001 — Na floresta

– Uh, mas é claro que acompanho vocês até lá, sem problema algum! Inclusive até talvez eu dê uma parada na cidade também... Estamos passando da hora do almoço já... – ela consultava o relógio de pulso – Acho incrível que essa floresta é tão fechada e monótona que se a gente bobear perde a noção do tempo aqui dentro. Às vezes tenho que fazer um esforço pra não me deixar convencer pelo misticismo que rola sobre esse lugar. Enfim... Vamos lá! Se eu estiver certa tem sim um lugar onde podemos encontrar Apricorns no caminho.

Com os Pokémon curados e devolvidos, a mochila nas costas e uma sacola nas mãos Layse liderou os garotos por dentro da mata numa nova direção. Numa das mãos ela levava a caderneta de onde pendia um singelo mapa feito à mão e dobrado várias vezes para caber dentro do caderno.

– Fiquem atentos, as frutas devem estar por aqui em algum lugar... Procurem principalmente por cores diferentes no meio de todo esse verde...

Tinham parado em um ponto onde as árvores estavam um pouco mais organizadas que o normal, como se tivessem sido plantadas num arranjo proposital. A exploradora tirava um binóculo da mochila para ajudar a vasculhar.

De fato haviam cores bem distintas ali no meio. Amarelo e azul eram os mais predominantes, mas só um olhar mais cuidadoso seria capaz de enxergar aquele verde claro e intenso no meio da folhagem, quase como se a fruta estivesse se camuflando.

Não há duvidas de que, agora com a presença da geóloga multifuncional e bem preparada, Charlie e Ethan talvez pudessem ir além e tentar pegar no mínimo uma amostra de cada uma daquelas coisas. Provavelmente Layse encontraria uma forma de alcançar mesmo os pontos mais altos, se preciso.

Sabendo o que deveriam procurar, levou apenas alguns minutos para que Charlie e Ethan identificassem as cores que se escondiam atrás do verde padrão das árvores. O ruivo ainda foi além ao discernir uma tonalidade mais clara de verde que parecia pertencer a algo bem camuflado.

– Uh, estão certíssimos! Lá estão elas. E essa verde... Eu nunca tinha visto antes por aqui, deve ser coisa da estação. Curioso! Agora vejamos como podemos pegá-las... – Layse tomou alguns segundos para refletir enquanto olhava ao redor em busca de inspiração, e quando chegou a uma conclusão sacou uma Pokébola – Aurora, preciso da sua ajuda aqui! – lançou a esfera.

No segundo giro da Pokébola no ar uma criatura quadrúpede, de corpo azul claro, com um pescoço bem comprido e um par de cristas coloridas saiu dali. Parecia extremamente bem cuidada e saudável, chegava até refletir a fraca luz do sol que ocasionalmente entrava na floresta.

– Querida, sacuda essa árvore aqui, vamos ver se conseguimos derrubar as frutas... Se preparem pra agarrar, garotos! – ela parecia se divertir com aquilo.

Apoiada nas patas traseiras Amaura tentou sacudir a árvore onde a fruta verde estava, mas o tronco era grosso e resiliente demais então praticamente não se mexeu. Depois fez uma tentativa na árvore seguinte, onde Ethan esteve observando. Ali um par de frutas bem azuis, redondinhas e reluzentes caiu com sucesso!

– É, definitivamente são Apricorns. Essas são as azuis, obviamente... Isso aumenta as chances de as outras serem o que procuramos. Só acho que vamos precisar de outro método... – refletiu mais um pouco – Quem sabe Bulbasaur, Silcoon ou os Taillows não ajudam? Acho que dessa vez não corremos muito risco. Digo, já que nada aconteceu depois de termos sacudido a árvore... Querem tentar? Se não podemos pensar em outra forma.

Ao que parece, as frutas não se "entregariam" com facilidade. Pareciam como Pokémon orgulhosos e se punham no direito de serem conquistadas.

