001 — Na floresta

A busca levava ao pé de frutas sendo uma árvore bem alta com poucos exemplares. Ethan esticava os braços mas ainda estava bem longe alcança-las. Charlie pensava em solicitar a ajuda de Wurmple, mas era bem arriscado coloca-la novamente numa situação traumatizante quanto a experienciada anteriormente. Em silêncio, eles pareciam pensar em suas próprias estratégias. Inquieto, o ruivo retirava a garrafa d'água para aliviar a mania e acabava tendo uma idea.

- Ethan! - exclamou dando um pequeno susto no amigo. - Podemos pedir para que Clamperl crie mais uma piscina d'água para aliviar a queda
- Mas como desgrudaríamos as frutas? Se batermos na árvore podemos atrair atenção indesejada
- Você poderia escalar a árvore
- Charlie, eu não faço isso desde os dez anos - ele fazia uma pausa alisando a própria roupa. - Além disso, essas roupas não são apropriadas pra isso
- Eu nunca consegui escalar, então precisamos de outra ideia
Mais um silêncio se formava, mas Ethan encarava o ruivo muito pensativo. Olhava o amigo de cima a baixo e finalmente liberava:
- Que tal colocarmos você no meu ombro, você segura Bulbasaur no colo e então ele usa as vinhas para desprender as frutas
- Tem certeza que aguenta?
- Vamos tentar - sacando mais uma vez a pokébola, ele lançava a concha. - Desculpe incomodar o descanso, mas precisamos de ajuda... de novo
- Bulbasaur, saia!

Explicando a estratégia para cada um dos Pokémon, eles recebiam a aprovação dos companheiros para sua execução. Encostado no tronco, Ethan se agachava para que o amigo subisse em seus ombros com Bulbasaur no colo. Ele sofreu para se levantar, mas depois que o fez, ficou estático deixando o ruivo surpreso com a força. Abraçando o sapo mais perto do peito, ele via as vinhas do Pokémon se esticarem até as frutas enquanto um redemoinho de água se formava em cima de Clamperl com uma velocidade bem reduzida para não joga-las longe. Eles torciam para que a estratégia fosse um sucesso.

Após se desmontarem da pilha e analisarem o estado das frutas, a dupla começava a rir. Ethan estava mais controlado que o amigo mas exibia a mesma felicidade. Charlie então abria a bolsa que havia ganho de Layse e o amigo depositou tudo dentro dela. Recolhendo cada um dos Pokémon, eles faziam o caminho de volta perseguindo a corda e o som metálico.

- Você é mais forte do que parece - brincou o ruivo.
- Foi como nos velhos tempos
- Nem tão velhos

Com um sorriso de nostalgia, eles esperavam chegar na posição da geóloga sem nenhuma surpresa. Lá eles exibiriam a conquista inicial para a mulher e continuariam a exploração rumo ao Norte.

Charlie ficava muito contente em poder ficar com parte daqueles itens mas logo mudava a feição ao ver a garota preocupada com a lagarta. Por sorte, ela era gentil e concedia uma recuperação.

- Wurmple foi atacado por um Taillow selvagem bem agressivo. Ele podia estar bem pior se não fosse por Clamperl - esclareceu antes de ouvir o comentário da garota. - Captura-lo? - encarou o inseto. - Bom... não custa tentar né?

Retirando uma esfera vazia do bolso, ele aumentava o tamanho da mesma e pressionava o item sobre o corpo do pokémon. Esperando que fosse um sucesso, ele sorria de antecipação. Ethan balançava a cabeça levemente para frente em sinal de agradecimento a Layse por confiar neles e também ajudar seu amigo.

- Vamos Charlie, ainda temos o Norte para caçar - comentou já utilizando a bússola para se direcionar.

Com a oferta de recuperação dos Pokémon, Ethan oferecia Clamperl para ficar mais confortável. Eles decidiam manter os pássaros descansando sozinhos pois a natureza selvagem deles poderia ainda estar a todo vapor.
Após isso, ambos treinadores começaram a caçada rumo ao Norte da mesma forma que fizeram a anterior. A pokébola de Wurmple não ficava quieta, então Charlie o liberou para auxiliar na busca. Dessa vez, a lagarta ficava enrolada no pescoço do dono para assegurar que estava minimamente segura.

Mais uma vez no meio da floresta, mais alguma coisa que chamava a atenção dos garotos que se aventuravam. Farejando as especiarias, Ethan formava sua tão famosa sobrancelha franzida com olhar ameaçador. Charlie por outro lado tentava focar apenas no cheiro para talvez descobrir do que se tratava.

- Vamos fazer o desvio ?
- É arriscado
- Da última vez encontramos a Layse e já enfrentamos alguns selvagens. Seja o que for, podemos ao menos verificar

Confirmando com a cabeça, o mais velho apanhava a corda amarrada no amigo e a girava algumas vezes num arbusto perto de onde estavam. Caso precisassem voltar, saberiam onde tinham feito o desvio e poderiam prosseguir em frente se o caminho alternativo não rendesse tanto.