[001] - Замораживающий террор

Finalmente! Encontrar e coletar aquelas frutinhas era o maior alívio que seu coração poderia ter. Era incrível aquela sensação de recompensa por seu esforço, e ele sabia que estava se esforçando. Porém, ainda não era o suficiente. Piotr se abaixava para recolher as frutinhas e guarda-las em sua bolsa, ele aproveitava a quantidade, se possível, para recolher e guardar para si também, cerca de quatro ou cinco, porém, se fosse necessário que ele as usasse em prol do Pokémon ele o faria.

- Muito bem! Está indo tudo bem! – Proferia o treinador em alegria. – Estamos fazendo um ótimo trabalho! Você também, Wingull, você foi excelente! – Exclamou Romanov com o polegar levantado em sinal de “bom trabalho”.

Após recolher aquelas frutas, as necessárias para a ajuda com a paciente, eles voltariam para a rota e se apressariam em voltar para cidade, logicamente com ainda mais cuidado visto que estavam transportando uma mercadoria médica e todo cuidado era pouco. Qualquer dano para com as Oran Berries poderia resultar em perda de efeito e resultado no Pokémon. Ele também tratava de guardar em um compartimento separado de sua mochila, em um mais privado e com espaço considerável, além de deixar aquela parte protegida e aberta, aproveitando uma corrente de ar, deixando as frutas mais frescas.

Saindo do caminho, próximo às árvores frutíferas, ele percebia que o Sneasel se distanciava, talvez algo que lhe chamasse atenção havia o atraído. Ele corria na direção de um tronco velho e desaparecia de vista por alguns instantes. – Fane! FANE! – Gritou o treinador muito preocupado com seu amigo. – Fane, meu amigo, cuidado! – Continuou gritando para o Pokémon. Não demorou muito para o Pokémon retornar correndo na direção do Piotr com algo em suas patas. Não era possível ver por conta da distância, mas com que ele se aproximava mais se identificava aquelas raízes esverdeadas em suas mãos. Uma Energy Root! – FANE, VOCÊ É INCRÍVEL! – Exclamou com êxtase para o Sneasel, com os braços levantados e um sorriso de orelha a orelha.

Era incrível como aquele Pokémon gélido não cansava de surpreender Romanov com suas habilidades, a cada hora que passava ele revelava algo novo e diferente em suas capacidades. A velocidade, a destreza, a agilidade e observação, até mesmo o afeto e modo de demonstrar carinho, tudo isso era muito além de todos os livros acadêmicos que testemunhavam e descreviam os Pokémon. Ele estava vivendo a pura realidade! Romanov se emocionava ao ver seus amigos, ainda que recentes, dando de si para salvar uma vida. Era motivador, e ele nem pensava em seu lado médico quanto a isso, puramente humano e amoroso.

- Devemos retornar ao Centro Pokémon imediatamente, nós achamos os itens! – Exclamava o estudante. – Caramba... estou sem palavras. Vocês são incríveis! – Continuou a proferir em grande alegria o jovem.

Correndo pela rota, rumo a Littleroot, estava Piotr, Mike e sua irmã Duda, Fane e Wingull. Eles conseguiram completar a primeira parte da missão, agora, precisavam chegar ao Centro Pokémon o mais rápido possível. Eles conseguiram!

- Você está certo... – Corrigindo suas ações ao ouvir Mike. – Eu já ia me deixar levar pelo momento... – Sussurrou. Piotr terminava de aportar os itens e já se preparava para mais uma sessão de buscas. Ele dava uma boa olhada em sua volta, procurando em locais com as mesmas características de onde o Fane encontrou a Energy Root. O jovem observava o sopé de troncos das árvores e também de troncos caídos. Observava também as entradas das matas e florestas, se possível, e também se atentava a locais com muita aglomeração de plantas e vinhas.

Nota-se que durante aquela manhã eles já estavam consideravelmente cansados, porém, não era hora de parar. Romanov retomava o fôlego com grandes suspiros, se apoiava em seus joelhos, dando uma breve descansada e aproveitava para esvaziar um pouco sua mente de tantas preocupações. Ele aproveitava aqueles instantes de calmaria para tentar se tranquilizar, parar de se martirizar tanto pelas ações que lhe escapavam pela mão. “Não é sua culpa... fica tranquilo.” Sussurrava tentando se acalmar. – Certo... só falta acharmos a “bigode de Meowth” e algumas Sitrus Berry que já completaremos nossa missão. – Sussurrou dando um sorriso demonstrando uma certa “tranquilidade” para Duda e Fane. – Nossa amiguinha vai ficar bem.

