Big TV _White Lies

Ta, ta, ta... ta bom consciência, eu vou seguir Scheila. Eu não só vou seguí-la como vou de bom grado, ta?! Vou descer até o subterrâneo, adentrar os canais de esgoto e apreciar aquele pútrido ambiente... iria também tomar as medidas drásticas; botar meu equipamento de mergulho para EVITAR que minha consciência me faça passar por perrengues sem estar PREPARADA. Ok, ok, eu admito que ISSO eu nunca fiz; e preferiria não fazer, mas já que vou, ao menos estava com meu equipamento de mergulho ao lado, me dando certa... segurança? Nah, acho que não... mas sem dúvidas, aquilo minimizaria o nojo.

Equipamento colocado, caminho até o Esgoto traçado, agora só falta me dizer o que vou encontrar lá, meu querido. Primeiro de tudo, veja bem, não quero ATESTAR sua ocupação; na verdade eu mesma não poderia te responder mais cedo por hoje. Eu estava ali atestando que ninguém enchesse meu saco. Não faço questão de sair tão cedo; eu só estava tirando minha própria responsabilidade e jogando em cima de você, como boa e velha narranda egoísta que posso ser.

No mais, não peço pressa; eu odiaria terminar essa rota aqui com pressa. Ela está agradável, tem sido uma grande batalha ética e estética seguí-la. Agora estou numa roupa colada, preta, que me mantinha quente-demais. Guardava minha mochila em algum corredor lateral, anterior ao asco, e trazia comigo minhas esferas vazias e minhas cheias; felizmente o equipamento tinha espaço para elas em alguma bolsa lateral que me era de direito.

Era nessa odiosa situação que eu pigarreava e reclamava ao além; esperando qe Scheila já tivesse se despedido e ido embora, me deixando falando com Deus e só:
- Mas que diabos de merda que eu fui me meter, em?! Isso tudo porque EVITEI a missão do lixo.....

Num ato falho, dei um piso-em-falso e (pasmem) cai da escada. Ok, eu não tive uma queda livre! Simplesmente agarrei-me ao canto sem sucesso e fui descendo deslizando, provando do óbvio; aquela roupa não tinha aderência alguma. Era uma borracha escorregadia e, no primeiro ambiente úmido que entrei ao contato, ela já se provou bastante sinuosa. No mais, tive a sorte (ou não) de cair com a poupa da bunda num chão semi-seco. Ao menos não era o riacho escancarado de bosta... literalmente. Dei uma leve "quicada" no chão e cai de lado, com o ombro e cotovelo direito tentando proteger meu tórax e minha face.

Acho que já fui batizada, né?! Caindo ou não na água, era inevitável dizer-lhe que entrei com tudo. Do topo ao chão! Freada pelo leve atrito da borracha-de-mergulho no batente da escada. Na verdade, o choque fora tanto que demorei sair do chão. Ali parei e ali fiquei, sabe-se lá porquê. Eu simplesmente não tinha força alguma para levantar-e-seguir sem antes esbravejar mais algumas súplicas horríveis a Deus:
- Que tipo de filme de Pier Pasolini você me botou? - Revirei os olhos; o sangue na cabeça não me deixara cheirar o ambiente ainda, mas eu sabia que aquilo tinha tudo para piorar - Escatológico, nojento e... uuur, repugnante. Eu nunca mais vou fazer missão dessa prefeitura desorganizada. Nunca mais! Ouviu?! Se tem alguém de testemunha, anotem ai, WINNIE FREDA NUNCA MAIS VAI PEGAR MISSÃO EM MOSSDEEP. VOCÊS DEVIAM TER AVISADO AS CONDIÇÕES DISSO AQUI ANTES DE FECHAR CONTRATO COM ALGUÉM!

Era estúpido, eu sei. Eu estava so-zi-nha e continuava esbravejando! A única coisa que ouvi fora o alto (e bom) som do meu eco. Minha gritaria ecoara para tão longe que eu cheguei a ficar um tanto quanto instigada; será este canal tão... mas tãaaao longo assim?! Oh Deus, se não bastasse me levar até o esgoto, ainda me faz um esgoto ENORME?! Ok, ok, eu já vou levantar... eu juro que já vou levantar...