– Hahaha! Uma lindeza né?! Das vantagens de ser geóloga... Essa Amaura vem de um fóssil que encontrei numa missão explorando as montanhas... História longa, mas conto sim! – antecipou.

O primeiro encontro entre os garotos e os Taillow tinha causado más primeiras impressões e isso justificava o receio deles em usá-los. Mas, depois de muito pensar, concluíram que os Voadores seriam sua melhor opção para concluir aquela tarefa.

Assim que libertas as aves pousaram em galhos próximos e trocaram carícias enquanto se reconheciam. Timidamente os treinadores transformaram suas ordens em pedidos gentis, para facilitar aquele início de relação entre ambos.

A Taillow de Charlie foi a primeira a responder às ordens, sem se opor de nenhuma forma. Com um voo rápido ela se pôs no galho onde estavam as frutas amarelas e depois de arrancá-las do pé, levou uma a uma até o ruivo.

O Taillow de Ethan deu um resmungo baixinho, mas ao ver a fêmea agir de maneira prestativa ele não resistiu e, depois de alguns segundos, correspondeu seu treinador e apanhou uma fruta idêntica às outras em forma e brilho, exceto pela coloração verde. Obviamente, depositou o item nas mãos de seu treinador.

– Ah! Eram mesmo Apricorns! E essa verde é realmente incomum... Com licença. – Layse se intrometeu nas frutas para fazer o relatório habitual, devolendo todas aos respectivos garotos no final – Então e agora, jovens exploradores, o que faremos? Se quiserem seguir o caminho pra Rinshin, gostaria de ter uma última palavrinha com vocês antes, hehehe! – oferecia.

Pousadas em um galho compartilhado as aves voltavam ao seu ritual de reconhecimento. E naquele começo de tarde novamente as escolhas voltavam a cair sobre as mãos de Charlie e Ethan, tal qual a frutas!

Estavam prestes a deixar a área das Apricorns quando foram abordados por um som ameaçador. A criatura tinha nas asas um tom intenso de verde, além de um par de grandes olhos insetóides, e trazia em suas patinhas algo ovalado e roxo, que ao abrir os olhos revelou uma peculiar semelhança com o Silcoon de Charlie.

– Ai não... sempre tem uns encrenqueiros. Tem a floresta toda, mas eles fazem ninhos sempre perto de uma frutinha ou duas que a gente quer... - Layse comentava ao ver Dustox e Cascoon chegarem - Bem, vocês conseguem resolver isso? - questionou aos treinadores.

Determinados a abrirem caminho para finalmente chegarem à Rinshin os amigos uniram forças aos seus Pokémon para enfrentarem os novos adversários.

No começo quase tudo pareceu girar em torno de preparações, com os Taillow sendo envolvidos temporariamente por aquela aura avermelhada que lhes potencializava os golpes (Focus Energy). Dustox veio destoar com seu mini tornado (Gust [-11]) atacando Silcoon por pura rivalidade de espécie. Aí os casulos assumiam funções de suporte, com Silcoon jogando fios de seda sobre os selvagens (String Shot) e Cascoon enrijecendo sua carapaça para aguardar o que estaria por vir (Harden).

Depois, preparados os Taillow avançaram com bicadas contra o Venenoso (Peck [-2|-3]), com um deles arrancando um crítico! A investida fez Dustox mudar de alvo, agora lançando o mesmo tornado só que no Taillow mais agressivo (Gust [-8]). Lá embaixo, Silcoon fez uma investida contra seu "primo" selvagem (Tackle [-2]), e o pouco dano provava que seria uma disputa de paciência entre eles. No fim, como uma imitação foi a vez de Cascoon conjurar suas sedas na tentativa de atrasar os Pokémon dos treinadores (String Shot).



Campo: Floresta densa e fechada, com chão de grama e terra; mal iluminado.