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001 • Rota 29
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Mas... mas... — Não se esforçar tanto? Essa ideia não pregava na cabeça. Tempo é sim um impulsionador, mas sua falta não significava muita para Hiei. Quer dizer, Fúria estava consigo há algumas horas e ele já enfrentaria desertos para salva-la. Se Maribelle era durona para demonstrar ou só madura o suficiente para não se apegar, meio que tanto faz, ele só não conseguia levar o discurso a sério. E mais do que isso, ele encarava esse resgate como um presente. "Você é como o irmãozinho que eu nunca tive..."
Há alguns temas que Hiei ainda não sabe lidar. Quando essa frase surgiu de Maribelle lhe faltou reação, entendimento. Não é raro encontrar crianças suplicando aos pais por um irmão com quem brincar, usar de cobaia, jogar a culpa. Mas Hiei crescera em um bom ambiente familiar, com boa vizinhança, rodeado de amigos, um combo que não o fez questionar a ausência de um vínculo desse tipo. Olhando para os últimos passos, esse sentimento da menina explica muito de suas atitudes, as puxadas de orelha, as alfinetadas, o senso de proteção. Ele entenderá em alguns anos, mas por enquanto, fica a retribuição dentro do que cabe a interpretação: recuperar Lickitung.
— Sir? Galar? — trabalhem, neurônios, trabalhem — Quer dizer que ele é... importante? Tipo aquelas pessoas que moram em castelos e tal? Sabia que um tio meu já conheceu um castelo de verdade? Ele disse que lá era uma terra mágica com pokemons maiores que as casas de Mahogany! Eu só acredito vendo, porque tinha um terreno na esquina da minha rua que fizeram três andares. Não é um exagero? Eu duvido que tenha um pokemon maior que isso. E ainda tinha uma chaminé grandona... Ah, e tem essa outra menina que estudou comigo, a Beth... — essa não fortalece, só contribui para que Hiei perca totalmente o foco. Batata agarrou a orelha de Hiei e a torceu, o trazendo de volta ao problema atual. — Foi mal, foi mal. Depois eu conto. Eu tava dizendo, é... é... AH É. E se não acreditarem em nós? Tipo assim, não é melhor a gente pegar umas provas? Esse tal de Sir também não pode ficar impune. — e após cinco páginas, a lucidez se faz presente. Amém, irmãos.
O Rotom Phone foi outra vez essencial, agora usado como gravador. Em primeira instância, Hiei se manteria escondido atrás da porta, tentando captar parte relevante e incriminadora da conversa, mas como de praxe, essa abordagem sigilosa só servia para elevar sua ansiedade. O corpo todo tremia, se esforçando para não sucumbir aos impulsos.
— Eu não sei se você vai ficar brava, mas eu preciso fazer isso! Desculpa, desculpa.
Imperativo como sempre, ele deu o próximo passo da maneira menos inteligente possível, mas também mais satisfatória, uma recriação das cenas clássicas de arrombamento.: uma bicuda na porta no melhor estilo 300, daquelas de quando você aperta o botão desesperado em qualquer jogo do Resident Evil.
— IÁ! Mãos para o alto! Rendam-se enquanto há tempo! O Pryce... é... — foda-se, essa cartada precisa funcionar pelo menos uma vez durante essa missão ou Hiei não dormirá em paz. Essa pode ser a última oportunidade, afinal — O Pryce me enviou aqui para apreender vocês! Não vão querer contrariar um líder de ginásio como ele, hein? Aham, aham.
Apesar da falta de juízo, na pior das hipóteses só precisaria bloquear a porta até que os reforços cheguem. Era um win-win, né? NÉ?
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