Pokémon Mythology RPG
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Entrar

[01] Após a tormenta

2 participantes

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :





Honestamente? Já nem era surpresa saber que tudo aquilo fora uma brincadeira de muito mau gosto. Eu já esperava por algo assim, mas isso não me impediu de me irritar com a fala do humano. Então toda a loucura do labirinto ocorreu porque ele nos deixou sozinhos com dois Pokémons sem o menor bom senso!? Pelo amor de Arceus, dá pra ver na cara dessa Zoroark que ela faria tudo de novo se tivesse a chance. E ainda assim esse homem espera que eu acredite que foi um acidente? Que não tiveram a intenção de machucar? Só pode estar brincando.

Ora seu…” Trouxe minha treinadora aqui porque ela precisava de ajuda, e ao invés de prestar qualquer socorro eles resolveram brincar conosco!? Embora o deserto e o labirinto não tenham passado de ilusões, eu ainda sentia a ardência das mordidas de Dimitri, as lutas que enfrentei lá dentro com certeza foram bem reais. E, com elas, o perigo que minha menina tinha corrido. Fazer-nos de brinquedo quando tudo o que pedíamos era um cobertor e talvez algo para comer… e agora vir bancar o bom moço? Ah, francamente… eu teria avançado naquele humano na mesma hora, com ou sem Pokémons muito maiores que eu para defendê-lo, se Yoshiro não tivesse me segurado.

- Quietinho. - Paralisei no mesmo instante, mas não pela palavra em si. O tom de voz que Yoshiro usou… o que era aquilo? Embora me soasse familiar, era muito distinto do que ela costumava usar. Mais firme e seco, sem a doçura que minha humana sempre usava comigo. Voltei-me para a garota, mas ela não estava nem sequer olhando para mim. Seus olhos estavam fixos na xícara de chá, a qual felizmente já não estava mais cheia, caso contrário o conteúdo teria derramado pela forma como as mãos da menina tremiam. Yoshiro deu um último gole, finalizando a bebida, e devolveu a xícara para o homem antes de respondê-lo. - Obrigada pelo chá. O senhor tem Pokémons muito bonitos. Nunca vi nenhum assim.

De fato, aquelas duas tinham um brilho único, as cores vívidas que cobriam-nas cintilavam tanto quanto a lua lá fora. Entretanto, não era exatamente esse o comentário que eu estava esperando… vi minha humana olhar para a psíquica que tinha me acompanhado até ali e, depois, para a raposa que acabara de aparecer. Ver um Pokémon como aquele se materializar do nada era, à essa altura, algo perfeitamente normal e concebível. O sorriso maroto que Zoroark exibia me irritava, mas Yoshiro nem pareceu notar, estava ocupada analisando a cor incomum dela. Seu olhar era difícil de ler, até para mim.

- Se nada aconteceu de verdade, por que o senhor disse que foi perigoso? - A menina por fim fitou o dono da mansão, sentando-se de frente para ele. Parecia mais curiosa do que com raiva, porém seu tom denunciava que ela ainda estava chateada com aquilo. - Quando caí no lago… a sensação de me afogar foi a mesma que tive no mar. Tudo naquele lugar pareceu tão real. Obrigada por ter nos tirado de lá, mas não vou desculpar assim tão fácil. Achei que íamos morrer lá dentro.

A menina cruzou os braços, emburrada, mas fiquei impressionado por ela não ter se alterado muito com aquelas revelações. No labirinto, Yoshiro tinha começado a gritar com o “Minotauro” por muito menos, e agora até que parecia contida. Talvez estivesse sem energia até para esbravejar, ou quem sabe o jeito doce do senhor tenha acalmado-a de alguma forma. Não dava pra saber.

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Que a reação da dupla não seria muito boa já se imaginava. Ainda assim, as coisas poderiam ter desenrolado-se de maneira ainda menos agradável. Yoshiro conseguira conter a si mesma e ao seu pokémon, mantendo-se calma e a sanidade. Depois daquilo tudo, afinal, era bom ter alguém disposto a conversar, e de preferência, humano e com xícaras de chá. Quer dizer, eu acredito, pois não?

