Foi como um efeito em cadeia ou efeito dominó o que aconteceu ali. Quando um de nós libertou seus Pokémon, todos resolveram fazer o mesmo e quando notamos, já estávamos cercados dos mais diferentes tipos de criaturas, cada uma mais complexa e bela do que a outra. Meus olhos certamente estavam brilhando ao ver todos os Pokémon da Ranger juntos. Apenas era um tanto estranho a forma como a maioria deles era tão... bebês ou com personalidade de um. Isso certamente devia dificultar as missões de Sophia, tendo que contar a maior parte do tempo apenas com Golbat para combates difíceis. Mas enfim... Ela devia ter algum motivo que eu desconhecia para usá-los, afinal eu também deixei Roselia e Numel no Storage. Resolvi então que aproveitaria que todos estavam se alimentando para usar minha Pokédex nas "novas" criaturinhas e assim o fiz. Retirei o aparelho do bolso, o abri e comecei meu tour. Um a um, os Pokémon foram surgindo na minha tela e a voz eletrônica me informando sobre suas curiosidades e peculiaridades:

"Beep! Eevee! Pokémon Evolução! Eevee possui uma estrutura genética bastante instável que pode se mutar de acordo com diversos fatores ambientais ao qual seja exposto. Até mesmo sua aparência pode se assemelhar ao de seu treinador, após uma longa convivência afetiva. Radiações de Pedras Evolutivas diferentes, por exemplo, podem forçar sua evolução para espécies Pokémon com tipos diferentes. Até o momento não há uma explicação para essa instabilidade genética, mas é sabido que Eevee possui pelo menos oito diferentes formas evolutivas. Beep! Boop!"

"Beep! Poliwag! Pokémon Girino! As pernas recém nascidas em seu corpo o impedem de correr, necessitando que o treinador o ensine a andar com perfeição todos os dias para que não tropece. Por isso este Pokémon prefere nadar do que ficar parado em terra firme. A espiral no seu abdômem gira para lados diferentes, dependendo do local onde ele vive e corresponde às suas entranhas, que podem ser vistas por causa de sua fina camada de pele. Isto fica mais evidente quando este Pokémon se alimenta, pois a espiral fica mais clara após a alimentação. Também é um grande indicativo de doenças, quando a marca torna-se esbranquiçada. Beep! Boop!"

"Beep! Sewaddle! Pokémon de Costura! Leavanny, sua forma evoluída, veste este Pokémon em roupas feitas de folhas, especialmente desenhadas para o filhote no momento do nascimento. Este Pokémon esconde sua cabeça dentro do "capuz" de sua "roupa" enquanto está dormindo. Sewaddle também costura suas próprias roupas, mordiscando folhas que une com sua seda gosmenta. Devido às suas habilidades, é um Pokémon famoso entre estilistas. Beep! Boop!"

"Beep! Poochyena! Pokémon Mordida! Assim que avistam alguma coisa se movendo, Poochyenas avançam para mordê-las. O Pokémon persegue sua presa até a vítima ficar exausta. Entretanto, ele pode amedrontar-se caso a presa contra-ataque! São Pokémon onívoros, ou seja, comem qualquer coisa. Uma característica peculiar dessa espécie é o fato das suas presas serem extremamente grandes e desproporcionais ao seu corpo. Quando Poochyenas tentam intimidar seu adversário, eles fazem seus pelos eriçarem-se fortemente. Beep! Boop"

