Teatro - O espetáculo, os ovos e os pokémons de fogo

Desta vez, Joul Terri tinha muito mais o que pensar. Dependendo de suas escolhas, a luta poderia terminar nesta rodada! Poderia usar Magmar e gastar seu Z-move... ou poderia tentar a sorte com Darumaka e seu poderoso Facade! O tempo urgia, o treinador não poderia ficar parado muito tempo pensando, afinal, estava em uma peça! O Z-move era muito poderoso e tinha um tempo de recarga grande... por outro lado, Darumaka poderia errar, ou cair na paralisia, o que seria ruim também!

Os diversos relógios, na parede, com seus pêndulos (sons emitidos externamente, já que os relógios eram apenas visíveis ao público) pareciam mostrar que o treinador estava em uma situação delicada. Quando enfim traçava sua estratégia, mandava Darumaka para campo, voltando Fletchinder! A bola de fogo entrava em campo com “sangue nos olhos”, pronto para cumprir o papel que seu treinador tinha para ele!

Lola já iniciava com seu poderoso soco que além de drenar vida, causava danos consideráveis na bola vermelha. Em seguida, continuava com o mesmo golpe, se curando e afetando negativamente a saúde de Darumaka... o pokemon de fogo, por sua vez, caia na paralisia, sendo impedido de usar seu golpe! Fora quase!

O coração de Joul palpitava mais forte a cada turno da batalha! Darumaka, apesar de muita vontade, não conseguia executar seus golpes com perfeição, sempre caindo em alguma condição especial. Aquilo era deveras frustrante para o treinador quanto para o ator. Infelizmente, nada poderia fazer, Lopunny se mostrava um baita adversário, como bem havia demonstrado durante toda a luta, fazendo 3 pokemons de Joul sentirem a força de seus golpes!
 
Lola, utilize Teeter Dance e Drain Punch! Vamos terminar esta luta de vez!
 
Com seu comando, Lola iniciava, pela milionésima vez, sua dança, deixando Darumaka com a cabeça rolando de confusão. No golpe da bola de fogo, ele era atingido pela paralisia, não conseguindo atacar! No segundo turno, Lola atacava uma vez mais com seu soco, sendo danoso para a saúde de Darumaka e curando a vida da coelha! O pokemon de fogo, enfim, com sangue nos olhos... caia na confusão, acertando sua cabeça no chão com força! Uma vez mais Lola saia soberana e impune dos golpes de Darumaka!
 
HEHEHEHEH! É muito engraçado ver seus insetos, que chama de pokemon, lutando contra si mesmos HEHEHEEHEHE Lola, duplo Drain Punch, finalize esta luta!

O pesadelo de Joul acontecia! Darumaka não conseguiu acertar seu poderoso golpe nenhuma vez... o cavaleiro estremeceu um pouco ao ver aquilo, quase saindo de vez do personagem de tanta raiva. O universo parecia conspirar contra ele. Aquela Lopunny parecia um pokemon lendário, instransponível e indestrutível... ela parecia crescer de tamanho frente aos seus pokemons!
 
Depois de respirar e se acalmar, tentando voltar ao normal, Joul voltava a sorrir um pouco. Tinha a resposta que precisava... apesar de gastar este recurso agora poderia acabar prejudicando Joul contra adversário... digamos, mais fortes. Todavia, se não fizesse isso agora, iria sair dali com uma derrota devastadora e humilhante demais para seu “eu” treinador aceitar. Só havia essa opção!
 
Juntando a fogo que tinha em si, retrucava Pernalonga uma vez mais... agora com um brilho diferente nos olhos que fora visto pelo adversário, que logo se levantava, percebeu que as coisas estavam sérias agora! – Destrua esse imundo, Lola! – a troca de pokemons fora providencial e Magmar já entrava em campo recebendo fortes socos, deixando o pokemon quase nocauteado!
 
De repente então, Joul começava a fazer uma dança, segurando seu acessório que tinha passado despercebido por Pernalonga, a Z-stone! Finalizada, Magmar começava a brilhar e suas chamas aumentavam exponencialmente! O diretor da peça e os coadjuvantes que estava servindo Pernalonga logo recuavam, voltando para o backstage e preparando os extintores... as coisas iam ficar quentes ali!

 
Passando a energia do Z Crystal e de si mesmo como treinador para Magmar, o pokemon parecia que iria entrar em erupção desferindo uma incrivelmente grande bola que acertava em cheio Lola! A pokemon, apesar de tentar resistir, caia, toda queimada, no palco. Estava desmaiada e o vencedor fora Joul! Antes que o fogo pudesse se espalhar os extintores entravam em cena. Apesar das broncas do diretor para com o jovem... o público havia adora o show pirotécnico, aplaudindo de pé tanto a encenação quanto o movimento! Amado pelo público, odiado pelo diretor!
 

Pernalonga caia de joelhos, enquanto o treinador Joul, sentia suas pernas ficarem bambas e ele caia um pouco também. Magmar, tendo usado muito poder, caia no chão quase nocauteado. Aproveitando o ensejo, Pernalonga pegava uma faca (de mentira) e partia para cima de Joul, cansado e quase desmaiando, enquanto gritava que o iria matar. A taquicardia do treinador bateu, mas ele mesmo estava sem forças para se defender. Quando Pernalonga ia chegando perto, recebia uma flechada (de mentira) na cabeça (para os espectadores vendo pela realidade aumentada, a flecha havia perfurado a cabeça do ator, chocando a todos). Pernalonga caia, com “sangue” jorrando no palco (devia ter algo em suas mangas para simular sangue).
 
