[001] - Замораживающий террор

Bem ao longe conseguia ver os primeiros raios de luz da estrada principal da rota 101. Seu coração se acalmava ao ouvir também passos e vozes, além de bater de asas. – Falta pouco, Fane! – Dizia o treinador tentando encorajar o Pokémon, que tranquilamente tirava aquilo de letra. O Pokémon gélido parecia estar em um passeio no parque enquanto corria daqueles lobos. Ele saltava, corria, deslizava e escalava com uma facilidade imensa, além de demonstrar, de certo modo, um sadismo ao olhar para trás e sorrir dos lobinhos, que davam tudo de si para alcançar seu treinador. Ele olhava nos olhos caninos deles e deixava escavar um sorriso malicioso. Talvez isso deixava os selvagens ainda mais enfurecidos, porém, Fane daria boas risadas ao se lembrar.

Enfim chegando à rota não teve muito tempo para se explicar, ali estavam Mike e sua pequena irmã Duda, atrás de suas pernas. Ela de fato obedecia a seu irmão, talvez ela estivesse ciente que caso o desobedecesse poderia se machucar feio. A voz de Mike tomava conta dos ouvidos de Piotr ao ouvir aquela simples, mas precisa, ordem. “Wingull, capture a planta com Thief!” Romanov queria imitar o rapaz e, ao ver que ali eles se mostravam presentes para combate, assim como Sneasel que já se punha em posição de ataque a frente de seu terinador, era algo praticamente natural bradar: - Fane, ataque! Scratch no lobo! – Ordenava com tamanha confiança. Ele se sentia grande e poderoso proferindo aquelas palavras.

O gélido também ouvia aquilo atentamente e sorria ao colocar em prática. Correria na direção dos lobos e deixaria suas garras brincarem com as peles deles. Lâminas estas que brilhavam enquanto cortavam a luz do sol ao voar contra seus oponentes. Era digno de cena de firme da PokéStars ver aquilo acontecer a sua frente. Movimentos estes que antes apenas passavam na televisão ou eram descritos em livros agora ganhavam vida a frente de Romanov. Sneasel parecia ter talento para aquilo, ele conseguia saltar e correr com tanta facilidade que até mesmo assustava seu treinador. – Como ele consegue... – Sussurrava prestando atenção a cada movimento suave e poderoso que seu Pokémon fazia.

Romanov não se deixava levar por muito tempo, ele se preparava para o contra ataque dos selvagens, o que seria óbvio. – Contra ataque com o Scratch mais uma vez! – Ordenou com força. O jovem apontava o dedo para um dos lobos, o mesmo que ele havia designado pela primeira onda de ataques.

Naquele momento nem mesmo o calor, nem as preocupações para com a felina ou até mesmo pensamentos de seu passado pairavam sobre sua mente, apenas a sensação de estar em sua primeira batalha Pokémon!

Era deveras emocionante dar ordens que eram bem executadas, ele se sentia bem imponente daquela posição. Seu indicador era como uma arma de destruição mirando em criaturas selvagens e irracionais. Ele também pensava bem em suas próximas estratégias, afinal, os golpes que Fane recebia eram bem efetivos e conseguiam trazer um certo desconforto para o gélido. O treinador iniciante continuava a bradar ordens, porém, desta vez, de modo mais racional e menos ofensivo, isso poderia levar a uma boa oportunidade, caso a infelicidade da incapacitação visual do Sneasel não fosse mais forte. – Fane, muito bem! Continue com um Leer e em seguida mais um Scratch no lobo da esquerda! – Era ordens simples, porém, ele sabia que aquele Leer iria ser muito bem aproveitado pela dupla naquela batalha em desvantagem.

Romanov imaginava que seria difícil vencer aquele confronto com uma certa vantagem, afinal, eram três contra um. Felizmente o medroso líder da alcateia havia fugido e seria uma péssima hora para ele aparecer e resgatar os que poderiam ser seus filhotes. Eram bárias coisas a se pensar. “Será que Fane conseguirá aguentar mais uma saraivada de golpes? Será que o Wingull conseguirá nos ajudar por muito tempo?” Tudo girava em torno do Sneasel que estava enfrentando sua primeira batalha. Ele poderia estar nervoso, mas lidava bem com a situação.

