#004 — Devagar, devagarinho

O truquezinho não funcionou, mas por sorte nem precisou! Joe conseguia se manter em pé e chegar na bola antes de seu roedor. Agora tinha outro problema pela frente e um baita de um problema... Diggersby tampava praticamente toda sua visão e qualquer coisa que fosse tentar fazer, o rastafari sabia que não teria habilidade para driblar o mesmo. A opção mais sábia no momento era de esperar seu parceiro se desmarcar, enquanto isso, Yokosuka ficava passando o pé em cima da bola e dando uns chutinhos no ar. Um verdadeiro firulento.

Infelizmente, Haunter aproveitava o momento para dificultar ainda mais as coisas e cuspia mais lodo pelo chão, complicando ainda mais para Breloom que numa tentativa de se desmarcar acabava escorrendo e capotando no chão todo cagado. Arrancando risadas dos pokémons que viram aquela cena, ainda bem que estavam se divertindo. O que não podemos dizer o mesmo de Joe, numa situação complicada não podia mais ficar parado fazendo suas firulas, teria que agir e assim fez... Mirou no meio das pernas do gigante pokémon num chute forte e rasteiro, que poderia até mesmo complicar a vida do seu fantasminha que estava longe do chão.

— RÁ, PEGA ESSA! — Gritou.

... E chutou a bola. O chute rasteiro vinha numa velocidade até razoável, no entanto, aquilo era moleza para um Pokémon com 95 de velocidade base. Haunter começou a levitar mais baixo, chegando até mesmo a se confundir com o chão, e, em seguida, disparou um Sludge Bomb pela boca, deixando a Pokéball parada no chão e completamente suja com o lodo do golpe. Ele a levantou e a jogou para cima novamente, o que foi moleza para Qwilfish que usou seu Water Gun para chegar até lá e passou a bola para Diggersby, de forma que ele só precisaria cabecear.

O gramíneo usava seus braços para chegar até a frente da trajetória que a bola teria, para o caso de dar tudo errado, mas Joe ainda podia tentar pular mais alto que Diggersby para dominar a bola e chutar... ou não? O que ele faria?

Joe apontou, atirou e... Defendeu Haunter! Não teve nem dificuldades para defender o chute, juntamente com auxilio de seu Sludge Bomb.

Então recomeçava a partida, Haunter jogava a bola pra cima e Qwilfish rapidamente recuperava a mesma, ainda aproveitava para fazer um cruzamento na cabeça de Diggersby. Breloom também se movia rapido para chegar a frente do roedor e dificultar seu ataque. Joe acabava pensando rápido, já sabendo que Breloom estaria na marcação, o jovem sabia também que não conseguiria vencer o Diggersby pelo alto, muito por causa do seu porte físico. Então o rastafari apenas decidia permanecer correndo em direção ao gol, numa tentativa de aproveitar o rebote ou só completar com um totózinho para o gol.

Com o rastafari correndo de volta ao gol e Breloom bloqueando a trajetória direta, o grande coelho apenas cabeceou, e, como Haunter bem esperava um projétil na sua direção, acabou por usar mais Sludge Bomb para frente, no entanto... Era um passe para Qwilfish! Que se adiantou em sair da frente do gramíneo e encontrar um ângulo perfeito para marcar, e, assim o fez, batendo na bola com seu rabo e implacando um gol!

Ambos comemoravam muito, no entanto, Breloom caía sentado, ofegante devido a todo aquele esforço. Tendo sido um sucesso ou não, cabia a Yokosuka definir se tentaria mais um pouco do mesmo, pararia por ali, ou faria um tipo diferente de treino. E então, o que o rastafari faria?

Por causa de um deslize, Joe acabava falhando na marcação e deixava Qwilfish livre para marcar o primeiro gol daquela partida. Aquela ação ficava clara o quão ruim de bola era o rastafari, mas aquilo não desanimava, pelo contrário. Vendo suas criaturinhas comemorando era o bastante para o deixar contente e com um sorriso bobo no rosto. Já Breloom caía exausto no chão, a criaturinha acabou se esforçando muito e o campo não ajudava muito, infelizmente a pelada teria que chegar ao fim, mas é claro que o treinamento não chegaria ao fim: Yokosuka tinha mais uma idéia e que provavelmente seria a ultima no meio dessas idéias malucas.

