029 - [MISSÃO DE SOCIEDADE] O Bacomel Vegano é Viciante

Apesar da minha tentativa de reduzir o impacto negativo de tudo que o rapaz estava vivendo, Yori ainda se preocupava com coisas do dia a dia, como fumar um baseado em paz. É, eu devia esperar isso, né? Hehehe Mas o que me chamou a atenção e foi bem interessante era o fato dele questionar sobre a vida de treinador — Bem, fácil não é... Mas você pode seguir teu rumo, sabe? Tomar decisões por conta própria, se virar... Eu gosto bastante, mas já te aviso que vai viver coisas bizarras! Na primeira vez que eu pisei fora da casa dos meus pais para uma jornada eu tive que lidar com um sequestrador que tinha um Steelix e salvar uma menininha. Então... Mas, já que tocou no assunto. Te interessa? Já tem algum Pokémon? Interessante! Hahaha! — Comentei com o garoto, enquanto via as coisas da loja.

Karen também deu sua contribuição sobre sua vivência pré-jornada e eu também aprendi algo sobre seu passado. Vida na Fazenda, é? Curioso que eu goste tanto de Fazenda e ela ache tão chato! Eu quase me diverti plenamente com o assunto se não fosse o maldito mímico que debochadamente batia palmas para um erro da Especialista. Se fosse mais tóxico esse bicho seria do tipo Poison, certamente. Eu apenas dei uma viradinha de cabeça por cima do ombro e o encarei silenciosamente de soslaio. Antes que quisesse matá-lo, voltei minha atenção para a garota de cabelos rosa. Mas enfim... Depois disso ela veio me perguntar sobre dinheiro e a sua vontade de comprar toalhas de mesa, mas antes que eu pudesse responder, uma jovem de quadris largos e uma atitude bastante despojada. Seu nome? Kettelyn! Ela tinha um jeito de falar que lembrava vagamente o sotaque Lillycoviano de Mísia, mas era diferente, específico de Oreburgh, talvez? A garota nos abordou e antes de mais nada já tratou de avisar sobre a PROIBIÇÃO de Pokémon. Um absurdo...

— Olha... Kettellyn, certo? Esse Charmander não é apenas um Pokémon. Ele é meu filho quase, pô... Mas não quero confusão... — Disse, olhando o pequeno que de forma fofa, tentava entender o que ele tinha a ver com Dragonite — Meu querido, vou te colocar para um cochilo na Ball, mas já já te trago para comer algo. E os outros também! Kawaii, você tá precisando de um descanso também, então voltem... — Comentei, segurando a Poké Ball dos dois, uma em cada mão, trazendo-os para dentro. Depois disso, foi a vez do SUSTO. PUTA QUE PARIU, 500 Pokédolar cada kit? — Aí tu me quebra, colega... Isso já é promoção de atacado? Eu meio que tenho uma porrada de outras coisas pra comprar... Não pode fazer então 300 cada kit e eu levo 5? Com esse seu sorriso bonito aí tu consegue desenrolar fácil com o gerente, tu já vai levar uma comissão boa! — Disse para a garota, dando um sorrisinho após o elogio que eu pedia a Arceus que não soasse forçado demais. Em seguida, voltei-me para Karen.

— É, vamos depender desse desenrolo, minha amiga... Aí a gente leva os pisos novos e a toalha e tudo mais que precisarmos! Inclusive, Kettelyn! Se tiver essas outras coisas que precisamos a gente já coloca no pacote e aí fechou, né? Já vai falando pra Keké aí o que tu tem em mente, Karen... E vê pra mim dos pisos que parecem madeira, meu anjo! — Disse primeiro para a Especialista, depois para a atendente. Ah, vai... AJUDA A GENTE!

