homem de fato não parecia ser má pessoa, e enquanto ele contava o porquê de ter terminado daquele jeito, Chris via que sim, havia motivação em suas ações, entretanto...

-Sinto muito. Eu nunca duvidei que você tinha seus motivações pra fazer o que faz, e realmente você não parece um cara mau. Mas acontece que o que você faz é errado. Acredito que todos têm que pagar pelos seus erros. Então te libertar é algo que não vai acontecer, me desculpe. Posso tentar garantir a sua segurança, mas não a sua liberdade.

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Para a infelicidade do ruivo, Chris já tinha sua decisão tomada e opinião formada. O homem balançava a cabeça negativamente querendo achar uma forma de mostrar que o treinador estava errado, e movimentou as pernas novamente. Apontou com a cabeça para os esqueletos e falou em baixo tom, porém em alerta: - Não, cara! Eles são canibais! Acha que essas caveiras estão sem perna e braço por quê? - E aquilo fazia sentido, mas talvez não fosse verdade.

- Minha família vai passar fome se eu for preso. Ou se eu for morto por esses caras. Se você resistir vão te atacar também! - Ele parecia nervoso, talvez fosse uma forma de persuadir o garoto, ou então uma forma de mostrar que seu desespero era justificado. Em que o menino acreditaria?

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Chris estava irredutivelmente imerso em seus próprios conceitos de certo e errado, entretanto o caçador parecia inserir uma nova informação em sua cabeça: tratavam-se de índios canibais, e por isso os esqueletos ao lado do homem não contavam com alguns membros. Tal informação fez Chris estremecer um pouco, entretanto, respirou fundo e pensou melhor: se fossem realmente canibais, porque Kira não atacou Chris assim que o encontrou? Pelo contrário, fez questão de saber se o garoto não era um caçador, e nem fez menção de um ataque. Claro, ganhar a confiança dele e atraí-lo pra tribo poderia fazer parte da estratégia.

-Olha, você que procurasse um emprego honesto. Não posso fazer nada se não soube fazer boas escolhas. E se eles realmente forem canibais, a gente dá um jeito. Agora vamos esperar o Kira voltar para podermos descansar.

Mas com certeza Chris não dormiria nada naquela noite.

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Chris não iria voltar em sua palavra. Kira pareceu muito confiável ao ver do treinador, e para o mesmo, caçador e lenhador não era um trabalho honesto. Parece que o que o homem dizia sobre seu passado não surtira muito efeito, e poderia ser positivo no caso do ruivo tentar persuadir o treinador. - Não cara... Não. - Decepcionado abaixou a cabeça e se virou um pouco. Arregalou os olhos ao perceber algo. - Chrono! A Pokéball de Chrono não está aqui. Ele ficou lá! Os índios vão devorá-lo! - E isso só serviu para aumentar sua euforia. - P-p-p-por favor! Busca meu Pokémon, por favor! Mantenha-o em segurança!!

Como o treinador reagiria?

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Com muito esforço, para não ser convencido pelas palavras do caçador, e correr um risco ainda maior nas mãos dos índios. Mas aparentemente, algo lhe faltava: a pokébola de Chrono, provavelmente o pokémon que o acompanhava na hora de sua prisão. Aquilo sim sensibilizava o garoto.

-Ok, fica quieto ai, vou buscar a pokébola. Qualquer coisa você grita.

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Falar sobre Pokémon realmente era algo que mexia com Chris. O assunto sobre o caçador ter deixado seu Pokémon sonolento na floresta escura era um bom motivo para ajudá-lo, e com isso o garoto se levantou, mesmo sem saber direito como chegar ao local. Avançou alguns passos na mata fechada, e o breu era bastante horripilante. Começou a seguir trilhas familiares, quando sem muita demora encontrou o local onde o caçador fora apreendido. Mas não havia nada lá, nem Pokéball, nem Pokémon. Alguém teria pego?

- Eu falei para você ficar lá! - A voz de Kira surgiu atrás. - Por acaso você vai ajudar o caçador? - O homem perguntou nervoso, pronto para atacar com seu Gloom bastante sonolento. - Eu tenho uma Pedra da Folha aqui. E se você fizer algo brusco, terá que enfrentar o futuro líder da tribo junto com seu Vileplume. É bom que tenha uma ótima explicação!!!

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