[Missão de aprendiz] Lysander Lestrange

- Entendo... - Murmurava Lysander, ligeiramente chateado pelo fato de ter de esperar pelo próximo dia. Seus olhos moviam-se das crianças pelo outro Aprendiz. - Perdão... Mas você tem ideia de qual lugar será este? - Perguntava ao também especialista de noturnos, como se esperasse por uma resposta. Ao fazer a pergunta, sentia seu Rotom-Phone vibrar no bolso de seu casaco, mas o ignorava ao menos por hora, já que esperava ouvir a resposta do aprendiz primeiro.

Assim que a resposta viesse, poderia enfim checar seu Rotom-Phone, a confirmar sua intuição assim que a mensagem chegara. Era de Lorcan, a marcar um local para o encontro por ele próprio requisitado. Seus dedos tremulavam por um instante sobre a tela do dispositivo. - Bzt... Psiu... Você pode cancelar, se quiser... - Sussurrava Rotom, ligeiramente preocupado com seu portador, em um dos poucos atos de gentileza já vistos pelo monstrinho até então. Lysander simplesmente acenava negativamente e simplesmente enviava um "" em resposta.

- Vocês dois... - Mudava de posição, tentando se controlar por um instante, a voltar-se agora às duas crianças. - Por tudo que aconteceu, e pelo risco que correm se voltarem às ruas, ou mesmo a seus tios, vocês ficarão sobre meus cuidados até que esta situação se resolva. Preciso garantir que nada mais vai lhes fazer mal. - Dizia aquilo com um tom afetuoso, mas também imperial, como se fossem ordens para que não voltassem a se afastar. Seu solhos viajavam ao outro aprendiz neste momento, como se pedisse por um momento a sós com as crianças. - Posso conversar com eles por um instante?

E assim que fossem deixado a sós, era momento de ter algumas confirmações antes de enfim seguir para seu encontro com seu pai. - Angelo... Laura... Eu tenho uma proposta a vocês... - Seus olhos focavam-se na figura dos dois, seu tom de voz emocionado. - Eu sei sobre seus pais, sobre o mau trato de seus tios, sobre a vida que vocês tem aqui... Sei que especialmente você, Angelo, busca por uma vida diferente desta, que gostaria de continuar seus estudos, e que tem um grande potencial para isso, para se tornar forte à sua própria maneira. - Prosseguira, seus olhos recaindo sobre o mais velho, especialmente.

- Olha... Eu posso não ser o tal Senhor da Lua que você imagina, Laura, ou um verdadeiro super-herói... Que alias... Eu não sou. Mas se vocês quiserem, eu posso tirá-los dessa vida. Permitir que tenham uma vida decente longe de todos estes maus tratos, de toda a pobreza e sofrimento. Dar a vocês a oportunidade de estudar e crescerem... Garantir que tenham um destino certo, com um ramo e trabalho digno no futuro. - Prosseguira, mesmo que meio incerto, pois sabia que o que estava perguntando era algo de grande importância e seriedade. - Vocês... Aceitariam isso? Que eu os tirasse daqui, e que lhes proporcionasse a vida que realmente merecem? Que eu... Os... Tipo assim... Adotasse? Ou coisa parecida... Que fosse ao menos um tutor para ajudar-lhes com os estudos. Teria que ver legalmente quais as possibilidades, mas antes, preciso saber se aceitariam isto... - Finalizava o rapaz, observando-os, receoso da resposta.

- Certo... - Comentava Lysander, já tendo um mínimo de noção de onde seria o próximo ponto de encontro para o recrutamento das crianças ao tal Venos. - Amanhã colocaremos um fim a este recrutamento. - Dizia, apenas para confirmar seus planos a ocorrerem no dia que se seguiria.

No entanto... Outros assuntos demandavam seu interesse imediato. As crianças.

Ao serem indagados sobre a possibilidade de fazerem parte de sua família, ambas as crianças pareciam emocionadas, cada um à sua maneira. Laura era mais expansiva em suas palavras, tornando bem evidente seu desejo de fazer parte de uma família. Já Angelo, também parecia compartilhar tal desejo, mas adotava uma postura mais controlada, por assim dizer. Fato era que de certa maneira aquelas respostas lhe traziam um misto de conforto e alegria, mas também uma pontada de apreensão por estar assumindo tão grande responsabilidade.

- Sim... Acho que sim. - Respondia o rapaz, seus olhos marejados, porém retidos em seus olhos por lutar para não se permitir chorar naquele momento. - Digo, por que não né? Vocês parecem crianças maravilhosas... Se eu puder dar ao menos um pouco de esperança em uma vida melhor que esta... Fico feliz em saber que contribuí com isso.

Dito isso, uma estranha sensação invadia seu peito, como se estivesse sendo levado aos braços de sua mãe neste momento. Um forte calor irradiava de seu coração, seguindo a todo seu corpo. Era algo inexplicável, mas ainda assim, algo que trazia grande conforto e carinho. Era como uma mensagem a dizer que o rapaz estava a seguir pelo caminho correto.

