Pokémon Mythology RPG
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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

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Não havia muito a se fazer ali - afinal, a única possibilidade restante ao rapaz se resumia à seguir em frente, ou pelo menos se desejasse se reunir com o companheiro de dança, aparentemente. O retorno era inviável, pois as pétalas só seguiam por um caminho, o exterior era periculoso e o deixava às cegas e, bem, por mais que o vento e o clima dos túneis piorassem toda a situação do frio que agarrava-se ao corpo do moreno, poderia minimamente agradecer que a chuva não era mais constante sobre sua cabeça. Preparando-se para o pior, o treinador tomou entre os dedos a esfera de seu simpático ermitão (há pouco recolhido, pobre coitado) e pediu pela discrição de sua inicial, que se limitou a revirar os olhos e emitir um miado baixo, inquieto e claramente desgostoso com toda a situação.

Com cuidado, seguiram pelo corredor parcialmente iluminado pela luz esmeralda que a entrada lateral emitia, suave. Ao longe, a chuva e os trovões ecoavam seus sussurros pelos túneis que se embrenhavam nas vísceras do monte, trabalhando para que o caos da tormenta alcançassem e atingissem, à sua própria maneira, aqueles que em seu abraço gélido se escondiam. Raríssimas eram as ocasiões, mas também ocorriam momentos em que um guincho frustrado e altíssimo - emitido por sabe-se lá o quê - ribombava por entre as esquinas daquele labirinto escuro, capaz até mesmo de perturbar os cadáveres que por ali há muito descansavam.

Aproximaram-se. Pé ante pé, respiração controlada e quase segurada. Não havia nenhum som distinto reverberando do interior daquela ala, mas a iluminação já fazia papel suficiente em explicitar que muito provavelmente não estariam sozinhos - e foi com essa mentalidade que a dupla seguiu em frente, corpo colado com a parede e hesitação rabiscada nos atos -. Uma espiada cuidadosa revelava um "cômodo" muito mais amplo do que os corredores que até então haviam percorrido. O salão guardava em seu interior inúmeros túmulos enfileirados, simplórios, a maior parte com as lápides desgastadas pelo tempo: Um 6x5, se o treinador se dispusesse à contar.

Mas, não era essa a parte importante.

Apoiando-se na ponta dos pés sobre uma das sepulturas - apenas duas fileiras de distância da entrada -, era uma figura familiar a que se mantinha imóvel. A capa em suas costas balançava com suavidade, e o buquê esquerdo se erguia em direção ao teto: Acima das flores azuladas, uma pulsante esfera de energia esverdeada se acumulava, expandia e permitia dissipar aos poucos, sem jamais se extinguir - e ela era a responsável por iluminar todo o precário ambiente. A atenção do venenoso se mantinha fixa em um ponto específico da sala, embora não fosse possível dizer em primeiro momento o que o impedia - ou, pelo menos, o por quê - de agir ou sequer se mover dali, se é que existia alguma coisa. Diante da visão do gramíneo, a felina pareceu relaxar. Talvez pela frustração ou meramente vontade de ir embora, por um singelo instante abandonou a cautela e, num movimento incalculado, arriscou um passo para frente, e foi quando uma de suas patas afundou sonoramente em uma poça d'água acumulada na porta.

Tudo aconteceu muito rápido. Como uma verdadeira bomba que finda os segundos para explodir, a movimentação do mascarado ocorreu com a mesma perfeição de um compasso; O eco das águas foi o suficiente para que Buddy volvesse parte do corpo imediatamente na direção da entrada, e o buquê avermelhado acumulou quase que instantaneamente uma esfera bem parecida com aquela que utilizava para iluminar a área e, num tiro veloz, a Energy Ball cruzou o ar e explodiu bem ao lado da pobre Meo-Mey, que só não foi atingida por conta da reação veloz da felina, que saltou para trás num sibilo engasgado e se agarrou ao corpo do treinador, grudando-se ao seu tronco e prendendo as garras no tecido molhado de suas roupas.

