Pokémon Mythology RPG
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001 - PRINCIPIUM

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Principium



Aquilo tudo era muito estranho.

Eu estava em um transe estranho, provavelmente muito confusa com tudo que acontecia, mas aos poucos eu ia começando a observar e me perguntar coisas. Por exemplo, reparei que as pessoas ouviam e pareciam absorver tudo que Zumbi dizia com extrema atenção; algo que com certeza coloca ele numa posição de sábio! Eu acho...

Sua reação ao meu nome foi indiferente, entretanto. Não que eu esperasse que ele arregala-se os olhos ou que começasse a rir por causa disso, mas ele simplesmente... Bem, não disse nada. Me pareceu sem sentido ter falado meu nome pra ele.

Quer dizer, ele de fato riu. Mas não foi um riso do tipo: "Hahahah, que nome engraçado!". Sinto que foi mais um riso do tipo "Hahahah, essa garota ficou nervosa e gritou na frente de todo mundo!". Pra minha sorte, ninguém mais riu fora ele...

R-rito? - Pergunto, levemente preocupada. - Ahn, senhor Zu- - Quando eu ia falar, um Pokémon grande e musculoso veio ao meu lado, praticamente me coagindo a ir para... Algum lugar que eu não sei qual é. Fiquei na dúvida se eu poderia questionar o que tanto seria esse "rito", mas os Músculos-Ambulantes do meu lado não me pareciam muito convidativos e abertos para perguntas.


Olho para o lado e vejo que o senhor Kara já estava ali. Tirando Arthur, ele era a coisa mais próxima de um conhecido que eu tinha para perguntar qualquer coisa.

S-senhor Kara, o que seria esse... Rito? - Digo, olhando para o Pokémon que estava do meu lado. - E o que exatamente eu deveria fazer?

Eu estava começando a ficar preocupada e um tanto quanto assustada. Era tudo muito novo e, honestamente, eu não estava cem por cento confortável ali. Pra piorar, eu não tinha meu amigo ao meu lado. Ou era o que eu estava pensando... Até que...

Sim, de longe. Uma figura branca e cinza, peluda, se aproximando correndo. Ele segurava seu coco como se fosse um jogador de... PokéRugby (?) E avançava com velocidade, desviando de pessoas e Pokémon com maestria.

A-arthur! - Falo, abrindo meus braços e correndo em direção ao Pokémon, em uma cena extremamente emocionante e em câmera lenta.

Assim que ele se aproxima mais, sinto um cheiro estranho, diferente do cheiro que ele tinha antes. Paro por um minuto.

Onde você estava, Arthur?! E por que você está com um cheiro tão estranho?

O Pokémon parou seu avanço assim que chegou na minha frente, e apontou para seu coco algumas vezes. Em seguida fez um movimento como se mostrasse ao redor de todo o quilombo, e... Bem, alguns outros sinais.

Eu estava preocupada, sabia?! Ufá, ainda bem que você está bem! Bem, eles estão querendo que eu faça um rito. Você faz ideia do que seja?

Arthur fez que não com a cabeça, mas acenou com ela logo depois, apontando para o grande Pokémon musculoso que estava atrás de mim.

B-bem... Desde que você venha comigo, acho que vai ficar tudo certo... Não suma de novo, ok?

Ele assentiu com a cabeça.

Me viro para o senhor Kara, Lecca e o outro Pokémon musculoso e respiro fundo, soltando o ar logo após.

B-bem... Vamos lá, eu acho...



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O Arthur não faz parte da Virtuum :

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- Hoje é festa pra Ogún - E falou, enfatizando pausadamente cada fonema da frase. A explicação parecia pouco palpável à Karen, mas para Kara? Para Kara aquilo já bastava para explicar. Só depois de um bom tempo de silêncio que se tocou de que nada adiantava dizer isso e mais nada. Bufou um pouco confuso e disse - Ogún é um guerreiro moça. Pra ir pra fogueira ele tem que abençoar. Se ele abençoar você honra ele oferecendo uma batalha em seu nome - Ok, agora aquilo ficava mais claro mas... como Karen seria aceita?! - Tu não me parece muito forte - E cutucou os braços magros da garota - Num sei se ta comendo direito... parece passar fome. Mas quem so eu pra discuti cum Zumbi, num é?!

