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Interlúdio

- Hmm, eu acho que ta mais pro contrário - Dei um sorriso de lado e pendi a cabeça, um pouco envergonhada do que iria dizer - Ela já aprendeu a lidar comigo. Sabe como é, né?! Esperneando pra conseguindo o que quer - Apontei para o doce bem na mão da "criança" - É complicado. Eu acho que ela foi abandonada justamente por esse temperamento e juntou esse caos todo com ódio a treinadores. Só aceita essa relação se sentir que ta mandando... não tenho certeza se não to sendo chacota mesmo ou só negociando - A verdade é que em um curtíssimo período de tempo eu usei quase um salário mínimo inteiro pra comprar coisas pra Morpeko, justamente por não saber controlar ela de outra forma - Eu vou ter que passar em algum treinador Dark mais experiente pra aprender melhor sobre como lidar com isso, porque eu sinceramente acho que estou perdendo...

O pior é que eu não sei se Matthew poderia me ajudar; ele provavelmente seria um dos treinadores que descartariam Morpeko simplesmente por não ser subversiva em hipótese alguma. Sinceramente? Eu gostava disso, apesar de ser um EMBROLHO que deixei cair no meu colo. De certa forma, a inocência e o recalque/esquecimento dela quando está amarelinha me é ainda mais agradável: eu SONHO com o dia que eu vou simplesmente comer e esquecer tudo que eu fiz...

... e olha que eu tento até hoje. Parece até que a bonita aqui é basicamente meu alter-ego "Ideal": Surta quando bem quer e não tem culpa nenhuma quando passa. O mal dentro dela não afeta o bem e isso era um bocado tentador para minha pessoa; seria meu pathos favorito, admito dizer. Talvez todo esse papo de fragmentado do Thito passe a fazer sentido agora que eu entendo o quão confortável é se alienar dentro de si.

Enfim! Admito ter ficado um tempo reflexiva, mas o silêncio me fizera levantar a cabeça para Daisuke e falar as seguintes palavras:
- Ta ai, você me deu uma boa ideia. O nome dela vai ser Ragnarok, tudo a ver, né?! Tudo é o fim do mundo... - Ela, ainda muito alheia a conversa, pareceu ter ouvido fração disso e reagiu positivamente ao nome que dei, apenas lhe respondi por alto - Ótimo, Ra-g-na-ro-k, vai lá brincar com os outros pokémons - Falei, separando os fonemas mas não as sílabas. Ela, em seu estado de calma, foi.

Depois disso, a conversa voltou para algo mais pragmático e a pergunta do garoto me levou a formular algumas hipóteses:
- Usa mesmo, não perde a oportunidade de virar o Rei Momo - Dei-lhe uma cotovelada - Mas sério, eu acho que "Rei Momo" deve ser algum título pra quem vence. Já foi em Cinnabar?! Eles tem tipo um ritual parecido, que você tem que enfrentar o vencedor pra ser dado como o herói. Tem cara de ser algo assim, não?

A essa altura me certifiquei que Ragnarok estava beeeeem longe antes de prosseguir com minha fala PIADISTA. Sim, seria uma piada, mas eu não esperaria que Daisuke entendesse a priori:
- Se desse para ser em dupla, ia te cadastrar com Morpeko. Sério, ela é uma EXCELENTE treinadora pokémon, você ia ter uma coach maluquinha do seu lado - Mentira, não sou NEM DOIDA de deixar meus pokémons nas mãos da Morpeko. Vai que eles decidem seguir a ela e não a mim?

Interlúdio

"Torneio", acho que não tem nenhuma palavra mais gatilho que isso para mim. Faz poucos dias que eu sai de torneio COLOSSAL e se eu tiver que sentar numa mesa e analisar uma sequência de adversários e de chaveamento eu juro que eu morro de causas naturais. Pera, desgosto é causa natural?! Não sei. Enfim, assim que Daisuke deu um passinho para o lado para se retirar da fila eu fiz o mesmo, sinalizando a moçoila da inscrição:
- Não não, estou só acompanhando - E dei um sorriso sincero, agradecendo pela informação e liberdade.

