Rota Administrativa - Em busca de novos Cardápios

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Havia de ser uma manhã comum em Mauville. Era um dia de semana, portanto letivo e de labuta, o que justificava o movimento principalmente na região mais central da cidade onde a maioria do comércio, dos trabalhos e das escolas ficavam.

Graças a esse fluxo maior é que o Lua Nova se encontrava num atendimento mais dinâmico: as pessoas não paravam lá por muito tempo, pois tinham que ir pros seus afazeres; se resumiam a tomar um café da manhã ou lanche ligeiro e partir.

Por ser algo rotineiro o Restaurante fluía bem com o atendimento, e a própria cozinha estava longe de se encontrar sobrecarregada. Assim, Gusteau, o Chef Gastrônomo, não demorou a ir encontrar o chefe. Alfred também só precisou designar um outro atendente pro seu posto e logo estava lá também.

- Senhor Gaulvi! Que alegria tê-lo por aqui conosco hoje. Espero que já esteja bem alimentado. - o cozinheiro cumprimentava, estendendo as duas mãos pra apertar uma de Silva.

- Em que posso lhe ser útil, senhor? - Alfred também vinha com toda sua cordialidade; ele já tinha cumprimentado o chefe quando este chegou no local, então diferente do cozinheiro podia se adiantar no diálogo.

Então, ambos os homens aguardaram que o líder lhes dirigisse os desejos e orientações.

Os dois sentaram e escutaram, agradecidos, os elogios por seus trabalhos, e também se mantiveram bem atentos à proposta de Gaulvi. Claro que Alfred reagia de forma bem diferente do Chef, não porque desgostou de algo, mas apenas por ser mais sério e manter sempre a elegância. Gusteau por outro lado era mais expressivo, exclamava vários "Uhm!" e "Ah!" sempre que um novo ponto da proposta vinha.

– É uma excelente ideia, senhor! Eu acho que os cozinheiros ficarão muito animados. Eles já tem um pequeno espírito competitivo, e imagino que seja um ganho até pra seus próprios currículos. – Gusteau elogiava, cruzando os braços e levando uma das mãos ao queixo, pensativo.

– Eu já não tenho a mesma certeza quanto ao time de garçons, senhor Gaulvi. – apesar de não transparecer, sua voz soava com uma leve preocupação – Me desculpe, mas não consigo imaginar como poderemos avaliar o atendimento dos funcionários, já que não é algo que seja possível eu estar sempre em cima pra observar; ou talvez não tenha entendido corretamente esta parte. – se ajeitou na cadeira, abrindo um dos botões do fraque – E, se me permite dizer, talvez a diferença de bonificação entre os do atendimento e da cozinha gere algum desconforto. Digo isso porque as duas equipes tem até que um bom contato entre si e... Bem, duas folgas comparado à três mais bonificação nas férias e no currículo?! Não sei se receberão isso bem.

Gusteau ficava apreensivo, suspirava em concordância e estreitava os lábios, olhando de Alfred pra Gaulvi, aguardando uma resposta do Lobo.

Gaulvists – Manhã | 28º – Restaurante Lua Nova

Depois de levantar algumas questões, Alfred pousava as mãos sobre o colo e baixava um pouco os olhos, pensativo. O que os anos de experiência tinham lhe dado de ferramentas e conhecimentos que pudesse reverter agora num método? Ele próprio avaliava os atendentes regularmente, é claro, mas seguindo os seus critérios pessoais e transformando o resultado em elogios ou correções, quando preciso. Não havia exatamente uma fórmula pronta, pelo menos não na sua cabeça.

Pra Gusteau a coisa podia ser diferente, porque como Chef ele também tinha que ter uma noção de atendimento ao público, mas aplicava aquilo de uma outra forma. Fora que suas próprias experiências eram diferentes das do colega, então talvez pudesse achar uma forma de trazer algo da sua realidade pra esse primeiro momento.