É, para Karamakate, ele não era ninguém. O homem continuou indo à frente, sem se importar com o reencontro da garota e seu lêmure. Esperava que mais cedo ou mais tarde a menina lhe acompanhasse até o ponto de chegada que estava já bem próximo; enquanto não fazia, se contentava com a companhia de Machoke.

Bem, chegaram. Fora um baque no cenário como um todo! Saindo dos tons terrosos, uma tenda dava o ar-da-graça ao plano de fundo. O tecido vermelho-vibrante parecia ter acabado sair de alguma lavanderia luxuosa e escolhido a dedo para construir aquele mini-monumento. O local era um santuário que montavam-e-desmontavam a medida que era demandado. Dentro dele? Um pequeno círculo, de área de oito a nove metros quadrados. Pois bem, e lá dentro havia o que?!

Absolutamente ninguém; ainda assim, era absurdamente cheio e turvo. Ao centro um suporte de madeira que carregava duas velas grossas, altas e novas; uma vermelho-terra e outra azul-marinho. Ao canto, os galhos que prendiam e esticavam o tecido da tenda também suportavam incensários que soltavam uma fumaça branca com cheiro forte de canela. Era difícil dizer à moça se aquilo ajudaria ou atrapalharia em sua alergia. Fato era que, muito provavelmente, seria influente.

Pois bem; se entrasse no templo, entraria num lugar abafado e completamente esfumaçado. Não veria ninguém e, ao chão, uma espécie de tapete de couro costurado a mão. Os tons de vermelho reverberavam da chama central às paredes e o chão era marcado por tinturas azul-escuras completamente irregulares e fora de padrão. Era ali que o tal rito aconteceria; ao menos, deveria acontecer. Ta faltando gente, não?! Karamakate passou por trás da garota, foi à frente e abriu passagem por entre os tecidos vermelhos do templo:
- É aqui.

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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Ouvindo atentamente Kara, acabei chegando na conclusão de que talvez não tenha sido uma boa ideia ir até lá... Uma... Batalha? Para honrar... Quem?

Uma batalha? - Pergunto, meio preocupada com a ideia de lutar com qualquer coisa.- E-eu não sei se... - Falar não parecia que ia adiantar muito. Senhor Kara continuou seguindo em frente. Olhei para Arthur, pensando se ele talvez tivesse entendido algo. O Passimian deu de ombros e sorriu, como se não entendesse nada, mas confiasse em mim... Ou ao menos era o que eu tinha entendido e esperava que fosse.

Chegando no local extremamente diferente, não pude deixar de ficar surpresa. Eu nunca tinha visto nada assim no tempo em que vivi em Kanto, em lugar nenhum.

Senhor Kara apontou; era ali o local. O que quer que fosse feito o tal rito, seria ali. Eu só esperava que eu não precisasse entrar sozinha...

Hum... Arthur pode vir comigo? - Perguntei, olhando para o senhor Kara. Em seguida, olhei para Arthur. - Você quer vir comigo?

Eu não sabia como seria a reação do símio, mas, para minha surpresa, ele se colocou na frente, prontamente. Ele assentiu com a cabeça e entrou na tenda, me puxando pelo braço e me jogando lá para dentro.

W-wooooow! - Sem poder fazer muita coisa, acabo sendo rapidamente arrastada pelo Passimian para dentro.

Assim que entramos, o ar ficou automaticamente mais pesado. Eu não sabia do porque, mas tinha a impressão de que o ar cheirava a canela. Deveria ser algum tipo de incenso ou coisa do tipo. Eu não consegui enxergar direito, pois toda a sala estava muito "nublada".  Uma cortina de fumaça atrapalhava minha visão, mas, se eu não estivesse enganada, não via ninguém ali.

