#005 - Alvorecendo

Em meio a uma cálida manhã, o garoto e seu parceiro gramíneo perambulavam por entre as modernas avenidas daquela cidade por qual tanto ansiaram em chegar. Seus passos se mostravam relaxados, assim como alegres, obviamente, animados com a ânsia de como seria este dia e os outros pelos quais estavam por vir, já que mais cedo, antes que saíssem do centro pokémon,  haviam acabado de se inscrever para a Copa Hoenn e, agora, rumavam em busca de conhecimento, queriam conhecer um dos laboratórios daquela região. Entretanto, um nítido problema se mantinha estampado na face deles.

Não sabiam que direção tomar para chegar a qualquer um dos estabelecimentos de pesquisa.

- Err... Kiko? Só acho que devíamos ter perguntado a alguém no Centro Pokémon como chegar a um dos laboratórios... – Anunciou sem graça para o seu parceiro, ao passo que esse concordava em um grunhido desanimado.

Diante a isso, o jovem enfiou as mãos em seus bolsos e deixou um leve suspiro escapar por entre seus lábios. Então, parou por instante, focando por acaso o corpo do gramíneo que lhe acompanhava. Estranhamente, ainda não havia se acostumado com a nova aparência dele. Claro que estava feliz e tudo mais por quão mais forte, até mesmo bonito, ele ficara, mas não deixava de ser estranho. Estava acostumado com aquela forma pequena e esverdeada e sua personalidade hesitante e medrosa, aos poucos, começava a notar que esse último estava mudando também. Agora, o antes pequeno Bulbasaur parecia mais valente e confiante.

Com esses pensamentos em mente, Raiko deixou um leve sorriso surgir em sua face a medida que coçava o queixo. Será que havia mudado tanto quanto seu amigo? Sentia que sim.

- Bom, não precisa desanimar. É só perguntar a alguém por aqui mesmo. – Começou. – Tenho certeza que devem saber onde fica o mais próximo.

A procura de alguém a quem pudesse pedir informações sobre o local, os olhos do garoto corriam de uma pessoa para outra naquela rua a espera de uma chance. Entretanto, a maioria delas se mostrava tão ocupadas e apressadas para com seus afazeres, que para o jovem parecia até um erro incomoda-las por algo tão simples, o que não gostaria de fazer. Mas também percebia que havia algumas como ele, mais relaxadas e que, talvez, fossem perfeitas para lhe fornecer o que desejava, só precisava encontrar a pessoa certa...

Como que por uma simples coincidência, seus olhos pararam sobre um homem de feições estranhas a sua frente e que olhava diretamente para o seu parceiro gramíneo. Era, no mínimo, esquisito, mas não era a primeira vez que aqueles olhares eram disparados sobre o Ivysaur desde que chegara a Hoenn. Raiko achava que isso se devia a raridade dessa criaturinha nesse continente, sendo assim, não ligara muito para esse fato, na verdade, poderia até se aproveitar dele.

Com as mãos nos bolsos, continuou a caminhar em direção ao estranho homem e parando em frente a ele quando o alcançou.

- Bom dia. – Cumprimentou o homem e deu continuidade de maneira formal. – Desculpe por incomodar, mas o senhor saberia onde fica o laboratório dessa cidade? Eu e meu parceiro somos de fora, então estamos meio perdidos...

No início, o garoto apenas achara que os olhares e feições do homem diante a visão de seu parceiro gramíneo fossem nada mais do que uma simples admiração, mas ao se aproximar e conversar com ele notara que não era algo tão simples assim. Dada à forma como o homem agia e falava, aos olhos do jovem ele parecia ser um fanático por criaturas de natureza gramínea, o que de seu ponto de vista não parecia algo ruim, apenas exagerado.

Entretanto, apesar das primeiras impressões sobre essa pessoa, não deixou de exibir um largo sorriso ao ouvir que ele trabalhava em um dos laboratórios que ansiara em conhecer. Mostrava-se, praticamente, uma coincidência perfeita esse fato. Já Kiko, regia de maneira introvertida aos olhares analíticos, se sentido acanhado diante a toda aquela atenção.

Um rápido olhar fora lançando de Raiko em direção ao gramíneo, como em busca da opinião dele sobre ao assunto, ao passo que, apesar de sentir incomodado pelos olhares do homem, ele tentava responder com uma feição alegre e um aceno de cabeça.

- Sim, sim... – Respondia com um sorriso sem graça na face. – Queremos sim.

Tendo respondido afirmativamente, a dupla passaria a acompanhar o homem em direção ao laboratório.

- Er... Senhor? Que tipo de experiências com Pokémon de grama seriam essas que comentou? – Perguntou ansioso pelo o que estava por vir.

Ao passo que o homem explicava a cerca do que se tratavam as pesquisas, o garoto confirmava com a cabeça exibindo um semblante concentrado, obviamente bastante interassado no assunto e tentando absorver tudo que era dito.