Já na lateral da fila, me dei a liberdade e abraçar Daisuke mesmo com ele suado, afinal de contas ~~é um abraço online e não vai me afetar~~ eu não iria perder a oportunidade de abraçar um amigo que vejo tão pouco só por causa de etiqueta e modos. Dei-lhe também um beijo na bochecha e depois chamei Morpeko - já mais calmo, graças a Deus - para mais próximo.
- Cara, eu tava em Mu Island e vou pra Mossdeep. Não sou muito fã de voar em Sela de Vôo distâncias tão grandes, eu prefiro dar uma parada em terra firme pra Bragui descansar ai eu vim bater perna pros lados de cá - Dei um empurrãozinho em Morpeko, como se estivesse deixando em evidência "minha criança" ou "minha cria", mostrando a Daisuke - Capturei essa pestinha lá agora, ela tava completamente biruleica das ideias em Mu Island, achei que seria bom pra ela conhecer os arredores de outra cidade... - Morpeko estava TÃO focada em comer seu doce que nem se deu o trabalho de levantar a face e cumprimentar o ruivo, até porque, ela não gosta muito de gente mesmo - ... E outra, eu vi pelo GTS que você tava por aqui, acho que eu seria menos inútil se eu viesse te entregar as vitaminas presencialmente, né?!

Peguei da bolsa uma sacolinha de papel, dessas de padaria, e verifiquei o conteúdo. Contei rapidinho e, antes de entregar pra Daisuke, entrei num outro assunto um pouco curioso:
- ... agora, vem cá, o que é esse Torneio Rei Momo? Pode dupla? - Fiz uma pergunta sincera, mais pela curiosidade do que pela vontade de participar.

Interlúdio

OFF: Só assim pro Dr. Wester me narrar ): Postando primeiro pra farmar Posts QQQQQ

Quando eu e uma fila de inscrição inevitavelmente ocupávamos o mesmo espaço, eu pude ter certeza daquilo que pensei ter visto outrora; era Daisuke e ponto final. Não seria tão absurdo assim lhe encontrar, inclusive, era meu plano, mas eu não sabia que seria tão rápido (mas não tão fácil assim). A pouco, fizemos uma troca rápida e descobri que ele estava em Lilycove. Fiquei irritadíssima com o fato de ter gastado dinheiro atoa sendo que essa troca podia ser presencial, e decidi ao menos poupá-lo o tempo de ir até um correio retirar os itens.

Com a permissão dele, passei no estabelecimento e retirei as vitaminas que lhe enviei e um dos meus planos era vê-lo.

Seria forçar muito a barra e dizer que Morpeko e Daisuke tinham em si semelhanças que me adiantaram o processo?! Acho que não... Quer dizer, o garoto, apesar de não estar fazendo um auê, chamou atenção de 50% das pessoas para conseguir fazer a inscrição, enquanto Morpeko deu conta dos outros 50%.

Estes 50% que olhavam para o roedor preto-com-roxo de olhos avermelhados estavam PROVAVELMENTE olhando para mim e me culpando. "Eu sabia que não seria fácil, mas precisava ser tão difícil logo no primeiro momento?". Sim, precisava: Morpeko não me daria sossego em hipótese alguma e eu o capturei sabendo disso.

Dei um suspiro pesado e fui em direção ao chororô barulhento do PikaClone, abaixando um pouquinho e pegando-o no colo. Ninei-o um pouco no meu peito e com a inefetividade do ato, decidi dar-lhe logo um doce qualquer que tinha na bolsa. Peguei com a mão "mais livre", segurei firme e levantei-a na altura do nariz de Morpeko.

Um pouco confuso, numa mistura de desejo e desespero, o pokémon ficou em silêncio e demorou para pegar a guloseima mas, assim que fez, começou a amarelar (literalmente). Um segundo suspiro pesado me fez largá-lo no chão com calma, enquanto ele roía o doce que eu tinha lhe dado e, enquanto ele ficava completamente entretido com a comida, lhe tirei o folheto do Campeonato Rei Momo e retornei Ran para a esfera, sabendo que sua presença só iria lhe influenciar mais.