Não tinha muito o que fazer, apenas esperar mais outra oportunidade para executar novos comandos. Ele esperava que tudo desse certo, e era isso em que o Sneasel também se empenhava. Ele conseguia lutar de igual para igual com aquelas feras selvagens, que viviam em meio a agressividade e violência. Imaginava também que Sneasel, mesmo sendo educado e treinado, poderia ter um certo receio em batalhar, porém, o Pokémon parecia muito a vontade. Era como se colocar toda a sua fúria e força para fora lhe desse mais vigor e energia. Ele conseguia até mesmo sorrir em meio a tal luta. Piotr ficou meio incerto sobre aquilo, porém ainda assim continuava a observar com atenção cada detalha da batalha, eram experiencias únicas que lhe serviriam por toda a sua vida.

Os olhos de Romanov brilhavam com aquela porta que se abria diante dele. Uma experiencia que ele antes apenas conseguia sentir por meio de filmes, livros e contos agora estava a sua frente. Ao vivo e a cores. Surreal imaginar que um estudante de medicina, que antes vivia trancado em seu quarto engolido por dezenas de livros, agora estava se aventurando em um mundo totalmente desconhecido e sem nenhuma expectativa de retorto. O mundo realmente é incrível!

Piotr via que seu Pokémon estava exausto e por alguns instantes ele não sabia o que fazer. Lembrava de livros de orientações e guias falando a respeito das regras usadas na liga, mas ali, naquele exato momento, não havia a jurisdição da liga em nenhum lugar. Eles estavam largados ao vento contra aqueles ferozes lobos selvagens. Romanov pensava que perderia totalmente sua sanidade ao ver seu Pokémon ser atacado até perder a consciência, pensava também no mal que aquilo causaria futuramente e também imaginava o quão profunda aquela derrota poderia morar em sua memória.

Ver o item de regeneração aplicado ao Wingull era perfeito, afinal, Romanov se lembrava de fazer o mesmo. O jovem corria na direção do Sneasel e aplicava aquele frasco de poção. O gélido sentia suas feridas sendo curadas além de um grande impulso energético em seu corpo. Sua taxa de adrenalina começava a diminuir e ele se sentia mais relaxado. Era bem lógico que fazia isso para não sentir tanto o impacto dos golpes sofridos. Mas ainda assim a batalha estava apenas na metade, todo aquele esforço para derrotar apenas um dos lobos. As ordens de batalha continuavam.

Seu braço direito cortava o ar erguendo seu indicador. – Fane, Scratch! – Bradou como sua única escolha a ser feita, o Pokémon estava sem muitas opções de ataque e sua melhor arma eram suas garras. No futuro isso iria mudar e ele teria muito mais armas em seu arsenal do tipo gelo e trevas. Durante aqueles milésimos de segundos ele fantasiava vários golpes congelantes e das trevas, tais quais garras, raios e socos, sonhava em ver grandes energias obscuras saindo dos confins do submundo enquanto sugavam e torturavam a alma de seus oponentes.

A batalha continuava enquanto o treinador aguardava os resultados das novas ordens ofensivas, logo após a aplicação da poção em seu Pokémon. Ele também observava como Mike ordenava o seu obediente Wingull a executar movimentos perfeitos ofensivamente, tanto aquáticos como golpes ordinários. Via aquele Water Gun explodir na face dos oponentes, principalmente no que já havia sido derrotado, e também imaginava que aquele longo bico serviria de artifício também.

Romanov se atentava aos detalhes dos Poochyena, ele tomava bastante atenção a cada movimento e prontamente retrucava com táticas que poderiam ser vantajosas quando aplicadas em situações mais proveitosas. A batalha continua.

OFF:

Piotr percebia como aquele confronta havia sido instrutivo e bem encorajador. Ele se sentia mais confiante para enfrentar os oponentes nas próximas oportunidades e não mediria esforços em aplicar tudo o que aprendeu ali. Ele bradava seus comandos como quem tinha propriedade no que falava, além de grande certeza nas habilidades e capacidades de seu parceiro Pokémon. O rapaz se sentia uma nova pessoa, na verdade, um novo treinador! Seus olhos já brilhavam como chamas ardentes que não apagariam por qualquer coisa. O horizonte não era mais o limite e apenas ele diria quando parar.

Fane era o mesmo, com grandes garras e olhos sedentos pela vitória, se dispunha em uma posição de ataque bem ameaçadora. Ele delimitava seu espaço e sua coragem por grunhir contra o lobo. Ele rosnava e mostrava suas presas juvenis, parecia querer imitar algum Pyroar de filme que rugia contra os medrosos vilões. Seus olhos rubros também penetravam a mente do lobo quando ele partia para cima do mesmo com as garras erguidas e eretas, preparadas para dilacerar e cortar. – Fane, novamente Scratch! – Ordenou Romanov com o dedo em riste.