Foi nesse momento, ao ouvir o barulho emitido pela companheira - que já conhecia por tempo o suficiente para que pudesse identificar sem muitos problemas -, que o dançarino percebeu seu erro. A expressão fechada se desarmou de repente, e os músculos tesos da planta relaxaram aos poucos - as rosas vermelhas se baixaram com certa hesitação, embora as azuis se mantivessem em direção ao teto, sustentando a outra esfera, para impedir que o lugar fosse tragado pela escuridão. Em seguida, um meio sorriso aliviado dominou a expressão do venenoso e, com um breve (e perfeito!) salto de um túmulo para o outro, aproximou-se mais da entrada em busca da imagem de seu treinador. A concentração ainda precisava ser mantida para que não dissipasse sua única fonte de luz, mas isso não impediu o animal de emitir um cry suave, apontando com o buquê livre para um dos cantos do lugar, o mesmo que anteriormente observava com tanta fixação.

Não era muito difícil de descobrir o por quê: Por detrás de uma das lápides, um corpo muito que mal oculto do que parecia ser um pássaro se escondia, trêmulo e encolhido. Sinceramente, sua presença poderia até passar despercebida... Se não fosse a cabeça de um alho-poró que muito casualmente se erguia por cima da pedra da sepultura, o que de maneira bem patética - e até infantil, se quiser saber minha opinião - denunciava por completo o esconderijo do pobre... Pato.

...
Oh, bem.
E então?

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Era evidente que Mey não estava nada contente com toda a situação. Podia parecer que não, mas eu também não estava tão contente em estar num ambiente tão hostil e completamente sozinho. Contudo, era necessário. Já havia vasculhado grande parte desse lugar e restava subir. Não era possível que ainda houvesse muito mais a se explorar. Ou haveria? De todo modo, só o cume importava agora! Se chegasse lá e não encontrasse Natalie, poderia ir embora com a consciência mais tranquila. Preocupado? Sim, mas tranquilo sobre jamais ter desistido de encontrá-la. E foi dessa forma, reflexiva, que derramei-me em pensamentos atrapalhados e fora de hora. Oh céus... Precisava realmente aprender a focar-me em uma coisa de cada vez. Mas enfim, retornando à "realidade", notei-me diante de um cenário bastante peculiar. Comum parra o que o Mt. Pyre se propunha é claro, mas ainda assim exótico, pois não era todo dia que se aventurava por um mausoléu ou cemitério vertical que fosse. Enfim... Com a 'cabeçona' dentro do ambiente, tratei de procurar a fonte de todo aquele verde, que fazia o lugar parecer uma espécie de cabaré vegetariano.

— Buddy? — Questionei baixinho, o bastante para o possível Roserade não me ouvir. Seja pelo motivo que fosse, Buddy estava mantendo uma esfera de energia, iluminando o ambiente e talvez servindo de ameaça para alguém? Pensei em aproximar-me um pouco mais para chamá-lo, mas antes que eu pudesse agir cautelosamente, Mey - provavelmente de SACO CHEIO - deixou para trás a 'encolha' e aproximou-se em passos felinos. É claro que, uma poça d'água bastante conveniente, foi responsável por entregar a posição da Meowth e fez com que Roserade tentasse golpeá-la com um rápido golpe de grama, que por pouco não foi direto no alvo. Com uma cambalhota, Mey veio abrigar-se atrás de mim e não pude deixar de rir com essa situação — Calma, Buddy! Vem cá, o que houve? O que tá acontecen... — Comecei a questionar o Gramíneo, observando-o virar-se, sorrir e aproximar-se delicadamente pelos túmulos. Entretanto, a visão do Pokémon me trouxe ao olhar uma outra imagem. Essa, mais distante e semi-oculta. Seria mesmo o que estava achando que era?