Aproveitei o momento para caminhar até Daisuke e lhe dar um oi rápido:
- Ai amigo, desculpa o auê - Comentei, já lançando mão do perdão - Mas vem cá, deixa eu te dar um toque... - apontei para a costura da sua blusa na altura do ombro - Eu acho que sua blusa ta do lado do avesso.....

[/quote]

Interlúdio

OFF: OI CHEGUEI!!

Não muito mais tarde do horário do meu pouso, me vi em desespero. Dei-me o desafio de criar uma relação com Morpeko que me obriguei de sair de Mu Island para isso; o ambiente podia ser muito tóxico ao roedor. Voei para Lilycove e parei lá num pátio qualquer, a estética féerica da cidade sempre me acalma e eu esperava que fizesse o mesmo àquela pokémon.

Sentei numa praça, peguei um sorvete e quando virei-me para dar a PikaClone, a vi indo embora numa direção desconhecida, puxando Greninja pela mão e com um folheto estranho na outra. Corri para alcançá-los mas o perdi de vista num pequeno instante, já que meus orbes se voltaram para outra coisa...

... um conhecido, de blusa vermelha, andando como um foguete na mesmíssima direção que Morpeko foi. Era Daisuke?! Olhei-o com a sobrancelha arqueada, tentando entender aquela imagem. O garoto estava de bermudas amarrotadas e blusa do lado do avesso, correndo como se tivesse perdido algo ou alguém e soubesse muito bem onde este algo-ou-alguém está.

Segui na mesma direção, vendo que meus dois interesses se cruzavam na mesma direção geográfica e, quando finalmente me aproximei, entendi. Era uma espécie de torneio e Morpeko tinha arrastado Ran para se inscrever. A coitada, ainda muito focada em replicar seu Clube da Luta, estava disposta a inscrever A MINHA POKÉMON para batalhar num tal Torneio do Rei Momo.
- Não, não mesmo... - Falei pra mim mesma, em voz alta, enquanto corria em direção a ficha e puxava o braço de Morpeko para fora dali.

Não sei se neste ponto Daisuke já havia notado minha presença ou não, muito menos em que ponto da fila o garoto estava, mas o chororô de Morpeko poderia criar uma enorme comoção... O pokémon começou a mudar sua coloração, seus olhos começavam a ficar vermelho e ele começava a se irritar com o fato de ser contrariado.

Fur Elise

Ticket de 10% de EXP ativo

Itens:

Quando os golpes finais vieram a acontecer, semicerrei os olhos instintivamente, tentando não ver o final trágico que Kouman nunca iria levar. Quando os abri, o resultado era vitória e, junto dela, toda a consequência possível. Idolatria e medo; era um misto de sentimento que consolidava Tyranitar como campeão. Kouman, ignorando o chilique de Morpeko, bateu no peito e urrou. Fez isso até controlar o Sandstorm e reduzí-lo a uma pequena areiazinha ventando no cenário. Usou a máscara-corporal que ganha em sua evolução para se assemelhar a uma mariposa, piscando um dos “olhos” de suas manchas corporais simétricas e mimícas. Deixei-o ai, mais focada no sentimento de Morpeko, que perdera completamente o holofote da situação.

Talvez eu tenha tirado a única coisa que aquele pokemon tinha conquistado na vida e comecei a crer que devia algo para ele.

Uma alegria, uma confiança, um vínculo.

Enquanto Kouman aproveitava seu momento de glória, caminhei lentamente e observei Morpeko da distancia mais segura que eu podia estar. O vi comendo todos aqueles doces e tive um certo receio de se tratar de esteroides como os meus. Ledo engano: eram simplesmente magoas sendo engolidas. Deixei-o terminar sei banquete e bocejar um pouco e, quando eu menos esperava, o vi dormir. Esse era o Morpeko que a PokeDex falou pra mim.