No momento, só consegui tossir. Não era muito agradável respirar ali, mas agora não tinha muitas outras opções.

Arthur, que estava bem na minha frente, parecia olhar de um lado ao outro, procurando por alguma coisa, que eu não fazia ideia do que seria, mas sentia que era... Qualquer coisa ou pessoa.






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Karamakate não entrou com Karen, mas não deixaria de estar ali. Ao largar a menina dentro do espaço delimitado, deu a volta, aprontou-se e entrou justamente pela quebra oposta do plano; se aproximando de um dos incensários e pegando-o para si. Atrás do homem vinha o próprio Machoke que trouxe Karen ali, carregando consigo um atabaque curto, que encaixava entre suas pernas enquanto o monstrinho tocava de pé. O ritmo da musicalidade era forte, porém pausado e lento, revelando uma marcha bastante delongada e cuidadosa; ele não se cansaria tão fácil assim.

O homem então foi em direção a nossa dupla, deixando o rítmico ao pé da vela, emitindo a trilha sonora da situação. Enquanto Arthur parecia confuso mas sem medo algum, Karen já não tinha essa mesma segurança em si; ela não só estava completamente perdida como soava como medrosa ao místico. Karamakate percebeu, mas preferiu nada dizer. Aquele seria um ritual livre de qualquer dor, perigo ou inseguranças; apesar do desconhecido, temia pela falta de confiança de Karen nos seus Orixás.

Mas ela veria seu poder. Oh se veria.

Agora já próximo, o homem não pediu para que Karen fizesse nada, apenas defumou-a por completo, aproximando o incensário e deixando q a fumaça branca de cheiros mistos enchesse seus pulmões. Agora a canela perdia espaço para um cheiro muito mais... neutro?! Não sei ao certo; a fumaça parecia menos cheirosa e mais densa, apesar de continuar agradável ao olfato. Estranhamente a garota não parecia emitir sinais de alergia ao ato, estava estranhamente bem.

Pois bem, o próximo fora Passamian, que sentiu a fumaça como um sinal instintivo de fogo. O calor lhe dera o primeiro sinal de medo; aquele que Karamakate conseguiu captar. O homem então recuou um pouco, entendeu que aquilo era uma resposta instintiva e cessou o "defumar" antes que Passamian ficasse mais irritado. Bem; ele havia passado pelo processo, não tinha porque pressionar, não é?! Pois bem, que sigam em frente.

Agora o toque o altabaque ficava levemente mais rápido, mas perdia força. Karamakate saia de cena por alguns instantes e, quando voltava, trazia Mora consigo. Sua mulher tinha em mãos um copo e um prato. No prato? O ebó, característico do ritual. A comida era nada além de milho branco moído e cozido na água; quase que um fubá pálido sem sal. O copo? Era um mini-copinho de vidro, que nada tinha de mais. Dentro dele uma dose de um líquido transparente que as várias bocas nomeiam como cachaça.

Era esse o único pedido ao Passamian e à Karen; que comam e bebam. Ao menos até então; não havia mal algum em fazê-lo por rito religioso, não é?! O atabaque continuaria a tocar pelo tempo que fosse preciso para sua decisão; já adianto a vocês, a narradora não tem (e não teve e nem terá) intenção alguma de drogar, dopar ou botar Karen em perigo com isso. Se ela tem esse medo, espero que o tal do "Food" não o tenha.

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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Tudo ficava cada vez mais... Exótico? Conforme eu adentrava naquela estranha "cultura" dos moradores da rota. Não que eu tivesse algum pré-conceito, mas era muito diferente do que eu estava habituada.

Depois de jogarem fumaça na minha cara, me oferecem um prato com algo que tinha uma aparência meio pálida e neutra, e um copo com líquido transparente. Bem, eu estava com sede, e não tinha bebido nada até aquele momento. Supus que se tratava de água, então.

Obrigada. - Falo, pegando o copo e dando um gole naquele líquido que...

Não era água.

