#013 - Homesick

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

Enquanto Enzo e Woop brincavam ao redor e dentro do laguinho, Artemísia aproveitava para se aproximar de Margaery e ter uma conversa franca, tentando tirar mais informações sobre a relação entre a mulher e o Sr. Nottrewood, dono da Cabana e das frutas. Buscando ser sutil, a jovem faz um comentário sobre o quão "bom partido" ele era, recebendo um guincho sutil de concordância por parte de Stormy, que bateu suas asas para próximo das duas a fim de ouvir melhor, dependurando-se num galho próximo, de ponta a cabeça. Esse primeiro comentário pegou a mãe do Enzo de surpresa, era notável pelo seu olhar e sua reação que algo havia tocado em seu íntimo.

— E-ele é sim... Ele se importa bastante com as pessoas próximas dele. Às vezes é um pouco ríspido quando acha que estamos fazendo algo de errado... — Margaery comentava, tentando achar palavras para descrever o homem — Ele certamente é assim porque se importa... Não é mesmo? Imagino que seja um bom partido... — Disse, olhando apenas de soslaio para Lovari, sem encará-la de fato. Margaery aproveitou que estava próxima de uma rocha e sentou-se, educadamente, a tempo de ouvir a segunda parte dos comentários da jovem.

— É, uma pena, não é mesmo...? — Margaery dessa vez riu, mas não uma risada de felicidade ou contentamento, mas talvez de ironia. Depois, acabou sorrindo com mais sinceridade, respirando fundo — Eu acho que talvez ele esteja esperando alguém bastante dedicada a vida de treinadora, que não tenha dúvidas, que não tome as escolhas mais difíceis... — Disse, com pontos estranhamente específicos — Acho que uma jovem como você seria, de fato, um bom partido para ele. Não acha? Hahaha

Depois do desabafo, Margaery cutucou Artemísia, de uma forma descontraída, mas curiosa...
 

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

Tocada pelos sentimentos de Margaery, Artemísia até sentia as lágrimas quentes aquecerem seus olhos, prontas para despencarem por seu rosto. Sendo assim, a jovem acabou abrindo o coração e desabafando sobre toda a sua situação envolvendo o ex e a busca pelos seus sonhos, o que acreditava ser o mesmo caso que o da mãe de Enzo. Diante deste relato, Margaery também se emocionava bastante e, com lágrimas nos olhos, acabou por abraçar bem forte Lovari. Mesmo sem dizer nada, era óbvio que o gesto significava "que bom saber que não estou só". Depois de algum tempo em silêncio, contudo, a mulher secou as lágrimas e esboçou um sorriso de alívio, antes de tentar se explicar.

— Eu sinto que preciso explicar um pouco da situação para você... — Margaery diz, se ajeitando de frente para Artemísia. Ela mantém os olhos fechados e respira fundo, antes de abrir e contar um pouco mais — Sim, o Sr. Nottrewood e eu tivemos um passado... — a mulher parecia receosa de seguir por esse caminho, mas depois de torcer os lábios e olhar para o lado, encara novamente Mísia com certa decisão no olhar — Eu era uma adolescente e ele mais velho. Eu sonhava em ser uma treinadora, mas me sentia velha pra isso... Ele odiava me ver falando isso... Hahaha.... — Ela comenta, com os olhos cintilantes, mas ao mesmo tempo temerosos do que viria depois. O brilho some ao final da frase e a risada curta nem parecia fazer sentido ali,.

— Só que às vezes, escolher um caminho significa também abdicar de outro caminho. Por mais que a gente tente conciliar os dois, às vezes não depende da gente. E eu também tinha um sonho. E eu realizei um sonho... — Dessa vez, Margaery comenta lentamente, trocando olhares entre a garota e a sua própria mão, que segurava com a outra. Por fim, quando falou do sonho realizado, buscou com o olhar seu filho Enzo, que curiosamente estava tentando retirar Woop de um tronco de árvore. Primeiro ela nem notou isso, depois acabou tomando um susto e, cortando o assunto, se levantou e foi correndo ajudar o menino..

— Por Arceus, Enzo! O que houve com a Woop? — Perguntou a mãe, abaixando próximo do garoto e sua Pokémon para analisarem o que havia. Se Artemísia também fosse até lá, notaria que a Pokémon estava presa no tronco, de cabeça para baixo, grudada em alguma substância de cor âmbar. Enzo já tinha a resposta, pois com um dedo passou nesta mesma substância e levou até a boca, para o desespero da mãe — É mel!  
 

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

De fato, Margaery e Artemísia tinham muito em comum, apesar de terem tomado caminhos diferentes. Por isso, era natural que tivessem uma certa empatia uma pela outra. Isso fez com que a mãe se abrisse e contasse parte da sua história: "parte", pois a profundidade desse novelo de tramas parecia ser ainda maior do que o que havia sido desenrolado. Entretanto, provavelmente seria um assunto para outro momento, já que Woop e Enzo acabaram chamando a atenção pela "situação" da Pokémon.