Peguei uma Friend Ball, clickei no centro da esfera e tentei capturar o pokemon, sem muita certeza se a ideia funcionava. Enquanto a luz vermelha o raptava e o apetrecho balançava para lá e para cá, falei em voz alta para todos ali:
- OUVIRAM O MESTRE! ACABOU! Todo mundo circulando e voltando para suas casas, não tem mais nada aqui - Fiz um sinal de “xô” com as mãos e depois um circulo com os dedos, reiterando que eles deviam ir para casa.

| #TreinoWinnie | Pincurchin 173 | Starmie 29 | Eelektross 14

Fur Elise

Ticket de 10% de EXP ativo (imitando você na sua rota e deixando pra lembrar)

Itens:

Estranhamente, o Morpeko de olhos vermelhos não era apenas "obscuro", ele era brigão. Devo admitir que ser chamada de trapaceira me incomodava MUITO; parte por ser verdade e outra parte por ser uma completa injustiça. Sei que isso é paradoxal, mas vamos lá; como treinadora, eu dei esteroides para os meus pokémons e sei que isso é "roubar" nessa ética selvagem de Morpeko. Quer dizer, Morpeko é mesmo um mon selvagem? Eu ainda não tenho certeza disso, mas chuto que sim.

Por outro lado, me acusar de roubar porque Kouman evoluiu era uma completa injustiça, já que ele mega evoluiu POR CONTA PRÓPRIA. Quer dizer, eu até roubei, mas ele ta me acusando do crime certo por motivos errados!
- Se você acha que EU roubei, você vai ter que provar - Falei, cruzando os braços irritadas - Não faz diferença NENHUMA eu estar aqui ou não, Kouman fez isso sozinho. Já viu um TREINADOR evoluir? Na-na-ni-na-não, pokémon evolui porque quer, não tenho NADA A VER COM ISSO. Não gostei, você ta sendo injusto.

Não sei se Malamar iria transmitir essa discussão ou não, mas havia "algo" ali que começava a me incomodar: porque será que Morpeko tem tanto receio de deixar treinadores entrar? Ponderei um pouco, mas era minha vez de atacar e isso me fez interromper a linha de pensamento pra ordenar. Não era uma batalha fácil; Superpower de um Honchkrow faria um enorme estrago se desse crítico, independente do debuff de Stage ou não. As speeds provavelmente eram as mesmas e eu dependeria de um "Speed Tie". Seria muito próximo do "so close"; tudo isso mesmo depois de Ran fazer o papel dela.

Retornei minha sapinha, dando um beijo na pokébola.
- Kouman, duplo Ice Punch no Honchkrow - Suspirei, esperando que a ordem saísse menos medrosa do que de fato era.

Depois disso observei. "Roubar" como treinadora é um sintoma um pouco de desconfiança; seria Morpeko um pokémon.... abandonado?! Olhei-o de cima a baixo, esperava um mísero traço de admiração, mas ao invés disso recebi um bocado de olhares odiosos. Certamente não é um pokémon fácil de lidar, mas ao ponto de abandonar? Será?

| #TreinoWinnie | Pincurchin 172 | Starmie 28 | Eelektross 13

Fur Elise

Itens:

Enquanto andava na rua, comecei a me sentir mal. Olhei para Kouman e vi um dinossauro extremamente monstruoso. Logo em seguida pensei na imagem fofa do Morpeko que outrora encontrei dormindo na rua; se houvesse uma luta direta, ela seria no mínimo injusta. Um arrepio me subiu até o topo da cabeça e eu comecei a me achar um tanto quanto malvada.

Se antes eu achava "overkill" usar Hati naqueles confrontos, não me parecia tão menos "overkill" usar Tyranitar com uma Mega Stone. Ainda assim, eu vi do que eram capazes e eu sabia que eles podiam me ganhar no cansaço. O problema central era que dois dos meus três pokémons darks eram "bazucas" e eu realmente estava mirando num ratinho com elas.