— É o Pato do Alho Poró? Digo... Farfetch'd o nome dele, não é? Vamos ver o que a Pokédex nos diz... Comentei, já retirando o aparelho do bolso e apontando para o corpo quase escondido do Pokémon Voador: "Beep! Farfetch'd! Pokémon Pato Selvagem! Este Pokémon mantém consigo um broto de alho poró, que utiliza como arma, fazendo as vezes de um Espada de Metal ou como ferramenta para construir seus ninhos. Costuma viver perto de onde nascem juncos, mas são raramente avistados, o que indica que seus números devem estar decaindo. Por isso, recentemente foi feito um esforço para que cruzem em cativeiro, mantendo a espécie viva. É possível que ele possa acabar comendo seu próprio graveto ou broto como 'ração de emergência' em certas ocasiões de fome. Nesse caso, sai em uma busca desesperada por um substituto logo em seguida. Se encontra alguém ameaçando as plantações de alho poró, usa sua arma para afugentar os intrusos. Seus gravetos são selecionados com cuidado dentre várias opções que eles conseguem distinguir perfeitamente. Usando esta arma, podem utilizar diferentes estilos de esgrima. Beep! Boop!".

— Então quer dizer que você é um espécime raro? Você se perdeu de seus amigos? — Questionei, tomando a dianteira para que meus próprios Pokémon não o assustassem ainda mais. — Bem, essa chuva é perigosa para você. Talvez possamos te ajudar a encontrar seus companheiros antes de continuar subindo o Monte. Quer uma fruta? — Fui tentando conversar e distraí-lo, oferecendo inclusive uma Oran Berry dos meus pertences, que jogaria para ele se demonstrasse interesse — Você parece um bom lutador com essa 'espada', mas não precisa lutar necessariamente. Bem, se não quiser é claro. Caso contrário, estou disposto a um combate para vermos que é o mais forte — Disse por fim, sorrindo. Estava claro que o Pokémon estava acuado. Eu havia perseguido ele e ordenado que o atacassem. Isso se Roserade não o tivesse atacado já. Mas enfim... O que custa tentar dialogar mesmo que tarde? Na pior das hipóteses voltaríamos à estaca zero e nesse caso já estava preparado com Buddy atrás de mim e a esfera de Dwebble em minhas mãos.

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Ainda que com o saldo de uma felina assustada e agarrada em suas roupas, os humores finalmente pareciam encontrar espaço para se apaziguar - fosse por reencontro de treinador e pokémon ou simplesmente pela percepção de ambos os lados que um não representava ameaça iminente ao outro. A postura corporal áspera de Roserade se dissolveu diante da presença de seu parceiro de dança e, ao baixar a guarda do atento cavaleiro mascarado, a única questão que restava pendente era a da ave que, por mais inútil que fosse sua tentativa de se ocultar de seus perseguidores, ainda estava por ali. Inclusive, quando Valassa se pronunciou dentro daquela ala - onde, descobriu, não haviam mais saídas além da que ele havia acabado de entrar -, o pobre pássaro se encolheu ainda mais por detrás da pedra onde se escondia, puxando seu vegetal companheiro um pouquinho mais para baixo, discretíssimo.

A voz eletrônica pareceu fazer crescer o sentimento de temor no selvagem, que encolheu seus pés de pato mais contra o próprio corpo e, então, com um movimentar das asas, desapareceu por completo por detrás da lápide na qual se ocultava, com exceção de algumas penas do topo de sua cabeça. Sem se mover sequer um centímetro, permaneceu daquela maneira até que... ...Uma coisa lhe chamou a atenção - ou melhor, uma pergunta, que era justamente à respeito de uma das frutinhas do criador. O interesse ficou claro quando o bico do acinzentado "escorregou" para fora de seu esconderijo, e logo a seguir um de seus olhos, que espiaram cautelosamente o rapaz que se aproximava.

Foi uma cena engraçada, quando Luch arremessou uma de suas Oran ao voador. O pato encarou o alimento por alguns instantes e, discretamente, se movimentou detrás da lápide e usou o alho-poró para arrastar a frutinha um pouco mais para perto, antes de se esconder novamente (com a Berry, desta vez) e emitir um "QUÉM" torto e bizonho. O animal não parecia disposto à lutar - mas como procederia o rapaz? Buddy não esperou ordem alguma; Em realidade, já estava cansado de toda aquela perseguição, então simplesmente se sentou em cima de uma das lápides e baixou o braço, brincando com a esfera esverdeada sobre as pétalas e se permitindo relaxar por um momentinho que fosse.