Alice, cercada por vários do povo, todos sujos ou com “sangue”, entravam no recinto. Ela ia direto para seu cavaleiro enquanto os outros fingiam ir atrás dos súditos de Pernalonga. A mulher com o “trovão” na testa se aproximava dele cansada, mas com um sorriso no rosto – Não poderia deixar você morrer depois de ter feito tanto pelo povo hihihi. Está tudo bem? Precisa de ajuda?
 
Joul estava em um turbilhão de pensamentos, não somente como ator, diante de todo aquele espetáculo, em meio aos gritos do povão e as palavras doces de Alice, mas também como treinador... a batalha havia sido muito desgastante!

A batalha fora tão intensa que Joul estava com dificuldades até de saber se estava sonhando ou não. Aquilo tudo, com o seu adversário derrotado, sangrando nas grandes telas, mas “sem ferimento” na atuação normal. As diversas pessoas correndo pelo palco, tentando capturar os serviçais de Pernalonga. Tudo parecendo realmente um campo de intrigas e batalhas!

Entretanto, as palavras de Alice eram um conforto e acalento ao seu coração castigado pela batalha. Além de suas palavras, sua ação fora decisiva! Havia impedido que seu adversário, em um último golpe traiçoeiro e vil, pudesse pôr fim a sua vida precocemente. Essas palavras não ficaram apenas na mente do treinador, ele as conseguiu verbalizar para a jovem com quem contracenava.

Alice mostrava um lindo, mas breve sorriso ao ouvir as palavras de Joul – Eu que agradeço hihihi. Você conseguiu salvar a divisão de paus do jugo da Trinca de Às... você tem noção do que é isso? Anos de sofrimento nas mãos perversas desse coelho demoníaco! O que eu fiz... bem, outros poderiam ter feito, com mais riscos e mais dificuldades... mas o que você fez? Ninguém conseguiria. Levante-se, Witcher! Seu lugar é sempre de pé! – Alice o puxava para o por nos pés.

Quando se levantou, viu aquelas pessoas outras com quem contracenava (e muitas outras estavam presentes, nas grandes telas). Todas o olhavam com a admiração e então, com uma voz forte e de destaque, um homem alto e forte, com a camisa rasgada e uma lâmina nas mãos, suja de vermelho, entoava – Senhor Witcher... muito obrigado por tudo, sem o senhor, jamais conheceríamos a paz e a liberdade! – com um assobio, todos os presentes em palco e na tela se ajoelhavam em sinal de máximo respeito.

A esbelta mulher que era seu par no evento, sussurrava em seu ouvido... mas falava alto suficiente para ser ouvida pelos captores de som – Ainda não podemos ir... você deve fazer seu discurso para eles também. Mostre sua voz, mostre o que significa estar aqui por eles. Isso vai ser importante nas batalhas vindouras.

Joul tinha seu tempo de descanso e logo tentava se recuperar de tudo aquilo, respirando fundo e vendo a grandiosidade daquela peça. Seu novo dever atribuído por Alice, já era algo presente no roteiro e com os dizeres “improvise e mostre que tem futuro na atuação”. O jovem rapaz, agora cavaleiro não era dos mais extrovertidos e nem com grandes talentos artísticos.

Logo, quando percebeu que aquele era o momento de improvisar, olhou todos aqueles atores, novatos ou veteranos, de diversas idades, interpretando papeis coadjuvantes... enquanto ele, um novato, estava com um dos papeis principais. Toda aquela pressão caia no jovem e ele respirava fundo para não travar. Tentava pensar em diversas coisas... mas era complicado.

No final, ele apenas repetia uma de suas frases que... como se pode dizer, não tinha relação alguma com o momento. O juramento era algo dele para com seu rei, não palavras de inspiração para soldados. No final, os atores diante dele ficavam se entreolhando, não entendendo o que ele falava e o direto fazia um facepalm diante do simplório discurso do jovem. A plateia também ficava sem entender nada... e, como um impulso, Vivienne, percebendo que as palavras do jovem foram muito fracas, tomava as rédeas e proferia um animado discurso que levantava ainda mais o povo e o público. Depois daquilo, as cortinas se fechavam.

No ínterim de início do Segundo Ato, Vivienne perguntava se estava tudo bem com ele, vendo que Joul havia travado demais, somente conseguindo repetir palavras inoportunas. Em seguida, o Diretor chegava, furioso – Mas o que é isto meu jovem? Você não consegue realizar um simples discurso?! Como pode algo assim na minha peça! Bendito Sófocles, onde eu fui arranjar um rapaz assim! – falava olhando para o alto, lamentando o rumo que tudo havia tomado.

Depois de respirar fundo, ele voltava a brigar – Sei que não és um ator profissional... mas por favor, vamos nos esforçar na peça! É o mínimo que espero! Se prepare bem, pois o segundo ato está para começar. Beba uma água, relaxe... não vou admitir mais erros como esse! – Desta vez, nem Vivienne, sempre positiva, conseguia dizer alguma coisa para o jovem, apenas sorria para ele e se retirava... afinal, ela também tinha que se esforçar pelo seu papel!