Minha primeira reação seria cuspir, mas não o fiz por uma questão de respeito. Na verdade, eu engoli o líquido e não me questionei sobre o que era; apenas torcia para que não fosse nada que me fizesse tão mal quanto o próprio sabor da bebida. Infelizmente, não consegui segurar e acabei tossindo uma vez ou duas.

D-desculpe... - Falei, encarando o prato que continha o que deduzi então ser algo para comer. Lendo "o ar" da situação, era o que parecia, ao menos.

Nessa altura do campeonato, eu supus que eles não estariam fazendo nada para me prejudicar. Apesar de estranho, seu rito não me parecia algo ruim ou maldoso. Esperava estar certa. Peguei um pouco daquela... Comida? Era meio molenga e não parecia muito apetitosa, mas como não se tratava de uma feira de degustação, né...

Comi.

O gosto era tão sem graça quanto a aparência já entregava, mas sinto que "sabor" não era o foco do prato, mesmo.

...

Eu não sabia o que devia fazer em seguida. Fiquei me perguntando se Arthur também deveria provar a bebida e a comida, então olhei para ele, em dúvida.

Sua feição era de curiosidade. Me pareceu que ele QUERIA provar também, e eu creio que fome não fosse o caso, pois ele tinha comido larvas há pouco tempo.

Cuidado, o gosto é meio forte. - Falei, entregando o copo para ele. - O da comida, não.

Arthur pegou atentamente o copo e cheirou. Fez uma careta estranha, mas mesmo assim bebeu... Todo o resto. Em seguida fez outra careta.

Mesmo assim, não pareceu desestimulado de comer o prato, também. Quer dizer, não o prato literalmente, isso seria muito bobo da parte dele. Ele raspa toda a pasta com sua mão e coloca dentro da boca, mastigando tudo e engolindo em segundos.

Realmente, não era um bom sommelier.

... Desculpe por isso... - Falei.







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Ninguém esboçava reação alguma a tosse ou careta de Karen quanto a bebida. Nem mesmo Passamian pareceu se interessar menos em beber do copo; fora ai que a narradora deu por si, ela tinha esquecido por completo de oferecer-lhes água potável e o chá que prometeu! Desculpe-me Karen, ainda bem que você é ficcional e não morrerá de sede, né?! Já já eu te dou, juro. Só mais alguns posts, ta?! É uma promessa.

Enfim, enfim, enfim... onde estávamos?! Ah sim, no confuso. Quando Arthur raspou aquele prato... ah, o Machoke reforçou a batida! Agora sim o ritmo era marcado por uma batida forte e rápida, quase que um samba de tão animado! Karamakate abriu o sorriso e gargalhou de leve; logo mais veriam o leve efeito do rito:
- HOJE TEREMOS UMA PASSAGEM ESPIRITUAL - E fora só isso que o homem bradou, dando a deixa para que Mora saísse mais uma vez.
Agora sem a mulher em cena, os quatro personagens voltavam a ficar sozinhos. Acho aqui importante referenciar as vestes brancas do homem de referência; Karamakate fora até um dos galhos e buscou uma guia vermelha e outra azul, pendurando em seu próprio pescoço. Era a única coisa que realçava suas vestes! De resto?! Vestia uma calça larga e branca e uma blusa tão larga & branca quanto. Talvez esqueci de mencionar antes, mas o "delay" entre a entrada de Karen e a aparição de Kara fora justamente para isso; para se trocar e purificar.

O homem então veio com as duas guias no pescoço e se aproximou de Karen. Agachou-se colou sua própria testa na da protagonista e falou:
- Ògún pá ojaré - E pressionou (com delicadeza, porém ainda com leve pressão) sua testa na dela. Agora a moçoila podia sentir o calor da pele humana; a própria troca de temperatura a obrigaria a isso. Kara estava a muito tempo próximo das velas, o que fazia seu rosto estar absurdamente quente.
Quando descolou-se da menina, tirou do pescoço a guia azul e colocou-a sobre os ombros de Karen, como um colar grande-demais. A guia se apoiara em seu pescoço como um cordão digno, mas se estendia até o umbigo! Era feita de pedrinhas arredondadas amarradas à mão.