Se apressando para recolher os últimos componentes Romanov se lembrava de pequenos fragmentos de seus momentos de infância, ele se lembra de quando corria pelas árvores encobertas de neve nas florestas congeladas de Sinnoh, ele se divertia com seus pais enquanto os ajudava em seu trabalho.  Ele se via, em suas memórias, sorrindo enquanto brincava em jogar bolas de neve contra o Snover de sua mãe e o Piloswine de seu pai. Era deveras divertido refrescar essas memórias em momentos tão aflitivos como aquele. Ele conseguir reacender uma chama de pura e singela alegria em seu peito. Momentos tão conturbados precisavam de um certo tipo especial de incentivo, e era isso que ele conseguia.

Fane corria entre as árvores e arbustos procurando pela planta, seus olhos rubros brilhavam enquanto suas garras esbranquiçadas cortavam o ar devido a grande velocidade que o gélido tinha. Sneasel saltava por entre as plantas, árvores e também se esgueirava por entre plantas rasteiras e cercas. Ele observava prováveis Pokémon que, ao verem aquele quarteto, corriam de medo. Outros alçavam voo e ainda outros voltavam para suas tocas. De um lado era divertido ver o Pokémon assim, apenas esperava Piotr que não tivesse uma motivação ainda negativa. Seu treinador queria o melhor para ele, queria que Sneasel fosse feliz e conseguisse se alegrar nas aventuras que teriam, ele queria ver os olhos de Fane brilharem com conquistas e sonhos realizados. Ele queria vê-lo como um grande e poderoso Weavile!

Correndo pelos campos da rota 101 estavam Piotr, Duda e seu irmão Mike, Fane e o Wingull, planando aos céus. Eles deveriam continuar se esforçando ao máximo para conseguir salvar a vida da felina no Centro Pokémon, e era isso que estavam fazendo.

Era engraçado ver a interação entre os irmãos. Eles pareciam levar aquilo com certo nível de despreocupação. Eles sorriam e até mesmo deixavam coisas antigas, a relação entre eles e o Pokémon, fazer o clima ficar mais tranquilo e sadio. Era confortável dar algumas risadas ao ouvir a Duda com toda sua inocência e travessura. Ele deixava escapar uma curta gargalhada ao ouvir ela dar uma desculpa bem infantil. – Vocês são engraçados... – Dizia Piotr ao lembrar de sua família. Ele se lembrava de momentos assim que lhe animavam quando triste. Ele sorria.

Correr na direção das Sitrus também era tranquilizante, afinal, eles estavam conseguindo cumprir com suas designações com certa vantagem. Era apenas coletar as frutas amareladas, recolher a “bigode-de-Meowth” e enfim voltar ao Centro Pokémon. “Coletar as frutas e a planta e voltar...” Sussurrava o estudante tentando gravar aquilo em sua mente e não esquecer um dos objetivos como fez momentos antes. – Creio que depois disso já podemos volt... – Interrompia seus dizeres ao perceber os gritos de Fane. – Mas... – Assustado com a situação Romanov respondia. – Fane! O que houve? – Olhava o rapaz para um projeto de sombra do Sneasel. Ele mudava sua direção para acompanhar a localização do mesmo, porém a enorme e densa mata interrompia o trajeto linear, restando-o apenas seguir suas direções. – Encontrou alguma coisa, Fane?

Piotr corria na direção apontada com certo receio, ele sim poderia estar se preocupando de mais ao achar que ele não havia encontrado apenas as frutas e sim algo a mais, porém isso não devia ser encarado como “anormal” afinal eles estavam em território inimigo, qualquer falta de atenção ou cuidado seria cobrado da pior forma possível. Romanov acompanhava a voz dos gritos do seu Pokémon ecoando pela floresta e sendo carregados pelo ar, e entre as árvores ele via sua garra apontando para algo. – O que será? – Sussurrava o rapaz com certo medo. Não medo de algo ruim, mas apenas receio de algo que ele não conseguiria lidar. – Merda...