— Ela tentou passar pelo tronco e ficou entalada... O mel tá bem grudento mesmo... — Dizia Enzo, tentando desgrudar a companheira aquática. Artemísia pensava em aquecer a substância para que se tornasse mais fluida, porém faltavam opções de Pokémon de fogo ou ao menos golpes para tal. O jeito era tentar apelar para os poderes de Bloom para "descolar" a Woop da madeira, o mais delicadamente possível — Éééé! Acho que tá soltando! — Comentou Enzo, empolgado, apesar da expressão de dor e sofrimento no rostinho da Wooper.

Lovari também se preocupava com quem havia colocado o Mel ali e para isso solicitou apoio de sua fiel companheira Stormy, que deixou o galho de onde se abrigava para bater asas velozmente ao redor. Ela lambeu o mel do tronco e depois disparou por entre outros troncos e folhas, emitindo seu guincho quando encontrou algo mais distante. Se Artemísia fosse conferir, notaria que se tratava de "pegadas" em formato de mãozinhas com mel, ora aqui, ora acolá, mas deixando um rastro...

— Maravilha! Conseguiu! — Dizia Margaery, ao mesmo tempo do chamado de Stormy, enquanto Woop, desorientada, mantinha-se em pé, mesmo que cambaleante. Nas suas costas, ainda uns fragmentos de madeira grudadas, mas ela iria sobreviver. Bloom estava também orgulhosa do trabalho e jogava seu prolongamento do "chapéu" para trás como se jogasse os cabelos compridos, com a melhor expressão de "Gostasse"?.

Enfim, agora Lovari precisava decidir o que fazer a seguir... 
 

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

Depois de conseguir soltar Woop do grudento Mel, era o momento de partirem em busca do rastro da doce substância que havia sido encontrada por Stormy. Como havia dito, eram diversas patinhas que davam a entender se tratar de um Pokémon pequeno e de aspecto arredondado em seus detalhes. Talvez pudesse ser realmente os Teddiursa que estavam procurando, mas será que o objetivo da busca seria encontrado tão rápido? Lovari solicitou o apoio de Bloom e da Crobat para ler os sentimentos de quaisquer Pokémon e pessoas próximas, bem como um apoio aéreo, meio dificultado mais adiante pela complexa copa das árvores que se misturavam.

— Vaaaaamos! — Dizia Enzo correndo na frente, para o desespero de Margaery que tentava acompanhá-lo em vão, enquanto se equilibrava com a pesada mochila nas costas. Além do mais, o caminho ficava cada vez mais íngreme e com diversas raízes aéreas que poderiam gerar um belo de um acidente. Porém, o que provavelmente impressionaria Artemísia e que Stormy também tinha notado era o que estava no alto da breve colina que subiam e era notável dali de baixo. Talvez não por Enzo ou Margaery, por estarem distraídos... Enfim. Havia um casal de idosos sentados em posição de prece, um de frente para o outro. Estavam silenciosos, estáticos, provavelmente meditando.

Isso seria normal, até. E explicaria o fato de Bloom não ter os "lido", já que estavam meditando e livres de fortes emoções. Porém, a questão é que estavam bem no caminho e contornar não parecia uma opção pela densidade do bosque que se formava a cada novo passo. Deveriam atrapalhá-los? 
 

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

Para alívio de Margaery, existia a companhia de Artemísia. A jovem servia de tia para Enzo, tentando convencê-lo sutilmente a não correr na frente "desembestado", evitando acidentes. Ele tinha muito apreço pela loira, apesar do pouco tempo de contato que tiveram e assim que Lovari comentou sobre esperar a mãe, o jovem reduziu o passo, subindo em uma das grandes raízes para esperar que o alcançassem. Woop fez o mesmo... Um pouco atrás, Margaery sofria com o peso das bolsas e recebeu uma sugestão de ajuda de Mísia, que se ofereceu a repartir o peso, pelo menos nesta subida — Não se preocupe! Só preciso de ajuda pra subir nessas raízes e pedras mesmo, mas assim que chegar no plano de novo eu me viro bem! — Comentou a mãe, que foi ajudada por Lovari em alguns "degraus" naturais, altos demais para alguém carregando peso.

Mas enfim... A caminhada culminou no encontro do trio com uma dupla de velhinhos, um homem e uma mulher, ambos meditando. Como Bloom não os sentiu era de se esperar que fossem especialistas nessa de meditação, talvez até demais, porque por mais que Artemísia tentasse se apresentar e chamar a atenção daqueles que bloqueavam o caminho, eles não se moviam e nem pareciam dar atenção ao que era dito. Foi aí que algo bem estranho aconteceu... Da fumaça de incenso que queimava num jarro a frente deles, duas formas de Pokémon Fantasma surgiram e claramente desafiavam o trio para um combate. Mas... Será possível?



— Oh! Um Gastly e um Haunter... Vamos batalhar juntos. Vamos!!! — Dizia Enzo, animado, era tudo uma grande brincadeira para ele. Diante disso, o que fazer?