[Missão Rocket] Vs. a Equipe Foguete do Arco-Íris

Azula retornava com os especialistas. Finalmente. Era bom ver que não apresentavam sinais físicos de fadiga, apesar da respiração não estar nas melhores condições.

— Quando eu puder abrir um novo buraco nesse lugar pra facilitar nossa passagem, avisem. Pode nos poupar tempo. Aliás, conseguiram identificar que gás é esse e se estamos nos afastando ou nos aproximando da fonte? Claro que é só uma teoria em base no que observei, mas creio que parte desses agentes foram envenenados por isso e não carrego uma bomba de oxigênio comigo. Aceito ideias ou propostas, mesmo malucas, pra nos adiantarmos e não terminarmos como eles.

Liberava Pinsir e pedia para que usasse "strengh" para abrir a porta pesada com maior facilidade. Não seria eu a fazer o trabalho pesado de um agente de campo. Carregar pedra é pra ralé, eu sou dos quebra-cabeça.

- Gás? Que gás? - Dr. Richards olhava para o agente com uma careta, Eles não perceberam nada diferente no ar? Bom, o Pinsir de Matte fazia o trabalho de abrir a porta, e eles sentiam um bafo de ar quente sendo liberado da porta. Azula deixa a Ground Gem na mão de seu mestre e abana a cauda, toda feliz em ter encontrado algo brilhante. - Não da pra cavar… - Dr. Franklin começava a falar - Conseguimos fazer leituras porque o sinal literalmente ficou ricocheteando nas placas de metal dentro da rocha. Não tem comunicação externa. - isso explicava as novas leituras, e ainda impedia uma abordagem mais direta, cavando para baixo.

Bom, a parte mais surpreendente desse momento foi logo depois da porta. Todo o cenário cavernoso predominante até então toma lugar a estruturas mais organizadas, com a rocha polida e mais bem trabalhada. No teto há um tipo de sistema de iluminação à gás, e há uma certa neblina no ar, além de um cheio de combustível. Adiante deles há um corredor bem extenso, e depois dele uma sala bem grande, como um galpão ou um depósito. Há duas escadas descendo para o pátio desse galpão, mas como eles estavam em um nível superior, ainda não dava para ver o que tinha nesse galpão. E foi depois de dar alguns passos e chegar na tal escada que eles viram: era de fato um galpão, com grandes maquinários e alguns veículos. - Acho que temos trabalho a fazer aqui… - disse Dr. RIchards, ajeitando seus óculos e dando um sorriso de canto de boca. Dr. Franklin respirou fundo e seguiu seu colega. E Matte? Bom, havia maquinários por todo o lugar para serem investigados.    

Era curioso eles não terem sentido o enxofre e relacionado a náusea e outros sintomas a envenenamento por gás natural. O cartógrafo tudo bem, mas imaginei que o geógrafo fosse mais esperto em cavernas. De toda forma respirei fundo e ignorei a presença (inútil) deles.

Quando a porta foi aberta e ao chegar no nível que dava para ver o nível inferior, uma das falas me incomodou. Como quem não quer nada, disse:

— ... Trabalho? É essa a base que estávamos procurando? 

Eu imaginava que não, mas não custava se fazer de sonso para que eles falassem. Pessoas inteligentes amam um oportunidade de exibir o cérebro e massagear o ego.

Os cientistas desciam as escadas em direção ao grande galpão, retirando alguns equipamentos das mochilas e montando uma mini estação, com basicamente: uma mesa de camping, um notebook, um tablet, duas espécies de receptores outros apetrechos menores. Dr. Richards ajeitou os óculos ao ouvir o comentário de Matte. - Óbvio que não. - e resumiu seu escárnio a reiterar o que para ele era o óbvio. - Esse é apenas um acesso, ainda há outras salas à frente. - completou com mais carisma Dr. Franklin, que mesmo ainda tendo sintomas daquela falta de ar, tentava se manter concentrado no trabalho e na pesquisa.