Sapphire não estava tão feliz, mas obedecia sua treinadora. Bem, não era de tudo culpa dele. Estou certo de que ele tinha um ótimo motivo para ter deixado Gothitelle e Zoroark no controle. Por falar nestas, a jovem treinadora reparara na peculiar coloração com a qual reluziam, e intrigada, perguntara àquele que parecia ser seu anfitrião sobre ambas. Eram bonitas.

Ah sim. Elas nasceram assim. Encontramo-nos muitos anos atrás, criamos laços, e elas estão comigo desde então. — esclareceu ele, apesar de ter sido um tanto quanto vago em sua resposta. Não explicava lá muita coisa, mas parecia ser o máximo que ele soltaria em relação ao quão exóticas eram as monstrinhas. — Belas, não?

E então, uma pergunta que, novamente, retomava ao labirinto e tudo que lá passaram. Imagino, de fato, que a experiência no lago tenha sido aterrorizante. O homem exibiu um sorriso triste e solidário. — Como eu disse, Gothitelle possui grandes poderes psíquicos, e sabe controlar a mente com maestria. Isto, somado à habilidade de Zoroark, pode acabar sendo mortal. — extremamente tranquilizador.

Você estava realmente afogando. Ou ao menos, era o que seu cérebro acreditava, e seu corpo apenas seguia o ritmo. — os pokémon psíquico, às vezes, parecem tão inocentes que acabamos por esquecer de seu grande poderio para com a mente. Eles a conheciam melhor que ninguem. Era um fato estonteante. E por que Yoshiro parecia tão calma?

Eu sei que andou passando por mais bocados, mocinha. E sinto muito por ter causado-lhe mais dores de cabeça. — disse ele, empático. Estalou os dedos, e Gothitelle magicamente encheu a xícara com o mesmo líquido, para caso Yoshiro quisesse mais. — Eu nunca teria sido tão bruto e agressivo. Dimitri também exagerou. Ele não sabe a hora de parar. Ainda assim, você conseguiu passar pelas provações de Gothitelle com sucesso.

Ele parecia um tanto quanto surpreendido. Imagino que não tenham sido muitos os que conseguiram passar pela psíquica com sucesso. — Estou certo de que ela já teria algo a mais planejado logo em seguida, mas felizmente cheguei a tempo. Vocês não estavam em condições para nenhuma outra provação.


Assim sendo, jovenzinha, permita-me entregar-lhe um presente por ter passado por tudo, tal como meu pedido de desculpas. — ele disse por fim, batendo palmas novamente. Quando ouviu as palavras "presente" junto às palmas, Poochyena, que dormia sobre a cama ao lado dos pés da treinadora subitamente acordou, e animado, começou a latir. A porta abriu-se mais uma vez.

Dela, um pequeno broto verde surgiu. Parecia um pouco tímido, mas também animado. O cãozinho enlouqueceu quando viu a plantinha dentro da sala, pulando da cama, correndo até está e dando-lhe algumas lambidas de carinho. O senhor riu. — Ah sim, imagino que vocês já se conheçam, já que Budew nasceu junto de você. — o noturno... Conhecia a planta?

Parecia que sim. O senhor estalou os dedos novamente, e uma almofada de veludo apareceu à sua frente. — Por favor, minha cara, aceite Budew e esta poção como meu pedido de desculpas. — proclamou então, arrumando o chapéu em sua cabeça, e tirando de cima da almofada uma poção de coloração azulada. O que Yoshiro faria?