- O lugar ainda é quente pra caralho - Proclamei, agora botando as duas mãos no chão e forçando meu corpo para cima. Sentia uma leve pontada no ombro, mas nada que me fosse problemático - Pra piorar, esse ar quente que sobe de... - Fui interrompida por um cheiro pútrido - ...deve deixar aqui em cima pior ainda. Deve não, certamente está.

Eu particularmente acho que vou voltar para o chão, em?! Sinceramente, aquele café parecia todo voltar... se eu não estivesse a tanto tempo sem comer, certamente estaria com o estomago vazio agora. Veja bem; não é que eu não vá vomitar alguma hora, mas neste momento, eu estou movida pelo ódio. Fora o mesmo ódio que me fez dar uma pequena volta e enfim reparar na iluminação fraca - quase inútil - do local. Durante a meia volta, voltei a esbravejar:
- Preferia não ver merda nenhuma.

Pode soar como uma piada, mas não era... tanto que não ri. Na verdade, a fala me deu uma impressão (ainda que falsa) que um dos lados tinha mais eco que o outro; optei pelo que se mostrava de retorno mais distante... talvez se eu começasse por ele, eu acabaria a "pior parte" logo.

Sabe o que é o pior nisso tudo?! Assim, o pior DE LONGE? Que eu não quero NEM COGITAR?! Imagina só se eu faço isso TUDO pra não achar NADA e não receber PORRA NENHUMA. Ah não, eu vou ter que achar alguma coisa; nem que eu veja bolhas no esgoto onde não tem. E de preferência, eu não vou passar por isso sozinha não! Mas nem FU-DEN-DO. Não vou trazer nenhum pokémon fresco não, mas pelo menos Jormungand vai ta aqui comigo. Ah se vai!

Apertei o botão central da esfera, esperei o morcego se materializar e logo que ele apareceu, eu falei:
- Olha só Jormun, um lugar PERFEITO pra você - fui cínica em minha voz, apesar de dizer a verdade. O pokémon dera uma leve voada de uma margem à outra e parou de frente para as luzes - Olha só, é sério, eu quero sair daqui o mais rápido o possível. Eu preciso achar um pokemon elétrico aqui, me da um help?! Se ver alguma coisa me avisa.

Eu sei lá, pra mim não faz diferença alguma as bolhas do esgoto; eu não saberia dizer se são usuais ou não. Continuei andando independente do barulho, cheiro, som, movimento ou bolha que o riacho fizesse, deixando Gliscor para... trás? É, o morcego ficara para trás, fitando algum movimento esquisito e mostrando seu sorriso-inato enquanto sobrevoava a área. Caminhei cerca de cinquenta metros até me tocar que ele não estava por perto.

Não é que sou displicente, juro! Gliscor é tão quieto e esquisito que eu nem reparei sua ausência... ou ao menos, não achei que significasse algo. No mais, olhei para trás desesperada, achando que perdi o morcego uma segunda vez; eu já gritaria por ele, isso claro... se não tivesse o visto inerte, fitando a nojeira que era aquele água escura.

O pokémon balançava-se para um lado e para o outro, até hipnotizar-me por completo e me fazer andar em sua direção. Segui sua silhueta pela calçada, até porquê nem se eu fosse Moisés eu atravessaria aquele "valão". No mais, caminhei os cinquenta metros para trás e quando estive num ângulo reto à situação que Gliscor fitava, entendi...

... Eram pokémons.

Era óbvio que eram hostis, mas em sua grandiosidade e altura, eles não pareciam alcançar Jormungand. Olhei-os por um instante e fora só o que consegui, até vomitar... Não pelos pobres Grimers, mas por simplesmente me colocar no lugar deles... naquela imensa, nojenta e repugnante cena.

Arg, eu não vomitei de fato; eu não tinha nem o que vomitar, mas o impulso veio, oh se veio! Inclinei-me para frente e o ato reflexo me fez expelir vento; para logo em seguida tossir pesadamente. Liberei Hela em campo (que estava com o Lucky Egg que lhe devolvi após o confronto com Ayzen) e tentei falar entre tossidas, mas sem respirar fundo demais... eu sabia que se fizesse, aquele reboliço todo aconteceria mais uma vez:
- Hela... duplo Earthquake.

