Pacify Her 2.0

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Era completamente contraditório pensar na maneira em que tudo se desenvolvera, e em como uma simples atitude mudava todo um contexto; se eu tivesse ajudado os pescadores com seu irmão, já teria em mãos o artefato que precisava, e voltaria facilmente até o acampamento de Margo com a missão praticamente completa. Já que não o fiz, eu mesmo teria de o procurar, e ainda correndo perigo deles me considerarem um ladrão ou algo do tipo, já que a própria garota havia deixado-os em comando de proteger a costa. Conhecendo minha narradora, era bem provável que isso fosse acontecer, mas talvez não mais já que eu mesmo citei isso e ela é bastante teimosa.

De qualquer forma, agora se tratava de uma missão "caça ao tesouro", e eu não gostava muito das desse tipo, apesar de saber que a maior parte dos agentes de campo eram designados a esse tipo de "resgate". Eu gostava mais de enfrentar inimigos e passar por legiões de Pokémon para encontrar um x objetivo e assim poder concluir a missão; ter que procurar brinquedinhos com certeza não era do meu agrado. Mas, era o que eu precisava para concluir essa, e eu o faria mesmo contra a vontade de meu ser. A cena na praia era quase a mesma de quando eu deixei o local, os pescadores agora se encontravam num pequeno casebre próximo a orla, que provavelmente pertencia a eles por anos, e que ainda fazia parte de seus domínios, a rede de pesca continuava presa as pedras enquanto as ondas batiam com força contra ela, e o aparelho que conseguiria encontrar a bússola estava em algum lugar próximo dali.

Definitivamente não seria tarefa fácil, se olharmos perante toda aquela areia, e também a possibilidade do mar já ter levado de volta a seu fundo com as quebras potentes nas pedras. O melhor jeito seria começar logo a procurar, já que não tinha como saber quanto demoraria e só saberia se fizesse de uma vez; sendo assim, coloquei minhas pernocas para trabalhar e parti em direção a rede, que seria meu primeiro alvo. Talvez estivesse ali ainda próximo, e se não estivesse eu começaria uma espécie de busca circular, aumentando meu raio a cada giro; um plano meio confuso mas que faria sentido na prática e que conseguiria olhar cada canto sem deixar nada passar. Ao menos era isso que eu esperava. Deixei Asterion e seguindo apenas por ser um par de olhos a mais, mas não imaginava que ela saberia procurar muito bem sem nem ter ideia de como aquele item parecia. É, talvez demorasse um pouco mais do que o planejado.

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Talvez pensar que eu tivesse entendido alguma coisa da descrição e geografia do local era uma grande presunção. A verdade é que minha mente pequena sequer havia entendido a topografia dali, e eu realmente não captei a imagem que a narradora queria trazer, por isso não agi da maneira correta para com a tarefa. Contudo, ao analisar melhor eu finalmente pude notar o que teria de fazer e como fazer; ao menos eu pensava que sim. Pensando que eu não tinha muita opção além de descer até lá, só restava entender como chegar até tal objetivo; visto que o grande abismo em que o pescador morrera anteriormente se prostrava diante de mim, sufocante e claustrofóbico, com muita água lá embaixo da maneira que deveria ser.

Ficava a imaginar se o corpo dele ainda estaria la embaixo ou se fora já arrastado pela correnteza, mas seria algo interessante para procurar; a família de nativos não parecia lá muito rica, mas sempre havia algo para ser furtado. De qualquer forma, minha meta principal era de fato encontrar a bússola, item esse que estava mais longe do que eu queria que estivesse, mas que eu conseguiria de um jeito ou de outro; o precipício era realmente bem alto, e isso me fez tremer as pernas de leve. Não tinha medo de altura, ao menos não até onde sabia, então o que me segurava? Asterion estava parada ao meu lado, tentando entender o comando da areia de antes visto a não existência de tal coisa no cenário atual, e depois de desviar o olhar das grandes ondas que se chocavam as pedras, minha vista se iluminou por completo.

Um poderoso raio chocara-se com o chão, próximo de minha localização atual e com bastante furor eu diria, mas não teria como ter certeza do quão perto estava. Todavia, aquilo era um grande aviso para que eu fosse rápido, não por medo de levar um relâmpago na cabeça, mas sim por saber que Margo precisava de minha ajuda e eu estava demorando sem um propósito conciso. Respirei fundo. Eu sabia exatamente o que me dava medo naquela situação: o fato de ser um precipício. Assim que olhei novamente para o grande cânion, a visão do corpo de meu irmão passeou pela minha vista, boiando pela água e me fazendo fitar o fundo por mais um tempo, até enxergar (graças ao clarão do raio) algo brilhante, preso meios as pedras. Seria aquilo o que eu buscava? Bem, mesmo com medo eu pensei um pouco e a ideia que mais me atraía era também a mais idiota, mas que eu tentaria mesmo assim.

