[Missão de Sociedade(s)] ... Once upon a tima in Ilex Forest

Sério? Num momento desses e ela com ciúmes de Isis, Gwen, a policial que não lembro o nome, e.. será que o bromance com Daisuke entrava no pacote? EXQUECE! Tem coisa mais séria acontecendo. Um drama mais urgente que os beijos que demos na vida.

Eu deveria dar graças a Celebi que Winnie estava lá para pensar por nós dois? Sim. GRATIDÃO VIAJANTE DO TEMPO! Do jeito emocionado que estava não conseguia me atentar aos fatos e até conselhos que o universo tentava nos dar por meio dos códigos. O famigerado "Destino" deveria estar rindo com a pipoquinha na mão e a coquinha gelada na outra (ou cerveja, se for o Destino for colega de Winnie). Eu devo dizer que estou surpreso dela estar sóbrio? Sim, mas talvez não em voz alta.

A questão era que minha namorada conseguia ler e interpretas as palavras da cigana, ligando aos mitos locais. Todo natural de Johto conhecia os mitos básicos, entre eles a lenda desastre em Ecruteak que originou os 3 cães lendários e o guardião do tempo que visitava a Ilex Forest. E relacionar os mitos com a maldição não foi muito bacana, porque se eu estava vendo o futuro, também estava vendo vida e morte. Arcanine estava lá, velho, mas estava. Agora Puermina que deveria estar na entrada? Nada. Aquilo me fez suar frio e reagir de forma espantada — ... então cadê a criança e meus pokémon? Porque eles sumiram pra mim?

Estava aterrorizado. Não conseguia me mover, mas queria correr para dentro da cabana. Apesar disso... Eros... Meu coração não aguentava uma hipótese tão perversa.

A cigana, antes de sumir, dizia coisa ainda mais complicadas. A esfera roxa estava errada? 5 sentidos. Então foi tato, ao transformar o corpo, e agora a visão? E que bosta era "diabo"? Tinha tanta merda pra resolver que não dava pra descobrir qual delas a bruxa se referiria. SIM, depois de mencionar Onilda, a cigana só podia ser uma bruxa igual. Já não tinha mais dúvidas.

— Eu odeio essa mulher. Quebra o nariz dela por mim? - Fazia um pedido com seriedade. - Isso e ver como eles estão, por favor. Eu ... eu vou esperar aqui..

Ok. Menos mal. Não via morte. Só velhice. Uma outra morte, mas menos pior. E se eles não estavam no campo de visão de Winnie, deviam ter ido mais para dentro da cabana ou para os fundos? Iríamos verificar em breve, só ia tirar as dúvidas dela antes.

— Acho que Freya não vai gostar de ouvir o que tenho a dizer... - Revelei, indicando que preferia revelar com ela na esfera para evitar... situações com a não-mais rosada. - Velha. Desbotada. Sem brilho. Flácida. .. e cega.

Era isto. E conhecendo a pokémon da forma como conhecida, ela não curtiria nenhuma dessas palavras direcionadas a si.

— Mas você tem razão, vamos. Eu não quero ficar aqui sozinho. Tenho medo do que posso fazer se encontrar ela de novo. - Tomei a liberdade de segurar na mão de Winnie, esperando que ela nos guiasse cabana adentro.

Que ilusão foi essa que Matthew tinha de Freya tendo o mínimo de apreço por ele? Eu só vi desprezo naqueles olhos cegos e sem vida. Tudo bem, minha visão não estava em boas condições, mas sorriso nenhum me foi entregue ao me rever. "Também senti saudades, bolinha rosa, tchau pra você também" - pensava, vendo ela se jogar no poço de uma forma nem um pouco assustadora.

Ao entrar o susto. Não por todos estarem velhos pra porra, já tinha meio que aceitado essa condição (ta, nem tanto, mas não tinha muito o que pudesse fazer por enquanto, então era melhor seguir o fluxo das coisas e chorar depois). Era por esses "todos" serem mais que 3. Haviam adultos e outra "criança" no recinto. Ao menos imaginava que era uma criança, porque se fosse mesmo um idoso baixinho, eu talvez veria ele ou ela só o esqueleto. Não sei. Maldição esquisita!

Enfim, só queria um abraço de Eros e Puermina, por isso os chamei para perto, me abaixando para receber o carinho deles, meio que ignorando os donos da casa até que Benedito perguntou pelo senhor que imaginou ser avô de Winnie... Seria doideira demais para explicar, ainda mais com adultos na sala, por isso decidia assumir que ele era sim avô dela e que estava nos esperando lá fora.

Winnie conseguia lidar muito bem com aqueles estranhos, mas me incomodava o fato de encontrar uma criança sozinha numa casa meio vazia. Claro, índices de pobreza e afins. Não era parte do meu mundo, mas sabia que existiam famílias que viviam na miséria. Só queria ter certeza de que não eram quem eu pensava, mas antes que eu pudesse pensar com Matte em um código para isso, a jovem de madeixas rosadas (que atualmente estava desbotadas) revelou nossas identidades ingenuamente...

Não preciso dizer que por uma fração de segundos o Rocket se revirou e gritou para que eu ouvisse em pensamento:

MATTE
"SE ESSES FOREM OS ELITE ROCKET QUE ENCOMENDARAM A BUSCA DO FILHO, SUA NAMORADA A-CA-BOU DE ENTREGAR SUA IDENTIDADE SECRETA, O NOME DELA E MUITO PROVAVELMNTE A RELAÇÃO DO MASCARADO DE HOENN COM MATTHEW MONCLAR"

...

Provavelmente Matte gostava um pouco menos de Winnie agora, mas não ia dizer isso a ela depois de todo aquele role, né? Quando disse que ELA poderia me chamar de Thito, não foi para sair entregando minha identidade por ai. Eu até poderia desculpar ela por isso, mas só se o casal fossem caipiras, sem acesso a internet e TV e muito menos envolvimento com a organização criminosa, caso contrário, tinha muita coisa pra dar errado com aquelas informações jogadas ao vento.

Eu precisei de alguns segundos para processar o que Winnie, sem se dar conta, fez. Seria muita falta de educação colocar os óculos de sol no rosto em um ambiente fechado? Eu pensava que sim, mas o fiz mesmo assim, lentamente, como quem estava de saída antes que uma chuva de novas perguntas surgissem.

— Antes de encontrar minha namorada um casal relatou que o filho estava perdido na floresta e me pediu para ajudar. Quando encontrei seu filho sozinho, dormindo no chão e com fome... Pensei se tratar do guri que estou procurando. Ele ficou encantado com as histórias que ouviu da floresta e achou ser uma boa ideia entrar sozinho aqui. Parece que me enganei. - Fazia uma reverência em sinal de respeito, ao pedir desculpas por tudo. - Sinto muito pelo vovô ter incomodado e por termos entrado sem permissão.

Como não queríamos que não tivesse grande alarde sobre as informações prestadas, Matte assumia e tentava agir como Matthew normalmente faria. Como estava com os óculos escuros era mais fácil prestar atenção em Benedito e suas expressões, assim como nos pais segundo as informações que revelou sobre estar procurando uma criança perdida. Dava para sentir a diferença entre sequestro de menores e pobreza. Depois olhava para o outro menino-idoso que não foi apresentado. Pela lógica, ou eram pessoas pobres ou podres. Matte ainda daria o benefício da dúvida antes de expulsar Winnie da casa e ceifar algumas vidas.

— Se não for muito incômodo, podem nos indicar para onde fica o Templo do Templo? É o santuário que estamos procurando.