Ao fim do ato, Karamakate repetiu tudo com Arthur. O pokemon estava estranhamente quieto; parte por curiosidade e confusão, outra parte por puro respeito que, instintivamente, sentiu que deveria ter. O homem de cabelos grandes aproximou-se e tocou testa-com-testa mais uma vez. Instantes depois colocava a guia vermelha sobre o Passamian e falava:
- Ògún pá, lélé pá - E findou.

Agora Mora voltava para a cena e o Machoke diminuía o ritmo da batida. A trilha sonora voltava a ser lenta e num tom de suspense; a surpresa maior fora o que a mulher tinha em mãos. Com as duas mãos erguidas, carregava consigo duas espadas deitadas. Os objetos pareciam descansar em seus braços; por algum motivo, tinham um aspecto sonolento. Eu sei que espadas não dormem; mas pareciam tão confortáveis, que certamente estavam dormindo.
- Ògún Iyè! - Gritou Karamakate, sendo acompanhado de um só gongo pesado e alto, que ecoou por muito tempo no templo.
Mora corria à frente e ofertava aos dois uma espada. Os objetos eram idênticos; lâmina única e cega. Metal gelado; mais precisamente ferro. Pomo de madeira, cabo de ferro embrulhado em couro marrom. Aquilo era desnecessariamente pesado; certamente Karen teria dificuldade para empunhá-la mas Passamian a aguentaria sem muitos problemas.


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Eu pensei que iriam ficar irritados com Arthur, mas o senhor Kara apenas riu e continuou seu procedimento. Machoke começou a bater no seu instrumento mais rápido. As batidas pareciam anunciar algo que estaria se aproximando, e eu começava a ficar na dúvida do que poderia ser.

Depois de colocar uma espécie de cachecol bem grande para o meu tamanho no meu pescoço, senhor Kara fez algo bem estranho aproximando sua testa da minha. Aproximando não é a palavra certa, porque ele realmente tocou em mim. Sua pele estava muito quente, e comecei a me perguntar se ele não estaria sentindo calor com aquela roupa, barba e velas. Não pude deixar de ficar um pouco surpresa com o movimento, também. É inegavelmente estranho alguém se aproximar tanto do seu rosto.

Após fazer o mesmo com Arthur, ele continuou fazendo o passo a passo daquele rito.

Ele disse algumas coisas estranhas que não entendi e o som das batidas me pareceram uma trilha sonora de filme de suspense. Eu estava começando a ficar nervosa com a situação.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia, Mora chegava com duas espadas no rito.

Duas... Espadas?

Eu achei que tinha visto errado, mas era isso mesmo.

Fiquei na dúvida, pois não é lá o objeto mais comum hoje em dia. Entretanto, me chamou atenção que se tratavam de duas. Claro, eramos eu e Arthur naquele rito, mas... E se eu tivesse que lutar com ele? Aquela espada parecia pesada; eu não sabia nem se conseguiria levantar ela, quanto mais gladiar!

Mora pareceu oferecer os objetos para nós. Encarei atentamente eles, pensando no que era suposto eu fazer. Já Arthur não pensou tanto assim e pegou uma das espadas sem muitas dificuldades. Ele começou a cheirar, encarar e até deu uma lambida na lâmina. Eu não fazia muita ideia do que ele estava pensando, mas certamente esperava que não fosse um teste para saber se aquilo me machucaria antes de começar a fingir que eramos "gladiadores de brincadeirinha".

Hum... O que... O que é suposto eu fazer com isso? - Perguntei, tocando na arma.

Como estava confusa, decidi arriscar; peguei no cabo dela com ambas as mãos e puxei para minha direção.

A lâmina do objeto permaneceu no ar por alguns milissegundos em que eu consegui erguer ela, mas logo caiu no chão. Usei toda minha força para impedir que ela batesse com força no solo, mas não sei se consegui fazer isso muito bem.

Ahn... Só... Só um minutinho, hehe... - Tento levantar a espada novamente, mas não consigo fazer muito progresso nisso.