Bom, o que Matte conseguia identificar logo de cara era a presença de veículos em meio a equipamentos diversos. Há um tipo de tanque e dois barcos, ou algo que lembrava veículos de acesso pela água. Dos equipamentos, a maioria deles assemelha-se a elementos encontrados em laboratórios biológicos, que possivelmente eram de ponta na época que a instalação era operante em sua capacidade total. Matte conseguia ver que alguns deles estavam quebrados ou com peças faltando, coisas que você geralmente encontra em um depósito. Se o agente detinha algum conhecimento específico saberia ao menos a especificidade de duas estações daquelas: uma de maturação de proteínas e outra de análise de recombinantes. Uma delas também possuíam uma ou duas provetas em uma centrífuga sem tampa. Tudo indica que aqueles equipamentos eram relativos a experimentos genéticos, e essa era apenas a primeira impressão visual. O que mais o agente encontraria se fizesse o famoso pente fino?    

Fiquei alguns segundos parado e sem expressão aparente, apenas fazendo um trabalho de pressão estilo Mandibuzz com Richards pra ele começar a medir palavras comigo. Sim, era pra ficar desconfortável e com medo mesmo! Te manca, cabeçudo!

— Não demorem. Não quero dar oportunidade para sermos surpreendidos. 

Depois disso, já que tinha algum tempo livre, comecei a caminhar pelo salão e a identificar veículos e equipamentos meio grandes demais para terem passado por onde viemos. Com certeza teriam outros acessos, quase como um formigueiro, no interior do monte de prata... Acontece que meus conhecimentos eram limitados e eu não sabia o que a maioria daquelas máquinas faziam. Procurava por alguma estante com guias ou manuais, até mesmo gavetas com relatórios de missão, diários ou algo que revelasse o que os agentes de 60 fizeram por lá. Talvez também indicasse o que aqueles dois estavam pesquisando...

A mensagem foi clara e recebida, tanto que Dr. Richards ajeitou o óculos outra vez, mesmo sem precisar, e engoliu em seco. Pode-se dizer que Matte ganhou a trait “Intimidate” naquele instante! Depois, ele se uniu a seu parceiro cientista e começou a fazer anotações e cálculos, digitações frenéticas e papos científicos. Dois sapos em uma lagoa fria, digamos.

Quanto a Matte, haviam alguns locais interessantes para de investigar. Veículos, estações de trabalho, maquinário de pesquisa, toda a sorte delas. Mas uma acabou chamando a atenção do rapaz. Era uma mesinha com gavetas, possivelmente uma escrivaninha, com marcas de fungos e mofo. A gaveta tinha uma tranca, mas nada que uma pequena forçada não resolvesse. Uma vez aberta, a única coisa que dentro da mesma era um bloco de notas, todo amarelado e com algumas páginas faltando. E como uma resposta às expectativas do agente, haviam algumas informações ali.



Atrás dessa mesa estava uma outra, maior e aparentemente mais conservada. Não há nada sobre ela, há não ser marcas de objetos pesados e ranhuras na superfície. Talvez, olhando mais de perto…    

Ao ler as anotações no bloco, levantava discretamente os olhos para ver o que os dois estavam fazendo. Não via como um mapeador e um amante de minérios poderiam estar relacionados com brutalidades como manipulação de genes.

De início ficava confuso se estavam falando de pessoas ou pokémon, mas há uma diferença entre criança e filhote. Por um instante olhei para trás, de onde viemos, lembrando dos corpos rasgados... Ignorei por um momento e voltei ao bloco. Após ler a anotação do dia 213, mirava outra mesa e conferia o papel novamente antes de me mover para averiguar mais afundo aquele mistério.

... Bom, parece vou realizar o sonho daquele cara e macular a mesa do deus Montgomery, que provavelmente era aquela.

Depois de ler o bloco de notas e ficar de olho nos dois cientistas, Matte foi na direção da outra mesa ao qual supostamente pertenceu a Montgomery. Tanto Dr. RIchards quanto Dr. Franklyn estavam concentrados em seus trabalhos. Enquanto um lia dados no notebook, o outro ia traçando linhas e cálculos em um mapa aberto no chão, próximo a eles. Pelo visto não notaram a movimentação de Matte pelo depósito, então o agente mantinha uma certa segurança e descrição de seus próprios companheiros de viagem. Esperto, já que não para confiar neles.