— Tá tudo bem, Breloom? Se quiser pode descansar um pouco, mas agora farei um treino mais leve. Vou explicar, se quiser, se junte a gente. — Sorriu. — Então, pessoal. Vamos fazer um treino simples de cruzamento, eu vou ficar aqui na lateral do campo. — Disse com a bola em baixo do braço e caminhando para a lateral do campo, mais ou menos na parte do escanteio. — Aí vou ficar cruzando aqui e vocês só vão correr e cabecear pra marcar o gol. Exceto Haunter que vai continuar defendendo igual antes. Prontos? — Esperou suas criaturinhas estarem prontas para fazer um cruzamento longo pelo alto, só pra começar e ver como eles iriam reagir.

Tendo em vista a exaustão do último treino, Yokosuka se preocupava em dar a seus pequenos um treinamento mais leve, do qual eles não gastassem tanta energia. A velocidade em teste agora, estaria justamente em acertar o timing da Pokéball e rebatê-la na direção do gol. Tendo explicado o treino, sua tríade da velocidade se posicionou.

Como há de se esperar de um cruzamento com uma Pokéball velha: Foi feito com a mão. Primeiro, Joe lançava a esfera e Qwilfish rebatia com a calda, dando espaço para Haunter cuspir seu Sludge Bomb e repelir a esfera. Como pode ser muito bem visto: Sem qualquer problemas para ele. Já Diggersby, assim que a bola vinha, o coelhão tentava cabecear, mas talvez, só talvez, os pesos já começavam a retardá-lo mais do que o necessário e o grandalhão não conseguia chegar até a esfera. Já na vez do Breloom, que estava inspirado em tentar virar o jogo a seu favor, já que havia perdido a disputa anterior, pegou impulso para trás, lançou seus dois braços para trás dos chinelos de Joe e os fincou como âncoras, e, quando seu treinador lançou a esfera, o gramíneo voou na direção de Haunter como um foguete, que não pensou duas vezes e usou seu Shadow Ball para repelir o lutador.

... O resultado? Bem, a bola até entrou no gol, mas o gramíneo voou longe, fazendo Haunter levar as mãos a cabeça, com uma expressão semelhante a um "QUE MERDA!". E agora, Joe?

Com as devidas adaptações do treinamento para o cansaço de suas criaturinhas, Joe seguia para uma etapa de cruzamentos. O rapaz até tentava cruzar com os pés, porém o resultado era lamentável. Mas o que esperar de uma pokebola velha? O jovem então optava pelo cruzamento com as mãos e assim começava, a primeira criaturinha era Qwilfish. O baiacu foi o único que marcava gol na pelada anterior e dessa vez se posicionava com um salto e com sua calda empurrava para o gol, que era rapidamente repelida por Haunter.

— Boa, Qwilfish. Só faltou dá direção para esse chute, mas não desanime vai ter a próxima. — Saía correndo para pegar a bola e se preparava para fazer o próximo cruzamento.

Dessa vez chegava a hora de Diggersby, pelo o porte físico do roedor Joe acabava tendo que colocar mais força para ir o mais alto possível. E, a criaturinha com muita dificuldade em se adaptar aos pesos, não conseguia chegar até a bola e falhava em sua primeira finalização.

— Foi mal, Digger! Acho que coloquei força demais na bola. — Fez o que fosse necessário, assumiu a culpa para não desanimar seu pokémon e poder continuar com o treinamento.

Por último, era a vez de Breloom e o lutador buscava somente sua redenção, já que o desempenho na pelada não era dos melhores. Mas é claro que a culpa não era dele, tendo um parceiro ruim de bola como Joe não seria fácil. Logo, o rastafari cruzava a bola e Breloom como um foguete saía em direção da mesma, conseguindo concluir e marcando o gol. Tudo acontecia tão rápido e o jovem só conseguia prestar atenção na bola entrando no gol.

— E TÁ LÁ! GOOOO-! — Gritou, porém era interrompida quando não encontrava seu lutador para comemorar junto. — Ué? — Ficou sem entender o que tinha acontecido direito, só dava de cara com Haunter com as mãos na cabeça e Breloom longe no chão. Aquilo sem dúvidas não terminaria bem, já que o lutador tinha uma certa richa com o fantasminha. — Breloom! Como está? — Saiu correndo na direção do mesmo. — Você concluiu o treinamento marcando o gol, você foi muito bem. Parabéns mesmo! Melhor descansar um pouco. — Disse pegando a pokebola de Breloom e o retornava assim que tivesse se certificado que estava tudo bem. Seria a melhor coisa a se fazer, uma briga generalizada não seria legal.

Seguindo para o treinamento, Yokosuka continuava com o treino de cruzamentos. Se posicionava no canto do campo, pegava a bola e com as mãos fazia os cruzamentos, mas dessa vez seria um cruzamento rasteiro e curto, mais ou menos na altura da primeira "trave". Uma variedade de cruzamentos seria o ideal para saber como seus pokémons se sairiam.

