Friozinho de Outono

Friozinho de Outono

Oh! Cherris. Eu tinha algumas guardadas comigo, porém pensei guardá-las justamente para a batalha que ei de enfrentar em Mauville. Minha teimosia acabou gerando algo produtivo e eu aceitei com grande sorriso em rosto.
Growlithe entendia a situação e pulava de meu colo para o chão, latindo para mim. Nada mais pude fazer que pegar aquela cerejinha e jogar para ele.
O Pokémon abocanhava ela no alto e parecia se sentir bem melhor ao começar a se mover em círculos. A paralisia havia se dissipado.
_ Obrigado, senhor Pete. Podemos continuar agora
Dei passagem para o mercante, e logo Growlithe entendia seu dever, voltando a tomar a guarda na testa enquanto eu fazia meu papel à retaguarda.

O treinador fica contente pela gentileza daquele homem, ainda mais pois ele já tinha consigo aquele tipo de berry, porém, por teimosia, havia decidido não à utilizar. No final, os dois se sentiram bem com o que fizeram. Agora, era seguir curso até chegarem ao Shimmer Desert. Com a mesma formação tática de antes, com Growlithe guardando a frente e utilizando Intimidate para manter pokémons longe, parecia que aquela estratégia era um sucesso.

Isso, é claro, dependendo do objetivo de Mahiro. Se seu objetivo era manter afastado qualquer criatura selvagem, aquele cão estava fazendo um bom trabalho. Mas se estava querendo criar um filtro para encontrar apenas os mais fortes, eram preciso mais melhoras. De qualquer forma, a caminhada era longa, e após vários minutos de silêncio, sem nenhum dirigir uma palavra para o outro.

Pete olhava para os lados, tentando evitar contato visual com seu companheiro de viagem. Para alguns aquele silêncio poderia ser um momento para refletir, pensar a respeito do que iriam fazer, a rota que iriam seguir, mas para aquele comerciante, era uma situação constrangedora, e ficava claro que ele não se sentia bem nela. Por fim, ele decide quebrar o silêncio, tentando bater um papo:

- Mas então... É daqui de Hoenn mesmo? Eu sou de Unova, mas lá eu não estava tendo uma boa clientela, então acabei deixando minha família lá e vim aqui com a ajuda do meu parceiro... - ele faz uma pausa, mas logo em seguida se corrige, como se tivesse feito um erro enorme - Quer dizer... Não é bem um parceiro, é só uma pessoa que às vezes eu faço negócios, nada mais... Será que já estamos próximos da entrada para o Shimmer Desert? Lembro que não costuma ser algo bem discreto, é bem visível, na verdade. Podemos já planejar os preparativos para passar pelo deserto. Eu sei que pode parecer forçado, mas as coisas podem ficar barra-pesada por lá de repente. - ele conclui, tentando mudar de assunto.

Aquele mercador era com certeza uma figura singular. Ele parecia suspeito, mas isso poderia ser uma confusão com seu nervosismo. Mas ele parecia estar tentando ajudar de alguma forma.

Mahiro olhava para a mata ao seu lado, e não conseguia ver nada ali. Nem mesmo aqueles flashes anteriores estavam presentem. Talvez a vida selvagem daquela rota começasse a ficar mais escassa à medida que se aproximavam do clima árido, mas logo estas espécies seriam substituídas pelas espécies nativas daquela região desértica. Era só uma questão de tempo.

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Estranhei a mudança de assunto repentina. Não dava para confiar nele cem por cento, porém tinha esperança de ainda ser recompensado pelo trabalho, por isso decidi não questionar sobre a existência desse tal "parceiro".
_ Unova? É uma bela região. Gostaria de conhecê-la algum dia. Eu sou de Kanto, você deve saber o motivo de estar aqui junto de outros treinadores estrangeiros. E eu não sei se estamos perto do deserto... Não conheço muito bem essa região ainda. Mas como você disse deve ser bem característico a entrada dele. Acho que estou esperando pelas coisas começarem a dificultar, adrenalina acabou se tornando rotina desde que comecei jornada.
Fiquei por um tempo em silêncio perdido em meus pensamentos, percebendo que mais nenhuma criatura selvagem tentaria nos incomodar, e resolvo perguntar algo a qual me incomodava.
_ Hoje em dia é comum cada pessoa ter no mínimo um Pokémon, ainda mais para se aventurar em rotas. Você nunca se interessou em ter um para te ajudar no serviço, senhor Pete?