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— Quém? — Repeti, semi-cerrando os olhos e controlando-se para não rir da forma cômica daquele Patinho agir. O Farfetch'd levava jeito para o Stand-Up Comedy, mesmo que na verdade fizesse tudo aquilo sem querer. É ou não é um bom companheiro para mim e minhas palhaçadas? Digo, pelo menos quando o ambiente é propício para ser divertido. Enquanto isso, Buddy e Meo-Mey já deviam estar mais do que impacientes... Prometeria a mim mesmo que depois de me resolver com esse rapazinho iria focar totalmente em escalar o Monte, sem mais paradas. Exceto se fossem forçadas é claro... Olhei para trás e fiz um sinal de positivo para meus Pokémon e então aproximei-me pé após pé do Selvagem, segurando uma segunda frutinha azulada em mãos, mas também uma Premium Ball vazia, a última se minhas contas estavam corretas — Então, "Seu Farfetch'd", é o seguinte... O lugar de onde saiu uma dessas tem muitas outras... Estou pensando em comparar uma Fazenda. Sabe o que é? Espaço verde, árvores cheias de frutos cheirando bem maduras no fim da tarde, tudo para você. Não gostaria de tirar férias de toda essa chuva e vir comigo? — Comentei, tentando manter o bom humor e parando a uma distância segura, abaixando-me.

— Tenho muitos companheiros Pássaros como você... Bem, não exatamente como você, mas acho que compreende onde quero chegar. Você não estaria sozinho! Sempre teria alguém para conversar, um amor para chamar de seu quem sabe... Um QUÉM, só seu, entende? — Comentei, em um tom que expressava romantismo, tentando conquistar a criatura para uma vida paradisíaca na minha futura Fazenda - uma promessa válida, ok? - e em seguida, coloquei a Poké Bola Branca no chão, segurando-a contra o solo com o dedo indicador e mexendo-a levemente em um movimento circular. — Como não pretendemos batalhar, a situação é bem simples... Você mesmo pode fazer isso, como vai descobrir muito bem. Se for de seu agrado ter tudo do melhor, basta dar esse passo corajoso e escolher! — Deixei no ar o "desafio", usando o mesmo dedo que segurava a cápsula para empurrá-la, gentilmente e bem devagar, na direção do Farfetch'd. Na mesma direção em que a fruta foi e a sua curiosidade tratou de permití-lo "fisgá-la" velozmente com o graveto. Será que funcionaria? Só saberia tentando, não é mesmo?

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A breve interação entre selvagem e aprendiz foi, no mínimo, engraçada. Com o jeitinho atrapalhado, medroso e até exagerado do jovem patinho, não era lá muito difícil agradar o tipo de pessoa boba que era o treinador; Tendo isto em consideração, não é realmente surpreendente o fato de que o interesse do rapaz logo se transformou em um papo de esquema de pirâmide para convencer o animal a vir consigo. Mais próximo, não era difícil para o alado ouvir os passos constantes e pausados de Valassa, e este detalhe era explicitado nas breves espiadelas que o pato dava ao colocar o bico de fora do esconderijo, dar uma olhadinha e voltar para trás da lápide.

Finalmente, após tantas espiadinhas, o voador colocou o bico de fora e ficou observando, meio de canto, enquanto o moreno o tentava seduzir para dentro da Premier Ball que muito em breve rolou pelo chão, acompanhada pelo olhar atento do exótico espécime. Arriscando-se um pouco mais para frente (sem abandonar o túmulo), o animal expôs suas penas manchadas de azul (provavelmente suco de Oran) e, esticando uma das asas, cutucou a esfera branca com a ponta de seu alho-poró, como se estivesse testando se um galho era cobra. O animal parecia... Incerto, para dizer o mínimo - e era impossível saber o real motivo. Ficou analisando o objeto por alguns segundos, e então, uma luz passou por sua expressão, como se de repente tudo estivesse claro.

...Aí, com a ponta do vegetal, empurrou de novo a Premier Ball na direção do criador, com um novo "Quém" baixo e divertido. Bem, aparentemente havia chegado à conclusão de que aquilo era um jogo!