– A ideia das folgas como recompensa é, com certeza, bem atrativa pra todos, eu imagino. Só precisaria ser equilibrada pras duas equipes, assim ninguém acha que um tem preferência sobre o outro. Para além disso, como recompensas eu só consigo imaginar uma bonificação salarial, porém isso meche com as finanças de uma outra perspectiva. – explicava o maître – Admito que nunca fui muito criativo pra esse tipo de coisa. Minha mente é mais pragmática, eu diria...

– Ahahaha. E deve ser por isso que formamos uma boa dupla, meu velho. – Gusteau cutucava o colega e gargalhava com a graça – Eu já me sinto mais criativo, e até consigo pensar numa outra possibilidade de recompensa: ora, por que não dar a oportunidade do melhor atendente ter uma refeição completa no próprio restaurante? Em sua folga, é claro. Talvez com direito a um acompanhante... Ou no mínimo dar um desconto generoso pra essa refeição?!

– É. Talvez um prato a mais num dia não impacte tanto nos lucros.

– Ou pode simplesmente substituir o bônus no salário. Digo, ao invés de lhe darmos cem pokédolares a mais, deixamos essa quantia no caixa e revertemos ela numa noite agradável pro funcionário da vez. – complementava o gastrônomo, e agora os dois encaravam Gaulvi esperando uma reação do chefe.

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Alfred suavizava as rugas e Gusteau só alargava ainda mais o sorriso quando recebiam um elogio por suas propostas. Esperavam que o patrão optasse por uma, ou trouxesse outra completamente nova, então foram pegos de surpresa quando todas essas coisas aconteceram juntas!

– Deixe-me ver se entendi bem... O senhor quer aplicar todas essas opções através de um sorteio? E pra todos os funcionários? – agora era o Chef quem franzia a testa, por conta das dúvidas.

– Desculpe, senhor Gaulvi, mas e onde entraria o atendente escolhido? – Alfred também esboçava certa dúvida. Teria o Lobo desistido da ideia de selecionar um entre os garçons como melhor?

– Sim, tem isso também... Veja, a ideia é divertida, pra mim. Mas não acha que pelo número de funcionários que temos isso pode causar um rombo nas finanças?! Desculpe, sei que dessa parte eu sou o que menos entende aqui entre nós na mesa, mas é apenas uma preocupação genuína. – Gusteau se manifestava e tentava amenizar qualquer argumento que pudesse contrariar o chefe.

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Todos ficaram quietos um tempo, refletindo em opções e possibilidades, cada um com seus botões. Deu-se pelo menos uns minutos assim e inesperadamente receberam a visita breve de um dos garçons, um rapaz sorridente, trazendo uma jarra de água fresca e três copos para que pudessem se servir durante aquela pequena reunião. Os dois funcionários agradeceram quase ao mesmo tempo o rapaz, que logo ia embora deixando-os na privacidade necessária.

– Estou pensando aqui, indo um pouco além. Acho que podemos juntar um pouco de tudo que já conversamos. – Alfred foi o primeiro a quebrar o silêncio – Primeiro, queria falar sobre a avaliação do atendimento, antes de discutirmos as outras coisas. Acho que podemos transformar em algo permanente nessa relação com os clientes. Digo, é possível elaborar uma ficha simples, como uma dessas de satisfação e sugestões, que entreguemos a todo cliente que vier. Ele marca suas próprias notas, faz suas sugestões e...

– E deposita numa caixa de sugestões?! Ora, pensei bem nisso, também. – Gusteau complementava, animado – No fim de um período pedimos a alguém que abra essa caixinha e faça os cálculos necessários pra nos dar um nome do empregado melhor avaliado.

– Fora isso, não me importo de dar eu mesmo uma avaliação minha no fim desse mesmo período. Além, claro, de considerarmos coisas básicas como: zelo pelo uniforme, pelo local de trabalho, se tem ou não atrasos. Coisas que já são rotina observarmos.

– Mas esses resultados viriam de quanto em quanto tempo? Todos os meses? Senhor Gaulvi sugeriu, num primeiro momento, que fosse feito a cada três meses. Me parece um bom intervalo de tempo. – concluiu, mas deixou em aberto e com espaço pro próprio chefe dar sua opinião.

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