Houve certa duvida sobre o motivo real daquele homem, mas Mahiro decidiu não questionar. Pelo contrário, decidiu participar do papo furado e seguir com o assunto daquela pessoa. Este, por sua fez, parecia estar genuinamente interessado no que lhe fora dito. Pelo visto, ele deveria ser uma pessoa que conversa muito enquanto viaja.

- Ah sim, Kanto e Johto, uma tragédia, com certeza, mas é bom que evacuaram tudo que podiam antes mesmo do dito cujo. Você deveria mesmo ir visita-la um dia, lá é uma região incrível.

Conversa vai, conversa vem, o treinador vê que estavam bem tranquilos, sem nenhuma coisa estranha acontecendo fazia algum tempo. Isso deu a ele a oportunidade de retirar uma dúvida que o que o deixava curioso desde que se encontraram: "Por que ele não tinha um pokémon, ainda mais numa profissão como a dele?".

De início, ele pensa por um momento, logo em seguida, ele começa a olhar para baixo, com uma expressão aterrorizada, mas logo se dá conta disso e volta à uma face neutra, mesmo que tendendo ao nervosismo em alguns momentos.

- Eu até tinha um pokémon, era parecido com esse seu cãozinho, porém marrom e bem maior, mas ele está em Unova... Eu.. Não tenho nenhum companheiro aqui. De qualquer forma, era mais um bichinho de estimação... Nossa, acabei de me lembrar, aqui nessa rota há diversas berries localizadas nas maiores elevações, talvez achemos alguma que seja de ajuda. Se tivéssemos alguma maneira de observar mais em cima, talvez fôssemos capazes de achar essas espécies. Teria alguma ideia? - ele muda novamente de assunto.

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O mercante contava sobre seu Pokémon. Pela descrição imagino que seja um Herdier ou Stoutland, já que é a criatura característica daquela região. Realmente me deixou curioso e penso em perguntar a ele, mas o mesmo me interrompe.
_ Talvez isso dê certo. _ Disse eu com uma pokébola em mãos, liberando no ar minha Honchkrow _ Raven, missão: Aviste por alguma região de relevo árvores carregadas e nos avise caso encontrar, sobrevoando o local para que possamos te seguir.
Se ele tiver certo poderíamos encontrar algo fácil utilizando minha Honchkrow. Entendo que a caminhada será longa e mantimentos são sempre bem vindos.

Mesmo que querendo perguntar mais sobre o pokémon de Pete, a mudança repentina de assunto acaba por interessar Mahiro, já que manter um estoque de comida seria algo necessário se iriam passar por aquele deserto. Logo, ele libera seu fabuloso pássaro, que alça voo em instantes, à procura de frutos, enquanto os dois continuam a caminhar.

O tempo passa, e parecia que o corvo não havia encontrado nada. Isto poderia ser motivado por vários fatores: o primeiro, e o mais obvio, seria porque estava se aproximando o inverno, e logo muitos frutos já haviam amadurecido e caído de suas árvores. O outro poderia ser pela própria maneira daquela espécie se alimentar. Um Honckrow é muito mais um administrador do que aqueles que põem a mão na massa, dessa maneira, procurar comida sozinho poderia ser um desafio.

Porém, eventualmente, o pokémon muda a trajetória e vai até uma grande elevação de terra e rocha, que parecia avulsa, no meio da floresta. Era o dobro do tamanho das árvores que estavam em uma altitude normal, e possuía espaço o suficiente para ter consigo algumas árvores.




Ele começa então a rodear aquele pico, dando a entender que ali haveriam frutos. Dada essa indicação, iria Mahiro seguir seu pokémon, se aventurando pela floresta, ou acharia uma maneira mais criativa de ultrapassar, além da floresta em si, a altura daquela elevação?