Bleh, tudo bem, eu vou dar um jeito... né?! Acho que sim. No mais, segui com a consciência pesada em todo o trajeto até enfim botar os pés naquele galpão abandonado.

A priori, a única coisa que pensei foi: de quem é este galpão e porque a prefeitura está deixando que façam especulação imobiliária em um troços TÃO PERIGOSO. Certamente daqui uns dias o teto disso vai cair na cabeça desses pokémons e dezenas de treinadores perderão seus preciosos pokémons-rebeldes. Enquanto isso não acontecia, Morpeko usava a área nobre pra algo ainda mais nobre que a área-geográfica: treinar.

Eu começava a ter simpatia pelo grupo, que claramente era forte como era porque treinavam entre si. Devia ser muito estranho para um treinador perceber que seus pokémons Darks estão "crescendo sozinhos" e deixar isso acontecer; comigo não seria assim. Andei ao lado de Kouman por todo o trajeto, tendo certeza absoluta que todos ali saberiam que ele tinha uma treinadora que lhe amava e lhe treinava. Não precisava sair abandonado por ai treinando; eu posso dar algo para ele que rebeldia não lhe dava.

Aqui preciso admitir que tive um sentimento que a tempos não tinha: apesar de todos os pesares da minha ética e da minha personalidade, eu sou uma boa treinadora. Há amor envolvido nas minha relações com meus pokémons e também há uma parceria um bocado bonita com alguns; isso era bom de se mostrar pra quem pudesse ver.

No mais, como éramos novatos, logo fomos recepcionados por uma espécie de trote. Quis muito liberar Araquanid para esse confronto, mas senti que ainda não era o momento de por um pokémon diurno em campo, então liberei Ran mais uma vez. A sapa, já imaginando o que lhe esperava, se posicionou bem ao lado de Kouman, que SEM MINHA PERMISSÃO deu um rugido forte e Mega Evoluiu.

Ele QUERIA se mostrar pros colegas; ele QUERIA ser reconhecido como o fortão. Quase me aproximei dele e dei um tapinha na sua bunda pra deixar de ser trouxa, mas depois pensei com meus dois neurônios lúcidos: talvez isso seja bom. Deixei-o fazer e só ordenei o que já iria ordenar:
- Some com esse Anger Point daqui! - Falei ao Jacaré, brincando um pouco - Ran, a gente não consertou seu Moveset antes de vir e não da tempo de ver isso agora, mas vamos usar duplo Ice Beam no Krookodile e Mega-Kouman vai focar ele também, usando duplo Ice Punch!

| #TreinoWinnie | Pincurchin 171 | Starmie 27 | Eelektross 12

Fur Elise

OFF: Jellicent - Power Band
Greninja - Focus Sash
Tyranitar - Mega Stone
Houndoom - Power Lens
Araquanid - Sitrus Berry
Togekiss - Shell Bell ~~(nem sabia que tinha isso)~~

Passei no Centro Pokémon e usei a máquina de cura rapidinho. Ajeitei algumas trocas rápidas, peguei alguns itens no correio e fiz a parte "burocrática" de ser narrador. No fim da tarde, carreguei todos para a base que arranjei e liberei-os um de cada vez. Freya penúltima, Sleipnir última. Admito que o raio vermelho que materializou o inseto me dera um pequeno ataque-cardíaco já que, ao seguir a projeção da pokémon com o olho, não a vi. Por um instante achei que o apetrecho estava com defeito ou que Araquanid tivesse fugido, sabe-se lá quando ou como. Olhei com mais afinco no cenário, balancei a cabeça um pouco nervosa e finalmente falei:
- Slê?! - Questionei em tom médio, demonstrando uma preocupação contida.

A pergunta retórica foi vista como um chamado e de trás de Jellicent sai uma bolha d'água rosa, com os pés encolhidos e escondidos atrás de algum móvel. As bolhinhas que protegiam sua articulação eram rosa-clarinho, quase branco, e ela posicionara bem ao redor da bolha grande, tornando-se extremamente semelhante à Freya num mimetismo EXTREMAMENTE BIZARRO.

