– Ah-haha, justo! Vamos repassar as coisas aqui rapidinho então.
Prestativa e paciente a policial se encaminhou com Karen de volta àquela sala, dessa vez fazendo mais de um trajeto entre seu próprio computador e os monitores onde as imagens do lugar alvo estavam expostas para serem estudadas. Um mapa também tinha sido montado esquematizando tudo e serviria de auxílio para todo mundo. Nele estariam marcados, em pontos de cores diferentes e com a devida legenda, quais seriam as rotas de fuga, os mecanismos de emergência e, principalmente, o ponto de "inserção" e "remoção" de Karen na futura cena: ficava na mata a alguns metros daquele galpão abandonado, num trecho comumente usado pela população rural durante os períodos de sol.
– Te deixaremos de carro aqui nesse ponto em azul e é pra ele que você deve voltar quando tudo acabar. Estaremos de olho nas câmeras pra sabermos quando o momento chegar. A sinalização lá, no lugar, é essa velha placa de ônibus aqui. – dizia mostrando uma foto do ambiente, que se resumia a uma estrada de asfalto bem gasto e muito mato nos arredores – A princípio nós nunca os vimos [os suspeitos] passarem por aqui, já que eles saem da cidade, então não há de ter ninguém. Daí, você caminha pela mata mesmo até o galpão, pois como alguns circulam de moto pelo perímetro, você pode ser vista se andar pela estrada. Mas, não tem erro pra ir de um ponto a outro, só seguir a estrada. Também, deve ter iluminação lá, hoje, pelo que suspeitamos. – o trajeto em questão, dava para ver no mapa, era uma reta simples, que podia ser seguida na parte arborizada sem se distanciar do caminho aberto.
– Uma vez lá dentro... Bem, você só precisa ser o mais discreta possível. Procure uma sombra, um canto levemente afastado dos demais, de preferência, fique de costas pra alguma parede, isso vai te dar segurança de que ninguém se aproxime por trás sem que você veja. A propósito, a ideia é que ninguém lhe aborde ou tente lhe reconhecer. Inclusive, se ver que é possível ou achar necessário, tente ficar próxima de uma saída ou destas grandes janelas aqui. – numa foto externa do galpão, Camila apontava para os janelões do lugar – A última vistoria feita por lá alega que elas não estão trancadas, então podem ser um meio de você sair. – uma pausa curta seria o suficiente para a moça relembrar mentalmente as informações seguintes.
– Você vai tá equipada com uma escuta na orelha, que vamos cobrir com seu cabelo e manteremos contato constante. O microfone vai entre seu peito, como lhe disse quando escolhemos aquela blusa ontem. Assim saberemos quando você estiver voltando pro ponto de encontro, ou se precisar de resgate ou algo... Aqui entre nós... – nessa parte, a mulher se aproveitou de a sala estar mais vazia para sussurrar algo – Tem um chip localizador em algum lugar da sua roupa, pra gente saber exatamente onde você tá. – e então voltava ao normal depois da pequena confissão – No mais, já sabe: botão de pânico no cinto, pílula de vômito no bolso esquerdo. Heh... Espero que você não precise desse último.
A menção daqueles dois últimos itens fariam Karen lembrar da conversa da noite anterior. A tal pílula, apesar do nome, não faria a Okido vomitar de verdade, mas sim produzir um bom volume de uma substância gosmenta e esverdeada na boca, quando entrasse em contato com sua saliva. Soava meio tosco, mas evidentemente era um mecanismo emergencial para o caso de algum dos suspeitos abordá-la para uma conversa a qual ela não gostaria de ter - e nem poderia, já que não conhecia basicamente nada dos planos dos Usurpadores.
O botão de pânico, por sua vez, era basicamente um dos últimos recursos para a jovem espiã. Uma vez que o acionasse, uma viatura "abandonada" na floresta acionaria suas luzes e sua sirene. A ideia disso era causar pânico nos suspeitos, que provavelmente correriam em fuga, permitindo que Karen também o fizesse, dispersando a multidão. Na pior das hipóteses, os agentes espalhados pelos arredores iriam pessoalmente até o local fazer tal dispersão.
– Então. Esqueci de alguma coisa? Se tiver uma dúvida, é sinal de que eu esqueci! – finalizava com carisma a policial.
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Hiro ♡