A caverna dos sonhos e desilusões

Não era como se o narrador esquecesse de Noctowl, mas imaginou que depois de algumas horas trabalhando e com as costas cortadas, Thomas fosse mais cuidadoso com seu corpo. Pobre treinador aventureiro. No final da rota ganharia belas cicatrizes. A Noctowl só chorava, não tendo muito mais o que fazer além de auxiliar o mestre para que o mesmo não quebrasse uma perna tentando catar 3 shards verdes. Com sucesso, o companheiro de Paula retornava, abusando do movimento psíquico da ave (-10HP).

Passado esse episódio, o grupo ignorava o caminho por onde guiava os fragmentos e eles acessavam um novo nível abaixo da terra!

Naquele ambiente, a luz era ainda mais escassa. Por sorte Paula estava com Elon para iluminar a visão do clã. O espaço era de alguma forma mais agressivo, como se poucas pessoas tivessem explorado aquele nível, no entanto, alguém havia se dado o trabalho de construir uma espécie de escadaria até um nível que alcançava quase a metade do espaço em altura. O mais impressionante era que parecia ter algo gravado na parede que aquela espécie de altar guiava.

A área realmente não parecia ser das mais convidativas. Tinha uma aura amedrontadora pelo tamanho colossal das pinturas, o que levantava diversas questões, principalmente naquele que já tinha enfrentado uma caverna em aventuras passadas, no entanto, eram diferentes de várias maneiras. Thomas tinha muito o que pensar, mas será que poderia tirar alguma conclusão baseado em seus sentimentos?  Bem, tanto ele quanto Paula eram guiados pela sensitiva Mismagius.

O silêncio predominava no lugar, a não ser por sons dos passos dos treinadores enquanto subiam as escadas. A medida que avançavam, as impressões na parede de pedra parecia se ampliar a um tamanho que não era possível visualizar sem mover a cabeça. Uma surpresa a mais. Havia alguém no topo das escadas! Era um rapaz com roupas pesadas, próprias para exploração. Ele parecia ocupado fazendo algumas anotações até que um Pokémon brilhante como metal puxou a barra da calça do homem, fazendo-o se virar para ver o que acontecia.


- Ahn? - o rapaz parecia meio perdido até finalmente fitar o casal de treinadores. - Ah, oi! Vocês estão perdidos?

Agora mais centrado ela parecia bem sereno e entregava um sorriso gentil para aqueles que surgiam sem se apresentar, ainda.

Ao se aproximarem, a presença sentida pela Fantasma se fazia corpo na figura do rapaz de olhos tão claros e memoráveis quanto o cabelo. Não só ele, um Pokémon prateado acompanhava o treinador que, para Thomas, seria o dito cujo estavam buscando. A criaturinha metálica estava sem entender o que acontecia, mas se escondia por detrás das pernas do treinador. Era tão feio e fofo ao mesmo tempo que era difícil descrever.


Excluindo a magnitude do lugar, o homem diante deles agora parecia ser o centro das atenções, principalmente quando "acusaram" ele de ser aquele que procuravam. O rapaz analisou os dois, quase pensando o que responderia, como se analisasse se eles eram problema ou apenas mais uma questão. Decidido, ele continuava doce.

- Sim, podem me chamar só de Steven. - Ele tinha o sorriso mais perfeito os olhos dos treinadores poderiam ser capazes de avaliar, sendo meigo e caloroso, sem contar no branco brilhante como um metal precioso. - Posso saber por que me procuravam? Fiquei curioso.

Sem pagar nenhuma almoço ou fazer um carinho, Thomas ia direto ao assunto. Quem poderia julgá-lo? Saber qual era aquela pedrinha provavelmente tirava noites de sono do rapaz. Steven provavelmente cobraria por uma consultoria, não? Eu cobraria. Todavia, aquele rapaz parecia intrigado com o jovem portador daquela pedra intrigante.

- Hm... eu posso? - Ele estendia a mão, aguardando Thomas entregar para poder examiná-la.

Enquanto isso ele refletia brevemente sobre a questão feita por Paula antes de responder.

- Ainda estou estudando, mas acredito que tenha a ver com Groudon. É curioso interpretar como civilizações anteriores a nossa se relacionavam com os Pokémon, em especial os lendários. Aqui, no caso, tem algumas características que não batem com a figura do Groudon que conhecemos, como esse símbolo ômega...

Aquilo parecia ainda um monte de suposição, revelando que o pesquisador estava numa fase bem inicial de descobrir os segredos daquela pintura. Graças a Arceus o que eles buscavam nada tinha a ver com os lendários de Hoenn.

Certeza que os ânimos estavam a toda. Ao menos de Thomas. Paula estava bem envolvida com as imagens, analisando a figura imponente e até aterrorizante na pintura. Enquanto isso Stone e Wilkerson trocavam algumas palavras antes do pesquisador poder realizar aquela consultoria para o treinador que nunca viu na vida, apesar de ter tido contato com seu pai, Devon Stone. Ao menos era o que dizia e Steven não questionava.

- Que isso, com certeza tem outros especialistas em minérios pelo mundo. - dizia Steven ao pegar a pedra.

A modéstia do campeão era de se admirar, mas mais ainda os equipamentos que ele trazia na mochila. Era uma parafernalha de vidro e metal que colocava na cabeça e envolvia a pedra. Ele precisava reunir bastante atenção, revirando o artefato algumas vezes até que finalmente pôde retirar o equipamento e conferir uma anotação em um caderno cromado. Lá, ele concluía a avaliação e apresentava ao rapaz sua...

- Ampharite - ele disse. - Parabéns, é sim uma mega stone e esta é capaz de mega-evoluir um Ampharos, mas pra isso é necessário uma pedra correspondente conhecida por key-stone.

Steven Stone estendia a mão, revolvendo o artigo raríssimo do treinador.


- Escritos antigos relatam que Groudon era responsável pela expansão dos continentes, mas da mesma forma que ele dava a graça da terra, conseguia destruir. De repente um povo primitivo presenciou a ira de Groudon, mas deve ter mais coisa envolvida, não?

Ele realmente procurava interpretar a imagem, mesmo que não fosse algo da área dele. Contudo, talvez fosse papel do campeão da região estar bem informado.