O gelado Pokémon de Johto corria pelo chão terroso da rota onde, acompanhado pelo Wingull, desferiria uma sequência de cortes profundos e poderosos. Ele também alcançava velocidades bem altas ao começar a correr, era prático e natural, em sua maneira, se lançar com o corpo para frente e alcançar velocidades impressionantes. – Rápido... – Sussurrava o treinador observando como o Pokémon agia.

Romanov gostava do sentimento que ali morava em sua mente, guardaria aquela memória com grande carinho e admiração. Mesmo tendo ajuda em sua primeira batalha ele havia sim conquistado um certo tipo de conquista. Ainda que a derrota fosse algo possível, em seu coração Fane e ele já eram vencedores! Gostava que assim fosse e assim seria. Um sorriso tranquilo e descontraído tomava conta de seu rosto.

Ele já esquecia completamente da Skitty e seus problemas, ele apenas queria curtir aquele momento com prazer. Deleitar cada segundo daquela vitória que se concretizava a cada instante.

O sentimento de vitória tomava conta da mente e imaginação de Piotr. Ele parecia uma criança ao imaginar aquela vitória sendo dez mil vezes ampliada e muito mais inventada do que realmente aconteceu. Imaginava raios e trovões caindo em uma grande arena de batalha repleta de Pokémon lendário e mitológico. Ele também imaginava exércitos marchando contra seu castelo e grandes dragões voando sobre as torres de seu reino. Via, através deste sonho que... Fane puxava a bermuda de seu treinador ao sorrir para ele. O Pokémon ficava muito feliz com a vitória e agradecia seu treinador ao acaricia-lo esfregando sua cabeça contra sua perna. Ele também grunhia e sorria novamente. – Fane, você foi excelente! Fantástico! Incrível! – Proferia Romanov sem poupar elogios ao pegar o Pokémon e levantá-lo ao alto comemorando.

Porém o mundo ainda girava e Piotr deveria acordar para o que estava acontecendo. Ele acompanhava a queda dos três lobos, o mínimo que ele poderia fazer era trata-los com o cuidado necessário para que eles não ficassem ainda mais feridos. O jovem estudante analisava e preparava os primeiros socorros dos Pokémon noturno, ele observava com atenção as feridas dos selvagens e, com muito cuidado, tratava-as antes de acontecer algo pior. Era muito natural de sua parte fazer isso. Não demorou muito para que ele voltasse sua total atenção para Mike e sua irmã Duda, que também comemorava a vitória do Wingull de seu irmão, provavelmente.

Se aproximando de Mike e Duda sua maior surpresa, na verdade um grande susto, fora ver o caminhão, que antes no meio da mata, agora passava pelo trajeto principal da rota 101. Era animador ver que aqueles dois rapazes que tomavam conta do caminhão conseguiram se livrar dos lobos e agora dirigiam rumo ao Centro Pokémon de Littleroot. Ele era agraciado com uma sequencia de elogios e agradecimentos, isso amaciava a moral e ego do treinador, porém, não era nada além do que ele faria. – Não precisam agradecer... – Dizia com um sorriso envergonhado. – Eu só fiz o que qualquer um faria. Heh. – Continuou completamente envergonhado e dizendo coisas bem clichês e abrangentes. – Não passava da minha obrigação. – Sorriu ao finalizar a frase e erguer os braços levemente e inclinar a cabeça para o lado. – Mas vocês têm muito trabalho a fazer, vão logo para a cidade que todos precisam muito dos medicamentos! – Alertou o jovem com o semblante demonstrando grande preocupação.

Fane o acompanhava ao seu lado quando se preparava para voltar a cidade, ele continuava com a pata segura na bermuda de seu treinador, por algum motivo que Romanov ainda não identificava. Ele também olhava bastante para o mesmo curiosamente. Além disso era hora deles também retornarem, a enfermeira precisava urgentemente não só dos medicamentos que eles recolheram como também dos medicamentos da entrega atrasada. Era hora de voltar a se apressar para salvar a vida da felina, que eles não tinham a menor noção de como estava. – Mike, precisamos voltar. – Disse ao irmão de Duda. O jovem imaginava também uma possível carona que os caminhoneiros poderiam dar, porém não queria incomodá-los.

Voltar para a cidade e consequentemente para o Centro Pokémon era a prioridade número um. Voltar, entregar os medicamentos e aí sim esperar uma melhora no quadro médico da Skitty.