O garoto continuava correndo entre as árvores e plantas, desviando de qualquer obstáculo, seja tronco, sejam plantas, sejam vinhas ou até mesmo rochas. Porém, quando dentro da selva, ele se atentava a detalhes que não poderiam passar despercebido como: poderia ali ter alguma Sitrus Berry? Ali poderia der mais alguma Oran Berry ou Energy Root? E mais importante, teria ali alguma “bigode-de-Meowth”? Sua preocupação era importante, porém a preocupação com algo que colocasse a segurança de seu Pokémon era bem maior. A balança pesava mais para seu amigo Sneasel do que para a saúde de Skitty. Ele relembrava pequenos trechos da descrição do quadro clínico da felina, tentava sim encontrar alguma forma de acreditar que poderia perder um pouco de tempo, porém tudo isso passava despercebido ao reconhecer que sua real responsabilidade era Fane, seu amigo.

Romanov corria com todo o resto de energia que tinha, ele não queria deixar seu amigo perecer, que dirá da confiança entre os dois que seria abalada. Seria uma vergonha para Romanov que aquilo acontecesse, e de fato o jovem não permitiria. Sua confiança seria apenas na sobrevivência de Sneasel e de que Duda e Mike conseguiriam cumprir seu trabalho.

- Falta pouco... – Dizia Piotr enquanto recuperava o fôlego entre as pernadas. Sua velocidade acompanhava o som de Fane pela floresta, apenas isso lhe guiava. Ele se concentrava mais na voz de seu Pokémon ao invés das outras coisas. Ignorava também as vinhas, folhas, troncos e pedras que lhe apareceria pelo caminho, seriam de fato empecilhos diante do caminho de ajudar seu Pokémon. – Calma, Fane... já estou chegando.

Após muita correria ele finalmente chegava no local. Tentava se livrar de algumas folhas e galhos que lhe arranharam, talvez alguns de fato o cortaram, outros nem o faziam. Ele sentia os cortes queimar com o rasgo que algumas folhas serradas o fizeram, sentia também alguns fios rasgados em seus braços descobertos, provavelmente causados pela ponta de galhos.

- ... – Congelava o treinador ao ver aquela alcateia a sua frente. Ele via aqueles pequenos lobos rosnando enquanto caminhavam de um lado ao outro. Suas presas faziam o ar tremer em volta de seus focinhos. Sentia um certo medo daquelas feras, verdadeiras feras. Lembrava de que essa era uma de suas preocupações, afinal, como apenas um iniciante ele provavelmente não teria habilidade para derrotar aqueles Pokémon ainda. Teria de haver um certo “jogo de cintura”, pois sem o poder de combate necessário Fane apenas seria uma presa fácil na mão daquela alcateia. O estudante via também aquele gigante feroz que intimidava qualquer um a sua frente. Via suas garras e presas, além de seus olhos penetrantes e mortais. - Мой Арсеус... - Sussurrou levando a mão ao peito. O jovem pensava em alguma solução, porém várias dúvidas surgiam.

Fane permanecia ao seu lado, ele estava com um olhar corajoso perante aqueles Pokémon. Suas presas e garras, ainda que relativamente infantis, se mostravam perante aquela situação. Era possível ouvir alguns pequenos rosnados sair de sua boca, além de que a sua pupila se dilatava, tal qual um predador ao mirar em sua presa. Sneasel, ao lado de Romanov, tomava uma posição de combate, ele levava uma mão a frente de seu corpo e a outra ao lado, como um lutador em posição de ataque. Seu rosnado aumentava a cada instante, ele parecia quere intimidar os pequenos lobos, porém, era um fracasso caso o maior deles também fizesse o mesmo.

- Por que eles estão aqui? Não acho que seria uma rota de entrega... – Sussurrava o jovem alto demais apenas para seus pensamentos. – Por que eles estão aqui? – Continuava indignado com aquela situação bem chata. Sua mão cerrava e seus olhos focavam nos Pokémon selvagem. – Eles são os culpados por atrasar os medicamentos... – Raciocinou com base no pouco que viu. Sua mão cortava o ar enquanto apontava na direção dos selvagens. Ele sabia que era uma ideia muito idiota. “Lutar contra estes monstros selvagens?”, pensou, “isso é coisa de louco!”, completou.

