De passagem por Viridian!

O treinador de Celadon mal conseguia acreditar que haviam vencido aquele poderoso Gengar. Teriam sido as queimaduras provocadas por Charmander naquele ataque? Asaph talvez jamais teria estas informações por completo, mas uma certeza que ele tinha era a de que o lagarto não conseguiria se manter de pé por muito tempo. Eles comemoraram, era nítida a sensação de satisfação expressa por Charmander. Asaph compreendia perfeitamente, ele havia acabado de vencer o seu maior desafio até aquele momento! O treinador felicitou o pequeno companheiro, fez um afago em sua cabeça, e não deixou de notar que a chama na cauda de Charmander estava muito mais intensa que de costume. Talvez possuísse o dobro do tamanho habitual naquele momento!

Entretanto, o jovem treinador não pôde falar com Charmander a respeito porque ouviu um grande estrondo. A porta que havia se trancado "sozinha" voou, partindo-se em alguns pedaços. Logo ali estava Frank, Josh deveria estar por perto também. Asaph se dirigiu às pokébolas que estavam caídas onde deveria estar o Gengar-Derrotado-Sumido, as apanhou e guardou em sua mochila. Como estava feliz em ver seus Pokémon de novo!

- Sim, estamos bem, na medida do possível. Não sei o que aconteceu, a porta parece ter sido trancada por um Gengar, contra quem acabamos de batalhar e vencemos.. E vocês, estão bem? - O treinador ignorou o conselho de curar Charmander, talvez não fosse ainda o momento correto para isso, já que não sabiam o que encontrariam pela frente. Ele possuía poucos itens de cura, e talvez Charmander não fosse a melhor opção em uma batalha futura. Dirigiu seu olhar para Charmander, mas havia algo de estranho com a salamandra.

A cauda de Charmander emitia uma chama ainda mais intensa do que segundos atrás. Asaph controlava seus pensamentos para não ficar se perguntando qual era o combustível inesgotável que aquele e tantos outros Pokémon de fogo tinham e focava no amigo, que agora parecia emitir um grunhido, ainda que baixo. Charmander tinha uma expressão curiosa, os olhos e “punhos” cerrados, apertando os “lábios”... Estaria o lagarto ainda sob efeito do ataque de Gengar e, portanto, sentindo dores?

- Charmander? Está tudo bem amigão? – Asaph dava alguns passos em direção à salamandra.

Dois ou três apenas. E então Charmander abriu a boca e soltou um grito. Contínuo, intenso. Seu corpo começou a brilhar, emitindo uma luz que fazia daquele cômodo mais iluminado que qualquer salão de festas já existente. Aquele lugar deixou de ser tão estranho por alguns instantes.

Quando a luz deixou de ser emanada do corpo do Pokémon, ele estava um pouco maior. Seu corpo havia assumido uma coloração vermelha intensa, a boca estava mais alongada, havia agora uma espécie de chifre na parte de trás de sua cabeça. O Pokémon soltou um grunhido, sua voz havia sido alterada, além de toda a sua fisionomia. A chama em sua cauda estava ainda mais intensa que de costume, embora não tanto quanto instantes antes da "evolução".

Asaph se aproximou dele, apontou a pokédex e assim que ouviu as informações, abaixou-se e felicitou o amigo.

- Que importante transformação, amigão! Agora você está mais forte, eu imagino! Vamos ter muito tempo ainda para conversarmos mais tarde! Imagino que agora você esteja cansado, por isso vou te deixar descansar um pouco. Não se preocupe, vamos resolver essa questão toda logo! Ah, sim, mais uma vez, muito obrigado por me salvar, Charmeleon!

Asaph abaixou-se à altura de Charmeleon e estendeu sua pokébola na direção dele. Com um sorriso e um aceno de cabeça, o próprio Pokémon tocou a pokébola, que o absorveu para dentro de si.

- O que você quer dizer com “se” escolhermos outra porta, Frank? – O treinador falava em tom de brincadeira - Já que estamos aqui, vamos verificar o que acontece neste lugar! Espero que tenhamos a sorte de sairmos daqui com o problema resolvido, então que este monotrainer fantasma esteja por aqui, que a próxima porta nos ajude mais do que esta aqui ajudou! E então, qual delas escolheremos agora?

Asaph se perguntava se aquele Gengar não seria do próprio monotreinador fantasma que foram “perseguir” naquele lugar. Ele não fazia ideia. Enquanto saía daquele cômodo acompanhado dos dois novos companheiros, deu uma checada nas paredes, nos quadros que haviam visto anteriormente, se havia algo novo naquele ambiente. Ele não sabia por onde começar, mas qualquer pista seria válida no contexto onde se encontravam, por isso fez questão de atentar para todos os possíveis “detalhes” que pudesse naqueles momentos.

Estavam em uma masmorra com um odor fortíssimo. As paredes apresentavam tochas com chamas de cores variadas, o que seria no mínimo um absurdo. As pedras nas paredes davam ao grupo a impressão de que estavam em um outro lugar. Asaph a cada momento se perguntava se ainda estava em Viridian.

"Você nunca vai sair, nunca vai sair, você irá morrer! MORRER!"

"(...) se errarem, esse homem morrerá!"

Asaph não sabia quanto aos outros, mas sentia medo naquele momento. Pela segunda vez em minutos ouvia uma ameaça relacionada à morte de alguém. Aquelas vozes persistiam em ecoar na mente do treinador. Estavam agora diante de uma figura que estava possuída por um fantasma.