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :





Saber que poderíamos ter realmente morrido lá não era nada animador. Por um instante, perguntei-me o que teria acontecido se alguma daquelas pedras tivesse mesmo nos acertado. Ficaríamos bem, por ser uma ilusão, ou os poderes psíquicos de Gothitelle eram poderosos a ponto de nos esmagar, como se fossem reais? Algo me diz que eu não gostaria da resposta. Yoshiro não pareceu surpresa ao saber que estava mesmo se afogando, a sensação deve ter sido real demais para ela sequer cogitar a chance de ter sido uma farsa. Apenas aceitou o chá que fora novamente lhe oferecido, mas mal conseguia segurar a xícara.

Ei, você está bem?” Subi na perna da humana para ficar um pouco mais alto e apoiei a porcelana em minha cabeça, para que parasse de tremer. Foi uma pergunta tola, é claro que não estava, e essa falta de reação me preocupava muito mais do que se ela tivesse começado a gritar com o homem e seus Pokémons. A menina estava quieta, dando mais atenção ao chá do que ao seu interlocutor, e eu já tinha aprendido que isso não era bom sinal. Esperei que minha treinadora respondesse alguma coisa, qualquer coisa, mas quem falou primeiro foi Poochyena.

Assim que o humano mencionou um presente e bateu palmas, o cãozinho acordou e começou a latir. Ele correu para recepcionar uma plantinha que havia acabado de entrar pela porta, quase se jogando em cima dela e dando várias lambidas. Esses dois… se conheciam? De onde? Parecia uma coincidência grande demais que tivessem nascido juntos, como o dono da mansão disse, já que deve ter meio mundo de Poochyenas selvagens nessa rota.

- É seu amigo, Koda? - Koda? Poochyena demorou uns instantes para se dar conta de que Yoshiro estava falando com ele. Aquele nome era novidade… a menina nunca o usou antes. - Ah, pensei em te chamar assim… você não é um urso, mas acho que o nome combina mesmo assim. Gosta dele?

O lobo latiu, feliz, parecia ter aprovado. Eu preferi nem questionar o comentário sobre o urso, essa menina diz umas coisas estranhas às vezes. Na verdade, ela como um todo é estranha, nunca vi humana tão esquisita. Yoshiro estendeu a mão, pegando a poção que o homem tinha oferecido-a, parecida com a que ela tinha usado em mim após a luta com Gulpin. Parece que foi há tanto tempo… será que passamos mesmo só um dia lá dentro? Para meu azar, a menina não estava se lembrando de perguntar isso.

Ela devolveu a xícara, outra vez vazia, para o senhor e andou até Budew, fazendo uma curta reverência ao passar pelo humano maior. Não acho esse o melhor momento pra mostrar respeito pelos mais velhos, mas quem sou eu para questionar? Enfim, a garota aproximou-se da plantinha e se sentou perto dela, fitando-a em dúvida quanto ao que fazer.

- Uhn… oi? - A humana inclinou a cabeça, sem saber direito o que falar. Até tentou estender a mão para fazer carinho na planta, porém temeu assustá-la e recuou. - Seu nome é Budew, não é? Você é uma gracinha, nunca vi um Pokémon de planta tão de perto. Quer mesmo vir comigo, pequeno?

Até pouco tempo atrás ela nunca tinha visto nenhum Pokémon tão de perto, mas isso é só um detalhe. Yoshiro passou algum tempo esperando por uma resposta, antes de voltar-se ao senhor e finalmente dirigir a palavra a ele.

- Se ele quiser vir comigo, vou cuidar bem dele, prometo. E obrigada pela poção também. - Ela não estava sorrindo, como geralmente faria, parecia apenas… eu não sei. Cansada, talvez? Francamente, era como se a cabeça dela estivesse funcionando no automático, sem de fato processar o que acontecia à sua volta. Se fosse um computador, aposto que estaria aparecendo uma mensagem de erro no sistema.

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Não, ela não estava bem. Sejá lá o que se passava na mente de Yoshiro, provavelmente não era muito bom. Doente, talvez? Afinal, realizara um grande esforço físico — e mental, aparentemente — desde que chegara ali. Parecia finalmente ter acabado, mas ainda assim, deixaria sequelas. Talvez ela levasse algum tempo até que pudesse "voltar ao normal". Se é que esse normal existia.