Quando a vi, meus olhos simplesmente se arregalaram.
- Mas o quê... ???- Foi a única coisa que consegui dizer. A reticências de "pontos" não eram suficientes para expressar a pausa abrupta na minha pergunta; era uma "reticências de interrogações". A aranha, sentindo certo orgulho de sua nova coloração, esticou as pernas e veio até a mim, emitindo um barulho um tico aquático, comum de Freya também. Não sei explicar porque isso me irritou TANTO, mas em certa medida já era ruim lidar com uma Freya, ter que lidar com duas era o meu inferno particular. Levei a mão até a testa num tapa e tanto, me recuperei e disso - Ok a gente NUNCA MAIS vai num psicólogo. Vocês não estão preparados pra isso.

Depois disso sacodi a cabeça e fui fazer o que tinha que fazer: alimentar minhas feras, vitamizar minhas feras, cuidar das minhas feras e principalmente: dar e receber carinho das minhas feras. Eu tava um pouco triste, devo admitir; eu sentia que precisava entregar Morpeko para as autoridades mas eu simplesmente não queria. Esse embate ético SEMPRE me causa uma angústia e um sofrimento muito grande.

No fim, decidi o que sempre decido: "vou fazer o que quero e pronto-cabô". A noite caiu e eu fui com minha trupe até o lado de fora do condomínio. Retirei QUASE TODOS os Power Trainers Itens e distribui itens certos dessa vez. Retornei cinco para a esfera e deixei apenas Kouman comigo, andando ao meu lado a noite. Fomos em direção ao mesmo beco em que estávamos e eu já tinha tomado minha decisão: eu iria entrar pra esse tal Clube de Luta e sobreviveria a essa noite.

Levei também um bocado de bala Fini pra dar pra Morpeko, já que minha imagem não ta muito limpa pra ele; é melhor tentar conquistá-lo pela barriga um tico.

| #TreinoWinnie | Pincurchin 170 | Starmie 26 | Eelektross 11

Fur Elise

OFF: Posso aproveitar o pretexto pra ir no CP e dar curar/dar Candy pros meus mons? Preciso por a Gatonha no lvl 10 pra breedar. Não vou narrar interpretativamente pq teoricamente Winnie não recebeu ela ainda, já que ela ainda n foi no battlefield KKKKK é só pra adiantar.

A sorte nem sempre me sorri, mas desta vez ela gargalhou pra mim. Uma das cabeças ficou como se tivesse tomado um picolé de limão extremamente gelado, tendo o cérebro congelado por completo. A outra, provavelmente por não conseguir controlar sozinha aquele corpo enorme, ficou batendo cabeça (literalmente?) e acabou por não agir. No fim, a paralisia poupou Kouman de um enorme machucado e um chororô, tirando toda a tensão dos meus ombros frente ao resultado positivo.

- Boa grandão! - Anunciei, com o dedo opositor fazendo sinal de "joinha". T-Tar, do jeito dele, respondeu.

E ai, após a vitória, eu fiquei olhando pro mon desmaiado no campo inimigo e esperando um "passe livre" pra entrar. Meu olhar ia ora pra Malamar e outra ora pra Zweilous, esperando algum "pensamento intrusivo" me parabenizar e abrir as portas. Só que, para meu espanto, um chiado irritadiço foi a única coisa que consegui ouvir; e não foi pela telepatia de Malamar.

Meus olhos foram em direção ao som e eu vi um outro Pokémon no lugar de Morpeko: de mesmo formato, porém de olhos muito mais semicerrados e um tom obscuro, que misturava o roxo-escuro com o vermelho-sangue (nos olhos). Espanto foi minha primeira reação; não tive medo mas minha boca caiu num "o" perfeito e eu tentei falar algo, mas não tinha o que dizer. Ao invés disso deixei-o ir sem falar absolutamente nada e quando ele deu uma cabeçada na porta e saiu de cena, pronunciei um "hã?" completamente confuso.