A pergunta feita pelo fantasma não parecia tão estranha à mente do jovem. Na verdade ele sabia que tinha visto algo sendo consumido e....

Não, o que ele viu não estava sendo consumido!

Como ele não tinha pensado nisso antes? Onde já se viu algo pegar fogo e não ser consumido? - Além, é claro, dos Pokémon de fogo....

- Uma vela! Uma vela existe apenas para ser consumida, e a velocidade deste consumo dependerá da massa da vela, ou de seu volume, e se houver um vento fraco, a vela será consumida ainda mais rapidamente! - Asaph gritou exaltado. Na verdade meio que por impulso, já que não tinha cogitado a possibilidade de estar errado, e o preço a ser pago caso estivesse errado seria realmente caro!

- Rapazes, vocês estão lembrados de algum Pokémon fantasma que tem o formato de uma vela? - Asaph cochichava para os companheiros - Não estou certo, mas é possível que ele esteja bem diante dos nossos olhos, não acham?

Asaph estava em choque com o que acabara de ver. Era estarrecedor. O homem que a poucos instantes estava ali, diante de seus olhos, acabara de ser consumido em chamas intensas, azuis, como as que emanavam do corpo daquele Pokémon fantasma.

Será que os outros sentiam o mesmo que ele?

O odor do local era terrível. Asaph sentia, junto ao cheiro de umidade caracterizado naquele ambiente, assim que o adentraram, o cheiro de carne queimada. Não fazia ideia se era ou não real, se era uma peça pregada por sua imaginação. Seria um fruto do terror que sentia, provocado por aquela situação?

Em um gesto automático de quem considera as limitadas possibilidades que tem em mãos, Asaph tomara a pokébola de Poliwag nas mãos, liberando o monstrinho, contudo sem fazer muito alarde, ou sequer dizer-lhe algo, por enquanto. Era proposital, ele precisava que Poliwag se identificasse com o que estava acontecendo, caso fosse necessário que ele batalhasse. Neste caso, a motivação seria a mesma do treinador, mas não provocada pelo treinador. Era importante que fosse assim.

- O que você quer? Quem é você? Por que você fez isso? - As perguntas foram dirigidas ao fantasma que possuía chamas azuis saindo de seu corpo. Ao mesmo tempo, Asaph tomava sua pokédex em mãos e apontava em sua direção, esperando receber quaisquer informações que lhe ajudassem naquele momento.

Talvez aquela cena tivesse sido demasiado repugnante, suficiente para que o treinador sequer consultasse os seus companheiros naquele momento. Em um lampejo, olhou para seus rostos para certificar-se que sentiam o mesmo que ele sentia, embora não pudesse de modo algum prever como eles reagiriam a tudo aquilo.

Última edição por JV. em Ter Nov 25 2014, 13:37, editado 1 vez(es)

Não havia muito a considerar além da possibilidade de seguir o pequeno fantasma. O jovem treinador olhou para os outros, que não pareciam querer demonstrar nenhuma reação ou dar alguma ideia diferente daquela proposta apresentada pelo pequeno fantasma. O homem já estava morto, ou talvez não estivesse. O que importava era que aquele pequeno pokémon em formato de vela poderia levar ao grupo até o "seu mestre", que Asaph automaticamente interpretou como sendo o monotreinador fantasma que estavam procurando. Se fosse verdade, estariam perto de alcançar seu objetivo. Se isso era bom ou não, estavam prestes a descobrir.

- Certo, então te seguiremos. Vamos, pessoal - O treinador fez sinal para os outros dois rapazes e Poliwag. Onde quer que aquele fantasma os guiasse, precisavam estar alerta a quaisquer possíveis armadilhas.

O coração de Asaph estaria acelerado se estivesse batendo. Tudo havia mudado drasticamente. Após caminharem por mais de uma hora naquele corredor estranho, sem sair da mansão, Litwick os salvara em um ato heróico, ao que tudo indicava. Um Pokémon parecia ter destruído a pequena vela, que agora provavelmente estaria em maus lençóis. Eles agora tinham a companhia do Pumpkaboo, que parecia estar tão disposto a ajudar quando Litwick se revelara naqueles últimos instantes.

- Bom, parece que nós estávamos enganados a respeito de Litwick. Pumpkaboo, nós queremos ajudar! Não somente todos aqueles treinadores que de alguma forma sofreram na mão de seu "mestre", como também vocês, que estão sendo usados por ele. Então, por favor, apenas nos diga o que fazer, vamos até esta cidadela que você disse procurar este homem, e daremos nosso melhor para vencê-lo, devolver os Pokémon das pessoas e libertar a vocês!

Asaph ainda estava confuso em relação ao homem que viu pegar fogo em sua frente uma hora atrás, mas percebeu que aqueles Pokémon estavam falando a verdade. Estavam ali contando com reforços para acabar com a tirania daquele homem. Aliás, o treinador estava realmente ficando com raiva deste indivíduo sem escrúpulos!

Tentando ainda se habituar àquele ambiente, o treinador recolhe Poliwag, sabendo que era um lugar perigoso demais para ele, mas resolve também liberar a mais nova membro de sua equipe, a fantasma Shuppet. Aquele lugar certamente não seria tão assustador para ela quanto para seus outros Pokémon, e Asaph também precisava conquistar um pouco mais de sua confiança. Juntar o útil ao agradável, como se diz..

- Vamos pessoal, vamos logo atrás deste, como disse Pumpkaboo, cretino!