Koda parecia ser um bom nome. Apesar de a jovem ter murmurado algo ininteligível sobre ursos, Poochyena parecia gostar do apelido que lhe fora dado. E por falar no canídeo, este parecia bastante alegrinho pela companhia de Budew. Demonstrando-se respeitosa pelo senhor, ousou aproximar-se da plantinha, que lhe sorria tímida.

Quando a gramínea fora questionada sobre querer ou não seguir caminho com Yoshiro, apenas olhou para Poochyena, um pouco que incerta. Dois latidos do noturno bastaram para que ela desse alguns pulinhos, balançando a cabeça, animada. Uma fofura, aquele bebê. A cena fez o senhor sorrir, também. É, às vezes um pequeno e inocente pokémon dava conta de, mesmo sem perceper, tirar as preocupações das pessoas.

Isso é bom. — disse ele. Seu olhar terno parecia, mais uma vez, tentar passar conforto. — Logo estará sentindo-se melhor, estou certo disso Tem algumas boas companhias aí, ao seu lado. — apontou então para Sapphire e Koda, os monstrinhos que haviam acompanhado-a até então. Eles pareciam descansados, como se a fatiga das últimas batalhas e experiências tivesse desaparecido.

Acho que ficará surpresa, também, com os acontecimentos mais recentes. — palpitou, dando uma piscadela. Será que havia acontecido algo enquanto a treinadora estava alheia ao mundo? — Afinal, não acha deixei a casa por um motivo qualquer, acha? — perguntou então, sorrindo.

Bem, o mundo não poderia parar de girar por conta da garota, certo? Ainda assim, a voz do homem parecia carregar um quê de importância, como se algo muito mais importante do que Yoshiro poderia imaginar tivesse acontecido. Ele deu então um tempo para a garota terminar de conversar com a Budew.





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :





Depois de todas as loucuras daquele dia, era revigorante ver o jeitinho tão animado e inocente da Budew. Totalmente distinta dos seres mal-encarados e com certos traços de sadismo que encontramos no deserto e no labirinto. Principalmente no labirinto. Sem se dar conta, a plantinha acabou aliviando a pressão do ambiente, até Yoshiro riu um pouco com a atitude dela.

- Então, está decidido? - A garota pegou uma Pokébola e, assim como fez com Poochy antes, estendeu-a ao alcance da pequena. Um sorriso dócil formou-se no rosto da humana, mas também um pouco tímido, como se ela estivesse mais nervosa do que o próprio Pokémon a ser capturado. Mal de iniciante, eu acho? Se até em um comum acordo essa humana fica insegura, não quero nem imaginar quando ela tiver que fazer uma captura pelo método tradicional… - Espero que sejamos boas amigas, Budew. Vou tomar conta de você, pode ficar tranquila.

Como a plantinha já tinha afirmado que viria conosco, acredito que ela aceitaria entrar na esfera, tal qual Poochyena havia feito. Puxa, vou demorar um pouco para me acostumar a chamá-lo de Koda… pelo menos é um nome curto e fácil de lembrar. E, se a plantinha aceitou tão facilmente entrar no time, com certeza foi por causa do canídeo. Eles de fato se davam muito bem, e Poochyena era quem mais parecia eufórico por saber que viajaria com a pequena a partir de agora. Era ótimo ter uma cena feliz no dia, pra variar, e aquela Budew com certeza conseguiu elevar o ânimo de todos.