Enquanto observava os Pokémon, notei que a Ranger falava com Yuri um pouco mais sobre o seu trabalho, deixando-o boquiaberto e atraindo a atenção de Luci também. Os três ficaram conversando e Sophia parecia ter um dom para lidar com crianças, pois deu dicas para a garota sobre o tratamento de Pichu, que ainda estava no ovo, além de comentar sobre como é encontrar o primeiro Pokémon, para Yuri — Ah, incrível Senhorita Sophia! Eu realmente amo os Pokémon e tenho um apego muito especial pelos tipos Elétrico e Metal, pois me lembra bastante as minhas criações na Escola lá em Johto. Eu queria... Queria focar em um dos dois tipos, sabe? Mesmo que pareça não muito inteligente, já que estarei reduzindo minhas possibilidades de contra-atacar tipos diversos, mas é algo que vem de dentro de mim!  — desabafou o garoto de uma forma que eu jamais havia visto. Luci também estava contente em ver o irmão falando tanto e o abraçou, cheia de afeto. Aproveitei o desfecho dessa conversa para me aproximar também e falar com a Ranger sobre o que havia notado de seu time tão variado.

— Seus Pokémon são demais, Sophia! E que incrível, também tem um Cleffa, que nem a Luci! — Disse, bastante surpreso ao ver outra bolinha rosa caminhando para perto do Cleffa da Macchiato. Enquanto estava bastante distraído e observando os Pokémon da Ranger, notei que algo acontecia nos meus arredores. Virei-me na direção do Professor e tive uma visão incrível do recém-nascido Bulbasaur. Ele me olhava com os seus grandes olhos inocentes, enquanto o próprio homem lhe acariciava. Ele me informou que o Pokémon parecia ter gostado de mim e perguntou se eu gostaria de segurá-lo um pouco  — Ah, claro! Ele é maravilhoso e... Por que não, não é mesmo? Venha cá Saurinho! — Disse para o Pokémon, esticando os braços para pegá-lo. Foi então que notei que a criaturinha era bem fofa e carinhosa mesmo, pois estava com suas vinhas enroladas nas mãos do Professor, pedindo por mais carinho — Veja só quem adora um carinho! Hahahaha! — Comentei, esperando que viesse para meu colo. Enquanto isso, notava que a Polícia havia chegado e agora lidava com o bandido ainda incontrolável. Eles agradeceram Sophia e a dispensaram para fazer o que bem entendesse, já que assumiriam o caso dali. Era a ocasião perfeita para que ela seguisse comigo e as crianças na busca por Meo-Mey. Sorri para ela e acenei, informando que poderia se aproximar — Veja só Sophia, parece que Bulbasaur está bem mais calma e sociável... — Falei quase sussurrando quando ela aproximou-se. Fazia um carinho na cabeça do Pokémon bem devagar com o nó do dedo indicador, para que ficasse tranquilo.

— Agora podemos achar a Mey! Uhuul  — Disse Luci, pensando em gritar, mas então entendendo que Bulbasaur estava quase dormindo. Ela mesmo se policiou e sorriu, colocando um dedo na frente da boca em silêncio. — Isso, precisamos ter bastante calma. Vamos trazer nossos Pokémon de volta para as suas Poké Balls e então seguimos em diante. Já esperei bastante por Meo-Mey, agora é hora de ir atrás dela...  — Confirmei, usando minhas esferas para trazer os Pokémon de volta. Deixei apenas Geodude fora de sua cápsula, pois ele entendia bem de terrenos acidentados de caverna e seria uma boa companhia — Para onde vamos?  — Indagou a Macchiato. Eu apenas pude olhar para o Professor e o menino, que ainda estavam próximos  — Bem, vocês... Disseram ter visto ou ouvido falar de Mey. Podem indicar ao menos uma direção de onde esses... rumores vieram? E Sophia. Pode pedir para Batgirl dar uma vasculhada com seu sonar? Acho que é uma boa forma de procurar mesmo, já que não temos muitas informações... — Comentei com o Professor e depois com Sophia, esperando que me ajudassem a começar essa busca.