Era como eu se tivesse tocado num ponto sensível do rapaz, falando sobre Pokémon. Ele se afastou de mim com a pergunta, mas eu havia encontrado uma forma de ajudá-lo. Talvez? Deixaria esfriar um pouco o assunto antes de retomá-lo, afinal tínhamos que resolver essa negociação das mesas e cadeiras. Kettelyn estava reticente quanto a nos dar o desconto, falando sobre o chefe e tudo mais. Eu sabia que ela gostaria dessa comissão, mas certamente se faria de difícil. Precisava achar outra forma de quebrar sua barreira — Então talvez a gente devesse procurar essas mesmas mesas em uma outra loja, por um preço menor... — Dizia para o ar, como se lamentasse, mas para fazer ela entender que não eram exclusivos e a concorrência poderia resolver meu problema. Ou será que eram?

Apesar da minha tentativa nova de negociar, a mulher pareceu ignorar meus apelos ao notar Yori. Ela então se dirigiu a Karen e a mim comentando sobre a hamburgueria e o dono, nosso cliente, que aparentemente era requisitado por muitas pessoas nessa cidade. Pensando assim, será que isso por si só já não encheria a hamburgueria, independente da qualidade do lugar? Bem, não podíamos arriscar. O que aconteceu foi o seguinte, ela nos pediu o número do telefone do pai de Yori e com isso nos daria o desconto. O que eu achava, ÓTIMO! Olhei para Karen, mas nem esperei ela comentar, já me intrometi em alto e bom som — ACEITAMOS! Claro! Consigo isso para já. Cadê o Yori? Ele deve ter o número do pai. Isso vai ser moleza...

Eu não vou mentir, né? Estava empolgado pelas coisas estarem acontecendo e se desenvolvendo bem, então quando vi a oportunidade de desafogar um problemão, fiquei ligado no 220V. Queira ir imediatamente falar com Yori sobre o número do Renzo, mas mais uma vez o melhor aconteceu. O rapaz veio de trás de alguma outra gôndola e nos abordou primeiro. Parece que ele tinha ouvido tudo... O resultado? Um cartãozinho especial(mente feio) da Hamburgueria foi parar nas nossas mãos e nem pensei duas vezes antes de entregá-lo para a lojista apaixonada, mas não sem antes colocar a mão no ombro do rapaz e agradecer pelo apoio — Sei que é constrangedor, mas você tá ajudando muita gente, Yori... Mandou bem! — Disse, dando um sorrisinho e depois parti para entregar à Kettelyn.

Com a submissão concluída, era hora de pegarmos todas as compras e partirmos para a Oreburgher o mais rápido possível. Quaquaval nos ajudaria, mas por mais forte que o pato dançarino fosse, toda a ajuda seria bem vinda, né? Por isso, ao chegarmos na parte externa, fiz questão de deixar Wyetta e Nigel saírem para darem um apoio nas cordas, lá do céu, só pra dar aquela "forcinha" — Karen, conseguiu todas as decorações também? Me dá aqui que eu carrego pra tu... — Comentei, calmo e gentilmente, me tocando depois de que ela era uma Especialista em Lutadores e certamente mais forte do que eu, todo franzino e troncho — ...Digo, eu preciso carregar peso para ficar mais forte, né? Olha meu bracinho... Aliás, depois me passa umas séries aí! Tu deve ter uns exercícios com seus Lutadores que funciona... Aceito todas as dicas! — Comentei, meio sem jeito, ao mesmo tempo que Kawaii, já de volta ao lado externo de sua cápsula, ouvia tudo e dava uma risadinha debochada sobre meu porte físico, mostrando seus músculos para Ishikeru que a acompanhava no chão, lado a lado.

Enfim... Caminharíamos até a Hamburgueria com as compras e eu aproveitaria mais um momento para falar algo com Yori — Ei Yori... Eu estava pensando em umas receitas... Interessantes para a Hamburgueria, dos molhos e tal. Depois que chegarmos, vamos deixar a Karen explicar ao seu pai sobre a decoração e vamos na cozinha para eu te mostrar minhas ideias? Sei que tu quer ver o mundo e sair de lá, mas você é a única pessoa que pode entender o que to pensando... Hehehe