- Sim, tenho muita sorte por tê-los. Nem estaria aqui se não fosse por eles. - As últimas palavras foram pronunciadas mais rápido que o normal, lembrar-se das cinco ou seis situações de grande risco que tinha acabado de vivenciar provavelmente não era muito agradável. Mesmo assim, ela dirigiu a cada um de nós um olhar agradecido, demorando um pouco mais comigo. Por alguns instantes, sua expressão tornou-se vaga, parecia outra vez perdida em divagações. Quando ela voltou a falar com o idoso, com um pouco de atraso, havia traços de preocupação no seu tom, mas realmente não soou tão expressivo quanto seria esperado. - Aconteceu algo sério? O que foi?

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


A gramínea era uma fofa, mesmo. Ambas, pokémon e treinadora, pareciam um tanto quanto nervosas com tudo. Por fim, Yoshiro estendeu a mão, segurando uma Poké Ball. Koda latiu, animado para ver a cena. Budew encarou a esfera um pouco, para então apertá-la cuidadosamente com seu botão, sendo sugada para dentro desta.

Novamente, a Poké Ball piscara, tremendo no chão, deixando a treinadora no aguardo. E finalmente, ela brilhou, indicando que a captura fora um sucesso. — Às vezes, alguns pokémon da região vêm até aqui em busca de abrigo, quando não passam muito bem. — disse o senhor, subitamente.

O lobinha que a acompanha já esteve aqui antes, com essa pequenina. — revelara então, dizendo um pouco mais sobre como o Poochyena conhecia a monstrinha. — Budew estava doente, e Poochyena trouxe-a até aqui. Talvez seja por isso que tanto simpatizou com você.

Ela agora está melhor, como pode perceber. E espero que você fique também. Mais uma vez, lamento por ter deixado as coisas chegarem até este ponto. — concluiu, mais uma vez retomando o estado no qual a jovem encontrava-se, e em como ele era culpado por isso.

Por fim, Yoshiro questionou sobre quais fatos seriam estes, que tanto eram comentados. — Ora, então você realmente não faz ideia! — respondeu ele, rindo um pouco, enquanto abaixava seu par de óculos escuros, revelando seus olhos cor de leite. Ele era... Cego?

A terra ergueu-se, jovenzinha. Tal como você, não conseguiu ficar muito tempo submersa. Afinal, você sabe muito bem como é se afogar, não é? — concluiu, cético. Depois disso, fechou os lábios com forca, e estalou os dedos mais uma vez. O mundo ao redor de Yoshiro e seus pokémon comecou a rodar, enebriado.

Ela via a sombra borrada do senhor, mas sua voz parecia distante. — Adeus, minha cara. Trnho altas expectativas para você. — foram as últimas palavras dele. Em seguida, estavam em um lugar totalmente diferente. Quer dizer, talvez nem tão diferente assim.

Yoshiro estava na floresta. Mais especificamente, na clareira onde encontrara a Trick House. A única diferença era que não havia placa, casa ou fumaça alguma. Nenhum vestígio de que um dia uma mansão estivesse alojada ali. Nada de parede mágica invisível. Ela parecia estranhamente exausta, apesar de seus pokémon estarem bem como nunca.

Ela tinha voltado para onde tudo começou. O único problema era que, quanto mais ela pensava, menos parecia que algo havia começado. Começado o que, ela poderia perguntar-se. Bem, talvez a Poké Ball de Budew, ou o biscoito e cogumelos que tinha na bolsa pudessem ajudar. Mas duvido muito que fosse nisso que ela iria pensar, no momento.

Um farfalhar, ao longe. Vozes... Elas gritavam, quase que desesperadas. O que diziam...? Um nome. Seu nome. Yoshiro. Definitivamente, mais de uma pessoa. Talvez, algumas fossem conhecidas, não tenho certeza.

Quando ela caíra do barco. Alguém deveria ter notado, certo? Isso fora de manhã. Já estava à noite, muito, muito tarde. Um grupo de busca? Civilização?! Será mesmo? Esta parecia uma realidade distante, depois de passar por tanto. O que seria dela agora?