Tudo finalmente se estabilizou e agora me sentia em paz, principalmente com o Bulbasaur recém-nascido descansando sobre a minha cabeça, praticamente enraizado. Era algo extremamente fofo, de outro mundo. Mas enfim... Todos nós tínhamos terminado de resolver nossas pendências por aqui e poderíamos seguir adiante. Falei pela última vez com o Professor e o garoto que acompanhava Sophia quando cheguei. Eles não tinham muitas informações novas sobre uma suposta Meowth perdida, mas agradeci da mesma forma — Obrigado assim mesmo, tenho confiança de que irei reencontrar ela! Nós sempre nos reencontramos. Até mais e boa sorte com as suas jornadas! — Despedi-me dos dois, recebendo um "adeus" do velho homem, mas também um estridente "até mais" do mais novo, que me fez ficar com uma cara muito insatisfeita, apenas sorrindo bem forçadamente para me despedir. Que cara mais sem noção! O Bulbasaur havia se assustado com essa palhaçada dele e até Sophia veio acalmá-lo. Resolvi também falar com ele para que ficasse tranquilo — Ei amigão... Ou amigona? Enfim, pode ficar tranquilo, ele já foi, graças a Arceus! Agora pode voltar a dormir na mais profunda paz... Segure-se bem que vamos andar bastante! — Brinquei com o Pokémon de Planta, fazendo um carinho em sua cabeça.

Finalmente seguimos adiante na caverna e eu liguei meu modo "alerta", caminhando mais a frente do grupo, enquanto Luci e Yuri vinham próximos de Sophia. Como havia dito anteriormente, deixei Geodude fora de sua Poké Ball pois acreditava que o Pokémon teria maior facilidade em lidar com uma caverna. — Hey Dwayne! Fique de olhos abertos também... Você sabe bem como é a Meo-Mey, não é? Se ver qualquer sinal dela corra atrás, nem precisa me avisar e eu já vou te seguir, ok? — Comentei com a criaturinha, sorrindo e segurando as alças de minha mochila. Um pouco atrás Sophia novamente conversava com Yuri e o tranquilizava sobre a escolha de tipos, citando um Mono Treinador Fantasma que ela conhecia e dizendo que o garoto deveria procurar pessoas que fizeram esse tipo de escolha também para tirar suas dúvidas. Yuri sacudiu a cabeça afirmativamente e agradeceu — Muito obrigado mesmo! Procurarei Monotreinadores para poder conversar.  — Comentou o garoto, com um largo sorriso. Resolvi então diminuir o passo para ficar perto deles e entrar na conversa — Bem, se quiser Yuri, podemos dar uma chegada até o Ginásio de Mountrock e você pode conseguir algumas dicas com alguém lá sobre as estratégicas de usar apenas um tipo. Assim eu aproveito e tento batalhar um pouco com os treinadores de lá! — Disse sorrindo e depois olhando para frente.

Conforme andamos mais, Sophia levantou uma outra questão sobre nossas origens. Ela havia vindo de Olivine, aparentemente uma cidade de Johto que possuía um Farol e Portos, portanto uma cidade litorânea. Eu nunca tinha visitado Johto e acabei imaginando como deveria ser a região, quando fui pego de surpresa por uma pergunta da Ranger. Eu devo ter ficado um bom tempo "moscando", pois só ouvi quando Luci respondeu por mim e depois riu da minha distração — Eu e Yuri somos de Violet, em Johto também! Meus pais nos levavam sempre para a Casa de Praia em Olivine, quando ainda não estava tudo cheio de água até a cabeça!  — Dizia a garota de uma forma muito inocente, gesticulando com o braço apontando para o alto, acima de sua estatura para indicar a inundação. — Luch não, ele veio de um lugar longe... Nimalha... Animbada... Como é mesmo Luch?  — Tentou lembrar Luci, me fazendo rir e desistindo posteriormente para me perguntar a forma certa. — O certo é Nimbasa! Hahahaha! Eu sou da Cidade de Nimbasa, em Unova. A região natal desse pequenininho aí que está perto de você — Disse apontando para Sewaddle, que se arrastava  mais rápido possível para acompanhar Cleffa. — Lá é muito legal! Tem Fliperamas, Parques, Estádios de vários esportes! Sempre tem algo pra fazer...  — Disse bastante empolgado ao me lembrar de casa — Mas eu gostaria muito de conhecer Johto, todos falam muito bem de lá, pena que houve aquele incidente... Espero que possamos voltar lá em algum momento. Por falar nisso, como será que anda a recuperação da região? Eu adoraria ajudar se fosse possível, mas acho que já tem muita gente boa trabalhando pra ajudar — Comentei, dando de ombros, enquanto ainda seguíamos pelo caminho.