Avançando um pouco, agora estava diante da outra escrivaninha. Era bem mais conservada que a outra, com marcas maiores e mais profundas. As gavetas estavam vazias, como o agente percebeu logo de cara ao tentar abrí-las. Ao lado de uma marca redonda, Matte percebeu algo estranho: uma diferença de cores em duas partes do tampo da mesa. Usando o dedo, Matte foi batendo levemente de um lado e do outro, Ouviu um som mais oco vindo da parte mais clara do tampo. Com o auxílio de alguma coisa, ele removeu essa parte, revelando um compartimento secreto. Na parte de cima que ele acabou de remover haviam seis números gravados com algo afiado: “06.78.92”. No interior do compartimento havia uma pasta com duas folhas de papel, uma com dados referentes a um tipo de cálculo proteico e outro com várias anotações em todas as direções possíveis. Dessas, somente algumas faziam algum sentido. “Cobaia 17”, “Minha obra”, “Minha carreira”, “Não vão usar minha criação”, “Meu trabalho”, “Meu futuro”, “Meu filho”. Essas palavras repetiam-se várias vezes na página.

Junto a isso havia um bolo de papel enrolado, como aqueles papéis vistos em máquinas de cartão de crédito ou máquinas registradoras, só que mais estreito e mais longo. Matte não fazia ideia do que aquilo significava ou como ler aquele papel. Afinal, aquilo era útil?

Ao vasculhar a mesa estava quase dando por vencido quando encontrei um pequeno vão. Com o auxílio de uma insígnia (enfim serviam pra algo), conseguia abrir o compartimento secreto e ter acesso a poucos documentos que nada dizem sobre as suspeitas do outro. Provavelmente ele tinha sabotado o projeto por se sentir traído ao se apegar demais ao trabalho. Logo ele, um cientista que deve ter assassinado dezenas de vidas pro sucesso de um experimento, querendo salvar a criação. Enfim, a hipocrisia.

Ainda tinha dúvidas quanto aquela fic. Eles estavam tentando criar o que? Um androide? Guardaria apenas aqueles números por precaução. “06.78.92” quase uma sequência, então era fácil memorizar. Agra aquele rolo? Apenas tiraria fotos para mandar pra Brigitte mais tarde. Quem sabe não expomos pra imprensa ou aos patrulheiros o que acontecia naquelas instalações em um outro momento?

Independente disso, tinha uma missão a cumprir. Por isso abandonava o mistério de Montgomery e caminhava até os "meus" cientistas malucos.

— Estão terminando? Ainda tenho o que fazer depois de deixar vocês no laboratório certo. - Disse, sem medir palavras.

Além de pressa, tinha uma paciência limitada durante missões, principalmente para lidar com pessoas.

Muitas daquelas informações eram dispersas, sem algo para contextualizar ou alguma situação. Bem, Matte sabia que sua missão era uma, e não envolvia descobrir o que aconteceu naquela base em sua era funcional. Não, ele só devia levar os dois cientistas para onde a coisa acontecia  pronto. Falando neles, o agente largava a investigação das escrivaninhas e documentos sobre doutores do passado e foi adiantar os doutores do futuro. Ele foi na direção dos dois e tratou de adiantá-los.

- Não sei adianta a ciência, agente! - dessa vez quem se adiantou foi Dr. Franklyn, mas sem o tom arrogante do outro cientista. Era mais o tom de uma pessoa empolgada com uma futura descoberta. - Aliás, você nos perguntava sobre acessos por escavação, certo? - ele então foi ao encontro de Matte com dois aparelhos, parecendo antenas. - Preciso de uma mãozinha, hehe. Pode escavar a superfície daquela parede? - ele apontou para a parede à esquerda - Aprofunde até chegar na primeira placa de aço, depois conte quinze passos à frente, e faça outro buraco. Coloque uma dessas antenas em cada um dos buracos Vou fazer isso do outro lado! - ele então retira uma Dusk Ball e revela um Drilbur bem simpático. - Ametista, vamos ao trabalho querida! - ele deu as costas e seguiu para a outra parede, sem nem ao menos deixar Matte reagir. - Aiai… esses aparelhos irão medir a extensão das placas através do som, agente. É a melhor forma de traçar um mapa do local sem visitar cada uma das salas. Esse lugar é imenso. - Dr. Richards então explica o procedimento para Matte, justificando mais aquela empreitada. Pelo humor de Matte, era bom que fosse a última.