- Bem... Se vocês aceitam... Então precisam se arrumar. Temos um jantar para ir... Alguém que eu quero que conheçam. MAS! Preciso falar com ele antes, então quando chegarmos no restaurante, vocês precisam ficar um pouco na área infantil com as outras crianças, ok? Quando estiver tudo pronto eu os chamo, Ok?

Off: Perdão pelo textão, mas era preciso. kkkkkkkk

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Deixando as crianças em uma área infantil no restaurante em questão, o rapaz seguira até a mesa que lhe havia sido indicada. Ainda bem que se tratava de um lugar de alta classe, caso contrário, poderia não contar com o ambiente infanto-juvenil para as crianças que agora estavam sob seu comando. Seus olhos, captavam mesmo a distância, a figura de seu pai, causando-lhe calafrios desde já. Ao se aproximar, a figura de Lorcan levantava o olhar, interrompendo por um instante o gole de seu vinho. Sua mão gesticulava que se sentasse frente a ele, e Lysander assim o fazia, realizando um breve gesto polido com sua cabeça antes de sentar-se. - Oi... Pai. - Comentou o rapaz.

- Olá. - Respondia Lorcan, a apoiar sua taça sobre a mesa. Seu tom de voz era um tanto ríspido, e seu olhar parecia evitar o do filho, mantendo-se então sobre um dos cardápio à mesa. - Há algo no cardápio que gostaria de pedir?

- Não... Pode pedir o que preferir. - Respondia Lysander, com suas mãos a apoiar as coxas enquanto seus pés batiam-se ao ar em um sinal de ansiedade.

- Tudo bem... - Dizia o pai, em um tom meio aborrecido e arrastado, erguendo sua sobrancelha e a realizar um rápido gesto no ar para chamar por um garçom. Fizera seu pedido, e assim que o garçom se retirara, seu olhar voltava a Lysander, concentrando-se a uma correntinha em seu pescoço. - Enfim... Vamos ao que interessa. Claramente não me chamou por saudade. Então por que o pedido tão repentino? - Seu tom de voz era sério, mas havia também uma pontada de ironia e sarcasmo. O que é desta vez? Precisa de dinheiro? Ou finalmente percebeu que já basta de aventuras e decidiu voltar para casa?

A expressão de Lysander se contorcia, como se algo azedo havia sido ingerido. - Muito espirituoso de sua parte, papai. - Comentava o rapaz, igualmente sarcástico. Então Lysander explicou a situação com Laura e Angelo, bem como seu desejo de adotá-los. Ficara um tanto óbvio o desprezo de Lorcan às palavras de seu filho, apesar de se manter em silêncio durante toda a explicação, limitando a tomar apenas leves goles de sua taça uma vez ou outra.

- Francamente, Lysander... - Respondera Lorcan, enfim, quando a explicação de seu filho cessara. - Você pretende adotar estas duas crianças... Você? Agora é isso que você faz? Sai por aí resgatando crianças de rua? - Seu tom de voz deixava clara uma certa insatisfação.

- Eles não são de rua. - Retorcia o rapaz, em resposta, procurando manter o controle, afinal, precisava de seu apoio.

- E você ainda pretende que eu o ajude com os trâmites legais? O que você pede beira o absurdo, sabia? - Prosseguia Lorcan, a erguer sua mão para pedir por mais vinho. - Pois bem... Digamos que eu o faça. Digamos que eu esteja disposto a permitir que estas crianças tenha nosso sobrenome, que você próprio insiste em desfazer... O que é que eu ganho com isso? - Levantava seu olhar, pela primeira vez a observar seu filho nos olhos, ansioso pela resposta que viria a seguir. Lysander, a sentir o olhar, o observava por um instante.

- Angelo é muito estudioso. E esforçado. Daremos a ele o melhor ensino possível. Quando o momento de sua maioridade chegar, ele, ou mesmo Laura, poderão tomar a frente dos negócios. Você próprio poderá ensinar a ele tudo sobre os negócios. Caso este momento chegar... E eles não o quiserem... Então eu mesmo o farei. - Seus olhos se baixavam diante de sua promessa. Era como se estivesse se rendendo ao desejo do pai. - Abriremos uma filial. Aqui mesmo em Mu Island, e daqui, gerenciarei os negócios. Mas isso, apenas quando as crianças alcançarem a maioridade.

Os olhos de Lorcan faiscavam neste momento, um brilho de vitória a percorrer sua expressão. Sabia perfeitamente que não poderia haver proposta melhor que aquela, mesmo que ainda fosse demandar um bom tempo. - Proposta aceita. Entrarei em contato com meus advogados, pedirei para adiantar a adoção. E claro... O seu termo de compromisso para com esta promessa que acaba de fazer. - Lorcan sorria maleficamente. - Agora... Onde estão meus "netinhos"? - Era claro que não sentia afeto às crianças, ao menos não por hora, mas se aquelas crianças haviam sido canal para Lysander propor tal sugestão, era grato a eles.

