Off :
Ambos os Pokémons dele são shiny?? Meu Deus, que senhor de sorte ksksks
Honestamente? Já nem era surpresa saber que tudo aquilo fora uma brincadeira de muito mau gosto. Eu já esperava por algo assim, mas isso não me impediu de me irritar com a fala do humano. Então toda a loucura do labirinto ocorreu porque ele nos deixou sozinhos com dois Pokémons sem o menor bom senso!? Pelo amor de Arceus, dá pra ver na cara dessa Zoroark que ela faria tudo de novo se tivesse a chance. E ainda assim esse homem espera que eu acredite que foi um acidente? Que não tiveram a intenção de machucar? Só pode estar brincando.
“Ora seu…” Trouxe minha treinadora aqui porque ela precisava de ajuda, e ao invés de prestar qualquer socorro eles resolveram brincar conosco!? Embora o deserto e o labirinto não tenham passado de ilusões, eu ainda sentia a ardência das mordidas de Dimitri, as lutas que enfrentei lá dentro com certeza foram bem reais. E, com elas, o perigo que minha menina tinha corrido. Fazer-nos de brinquedo quando tudo o que pedíamos era um cobertor e talvez algo para comer… e agora vir bancar o bom moço? Ah, francamente… eu teria avançado naquele humano na mesma hora, com ou sem Pokémons muito maiores que eu para defendê-lo, se Yoshiro não tivesse me segurado.
- Quietinho. - Paralisei no mesmo instante, mas não pela palavra em si. O tom de voz que Yoshiro usou… o que era aquilo? Embora me soasse familiar, era muito distinto do que ela costumava usar. Mais firme e seco, sem a doçura que minha humana sempre usava comigo. Voltei-me para a garota, mas ela não estava nem sequer olhando para mim. Seus olhos estavam fixos na xícara de chá, a qual felizmente já não estava mais cheia, caso contrário o conteúdo teria derramado pela forma como as mãos da menina tremiam. Yoshiro deu um último gole, finalizando a bebida, e devolveu a xícara para o homem antes de respondê-lo. - Obrigada pelo chá. O senhor tem Pokémons muito bonitos. Nunca vi nenhum assim.
De fato, aquelas duas tinham um brilho único, as cores vívidas que cobriam-nas cintilavam tanto quanto a lua lá fora. Entretanto, não era exatamente esse o comentário que eu estava esperando… vi minha humana olhar para a psíquica que tinha me acompanhado até ali e, depois, para a raposa que acabara de aparecer. Ver um Pokémon como aquele se materializar do nada era, à essa altura, algo perfeitamente normal e concebível. O sorriso maroto que Zoroark exibia me irritava, mas Yoshiro nem pareceu notar, estava ocupada analisando a cor incomum dela. Seu olhar era difícil de ler, até para mim.
- Se nada aconteceu de verdade, por que o senhor disse que foi perigoso? - A menina por fim fitou o dono da mansão, sentando-se de frente para ele. Parecia mais curiosa do que com raiva, porém seu tom denunciava que ela ainda estava chateada com aquilo. - Quando caí no lago… a sensação de me afogar foi a mesma que tive no mar. Tudo naquele lugar pareceu tão real. Obrigada por ter nos tirado de lá, mas não vou desculpar assim tão fácil. Achei que íamos morrer lá dentro.
A menina cruzou os braços, emburrada, mas fiquei impressionado por ela não ter se alterado muito com aquelas revelações. No labirinto, Yoshiro tinha começado a gritar com o “Minotauro” por muito menos, e agora até que parecia contida. Talvez estivesse sem energia até para esbravejar, ou quem sabe o jeito doce do senhor tenha acalmado-a de alguma forma. Não dava pra saber.