Tão rápido quanto a "urgência" envolta nas palavras do rapaz exigia que fossem, partiram. Quase atropelando um pobre treinador desavisado no processo, é verdade, mas naquele momento o fato acabou arrancando apenas um riso da moça, embora mais contagiada por conta da gargalhada do tutor do que por realmente ter graça na situação - apesar de que, por que não? Dois bobos disparando do nada, atrás de sabe-se lá o quê? -.
— É, desculpa! — Exclamou, mesmo sem ter a certeza de que o homem prestasse atenção (mas acreditando ser difícil que não, já que provavelmente não é todo dia que você é atropelado por dois jovens animados). A partir daí, porém, viu necessidade em tentar se focar na rota que os próprios pés percorriam, ainda que o olhar casualmente se visse atraído pela imagem do moreno que guiava o caminho. A maneira como ele parecia saber exatamente as direções que precisava tomar e o fato de que mal parou um só segundo para avaliar as vielas que adentravam a fez imaginar quão bem o tutor já conhecia a cidade. Descobriu logo o motivo da facilidade, porém, ao alcançarem o começo da cratera: E, para sua sorte, não tropeçou uma única vez. Mas, claro, até o momento, não tinha prestado atenção para onde iam, também!
Continuaram, então, a agora subida. A respiração já estava levemente alterada por conta da corrida mas, apesar de tudo, não havia sido um problema muito grande... Bem, isso até que alcançassem o topo da cratera e a ruiva finalmente se atentasse ao motivo da pressa de Drac, porque daí o fôlego desapareceu numa pancada só. A visão majestosa do horizonte, o Sol se permitindo diluir num leque de cores quentes mergulhando no mar e despejando no céu os brilhos do ocaso, o continente ainda mais distante (pelo menos, aparentemente) que a grande esfera de puro fogo - ou, por melhor dizer, de tinta? -, as nuvens de algodão fofo que decorava o tecido celeste: Enfim, um conjunto perfeito de obra que formava com facilidade a mais belíssima entre todas as telas já criadas.
Não conseguia se recordar, por mais que tentasse, da última vez que assistiu um pôr-do-sol. O corpo, então, avançou de maneira automática para mais próximo da grade de proteção, e a mão livre se apoiou sobre ela. Precisou de um momento para recuperar o ar (e a fala), e ouvir aquele "pedido de desculpas" deu-lhe uma boa vantagem naquela tarefa. O olhar se voltou brevemente ao rapaz, e então percebeu que o astro celeste também compartilhava sua iluminação com ele, derramando-se em sua pele, nos cabelos - e nos olhos, principalmente, onde formava uma versão minimalista de seu encontro com o mar. Isso, junto à leve pressão dos dedos entrelaçados (os quais a moça fez questão de manter unidos), a fez sorrir.
— Normalmente, não se pede desculpas ao dar um presente, senhor Drac... — Gracejou, a respiração se acalmando - ao contrário do peito, que aprisionava um ritmo forte e até um tanto descompassado. Com suavidade, o puxou mais para perto. Sentia o coração, a alma - ambos acolhidos, quentes, assim como as cores que divergiam e bagunçavam no horizonte. Sutil, a cabeça se encostou no braço do rapaz, observando as ondas que iam e vinham em alto mar. Ouviu o que ele disse, e concordava, mas mesmo o silêncio não pareceu uma opção ruim por alguns segundos, curtindo não só o momento, como sua própria presença. — ...Posso te contar uma coisa besta? — Perguntou, ainda que fosse meio... retórico. Talvez para manter alguma palavra, talvez apenas por vontade de ouvir sua voz novamente. O olhar se desviou para o moreno por um instante, antes de retornar à estampa ao longe, que gradativamente começava a desaparecer. — Quando eu era menor, eu tinha algumas teorias sobre o pôr e o nascer do sol. — Comentou, meio divagado. — Uma delas, tipo... Que o mar fazia malabares em câmera lenta, beeem lenta com o sol e a lua, porque ele tava treinando e ia ficar com vergonha se errasse e todo mundo percebesse! Ou que o mar era comilão, e a terra jogava tipo "pipoquinhas" pra ele, mas devagar, pra não acabar tudo de uma vez. — Suave, moveu os dedos nos seus, mas não os separou. — ...Ok, acho que parece pior agora que eu falei em voz alta. Dá pra apagar? Acho que era melhor quando eu tava quieta! — Riu, até um pouquinho envergonhada.