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Vi que Honchkrow estava a rodear um certo pico em meio a área arborizada. Ela demorou um pouco para dar uma resposta, pensei em vários fatos como o motivo dela ser noturna ou por ser mais um tipo de chefe do que um funcionário... Mas eu tenho Raven desde que era uma Murkrow, por isso descarto a ideia. Na maior das hipóteses o frio derrubou os frutos que amadureceram por último com o fim do calor e os Pokémons selvagens já se banquetearam ou estão estocando para a hibernação.
Enfim, eu e Pete seguimos ao local e damos de cara com o desafio de ser uma escalada e tanto. Não é atoa que é o único lugar com frutos, não dava direito para os Pokémons terrestres conseguirem chegar até o topo.
Gritei então para Honchkrow vir até nós e liberei Lombre em suas costas assim que a mesma chegou.
_ Trabalhem em equipe para nos trazer algumas bagas. Não devem haver muito, então tragam o que conseguirem.

Como a quantidade de frutos era escassa, apenas locais de extrema altura deveriam ter frutos, e mesmo assim, a proximidade com o inverno criava ainda maiores desvantagens, pois estariam frescas apenas os frutos mais tardios. De qualquer forma, Mahiro estava confiante que haveria algo por ali.

Ele retira um de seus pokémon, Lombre, e pede para que seu pássaro o leva-se para o ajudar a coletar os frutos. O tipo planta sobe em cima do abutre e segue voo com ele. Os dois ficam por lá por alguns momentos, mas eventualmente voltam á seu treinador. O aquático não possuía em suas mãos nenhum fruto, mas, assim que desce do Honchkrow, ele abaixa sua cabeça e de seu "sombrero" caem três frutas azuis semi-esféricas e uma amarelada com o formato de um 'oito". Pelo visto, nada mais eram do que as conhecidas frutas-curativas, as Oran Berries.

Impressionado com a coleta dos dois bichos, Pete diz:

- Orans, como diz o nome popular, não? Ouvi falar que a maioria deles gostam desse tipo. Você, que é um treinador, deve já estar acostumado com elas. Mas uma Sitrus é até que incomum. São da mesma família, então seus efeitos são semelhantes, mas foi certamente um bom achado. - ele faz uma pausa para limpar a garganta - Mas bem, e agora? Voltamos à trilha?

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Não esperava grandes resultados, ver que a dupla tinha conseguido apenas aquela quantidade não me decepcionou, pelo contrário, estava feliz por terem trago algo.
_ Muito obrigado pessoal, podem descansar por agora. _ Disse ao recolher a ave e o anfíbio para suas respectivas esferas. Logo, em resposta à Pete eu olhei pelo caminho que atravessamos e respondi sem dúvidas. _ Bora então. Já dá para sobrevivermos com o achado. Sada, pode ir à frente.
Com o canino na guarda dianteira possivelmente chegaríamos ao deserto, espantando a presença de criaturas de nível inferior já nos adiantava o passo.

O treinador agradece pela coleta de seus aliados. Seria mais que suficiente para sobreviver a passagem no deserto. Fazendo o caminho contrário e voltando à estrada de terra batida, aquela que levava até o deserto, eles seguem na direção que estavam indo anteriormente.

O Growlithe mantinha-se na frente, espantando qualquer pokémon desavisado que via pela frente. Desta forma, o caminho aonde passavam estava sempre bem calmo. Dessa forma, continuaram eles por mais algumas centenas de metros. Não estavam exatamente com pressa, pois sabiam que a parte mais difícil ainda estava por vir. Desta forma, tentavam caminhar em um ritmo normal, não acelerado, para não se cansarem.

Foi então que, de repente, ao longe, os dois observam uma silhueta humana. parecia ser um homem. Era possível ver que ele estava trajando uma jaqueta de couro preta e seu penteado era um moicano. Ele aparentava olhar para o chão. Em vista disso, Pete se assusta com a aparição daquele homem, voltando a tremer um pouco.

- Oh não! Mais um desses punks! Eles vivem me importunando quando vou passar pelas cidade! Tome cuidado com eles, eles são perigosos!