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Assim que rolei a Premier Ball para o Farfetch'd, fiquei na apreensão de que ele usaria seu graveto ou até mesmo o bico para dar um toque no curioso botão que se sobressaia em alto relevo na região central da cápsula. Mas... O que esperar de um Patinho tão Bobo? Bem, eu deveria até saber sendo um Treinador tão Bobo, o que demonstrei com um sorriso sem graça e uma risada nervosa ao ver a esfera retornar lentamente até meu pé após a rebatida inesperada. Então isso era um jogo para ele... — Exatamente como imaginei, não me decepcionei! — Menti. Abaixando para recolher a Ball, que levei até próximo do rosto para observar — Contudo... Há uma brincadeira ainda melhor quando se toca AQUI! — Comentei em seguida para o Pássaro, girando a esfera na sua direção, de modo que ele pudesse observar o botão em destaque. Sorri também, para passar um tom amigável, afinal onde já se viu um estranho chegar com um papo de "toque aqui". Certamente uma pessoa sensata se recusaria e chamaria as autoridades, não é mesmo? Mas estamos falando de um Farfech'd e um Farfetch'd Bobinho, o tipo de Pokémon que eu procurava.

Não estranharia se Buddy e Meo-Mey já estivessem a ponto de perder a paciência e prontos para bater no Pokémon por conta própria, até que ele entrasse na esfera "na marra", mas eu realmente pretendia fazer algo diferente desta vez, por isso a insistência. Depois de meu discurso e de sondá-lo com a sugestão desta "nova brincadeira", retornei a Ball ao chão e novamente a fiz rolar, com a mesma delicadeza de antes na direção do Farfecth'd. Não queria estragar a surpresa que seria quando ele tocasse ali e fosse absorvido pela luz da cápsula, então tentei evitar expressar toda essa ansiedade e expectativa pelo meu rosto. Algo certamente difícil para alguém como eu... Quando a Premier Ball já encontrava-se nas proximidades da lápide em que ele se escondia, até semi-cerrei os olhos de empolgação, esfregando os dedos da mão rapidamente escondida nas costas do corpo para deixar fluir essa apreensão. Espero que realmente dessa vez tudo terminasse bem.

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Embora a tentativa fosse válida, a reação do selvagem para a esfera "rolada" pelo rapaz nem de longe foi aquela inicialmente esperada. Como era de se imaginar, então, o ato do voador não caiu nas graças de Valassa, por mais que o aprendiz de criador ignorasse o leve desgosto e se limitasse a "incentivar" o jogo do acinzentado, que bateu de leve as asas e emitiu um cry um pouco mais animado, ainda que de maneira tímida. Aproveitando-se dessa vibe, o treinador não perdeu tempo em sugerir uma "nova visão" da "brincadeira", e foi de maneira atenta que o atrapalhado espécime observou as indicações do moreno quanto ao botão central do objeto, principalmente quando a Premier Ball rolou novamente para próximo de si, suave e sem pressa.

No mesmo ritmo, o pato finalmente arriscou abandonar seu esconderijo por detrás da lápide, aproximando-se um pouco mais da estranha tecnologia e a observando cuidadosamente, por mais que o olhar escapasse na direção do grupo que, se fosse parar para pensar, ainda o encurralava. Com a ponta de seu vegetal, o bípede tocou suavemente a banda superior da esfera, movimentando-a de um lado para o outro, como se analisasse a bola do jogo em busca de algum tipo de fraude. Naquela tarefa, demorou-se alguns segundos, brincando com o objeto enquanto o girava abobalhadamente no mesmo lugar. Então, pareceu decidir. Se afastou um, dois passos; Segurou o vegetal com ambas as asas e, de maneira até cômica, balançou o rabinho de um lado para o outro, erguendo e abaixando os pés. Com sutileza, bateu a ponta livre de seu bastão contra o piso escuro, como quem se prepara para uma rebatida - se movimentou para lá e para cá e...

Ao fundo, o barulho distante de um trovão ribombou. De acompanhante, um guincho altíssimo ecoou por todo o monte, fazendo estremecer sua estrutura assim como foi capaz de fazer tremer o chão sob seus pés. Num desequilíbrio torto, o corpo de Farfetch'd pendeu para a frente e, ainda que tentasse interromper a queda ao abrir as asas e as bater rapidamente, um sonoro "QUÉM!" foi a única despedida antes que o selvagem topasse de bico com o centro da Premier Ball. Com o impacto, além de fazer desaparecer o pequenino num feixe pálido de luz, o objeto simplesmente voou pelos ares, num trajeto retilíneo ao distraído Roserade. O gramíneo, por sua vez, malmente enxergou o artefato esférico que voava em sua direção. Foi apenas com o canto de olho que o notou, mas tudo que pôde fazer para reagir foi cruzar ambos os braços em frente ao rosto num movimento rápido.

Nisso, a esfera esverdeada que o venenoso tanto se esforçava para manter simplesmente se dissipou, fazendo-os mergulhar na mais profunda escuridão. Um brilho prateado se espalhou pelo ar por um singelo instante, mas só - assim como os cadáveres já estavam acostumados, o pesado silêncio após um brevíssimo momento de caos foi tudo que restou naquela ala morta.

Era frio, era escuro, e era uma vez a interação que aos poucos ia sendo construída entre treinador e selvagem, tal como a fonte de energia mantida por Buddy - às cegas, restava ao rapaz a decisão do que faria a seguir, além da necessidade de tomar a dianteira naquela situação onde tudo parecia ter desandado, ainda que a tragédia não os houvesse (até onde sabia) recoberto por completo.

E então?

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Apesar de saber que toda aquela interação com o Farfetch'd era terrível para meus planos de um avanço rápido em direção ao topo do Pyre e, quem sabe, para o encontro com Natalie, eu não poderia deixar para trás uma criaturinha tão engraçada como aquela, mesmo que no fim quem "pagasse o pato" fosse eu. Minha primeira tentativa de, na falta de palavra mais bonita, ludibriá-lo a uma captura, não havia sido tão bem sucedida, o que me levou a um segundo plano improvisado e que tinha muito mais chances de falhar do que dar certo. Dessa vez, fui direto em mostrar o botão que o Voador precisava tocar para ser capturado ou "se auto-capturar". Terminada a quase psicologia reversa, lancei novamente a esfera na direção do Pato, que começava a tomar mais confiança em mim, deixando todo seu corpo à mostra, mesmo com a minha ameaçadora presença diante de sia pequena estatura.

— Então, finalmente deu as caras! Prazer em conhecê-lo Farfy... Vejo que gosta de um joguinho de Futebol! — Comentei com a criatura, rindo em seguida ao observar como o Pokémon tentava interagir com a esfera. Ele analisava o objeto e eu tinha quase certeza absoluta que ele entendera o que foi passado por mim tão didaticamente. Contudo, estava enganado.... Farfetch'd preparava-se na verdade era para rebater o Premier Ball de volta, me deixando desconcertado. Pensei em dizer algo e corrigi-lo, mas antes de por em prática esse plano, fui bruscamente interrompido por um novo retumbar dos céus. Um guincho estranho seguido de um tremor indireto da estrutura, me fizeram buscar algo firme para me segurar. O Selvagem tentava o mesmo, mas na falta de algo próximo para ta, acabou apoiando-se bem no botão central da esfera que lancei e... simplesmente foi absorvido enquanto tropeçava nos próprios pés. Nem mesmo sendo meu plano inicial, eu pude acreditar quando ele rapidamente desapareceu. Ergui as sobrancelhas em reação e deixei a boca entreaberta vendo o raio de luz envolver seu corpo, ao mesmo tempo que a esfera voava pelo cômodo.