Mas, sei lá...
Não era como se estivesse desconfortável.
E quão raro isso era, nos últimos tempos!
— É, desculpa! — Exclamou, mesmo sem ter a certeza de que o homem prestasse atenção (mas acreditando ser difícil que não, já que provavelmente não é todo dia que você é atropelado por dois jovens animados). A partir daí, porém, viu necessidade em tentar se focar na rota que os próprios pés percorriam, ainda que o olhar casualmente se visse atraído pela imagem do moreno que guiava o caminho. A maneira como ele parecia saber exatamente as direções que precisava tomar e o fato de que mal parou um só segundo para avaliar as vielas que adentravam a fez imaginar quão bem o tutor já conhecia a cidade. Descobriu logo o motivo da facilidade, porém, ao alcançarem o começo da cratera: E, para sua sorte, não tropeçou uma única vez. Mas, claro, até o momento, não tinha prestado atenção para onde iam, também!
Continuaram, então, a agora subida. A respiração já estava levemente alterada por conta da corrida mas, apesar de tudo, não havia sido um problema muito grande... Bem, isso até que alcançassem o topo da cratera e a ruiva finalmente se atentasse ao motivo da pressa de Drac, porque daí o fôlego desapareceu numa pancada só. A visão majestosa do horizonte, o Sol se permitindo diluir num leque de cores quentes mergulhando no mar e despejando no céu os brilhos do ocaso, o continente ainda mais distante (pelo menos, aparentemente) que a grande esfera de puro fogo - ou, por melhor dizer, de tinta? -, as nuvens de algodão fofo que decorava o tecido celeste: Enfim, um conjunto perfeito de obra que formava com facilidade a mais belíssima entre todas as telas já criadas.
Não conseguia se recordar, por mais que tentasse, da última vez que assistiu um pôr-do-sol. O corpo, então, avançou de maneira automática para mais próximo da grade de proteção, e a mão livre se apoiou sobre ela. Precisou de um momento para recuperar o ar (e a fala), e ouvir aquele "pedido de desculpas" deu-lhe uma boa vantagem naquela tarefa. O olhar se voltou brevemente ao rapaz, e então percebeu que o astro celeste também compartilhava sua iluminação com ele, derramando-se em sua pele, nos cabelos - e nos olhos, principalmente, onde formava uma versão minimalista de seu encontro com o mar. Isso, junto à leve pressão dos dedos entrelaçados (os quais a moça fez questão de manter unidos), a fez sorrir.
— Normalmente, não se pede desculpas ao dar um presente, senhor Drac... — Gracejou, a respiração se acalmando - ao contrário do peito, que aprisionava um ritmo forte e até um tanto descompassado. Com suavidade, o puxou mais para perto. Sentia o coração, a alma - ambos acolhidos, quentes, assim como as cores que divergiam e bagunçavam no horizonte. Sutil, a cabeça se encostou no braço do rapaz, observando as ondas que iam e vinham em alto mar. Ouviu o que ele disse, e concordava, mas mesmo o silêncio não pareceu uma opção ruim por alguns segundos, curtindo não só o momento, como sua própria presença. — ...Posso te contar uma coisa besta? — Perguntou, ainda que fosse meio... retórico. Talvez para manter alguma palavra, talvez apenas por vontade de ouvir sua voz novamente. O olhar se desviou para o moreno por um instante, antes de retornar à estampa ao longe, que gradativamente começava a desaparecer. — Quando eu era menor, eu tinha algumas teorias sobre o pôr e o nascer do sol. — Comentou, meio divagado. — Uma delas, tipo... Que o mar fazia malabares em câmera lenta, beeem lenta com o sol e a lua, porque ele tava treinando e ia ficar com vergonha se errasse e todo mundo percebesse! Ou que o mar era comilão, e a terra jogava tipo "pipoquinhas" pra ele, mas devagar, pra não acabar tudo de uma vez. — Suave, moveu os dedos nos seus, mas não os separou. — ...Ok, acho que parece pior agora que eu falei em voz alta. Dá pra apagar? Acho que era melhor quando eu tava quieta! — Riu, até um pouquinho envergonhada.
Mas, sei lá...
Não era como se estivesse desconfortável.
E quão raro isso era, nos últimos tempos!