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :




Então Poochyena já tinha vindo aqui antes? Bem, isso explica o porquê de ele ter nos seguido tão facilmente. Não era um território desconhecido. No entanto, estou com a ligeira impressão de que, da última vez que o cãozinho esteve aqui, não foi recebido com as ilusões daquela dupla. Pelo menos, nada em tão grande escala. O que me leva de volta à razão de aquele humano ter nos deixado sozinhos com a raposa e a psíquica… o que exatamente ele quis dizer com a terra ergueu-se?

- O senhor está falando… de Kanto e Johto? - Assim que ouviu as palavras do mais velho, Yoshiro ergueu-se e encarou-o mais de perto, subitamente alerta. Ah sim, os continentes que foram inundados uns tempos atrás? Lembro que isso causou a maior bagunça, e não só no mundo humano. Tanto as pessoas quanto os Pokémons que viviam naquelas regiões precisaram se mudar, e muitos vieram para Hoenn. Foi uma época estranha, aquela… do tipo que você só espera ver em um filme. - Mas… como o dilúvio acabou? Não era Kyogre por trás dele? E também...

A menina interrompeu a frase pela metade, aturdida e ainda mais confusa do que estava antes. Levou uma mão à cabeça e nela deu umas batidinhas, como se quisesse forçá-la a funcionar direito. Por algum motivo, minha treinadora não se surpreendeu pelo fato de o homem ser cego e ainda assim tão bem informado. Como exatamente ele fez aquilo tudo sem enxergar…? Eu com certeza não estava nada feliz com ele, mas a descoberta me fez admirá-lo. Se Yoshiro, com uma visão perfeita, tinha nos causado tantos problemas, não quero nem imaginar o desastre que seria tentar protegê-la se ela não enxergasse.

Infelizmente, não tivemos tempo para mais perguntas. O senhor estalou os dedos, e tudo ao nosso redor começou a rodar. De novo não… pelo menos dessa vez não foi tão ruim quanto a última. Ou quem sabe eu tivesse me acostumado a esses truques, que eram ainda mais desnorteantes do que cair em um buraco sem fundo. Embora a imagem estivesse borrada, ainda conseguimos ouvir a voz do humano, mas esta soava anormalmente distante. Yoshiro nem sequer conseguiu responder, pois no instante seguinte estávamos de volta à clareira.

O lugar, mesmo que familiar, me causou uma forte estranheza. Parece que faz séculos desde a última vez que estivemos aqui… a noite dava ao ambiente um ar solene, mas também um pouco melancólico. Da mansão, nenhum sinal, como se ela nunca tivesse existido. É engraçado, passei tanto tempo desejando sair de lá… no entanto, agora que estava tudo encerrado, eu não sentia alívio. Ao invés dele, instalou-se um estranho vazio. Depois de passar o dia inteiro em constante alerta, com um desafio após o outro, aquela súbita calmaria não estava parecendo… certa.

Vi minha treinadora olhar para os lados, forçando seus olhos a adaptarem-se ao escuro. Acho que ela mal conseguiria ver um palmo à sua frente, agora. Tínhamos saído da mansão, ótimo… mas ainda falta descobrir como é que vamos sair dessa rota. Uma excursão no meio da noite é a última coisa da qual minha humana precisa agora, ela parece cansada demais para isso, e o caminho pode ser perigoso. Puxa, será que custava tanto assim dar uma carona?

Logo nesse momento, Poochyena começou a latir, o tom de alerta do canídeo deixou-me mais atento. Quando Yoshiro fez o cãozinho se acalmar, percebi a razão do comportamento dele. Vozes. Tinha humanos por perto… e todos chamavam o mesmo nome. O da minha treinadora. Um grupo de busca, talvez? Parecia bom demais para ser verdade… contudo, alguém deve ter notado quando minha humana caiu do barco, não é? Há uma chance de realmente terem vindo atrás dela.