Arthur, que segurava a sua espada com apenas uma mão, me encara, confuso. Ele provavelmente não pensou em nada maldoso, mas eu pensei. Pensei que ele pensou "Nossa, era suposto eu obedecer uma pessoa tão fraca?"... Argh, odeio trabalho braçal.

Ele se aproximou de mim e colocou sua outra mão em cima das minhas. Sem fazer muita força, levantou a arma para mim.

Obrigada. - Eu disse, com um sorriso de alívio. Não fiquei muito tempo pagando mico na frente deles, eu acho. Agradeço ao Arthur por isso.

Ele apenas sorriu com aquela careta dele, que parece mais rir de mim do que sorrir propriamente dito, mas eu esperava que não fosse o caso...






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Karen não precisava saber o que estava fazendo; ela literalmente só precisava fazer. Empunhar a espada parecia uma tarefa pesada (e difícil) demais para a garota e, justamente por isso Arthur foi intervir. Sua intervenção foi precisa e cirúrgica, preciso dizer. Pousou seu coco no chão, aproximou-se de sua mestra, tocou-a com delicadeza e forçou o objeto para cima. Por trás de Karen vinha o rosto sorridente e simpático do pokemon, que sentia-se orgulhoso do próprio ato.

Pois devia. Quando enfim a espada da moçoila findou os 90º, uma sensação esquisitíssima tomou os dois protagonistas. Por algum motivo, estavam certos de que já haviam vivido aquilo antes; era um déjà vu inevitável e aos dois! Certas impressões tomaram a garota; sentiu ver Zumbi ao lado de fora fumando um charuto. Ouviu barulho de correntes caindo. Sentiu uma certa dor física nas costas e, por fim, rememorou uma cena que nunca viveu: uma breve batalha.

As fumaças do incenso pareciam intensificar e, a medida que Karen relembrava cenas que nunca nem sequer lembrou, o ambiente ficava ainda mais turvo. Num instante só, era difícil ver uma palma sequer a sua frente; estava completamente cercada de uma fumaça densa que lhe trazia um aroma de lavanda. Ao fundo, bem lá no fundo, uma gargalhada conhecida; era a mesma que Zumbi dera quando se apresentou.

Mas Zumbi estava ali?! E se estava, a onde?! Arthur olhou em volta desorientado, procurando algo para se segurar e, quando reparou que não veria nada, abaixou a cabeça e procurou no chão seu coco. Nessa altura do campeonato, já havia largado as mãos de Karen e, junto disso, sua própria espada. O lêmure parecia com a mesma estranha sensação de que estava preso naquele rememorar eterno; não via quase nada, ouvia irrealidade e, para piorar, sentia excentricidades.

A próxima lembrança que tomou os dois, fora de um bebê. A criança parecia-se muito com aquela que Mora amamentara mais cedo, porém um pouco mais grandinha. Ao lado da criança, um pokemon pouco conhecido por Karen (até porque, ela não conhecia pokemon algum), um Gallade. Os quadros e "frames" foram passando rápido-demais e, quando se viu, era Karamakate que surgia no mundo onírico, estendendo a mão a Karen e Arthur. Num ato quase que reflexo, Arthur toca sua mão e, num instante, toda a fumaça cessa e o tilintar das correntes caindo desaparece.

O que viam agora? Karamakate com um semblante sério, estendendo-lhes as mãos. Do lugar que entraram surgia Zumbi, com um charuto na boca e sua gargalhada bastante forte e original.

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Fique na dúvida se Arthur levantando a espada para mim iria funcionar, mas funcionou.

Eu não sei explicar como eu sei que funcionou, afinal de contas, eu não sabia o que deveria acontecer, mas algo de fato aconteceu.

Seria estranho tentar descrever o que foi. Eu estava no presente, mas no passado. Revivendo memórias que talvez nem tivessem acontecido, que talvez só aconteçam num futuro. Era uma sensação parecida com a de um sonho, mas eu me sentia acordada. Ou talvez eu não estava? Eu já não entendia muito. Aquilo pareceu durar horas, mas ao mesmo tempo, segundos. Suponho que a última cronometragem esteja mais correta, mas ainda sim fico na dúvida.