De certa forma, nunca havia parado para pensar de que maneira aquelas criaturas fantásticas se encaixavam no ciclo natural da vida, ou melhor, nunca lhe passou pela cabeça qual seria a função delas no ambiente em que viviam e de que maneira o influenciavam. E ao escutar o estranho homem abordar o assunto daquela maneira, fazia com que sua curiosidade cada vez mais fosse atiçada em cima dessa relação entre as criaturas gramíneas e o meio ambiente. Mas também o fazia pensar, já que tudo deveria conter uma função, qual seria a sua.

Logo estavam diante a um prédio de vidraças azuladas, diga-se de passagem, muito bonito, e sem demora colocaram-se a entrar após Raiko receber um cartão de visitante. O jovem seguia o homem pelo prédio com os olhos a brilhar, admirado e tentando prestar atenção a tudo o que acontecia ao seu redor. Subiram pelo elevado, e tampouco chegavam ao terceiro andar suas narinas eram invadidas pelo confortável cheiro de grama molhada.

Então, o pesquisador lhe dirigiu uma pergunta bastante interessante, se havia alguma possibilidade de deixa-lo estudar o botão de flor sobre as costas de seu parceiro, algo que para o garoto não havia nenhum problema. Contudo, notara o quanto o Ivysaur havia se sentindo incomodado pelos olhares analíticos do homem mais cedo, e parando para pensar, se alguém estivesse a estudar uma parte de seu corpo tão a fundo, no mínimo se sentiria constrangido. Não era uma decisão que o jovem pudesse tomar.

- Se ele permitir que você o examine, eu não veria problema algum com isso. - Disse ao jovem enquanto lançava um olhar calmo sobre seu parceiro.

Já o gramíneo, que nesse momento se sentia tão relaxado quanto se estivesse em casa devido ao aroma da grama que lhe invadia, deixou que seus olhos rubros corressem de seu parceiro para o homem que achava estranho, a pensar se permitiria ou não aquele procedimento. O fato era que não se sentia a vontade com aqueles olhares sobre si, era um incomodo constrangedor, ainda mais por se tratar de um desconhecido. Mas por outro lado, não sabia o que havia de tão interessante em seu botão para aquela pessoa, afinal era só o seu querido botão, nada mais.

Desviou o olhar para os outros seres humanos do recinto, observando que todos trabalhavam avidamente, deixando ser contagiado por um leve bocejo, não entendia o que seu treinador via de tão interessante em tudo aquilo, tinha curiosidade de saber o por que, o que não seria diferente quanto fato do que teria de tão especial em seu botão. Balançou a cabeça levemente e, por fim, grunhiu afirmativamente, queria saber no que iria dar aquela analise.

- Bom, senhor, acho que está ai a sua permissão. – Finalizou o jovem com um sorriso na face para o seu companheiro.

De inicio, o jovem achou que fosse poder acompanhar de perto o desenrolar da pesquisa sobre o botão de seu parceiro, se mostrando animado para o procedimento. Entretanto, quando percebeu que ficaria para trás esperando em outra sala, foi inevitável não se sentir um pouco de desapontado, afinal estava ansiando para poder ver com os próprios o que o pesquisador tanto comentara. Pelo menos, poderia escutar tudo o que provinha do local onde Kiko estava.

A medida que escutava os comentários do pesquisador, assim como um ou outro grunhido do gramíneo, seus olhos viajavam pelo local, aparentemente procurando por algo com o qual pudesse se entreter, mas nada conseguia prender sua vista e muito menos teria com quem conversar, já que a outra única pessoa presente ali estava tão ocupada com o seu trabalho que o jovem não se atreveria a incomoda-lo. Sendo assim, deixou se levar por um olhar vazio aos seus pés.

Nesse instante, sentiu algo a vibrar insistentemente contra o seu bolso, não demorando a perceber que era o seu celular. O retirou sem muito interesse do bolso e visualizou tela, percebendo assim que havia recebido a uma mensagem sobre a compra feita mais cedo no GTS.

“Então a compra deu certo! Assim que sairmos daqui vou direto fazer a transferência... Dar boas vindas ao novo membro de nosso grupo.” Pensou enquanto exibia uma face de contentamento, algo que não sumiu ao escutar um grunhido surpreso do seu parceiro de dentro da sala. “Só pode ter acontecido algo de interessante lá dentro para Kiko reagir surpreso assim, é uma pena eu não...”

Então, interrompendo os pensamentos de Raiko, um ensurdecedor barulho aflorou por todo o local juntamente de luzes vermelhas a piscar. Se lembrava bem dos filmes que assistia junto de Matsumo, esse tipo de coisa não queria dizer boa coisa. Dessa forma, se viu se erguer no salto de onde estava sentando e se dirigir ao que estava junto de si naquela sala.

- O que isso quer dizer? – Perguntara um tanto alarmado.