- Uhn… meninos, estou ficando louca ou vocês ouviram também? - O comentário da garota quase me fez rir, deve ser mesmo difícil para ela confiar em seus sentidos depois daquilo. Eu provavelmente passaria algum tempo duvidando até da minha própria sombra, também. Contudo, naquele momento, confiar nas vozes era nossa melhor alternativa. Muito mais seguro do que passar o resto da noite perdidos na floresta.

Yoshiro, vamos lá ver.” Dei um empurrãozinho na perna da minha treinadora para incentivá-la a andar. Koda, vendo que ela estava hesitante, pulou nos braços da menina, que por pouco o segurou, e lambeu o rosto dela de novo, tentando confortá-la. O noturno saltou de volta para o chão depois, dando uns latidos encorajadores, e Yoshiro riu um pouco enquanto tentava limpar o rosto. Estava decidido, iríamos ver quem eram esses humanos. Poochyena foi na frente, guiando o caminho, e eu fiquei um pouco atrás para acompanhar Yoshiro, que parecia mais tranquila agora. Podia estar perdida, exausta, com medo e talvez com um certo trauma de labirintos e afogamentos, mas não estava sozinha. E nunca estará, seja qual for a tormenta que apareça para ela no futuro. Essa humana estranha que surgiu no meu caminho… vou mantê-la segura. Pode apostar nisso.

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


De fato, agora que tudo parecia ter passado, um certo sentimento de nostalgia podia ser sentido. Afinal, querendo ou não, aquela fora a primeira aventura que Yoshiro e Sapphire tiveram, juntos. Não fora lá tão agradável, mas bem, saíram vivos. E em algumas partes, fora gostoso. Aquele lago, por exemplo, tão límpido e pleno... Ou quando Arbok pareceu elogiar a treinadora...

Enfim, não fora de todo agradável, mas não acredito que a treinadora veria esta sua primeira experiência como algo ruim. Após ser teletransportada — novamente — um momento de confusão voltou a instaurar-se em meio ao grupo. Mas eles não tinham muito tempo para ficarem presos nisto. As vozes, daquilo que gostariam de acreditar virem de um grupo de busca chamou a atenção deles.

Resolveram ir atrás da origem destas, então. Não foi muito difícil. As lanternas ajudaram bastante, sendo balançadas em meio à floresta escura. As vozes foram ficando mais próximas, conforme andavam. Será que ela finalmente voltaria a encontrar-se com todos os seus amigos? Slateport não deveria estar tão distante, afinal...

Yoshiro Yakumo?! — gritou uma voz feminina, aparentemente adulta, do mesmo lugar no qual um feixe de lanterna fraquejava nas sombras das árvores. Ao longe, a treinadora pode ver a forma de uma Oficial Jenny, iluminada por alguns poucos raios lunares que conseguiam penetrar as copas das plantas de grande porte. Ela não parecia ter visto seu alvo, no entanto.





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :




Encontrar a origem das vozes foi a coisa mais fácil que fizemos hoje. Claro, a lanterna ajudou. Em meio ao breu da floresta, a luz se destacava como uma estrela no céu noturno, guiando nosso caminho. Houve alguns entraves no caminho, já que Yoshiro não prestava tanta atenção por onde ia e vez ou outra enroscava o pé em alguma raíz. Por sorte, as mesmas árvores que dificultavam a travessia também serviam de apoio quando a menina se desequilibrava, de modo que não caiu nenhuma vez. Para mim e para Koda era mais simples, especialmente para o cãozinho, pois a escuridão já fazia parte da sua natureza e ele com certeza conhecia bem toda aquela região. Ao contrário de nós, sabia exatamente por onde estava andando.

De qualquer forma, não demorou muito para que encontrássemos a suposta equipe de busca. Ou, pelo menos, parte dela. Uma mulher fardada vasculhava o bosque, gritando por uma Yoshiro… Yakumo? Se eu tivesse sobrancelhas, as teria erguido ao ouvir isso. Depois de tudo o que passamos, era estranho notar que nunca fiquei sabendo o sobrenome da minha treinadora até ouvir essa recém-chega dizê-lo, a dúvida nem passou pela minha mente. Não acho que combina muito com ela… parece um sobrenome elegante demais para uma garota tão… boba. Inteligente e de bom coração, sim, mas boba do mesmo jeito.