Quicando várias vezes, a Premier Ball foi tomando o ar, enquanto agitava-se e terminava finalmente indicando a captura. Entretanto, ela movia-se perigosamente na direção de Buddy, que teve de desfazer sua esfera de energia para conseguir defender-se do que vinha. Enfim, com os braços cruzados e uma escuridão resultante, Roserade conseguiu se defender, deixando a Ball livre no ambiente para finalizar a captura e desaparecer em um brilho prateado, sendo enviado diretamente para o Storage. Fiquei em silêncio por alguns segundos, pois tudo aconteceu muito rápido e então consegui expressar-me, ainda cauteloso — É isso então? Estão todos bem? — Questionei a Buddy e Meo-Mey que ainda estavam por ali, esperando a reação sonora dos dois — Ok, prometo que vamos até o fim sem paradas inesperadas... Acho que já chega de capturas surpresas. Vamos atravessar tudo o que vier no nosso caminho o mais rápido possível, sem desvios. Buddy! Que tal uma nova esfera de energia? Eu notei que essa sala não tem mais saídas além daquela que entramos... Vamos voltar um pouco e investigar o resto do túnel, talvez tenha uma saída por ali.. Vamos! — Comentei com os dois, solicitando um serviço para Buddy e depois seguindo adiante se houvesse como.

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Por mais improvável - e imprevisível! - que houvesse sido a captura do exótico e atrapalhado patinho (apesar de que pelo menos dessa vez o culpado de seu "acidente" fosse nada mais, nada menos que a aparente besta que se escondia no cume do monte), levando em consideração a pressa que o rapaz carregava consigo - ainda que às vezes não parecesse -, ela certamente não poderia ter ocorrido de maneira melhor. A falta de reação do unoviano era suficiente para expressar sua surpresa diante do pequeno caos que cruzou a sala no formato de uma Premier ball e, mesmo quando o brilho prateado se espalhou pelo ar em confirmação da captura, ainda sentiu a necessidade de mais alguns segundos de reflexão antes que todo o conjunto de acontecimentos se assentasse devidamente em seu coração.

O silêncio perdurou por alguns momentos, rompido ainda no escuro pelo aprendiz de criação. A primeira preocupação - ainda que leve, pois não existia motivos para que ela crescesse naquele instante - foi verbalizada em uma questão se seus companheiros estavam bem. Dois cry's se seguiram na atmosfera gelada do lugar, respectivamente pertencentes à Roserade e Meowth; Então, com o novo pedido de Drac, aos poucos uma pequena esfera de energia esverdeada se materializou e expandiu sobre os buquês de Buddy, pacientemente iluminando o lugar. A única diferença clara ali, óbvio, era a ausência de Farfetch'd, causada pelo próprio moreno.

Como bem pontuado anteriormente, porém, não haviam tempo para perder. Com o venenoso tomando a dianteira e facilitando a movimentação pelos túneis escuros, seguiram em direção à saída única daquela ala, deixando os túmulos e o encontro com o jovem patinho para trás. Logo nela, porém, era necessário decidir por onde iriam: Voltar pelo túnel por onde haviam avançado e arriscar um dos outros caminhos da trifurcação de outrora, ou seguir em frente. No último caso, não precisariam andar muito, pois em poucos metros o corredor se dividia outra vez, seguindo em frente ou para a direita.

Bem, a decisão cabia unicamente ao treinador.

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Não tinha muito o que ser feito agora, além de uma exploração... Eu já havia demonstrado antes que detestava múltiplas escolhas, seja em provas ou em aventuras por aí. Entretanto, aqui, até que eu estava me sentindo um tanto à vontade com a situação, afinal o lado de fora estava sendo castigado por uma chuva torrencial e a proteção dos túneis era melhor do que ficar ensopado afinal. Mas enfim... Mesmo não tendo avançando tanto por aí já tinha muitas escolhas a se fazer e não podia perder mais tempo. Voltando até o corredor anterior, antes de ter entrado no salão do Farfetch'd, já me deparei com a primeira das opções que tinha. Voltar tudo, voltar pouco e ter duas escolhas ou seguir adiante e ter mais duas. Oh céus... Olhei para Buddy e Mey procurando uma saída em seus rostos, mas na verdade só queria uma epifania mesmo, algo que não veio tão facilmetne quanto gostaria. "Dei de ombros" então e sorri para as criaturas sob a luz esverdeada do golpe do Roserade — Recuar jamais, não é? Vamos seguir em frente... E bem, dessa vez vou pela... Direita! Vamos torcer pelo melhor... — Fui comentando com os Pokémon, mas falando mais comigo do que com eles. Eu sabia que me seguiriam para onde eu for e só me interromperiam se estivessem claros do perigo. Sendo assim, fui tranquilo pela rota escolhida.

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