#007-Duas cabeças e um garoto.

Em meio os limiares da rota cento e dezenove, um jovem treinador, ao parar, libertava de umas de suas esferas alvirrubras uma peculiar ave de duas cabeças, que unicamente chamava atenção por causa de sua diferencial penugem de tons esverdeados, passando a interagir com ela e, sem mais delongas, nomeá-la de Jack. Assim, após tal ato, ambos começavam a caminhar por aquele recinto tendo o garoto a explicar parte de seus objetivos naquela região ao seu parceiro.

Andavam sem restrição em uma trilha por entre a grama alta, que chegava facilmente a barriga do jovem e se estendia através daquela pradaria irregular, podendo observar as poucas árvores que nasciam naquele recinto e escutar os grunhidos dos pequeninos moradores que o habitavam. Ainda mais, a oeste poderia observar um conjunto de árvores que se estendiam por uma longa faixa de terreno, denotando a existência de uma floresta ali. Já a leste, há questão de cinquenta metros de onde se encontrava, o rio que cortava aquela região corria afoito, demonstrando com vontade sua força e denotando a existência de um ambiente repleto de pequenos rochedos e grama, em menor quantidade e tamanho, do outro lado da margem. Mais frente, uma velha ponte de madeira se inclinava sobre o rio, dando passagem à outra margem, e contendo contendo próxima de si uma larga e baixa árvore, apresentando uma copa repleta de galhos vastos e folhas em abundância.

Qual seria o caminho tomado pelo jovem e seu parceiro esverdeado ali?

Perante o meio a paisagem a sua frente, Hayato se mostrava um tanto hesitante quanto ao seu destino para aquele dia, decidindo então perguntar ao seu parceiro que de duas cabeças por onde deveriam seguir. Assim, de maneira um tanto aleatória, ambas as cabeças, ao percorrem os olhos por aquele local, apontavam em direção à outra margem do rio, justamente a região onde os pequeninos rochedos se encontravam em meio à grama rasa, e não tardavam em companhia do garoto seguirem em direção a velha ponte de madeira com o objetivo de atravessa-la.

Contudo, antes que pudessem chegar ao outro lado da margem e exatamente no meio da ponte, algo um tanto estranho começara acontecer.

- HO! HO! HO... – Bradara uma voz bastante grossa e arrastada sob a ponte, passando quase a sussurrar em seguida, deixando-se percorrer o espaço junto do vento. – Quem ousa atravessar minha ponte sem minha permissão? Quem será aquele que tem coragem de atravessar a ponte de um velho Troll faminto? Ande e responda!

Perante a tal coisa, como Fujiwara reagiria?

Perante as afirmações da voz sob a ponte, de primeira, o garoto aparentou se mostrar incrédulo quanto a aquelas palavras, assim como um tanto confuso. Entretanto, apesar dessas primeiras impressões, Hayato logo decidira tentar atravessar a ponte correndo em companhia de seu parceiro esverdeado, podendo ouvir estranhos ruídos sobre seus pés nesse processo.

- Pública?! – Dissera a voz, bastante indignada. – Como ousa dizer que a ponte de um Troll é pública?! Não sabe temer o poder de suas palavras, moleque? Pois então eu irei mostrar!

De repente, um vulto branco surgia de baixo da ponte através do balanço dos seus fortes braços e giros no ar, aterrissando em companhia de um estrondo poucos metros a frente do garoto e da ave duas cabeças, exibindo sua aparência um tanto grotesca. Em suma, detinha a aparência de uma preguiça, apresentando braços longos e garras poderosas, mas em contraste a isso, um estranho nariz humano bastante longo e deformado se encontrava na face da criatura em conjunto de uma confusão de cabelos ruivos.

- Sua vida será minha! – Anunciou a voz, novamente, e estranhamente, dessa vez, ela parecia vir debaixo dos pés de Hayato.

Ditas essas palavras, a fera inclinara a cabeça para frente, escancarando sua enorme boca e passava a emitir um rugido bastante ameaçador, algo que talvez chegasse a assustar os outros presentes no local devido a forma inesperada com que tal ação fora feita.

Como Hayato reagiria a essa grotesca aparição?

Apesar do temor e do nervosismo, o garoto decidira tentar confrontar a intrigante criatura que aparecera de repente a sua frente, trazendo a ponte através de suas esferas uma andorinha azulada e um arenoso aracnídeo, comandando-os logo em seguida para que pudessem atacar aquela coisa. Entretanto, antes que as criaturinhas pudessem de fato começar a agir, um novo desenrolar os pegava de surpresa.

- Hã ?! Oq... O que?! PERAÍ! – Começava a voz de maneira um tanto atrapalhada. – Vigoroth, corra daí!

Ditas essas palavras, a estranha criatura esbranquiçada que estava perante Hayato e seus parceiros, se colocava rapidamente a avançar em direção a uma das bordas da ponte, sumindo sob ela e surpreendendo a todos com tal reação.

- Ei! Calma, moleque! – Anunciara a voz novamente, que continuava a vir sob os pés do garoto. – Olhe para trás.

Se girasse na direção contraria a que estava, o Fujiwara poderia avistar um garoto, trajado em uma camiseta branca e bermuda marrom,do lado da margem em que estivera minutos antes. Assim, não tardava a ver também a criatura branca correr na direção dele, que parava por ali, e observar um microfone na mão do garoto.

- Era só uma brincadeira... Não precisa sair atacando os outros dessa maneira. – Comentara a voz mais uma vez.

Como reagiria a isso?

Perante a tal desenrolar, o jovem Hayato apenas disparara algumas simples palavras para o garoto que continha um microfone, dando-lhe um sermão e perguntando-o se poderia passar pela ponte naquele momento. Assim, o outro garoto retornara a preguiça branca para uma esfera alvirrubra e passara a correr em direção ao que estava na ponte, não o deixando de responder com a respiração pesada.

- Talvez. – Começou. – Sim, sim, pode passara vontade. Mas antes...

Ditas essas palavras, o garoto começara a mexer no microfone, desligando-o e não tardando a se prostrar a frente de Fujiwara. Então, após recuperar o fôlego, se colocava a dizer algumas palavras, demonstrando que sua voz era bastante fina se comparada a que emanava sob a ponte.

- Eh... Desculpa pela brincadeira do Troll, eu tava um pouquinho entediado. Aliás, o que vai fazer por aqueles lados? – Dizia, rapidamente. Em seguida, estendendo sua mão para que o outro pudesse apertá-la, não deixando de apresentar um sorriso malicioso na face. – Ah, me chamo Strauss, se quiser saber. Prazer.