Muitas imagens passaram pela minha visão. Eu não lembrava mais delas com exatidão, mas uma pareceu me marcar mais. Aquele mesmo bebê que eu tinha visto no colo de senhora Mora parecia ter crescido, de alguma forma rápida e milagrosa que eu não entendia. Ele tinha um Pokémon ao seu lado, também. Eu não o reconheci, mas seus braços tinham o que pareciam espadas verdes saindo de seus cotovelos. Me perguntei se aquilo era um Pokémon existente, ou apenas minha imaginação. Acredito mais na segunda opção.

Antes que eu pudesse me dar conta, tudo sumiu. Aquela viagem "cessou" e eu voltei ao templo. Na minha frente, senhor Kara. Do meu lado, Arthur dando a mão para ele.

O-o que... O que foi isso? - Perguntei, colocando uma mão na cabeça e outra no peito, depois na barriga e nas pernas. Estava tudo ali, eu acho. - Algo estranho aconteceu. Eu não sei explicar, mas... - Na verdade, eu estava começando a me questionar se algo aconteceu. Mas, aconteceu! Ou será que não...?

Enquanto me perguntava, o senhor Zumbi entrou na sala, gargalhando. Minha cabeça não estava doendo, mas senti que deveria, depois de tudo aquilo. Ainda bem que não, pois ele ria com bastante força.

S-senhor Zumbi... - Me viro para ele, surpresa. - O que aconteceu? Eu vi algumas coisas estranhas, e algumas coisas normais, se posso chamar assim. Eu até vi o senhor! - Falei. - Eu não... Estou entendendo... Você tem um copo de água para me dar? Estou meio tonta agora...

Olhei para Arthur que parecia confuso, também. Ele abraçava seu coco e encarava senhor Zumbi com alguma emoção que não consegui identificar qual era. Poderia ser admiração, ou medo.

Você... Você também viu isso, Arthur? - Perguntei para o Pokémon.

Ele assentiu, mas não deixou de abraçar seu coco com força.

Mas... Por quê?  - Perguntei, me direcionando para o senhor Zumbi novamente.









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- Como é que eu vou sabe, dona - Parou, tirou o charuto da boca, assoprou a fumaça para o lado e continuou a fala - Eu num sei o que você viu.
Poderia parecer idiota a resposta de Zumbi; se ele colocou Karen e Arthur ali, ele devia saber todos os processos, não?! Bem... digamos que não. O líder não tinha como saber o que Karen viu e muito menos reafirmar a conotação daquilo; não podia nem garantir que Passamian passara por um mesmo processo. A única coisa que tinha certeza era que, se Karen não saiu dali extremamente traumatizada e com intenções horríveis, má pessoa não era.

Estendeu o charuto aos dois recém-curados. Mora ouviu toda a resposta de Karen enquanto dava gargalhadas e logo mais a moça ia ao canto do sacro-espaço de novo. Dessa vez trazia consigo toalhas finas e brancas e uma jarra d'água. Karamakate fizera o mesmo caminho e trouxe dois copos; deu um à Karen e outro ao Arthur. O pokemon agarrou o objeto com as duas mãos, viu que Mora o preencheria com água e assim que possível virou o líquido para dentro da boca. Repetiu o ato quantas vezes podia.

- Parabéns aos dois - Continuou Zumbi, reiterando a purificação de ambos - Mas se acham que já acabou... Vem, vem, venham comigo!
Saíra do local e, para a surpresa de Karen, o dia já estava próximo do por-do-sol. Esse não é o horário que a tal fogueira estava marcada?! Pois bem; deveria ser. Apesar do crepúsculo próximo,, Zumbi não pareceu ligar para o horário; partia em direção ao lago que delimitava a tribo na região mais ao Sul.

OFF: Desculpa o post horrível, to mei mal hj ):

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