Lysander então se levantava, para buscá-las.

O sorriso na face de Lorcan ao ver as crianças parecia digna de fazê-lo vomitar, isso era claro. Assim como Lysander, Lorcan era profissional em disfarçar seus próprios sentimentos, ao menos no tocante às demais pessoas, já que com Lysander (e agora talvez Laura) tal fingimento pouco surtia efeito. Mas verdade era que para grande maioria da população global, aquele sorriso era absolutamente convincente.

- Este é Ângelo. E a menor aqui é a Laura. - Apresentava formalmente às crianças a seu pai, ao mesmo tempo em que logo dera um passo à frente, realizando um beve gesto polido à figura de Lorcan. - Crianças, este é Lorcan. Meu... Pai. - Prosseguira, como se novamente tivesse de engolir em seco para chamá-lo assim. Lorcan percebia, mas mantinha-se em silêncio.

Seja pelo acordo havido entre os dois antes do encontro com as crianças, ou talvez por que simplesmente Lorcan de fato não tivesse nada contra as crianças, o jantar transcorria bem. Pois veja... Lorcan não é mal. Nunca fora. Principalmente a pessoas de fora. Nunca fora de fazer muita caridade voluntariamente, já que quando mais jovem isto era algo que partia de sua esposa, mas nunca representou negativa a tais atos. Seu problema era com Lysander, e a forma fria que fora tratado após a morte de sua mãe tratava-se justamente das lembranças que vinha à sua mente ao observar o rosto de seu próprio filho, mesma razão pela qual após tanto tempo sem encontrar-se com seu filho em um jantar, ainda evitava observá-lo em seus olhos. Apesar é claro... Sentia sim uma pontada de desgosto por permitir que pessoas de uma realidade tão baixa ingressassem em sua família. Mas eram crianças... Poderia educá-las para pertencer à seu núcleo social.

Ao se despedir, o pai mencionava que desejava encontrá-lo novamente no dia seguinte, também durante a noite. Provavelmente para fazê-lo assinar seu termo de compromisso ou atualizá-lo quanto à adoção. - Tudo bem... Me envie a localização e horário para o próximo encontro.

E assim, o rapaz entrara no veículo e rapidamente chegara ao Ginásio. Preparara as crianças para dormir e então as colocara na cama em um quarto separado. Para Lysander, encontrara algum conforto em uma cadeira qualquer, já que não precisava de muito. - Hoje foi um longo dia... Descansem, sim? Amanhã o dia será... Mais longo ainda, receio... - Afinal de contas, era o momento de invadir e impedir o recrutamento das crianças pelo Venos.

Off: Antes de ir pro Fight... Trocar Obstagoon por Sableye.

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Lysander acordava sem sentir muito de seu braço... E isso se devia ao peso de Laura sobre ele, vez que durante a noite a garota simplesmente se espreitara em seu sofá para dormir a seu lado. Num primeiro instante, aquilo causava certo susto, já que não esperava deparar-se com a garota tão próxima de si, principalmente tendo problema com contato físico.

No entanto, logo seu olhar se alterava para algo terno. Sabe-se lá o quanto a garota precisava deste tipo de contato. Gentil e suavemente afastava uma mecha dos cabelos de Laura de seus olhos para trás de sua orelha e sem movimentos bruscos tentava libertar seu braço de baixo dela sem a acordar. Preferia que a garota continuasse dormindo, então após conseguir sair da situação, e sem muito pensar dar um beijinho em sua testa, o rapaz seguira até os aprendizes que observavam a cena e lhe diziam que logo deveriam partir, e que as crianças não tinham permissão para sair.

- Tudo bem... - Respondia Lysander aos demais aprendizes, em meio a um rápido bocejo.

Lançara um rápido olhar para Laura e Angelo ainda a dormir neste ponto. Sabia que acaso simplesmente sumisse dali, as crianças não enfrentariam a situação de maneira muito positiva, então sabia que deveria comunicar a pelo menos um deles. De certa forma, Laura parecia a Lysander mais confiável que Angelo, mas também era a mais nova... No fim, seguira até Angelo, abaixando-se a seu lado da cama e revirando um pouco seus ombros para acordasse.

- Angelo... Angelo... - Repetia o rapaz, até que o rapazinho abrisse seus olhos. - Bom dia... Então. Eu e os demais aprendizes vamos até o encontro da Venos. Mas eu preciso que você fique aqui e tome conta da Laura, tudo bem? - Não precisava disso, mas sabia que dar alguma utilidade ao rapaz poderia aliviar sua consciência. - Por favor, não saia daqui, ok? Voltaremos assim que tudo estiver resolvido.

E assim, após explicar a situação e tentar convencê-lo a ficar, o jovem enfim se retiraria dali rumando o tal encontro e recrutamento das crianças. - Vamos então. - Dissera aos demais aprendizes, certo de que estava preparado.