- Ela sabe o meu nome… será que é da polícia? - Espere, espere aí. Sei que Yoshiro é desligada do mundo, mas não reconhecer a oficial Jenny? Até eu, que nem humano sou, sei sobre ela. Ou melhor, sobre elas. Tentei não parecer tão estupefato pela pergunta e acenei com a cabeça, confirmando as suspeitas da minha humana. Ver justamente aquela pessoa ali, dentre tantas outras que poderiam estar em seu lugar, foi um alívio enorme, a reputação dela por Hoenn é lendária. Se tem algum humano ao qual posso confiar a segurança da minha treinadora, certamente é ela.

Fique tranquila, ela vai nos ajudar.” No escuro, não pude ver direito o rosto da garota, mas imagino que tenha sentido a confiança na minha voz, pois voltou a andar na direção da luz. A mulher de cabelos azulados ainda não tinha nos visto, então Yoshiro precisou fazer nossa presença ser notada. Eu estava esperando que ela fosse correr, gritar, acenar, mostrar qualquer euforia por enfim ter achado seu resgate. Sabe, essas coisas que todo humano comum faz quando está perdido e encontra civilização. Todavia, a única ação da minha treinadora foi andar calmamente até a policial e falar com ela.

- Com licença… - Jenny de certo se viraria ao ouvir a voz da menina, muito provavelmente com a lanterna apontada para ela. Um tempo andando no escuro, seguido de uma luz muito forte e súbita… não é uma boa combinação para os olhos humanos. A garota recuou uns passos e cobriu seus olhos com as mãos, ofuscada pelo raio luminoso. E foi assim, ainda tentando proteger a vista, que proferiu as próximas palavras. - Yoshiro Yakumo sou eu, moça.

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Tudo bem, por essa eu definitivamente não esperava. Quem, em sã consciência, não conhecia a tão característica silhueta de Jenny? Seria como não reconhecer as Joy ao ir no Centro Pokémon, questionar sobre Lisia dentro de um Contest Hall, Roxanne em seu próprio ginásio. Céus, Yoshiro. Em qual tipo de caverna extremamente luxuosa você vivia? Tenho certeza de que o Cavaleiro dos Zubats sentiria inveja.

E aparentemente, eu não era o único abismado com a treinadora. Socorro, Sapphire. O que faremos com essa menina?! De qualquer forma, ela deslocou-se até a oficial como qualquer fantasma que se preze faria. Aliás, talvez ela fosse até mais assustadora, surgindo do nada, sussurrando uma resposta que a policial provavelmente não esperava receber de tal forma.

Por Arceus! Um Gengar teria sido menos assustador! — exclamou a mulher, em sobressalto. Então, seu olhar deixou de ser de alerta e passou para preocupação. — Você está bem? Machucou-se em algum lugar? — com isso, tirou uma pequena bolsa de primeiros socorros, já preparada para tratar dos ferimentos, se estes existissem.

Ela então pegou do bolso o que parecia ser um dispositivo de comunicação. — Jenny aqui. Achei a garota! Câmbio. — era engraçado, até, ouvi-la conversar daquela forma, se não fosse pela seriedade com a qual ela proclamava tais palavras. Uma espécie de alívio era notado em sua entonação. — Onde você esteve durante esse tempo todo? — perguntou então.

Também levou os dedos à boca, realizando um alto assobio. Poucos instantes depois, um grande canídeo ígneo aproximou-se, correndo. — Aqui, Nine! Achei eles! — indicou ao pokémon. Voltou-se à Yoshiro novamente. — Consegue subir nele? Não estamos muito longe de Slateport. Mas precisará recolher estes pequeninos. — apontou para Koda e Sapphire.





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 12 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
privacy_tip Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos