lucky egg - cherrim - weather ball
A parte boa de tudo aquilo era que o bicho era só um Clamperl, não um Sharpedo tentando fazê-la de lanchinho - então não precisou se preocupar com a ideia de levar umas dentadas maldosas quando caiu com tudo no mar por culpa própria. Inclusive, ainda teve o luxo de, quando finalmente recuou a linha de verdade, encontrar uma escama bonitinha azul que... Oh, essa conhecia bem.
— Pss. — Chamou a loira, balançando o objeto no ar.
— Não tava precisando de uma? — Questionou - então, suave, lançou-a em sua direção. Não prestou tanta atenção no pokémon, considerando que ele parecia passivo, mas Cherrim parecia feliz o suficiente para SE METER e, bem, não o impediu. Tudo que fez foi atirar uma
Great Ball no bonitinho após a brevíssima batalha, considerando que aquele não era o tipo de bichinho que durava muito tempo, por mais incrível que pudesse parecer.
...enquanto isso, ouviu em silêncio os pontos da loira. Tinha consciência que ela tinha sua razão - e sabia que não era um assunto proposital. Sabia que a boba só queria mantar um padrão de conversa sobre "dar" e, bem, tinha plena consciência de que aquele 180º era algo um pouco, hmm, destruidor de clima. O que levava ao ponto de que provavelmente deveria ter dado um aviso a respeito, mas não era como se realmente estivesse incomodada o suficiente.
— ...Eu sei, mas não é bem isso, eu acho. — Balançou a cabeça, espantando algumas gotas de água no processo.
— ...eu podia dizer que é um pouco questão de valores, de certa forma, mas eu também sei que não é bem isso. É só, hmm... Assim, eu não culpo ele por ter algum problema com o passado. Eu meio que já sabia como ele era sobre isso; O Luch é mais do tipo que costuma fugir do que bater de cara, quando o assunto pesa. — Desabafou.
Esse era um ponto que nunca tinha comentado exatamente a respeito e, particularmente, sempre a incomodou; Veja, era uma pessoa de muitos fantasmas e, ainda que um dos ponto principal na época fosse que ~se sentia bem~, junto com ~fazia sentido~ e etc...
...era saudável ter a obrigação de se conter?
— ...Tá tudo bem. Pra falar a verdade, eu não tô exatamente mal. Eu não ligo de falar sobre. — Admitiu, um suspiro manso no processo.
— ...mas eu também ando pensando um pouco se, antes, eu só tava meio... Sensível? Ou se foi só algo que tinha que ser de momento. — Um riso sem jeito.
— ...Eu também não sei se o Luch consegue, ou devia, dar conta da minha carga. Ou mesmo se eu quero isso. — E com isso, queria dizer várias coisas. Suas sombras, fantasmas, crises,
organização.
Eram muitas coisas a se pesar.
...Coisas que, quando parava pra pensar, só conseguia imaginá-lo dando as costas e virando o assunto pra algo completamente diferente.
E isso era um pouco atormentador.
...
...
...
Admito aqui pra você que não
viu o vulto de imediato. Nem teria como, considerando que a atenção foi direto para a loira, que simplesmente cai que nem bosta na água ABSOLUTAMENTE do nada - se não tomou um susto com o fantasma não visto, pode ter certeza que tomou quando quase foi amassada pela doida da sua irmã.
— QUE ISSO, MALUCA — ...e foi aí que se deu conta da terceira presença. Que encarou por algum tempo, eu admito, a expressão meio
blank enquanto o
negócio comentava sobre algo descontrolado. Veja bem: Estava sim falando de fantasmas há pouquíssimo tempo, mas não era nenhuma HISTÓRIA DE TERROR. Um bicho daqueles não tinha NENHUM DIREITO de ser invocado, porque COMPLETAMENTE não era a deixa dele.
A próxima cena foi tão cômica quanto se podia ser, quando teve que dividir o olhar entre fantasma-karinna-moeda-fantasma-karinna-moeda-fantasma-TORRE-karinna-TORRE?
E não entendeu absolutamente nada.
— ...só se eu tiver precisando de óculos. — Disse, bem devagar. Isso, pouco antes de deixar um riso escapar diante da reclamação completamente (in)fundada da loira.
— ...Você realmente tava nessa fé? Eu tô surpresa que não caiu um meteoro aleatório na nossa cabeça do nada, até agora! — Debochou, analisando brevemente a distância de onde estavam para o ponto indicado. Foi nesse momento que percebeu a distância e, bem, não era justo que mandasse Steelix sair nadando que nem uma cobrinha d'água daquele jeito.
— ...cê não engana ninguém, eu sei 100% que só quer ver se tem algo lá pra passar a mão. — Provocou, espiando a irmãzinha de canto. De qualquer jeito, não se opôs: Retornou tanto Kel quanto Cherrim, prometendo ao grandão que o liberaria quando possível, afagando sua cabeçona com gentileza.
Foi nesse momento que liberou Dracovish.
E, hmm, digamos que ainda não o havia apresentado para Karinna...
ou havia? Não lembrava bem.
O que torna compreensível caso ela capotasse na água outra vez. Quer dizer, não é todo dia que um bicho ESQUISITO daqueles sai de uma bola e começa a te encarar daquele jeito vazio, anômalo, puxando ar pela garganta como se fosse asmático - a "quebra" de atmosfera, porém, vinha quando a expiração acontecia, uma bolhinha crescendo em sua narina e espocando ao atingir seu máximo.
...o que basicamente fazia também parecer um balão de festa, lentamente sendo enchido.
— ...eu já te mostrei o Bubs? — ...mesmo assim, esmagou o bichinho com todo o amor do mundo. E ele ficou lá, indiferente à própria existência, enquanto abria e fechava a boca com seus puxõezinhos asmáticos de ar.
— Não é o neném mais lindo do mundo? — Deu um beijinho na cabecinha do animal, que emitiu um
"hrrrrrr" meio doentio.
... ... ...
acho que amor é cego, mesmo.
por aquáticos, no caso.
— Tá, mas... E aí, qual que é a treta? — Enfim, deu atenção pro fantasma. Se é que ele ainda estava ali, considerando que essas coisas normalmente poppavam e desapareciam num estalar de dedos.
...Pelo menos já tinham um destino pra ir.
E aquáticos pra ajudar!
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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?