Malamar me dera uma pequena demonstração do que eu ganhara com aquele duelo, dando finalmente o "passe" que eu queria. O problema é que esse maldito passe parecia MUITO uma armadilha motivada pela vingança de uma criança mimada que perdeu. Péssimo perceber isso; mas era a realidade. Em resposta apenas vocacionei um:
- ...tudo bem.

Todos saíram de cena e restou eu, Kouman e Ran dormindonga ao meu lado. Olhei os dois pokémons e concluí o óbvio: se vou voltar aqui, ao menos tenho que me preparar. Fui caminhando até o Centro Pokémon com calma, pensando um pouco no assunto. Parei num supermercado e comprei coisas básicas e/ou rápidas, como um Cup Noodles, pão de sal, água engarrafada e três cervejas. Na volta, pretendia passar no apartamento que aluguei pra ~pensar~ numas coisas.

A primeira coisa que eu precisava pensar é: eu devia levar só pokémons Darks? Se eu concluísse que sim, teria que aceitar me vulnerabilizar e abrir mão de Togekiss. Apesar disso, usá-lo podia criar uma balburdia ainda melhor naquele clube-noturno. Era uma decisão importante de se tomar, mas apesar disso, não foi nada disso que ocupou minha mente nesse caminho até o CP. O que eu realmente pensei foi na mudança drástica de um Morpeko pra outro, me fazendo chegar numa simples e idiota conclusão:
- AAAAAAH é por isso que ele é Dark. Faz sentido. Se ele não tivesse essa transformação ele seria só Elétrico... - Devaneei sozinha.

| #TreinoWinnie | Pincurchin 169 | Starmie 25 | Eelektross 10

Fur Elise

OFF: Quase ctz que você não contabilizou o dano do Superpower e o HP do T-Tar ta 93.

Ao cair, Malamar se silênciou. Não sei ao certo dizer que foi uma inevitabilidade do "nocaute" ou simplesmente uma falta do que dizer; era minha vez de atacar e a voz de Morpeko não deveria vir. Além disso, ele não caíra como Greninja, desmaiada no chão. Malamar foi mais "elegante", se retirando estrategicamente frente ao fato de que não tinha mais energia alguma para lutar.

Olhei para Ran com um olhar um tanto quanto triste. Eu odiava ver meus pokémons nocauteados? Sim, mas devo admitir que o que mais me doeu foi vê-la falhar num teste. A pokémon é extremamente ansiosa e sempre se vê num conflito interno ENORME, onde ora acha que deve se apressar para alcançar seus "irmãos" e outrora acha que ir rápido demais lhe causa atropelos e acaba sendo paralisada pelo medo. A experiência de (talvez) não ser digna de um grupinho de Pokémons Dark pode lhe causar qualquer um dos dois sintomas: ou se sentirá na obrigação e na cobrança de se tornar, ou não irá mais querer saber disso.

Caberá a mim, independente de qual escolha ela irá fazer, gerenciar isso. Ser treinadora é cansativo, viu?! Por isso, fiz o máximo que pude: retornei-a da esfera apenas para tirá-la do campo. Depois disso, a materializei bem ao meu lado, numa caixa ou mureta qualquer da viela, lhe deixando sentar e descansar. Fiz questão de tocá-la no topo da cabeça e aferir sua consciência ora ou outra, mostrando que ao menos amor e carinho ela teria. Enquanto isso, continuei a batalha:
- Duplo Ice Punch no bipolar! - Comentei, mais fazendo uma piada com as cabeças e seus conflitos do que com o diagnóstico em si.

Para um alívio meu, Kouman estava indo EXTREMAMENTE bem. Quem diria que o pokémon que mais me deu problema para treinar me daria tanto orgulho em plena missão de sociedade, né?! Rememorei todo o chororo e empacamento do T-Tar no dia de sua evolução; até do sonho medroso que teve em Unova. Realmente nunca pensei que o dinossauro fosse ser um pilar de suporte e sustento um dia, eu devia acreditar mais em Kouman, né?!

| #TreinoWinnie | Pincurchin 168 | Starmie 24 | Eelektross 09