— Meeeeeey! Meeeeeey! — Gritava com as mãos na frente da boca, fazendo uma espécie de alto-falante, mas não tão alto para não assustar Bublasaur. Entretanto, não recebia resposta... Mas enfim. A conversa estava realmente muito agradável, enquanto caminhávamos cada vez mais profundamente na caverna. — Espero mesmo conhecer! E já vou anotar sobre o Farol, a vista deve ser incrível! — Respondi a menina com um sorriso, andando adiante e cheio de confiança. Não tínhamos muitas preocupações, afinal Golbat e Geodude faziam todo o trabalho "pesado" usando suas habilidades naturais de Pokémon típicos de ambientes subterrâneos. O local não estava muito cheio de treinadores como eu imaginei que estaria, ainda mais depois de ver aquela multidão na entrada. De qualquer modo, sempre que um treinador vinha de dentro dos túneis mais profundos eu fazia questão de pará-los e perguntar se haviam visto alguma Meowth. Ela não é um Pokémon comum da região de Hoenn, muito menos de Meteor Falls. Além do mais, não era mais uma filhote, então qualquer um que a visse notaria se tratar de um Pokémon de um treinador e não um selvagem ou abandonado. A busca seguia com tranquilidade, até que notei um comportamento estranho de Geodude diante do caminho. Ao que parece, achamos uma ramificação da caverna bastante curiosa...

— Sua Golbat também sentiu algo de estranho? — Perguntei para Sophia, enquanto abaixava-me para perguntar o que Geodude havia encontrado. O Pokémon de pedra parecia confuso e quando eu questionava o que havia adiante, ele simplesmente não sabia responder. Talvez um grande "nada", o que era estranho já que qualquer mínimo movimento de rocha, mesmo que um movimento sutil e natural, podia ser sentido pela criaturinha. Como assim havia um vazio tão profundo naquele setor de Meteor Falls? Se Mey estivesse lá, talvez não conseguisse sair por algum motivo, nem ouvir os nossos chamados ou se comunicar com o exterior. Sophia pensava a mesma coisa e disse para investigarmos com cautela, seja lá o que tivesse por ali, — Eu acho que... Deve ter um Pokémon bem forte lá!. — Dizia Yuri, com "rugas" de preocupação surgindo acima de seus óculos redondos. Dessa vez era Luci que parecia mais assustada e pouco disposta a falar. A pequena, que havia trazido Joltik para dentro da cápsula, andava apenas com Cleffa sobre sua cabeça, tomando todo o cuidado do mundo a cada passo.

— Está meio... escuro...!  — Comentava a jovem Macchiato, com a expressão fechada. Eu também havia notado isso, mas não sabia exatamente como resolver. O Joltik de Luci seria uma boa forma de iluminar tudo, mas ele precisava absorver energia de outra coisa ou criatura e a gente não tinha nada disso ali disponível — Podemos ir aos poucos, eu posso ir na frente e assumir os riscos já que estamos atrás da minha Meowth e você Sophia, pode ir na retaguarda e cuidar das crianças. Se algo acontecer comigo lá dentro vocês ainda tem como tentar me ajudar ou ir buscar mais ajuda... — Comentei para os três presentes, pensando bem no que eu estava dizendo — Mas eu realmente espero que nada disso seja necessário, porque não quero ficar preso — Completei com um sorriso sem graça. Se todos estivessem de acordo, seguiríamos assim para a ramificação da caverna que soava como um "ponto cego" para os nossos Pokémon.