Oh bem, como muito bem previsto por Yokosuka: Aquilo com certeza ia dar merda. Indignado, o Breloom levantou com a fúria de trezentos espartanos e só faltou gritar que isso é esparta, mas a fúria de um grego pelado na guerra do peloponeso com certeza estava consigo. Batendo os pés bem forte no chão, o gramíneo preparava um Stun Spore enquanto rumava na direção do Haunter, que olhava com pouco caso para seu colega e preparava um Sludge Bomb, então, antes que a treta virasse uma bela duma merda colossal, Joe retornava seu Pokémon e travava sua Pokéball. Hora de descansar, Breloom.

Depois de algumas desculpas e acertos a contra-tempos, Jou retomava o treino com apenas o peixe, o coelho e um fantasma. Parecia até o início de uma piada, uma pena que treino seria tão sério e... Problemático? Bem, não sei. A verdade é que ninguém esperava a bola baixa. Quando o primeiro tentou, que no caso era Qwilfish, ele enterrou a cara no chão antes de conseguir cabecear a Pokéball, ficando hiper constrangido, tanto que Haunter até precisou segurar as risadas antes de jogar a esfera para seu treinador de novo. Por bem ou por mal, o segundo era Diggersby, que aproveitava os pesos para fazer mais força com o chute rasteiro.

Bem, Haunter, vendo aquilo, acumulou o máximo de lodo que conseguiu pôr em sua boca e lançou um incrível Sludge Bomb, que acabou por parar a bola a poucos centímetros do gol. Como Yokosuka procederia?

Joe conhecia muito bem suas criaturinhas e antes mesmo que rolasse uma briga generalizada, o rastafari retornava seu Breloom para a pokebola. Porém uma coisa não dava para negar: era engraçado ver seu lutador com raiva, inclusive arrumando pinimba com quem nunca te fez mal. Isso desde os primórdios de sua aventura, parece que há coisas que nunca vão mudar.

Dando seguimento para o treinamento, Yokosuka resolvia dificultar um pouco o treino com seu cruzamento rasteiro e curto. Sendo uma puta surpresa para suas criaturinhas, principalmente para Qwilfish... Mesmo se esforçando para correr e chegar a tempo, acabava indo de cara no chão e nem conseguia cabecear a bola.

— Essa serviu pra gente ficar sempre ligado, numa batalha pokémon é sempre bom, Qwilfish. — Gritou, enquanto recebia em suas mãos a bola para um novo lançamento.

Agora era a vez de Diggersby, que já sabia o que iria acontecer. O roedor saía em disparada -mesmo com dificuldades- em direção da bola e fazia um também chute rasteiro. O que acabava sendo um desafio para Haunter que precisou ser rápido e acumular mais Sludge Bomb para parar a bola em cima da linha, certamente se o roedor não tivesse os pesos seria um gol.

— Boa, Digger! Foi por pouco. Agora pra acabar, hein pessoal... Quero ver todos indo na bola! — Assim que recebia a pokebola de volta, o rastafari cruzava a mesma direto para o gol, numa tentativa de marcar um gol olímpico e dessa vez era hora de testar a atenção de seu fantasminha.

Oh, bem, assim que Haunter via a Pokéball em lançamento curvo na sua direção, ele teve certeza do tamanho da merda que viria a seguir. Imaginem meus caros, um coelho monstrão e um baiacu, os dois a 80 km/h, quem cabeceia uma bola do tamanho de uma laranja primeiro? A resposta correta é ninguém.

Assim que Qwilfish pulava sob mesma ânsia que o Breloom anteriormente, Diggersby vinha atrás, e, quando ambos estavam a mesma distância de bater a cabeça na Pokéball... Diggersby chegou perto de mais do corpo espinhudo de seu amigo peixe e o prendeu sob sua pele. Desesperados, ambos ficavam se balançando para se soltarem, tanto que até esqueceram da Pokéball que tinham que bater. Como não perdia a oportunidade de zoar alguém, o fantasminha encheu a boca de lodo novamente e a cuspiu contra a esfera bicolor velha, que era rebatida e colidia com o peixe, o tirando de seu grande amigo.

Em seguida, o Haunter ia até a Pokéball quebrada, a pegava, e a apontava na direção do peixe, e em seguida emitia alguns sons estranhos, como se imitasse um certo protagonista de um certo anime ruim que anda com um Pikachu no ombro e se vangloriasse de capturar um Qwilfish... É, não tá fácil para ninguém, meu pequeno amigo aquático.