Liberei a esfera de Albafica, esperando ele surgir diretamente no mar dali, la embaixo. Não sabia se ele conseguiria pegar a bússola já que ele era extremamente grande, e a fresta menor do que minha mão, mas era de fato minha única esperança. - Albie, quero que escute com atenção. Você vai nadar até aquelas pedras, tentando quebrá-las com Aqua Jet, e depois pegando o objeto brilhante que está preso no meio delas, ok? - Era uma estratégia confusa e difícil, mas eu confiava que meu tubarão era inteligente o suficiente para fazer isso com sucesso. Como eu pegaria com ele depois que ele conseguisse? Aí seria uma outra rodada de ideias para saber como resolver. Um passo de cada vez, né?

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FINALMENTE algo que eu parei por 2 segundos e pensei que sequer chegaria perto de funcionar, realmente rolou. Fiquei um pouco impressionado, e principalmente pensei na quantidade de coisas e situações que poderia ter evitado se tivesse usado tal sabedoria anteriormente; bem, eu não poderia mudar o passado, mas poderia alterar o futuro. De agora em diante, eu tentaria levar aquilo comigo, a paciência e inteligência que diferem de apatia ao que acontece ao meu redor. Além disso, havia aprendido outra coisa durante essa missão, que também me envolvia diretamente e me fazia parecer um completo egocêntrico (o que não era mentira, na maior parte do tempo); o ensinamento era completamente estúpido, mas fazia jus a tudo que acontecera desde que me separei de Rose.

Deveria sempre confiar na minha intuição.

Respirei fundo quando terminei todo o monólogo e reparei no que minha narradora dissera. Mesmo ela me criticando por quebrar a quarta parede diversa vezes, num nível absurdo, quando tentei não fazê-lo, ela simplesmente o fez de todas as maneiras possíveis. Tsc, tsc. Todavia, a ideia era realmente interessante, e eu iria provar que estava realmente aprendendo a escutar as coisa ao meu redor, mesmo que essa coisas fossem vozes em minha cabeça que, vez ou outra, me faziam pensar umas coisas meio absurdas. - Agora suba com Aqua Jet. Use o impulso de uma onda maior, mas espere a maré perfeita para não cometer erros. - Era uma tarefa simples, bem mais do que a anterior, e eu tinha certeza que meu Sharpedo conseguiria executa-la com eficiência.

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Infelizmente para a narradora o garoto não esqueceu, só quis deixar para reagir depois que o Sharpedo de fato conseguisse subir. Bem, a primeira coisa que fiz fora pegar o item das barbatanas do tubarão, notando que aquilo não era, nem de perto, o que ele queria. O item dourado não se tratava da bússola, mas sim de um cordão com fotos, daqueles de filmes e infelizmente, também dourados. A confusão impregnara em minha mente, sem eu saber exatamente de onde conhecia aqueles rostos e muito menos porque alguém perderia isso aqui. A menos que... é, a situação mais plausível era que pertencesse ao rapaz que morrera momentos atrás; eu poderia usar isso a meu favor. Conseguiria usar aquilo como um "pedido de desculpas" para os irmãos e assim, talvez, a ajuda deles no processo para encontrar o artefato que realmente queria.

De qualquer forma, isso teria de ficar para depois; agora eu tinha outro pequeno problema para lidar, e este era um outro Pokémon raro que aparecera para mim. O impulso que Albie executou incentivou outros peixes a fazer o mesmo, e assim conseguirem "se livrar" daquela região desconhecida; foi assim que um Basculin Azul aparecera, extremamente enraivecido. Não era como se eu realmente gostasse daquele Pokémon, mas ele poderia servir como moeda de troca em algum lugar, e por isso com certeza o capturaria; dessa vez, usaria fogo contra fogo. - Vamos nos livrar dele, Albafiva. Utilize Screech seguido de Night Slash! - Combo simples, diminuir a defesa e depois atacar com um movimento que tenha uma chance de crítico pouco mais elevada, maximizando ainda mais as chances de 1HKO no monstrinho. Quanto mais rápido eu acabasse com ele, mais rápido voltaria para ajudar Margo.

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Plano traçado e executado, Albafica obliterou o pobre Basculin, destruindo-o com apenas um golpe, exatamente como queria. Sorri em resposta a atitude do tubarão, agradecendo-o e o retornando para sua pokébola; agora, restava a pequena piranha, e logo eu a teria também; atirei uma de minha esferas em sua direção, esperando que ela parasse de apitar e balançar para observar a mágica de transporte acontecer novamente. Eu havia capturado muitos Pokémon nessa aventura, e tinha plena noção disso; só não sabia como iria treinar tudo aquilo depois, mas era algo a se pensar ainda.

Afirmei com a cabeça para mim mesmo, como se estivesse dizendo "missão cumprida", e apertei o cordão em minhas mãos, virando para a cabana dos dois rapazes e tomando coragem para me aproximar. Ensaiei em minha mente as palavras que poderia dizer para ambos, mas nada vinha tão forte quanto o mais simples, e talvez optasse por isso mesmo. Ao me aproximar, bati na porta, esperando que abrissem e implorando secretamente para que não fechassem na minha cara, simplesmente por ser eu ali; era plausível se eles o fizessem, mas de fato não o melhor para minha missão.