Finalmente havia chegado a hora dele se provar, sabia que seria uma árdua batalha e, provavelmente, invencível, porém ele deveria tomar tempo para que o caminhão voltasse ao seu trajeto. Não só a vida de Skitty como a vida de vários outros Pokémon dependiam dele.

- Ei! Venham me pegar se são capazes! – Gritou o jovem chamando a atenção dos lobos.

A primeira parte de seu “plano” de chamar a atenção dos lobos e conseguir voltar o caminhão para a pista havia funcionado, pelo menos em um aspecto geral, mas ele ainda teria de lidar com o que seria o seu maior problema: a desvantagem naquela batalha. Isso se ele decidisse batalhar, o que não seria difícil, afinal, ele estava encurralado. A sua frente estavam os lobos, rosnando, ainda sem seu líder, mas com uma grande coragem e atrás dele estava a floresta. Ele teria um pouco mais de chance de sair bem sucedido caso fugisse daquele local, tentaria se esgueirar pela floresta e voltar a rota principal da rota 101, porém os lobos eram bem mais ágeis e habilitados a correr nas entranhas da selva. – ... – Se remoía ao pensar no que fazer.

Romanov se sentia um pouco incapacitado, porém, ele não teria o tempo todo para comprar o tempo necessário do caminhão voltar a estrada. O que eles deveriam fazer. Colocar todas as possibilidades racionais seria interessante e seria uma forma de conseguir elaborar um panorama geral de possibilidades. O Fane não teria a menor chance contra aqueles lobos, nem nos contos mais fantásticos um único Pokémon sairia vencedor em um ambiente desconhecido e contra oponentes de habilidades desconhecidas. Ele também não teria grandes chances de fuga caso optasse pela mesma, talvez alguma forma de distrair os Pokémon poderia ser possível, porém eles ainda tinham a grande vantagem numérica e natural. De certa forma seria interessante ter uma ajuda naquela batalha, caso decidisse enfrenta-los. As chances de vitória poderiam ser maiores caso alguém o ajudasse, porém, quem o faria?

O jovem queimava seus miolos tentando raciocinar em uma forma de fugir, e o tempo continuava passando. Não restando escolha o jovem tentaria algo arriscado, porém que teria um elemento surpresa para executar seu plano. Tentaria pegar algum galho ou pedra relativamente grande, porém que seja de possível arremesso, e lançaria na direção dos lobos, para chamar sua atenção. Em seguida, como uma forma desesperada de sair dali, ele correria para dentro da floresta, talvez o ambiente, ainda que bem desconhecido, poderia contribuir em uma batalha de um contra três. Quem sabe uma ajuda divina lhe desse o ar da graça. O garoto não acreditava na sorte. – Isso vai dar muito errado... – Sussurrou para si antes de colocar em prática o plano. Logo, sem muita demora tentando pensar em modos mais racionais e com maiores chances de sucesso, o garoto o fez. Procuraria em um campo de visão por algum galho, o lançaria contra os lobos e correria para dentro da floresta, localizada em sua retaguarda.

- Fane, caso estes lobos se aproximem de mais de nós não se contenha. Ataque sem piedade! – Ordenou com confiança e certeza de que eles conseguiriam sair vitoriosos.

Sua direção era a estrada principal da rota 101, onde Mike e Duda estavam. Talvez ali eles poderiam encontrar algum tipo de ajuda para lidar com aquele problema, ou, no melhor dos mundos, os lobos não o encontrariam e ele conseguiria chegar são e salvo. De fato seria uma grande perda, pois, em um dos lobos ele havia encontrado a planta necessária que a enfermeira pediu. Era um milagre no inferno ver aquilo. Reconsiderava seu plano mil e uma vezes, hora reduziria a velocidade tentando esperar os lobos o acompanharem, em especial o que carregava a raiz, hora aceleraria tentando sair de perto dos selvagens.

Sua mente não o perdoava, se ele falhasse ali seria algo memorável, afinal, ele comprometeu completamente não só a sua vida como a de seu Pokémon. Talvez Piotr não se perdoaria por um longo tempo.