Eu só queria acabar logo com aquilo e sabia que Hela era mais forte que Jormungand em poderio ofensivo; o que lhe fazia ser uma escolha mais pragmática. Além disso, preciso treiná-la para mostrar à central de treino de Rustboro, calhando de ser útil.

Ok, talvez faça certo sentido me pedirem para vir aqui. Num só terremoto, pokémons se alvoroçaram como... bolhas na coca-cola recém aberta? Ou mentolada... se assim preferir. O importante era pontuar o inevitável; Hela fez emergir tantas gosmas roxas que minha única reação fora um grito fino, que ecoara por todo o corredor.

Um Muk bem centralizado ergueu sua mão, alcançando Electivire e a envenenando sem muito pudor. Dei para trás, me afastei da batalha e tentei evitar a lama-tóxica ao máximo... Hela?! Bem, ela não tinha o mesmo privilégio. A pokémon-elétrica pisoteava o chão enquanto sentia um caldo tóxico tomá-la e até drenar suas energias:
- Me desculpa Hela... eu juro que vou te compensar depois - Fora com esse tom covarde que me afastei - Vamos continuar com Earthquake. Eu sei que não é a melhor das escolhas para um esgoto, mas eu tenho quase certeza que tem mais coisa pra sair dessa vala.

E tinha, oh se tinha! O inevitável Muk fora o único que sobrara e eu pressentia que ele seria um pé-no-saco. Primeiro porque venenos nunca são agradáveis, segundo que aquele Venom Drench... aquele golpe tinha muito potencial pra ser insuportável. Corri para trás, fiquei bem rente a parede, procurei onde me segurar e preparei; desta vez não serei pega de surpresa. Fechei a boca, abafei o grito previamente e esperei os próximos capítulos. Ver Electivire naquele sofrimento asqueroso por uma missão minha... ah, mas isso era triste.

Ao menos para mim; talvez a elétrica não se importasse tanto com a nojeira do ambiente... né?! Ok, se eu pensasse assim, fica mais fácil de "engolir". Se bem que não deveria "engolir" nada; se meu narrador aceitar que de fato vomitarei, eu estarei fodida.

... Ao menos havia alguém se divertindo com a cena. Um pouco distante - mas nem tanto - vinha Jormungand, sobrevoando a batalha e fitando sem piscar os movimentos de todos ali.

OFF: Deus me livre, pode ficar com suas amoebas

Talvez (só talvez) o feitiço tenha vindo contra o feiticeiro... logo eu que amo usar Disable contra meus adversários e já fiz Sleepy passar tamanha raiva com isso. Agora eu era a pobre, indefesa e inculpável vítima. Suspirei de frustração, mas adicionei um "quê" de alívio na expressão... ao menos agora, eu não precisaria destruir tudo com outros Earthquakes:
- Ok Hela, você vai ter que se aproximar dela... Thunder Punch e Ice Punch, pode ser?!

Eu sabia que era um pedido cruel. A principal vantagem de dar um Earthquake era a não necessidade de adentrar a vala... eu até poderia recorrer a Gliscor mas, sinceramente?! Ele talvez abraçasse Muk com todas as forças e se veria numa cena um tanto quanto romântica com o pokémon. Ele estava tão alheio da briga e tão apaixonado pelo ambiente que... bem, decidi não atrapalhar. O morcego sobrevoou os dois restantes, passou pelo centro do riacho e chegou até outra margem. Bastante confortável, Gliscor pousou próximo do esgoto, abaixou seu rosto e procurou algum reflexo naquilo tudo.

Agora ao menos ele parava de balançar no ar; tirando o efeito de hipnose de si. Olhei-o bastante confusa, tirando a atenção da batalha por um instante... eu não conseguia compreendê-lo, mas certamente via uma utilidade na locomoção do pokémon:
- Gliscor, você que é de terra.... consegue reparar se o fio-terra tem tipo alguma alteração? Se a energia tem tido algum curto por aqui?!

Sei lá, me parecia óbvio agora; o terráqueo não estava acostumado com ambientes subterrâneos que sofrem de eletricidade... certamente seu deslumbre não era só pelo esgoto, mas pela característica diferente do local.