001 - PRINCIPIUM

O homem (mais uma vez) gargalhou com a resposta de Karen. Deixou que ela depositasse em si suas preocupações, dei a volta na garota, deu um tapinha em seu ombro e esticou o braço, o passando por trás do pescoço da garota, como num "abraço lateral"... se é que me entende. Pois bem, feito isso se pôs a andar, quase que guiando a moça para a tal batalha, que lhe garantiria a finalização do rito. Antes que chegassem em qualquer arena ou espaço aberto, Zumbi precisava responder-lhe com algo óbvio e retórico:
- Você ou Arthur seriam mais felizes aqui?! - E fora apenas isso que falou.

Na cabeça do homem era 'óbvio' que a resposta seria 'talvez'. Na cabeça de Karen? Pressentia que não. Zumbi adiantou que a moça provavelmente fosse ficar desconsertada e tentar achar uma resposta certa para sua indagação, talvez por isso decidiu continuar alguns segundos depois, independente de qual seria a resposta dela:
- Ele nem nasceu, Karemachena. Não temos como saber isso - Prefirira não entrar em detalhes sobre os "cuidados" de um ovo; até porque, é só um ovo. Ele irá chocar em alguns dias e logo mais a moçoila terá um novo pokemon para cuidar. Ao invés disso, continuou guiando-a barracos a dentro.

Graças as barreiras visuais (árvores e construções), Karen não viu o amontoado de gente que começava a se formar um pouquinho mais a frente. Zumbi a escoltou por mais Quinhentos metros e, quando enfim tinha uma visão panorâmica da situação, percebeu que uma rota silênciosa de pessoas estava bem na frente de seus olhos.

Iriam para lá?! Bem, é claro que sim. Não só iriam como também caminhariam até o meio. A roda não tinha todas as pessoas da tribo; não chegava a ter nem metade. Apenas homens e mulheres adultas! E só as que se interessavam por esta religião (que inclusive era apenas uma das tão plurais expressões). Ao menos sessenta cabeças fora ali ver, mas ver o que?! Oh, não é óbvio, meus amigos?! A tão esperada batalha. Zumbi chegou próximo da roda já pedindo licença, ao fazer isso um corredor se abriu e Karen podia passar.

Sua surpresa?! Ver que Passimian já estava lá, bem no centro da roda, acompanhado de Lecca e seu filho Machoke, que mais uma vez carregava o atabaque. Arthur esperava ansiosamente que sua mestra reaparecesse no cenário.

- Boa luta, Karen - Disse Zumbi, dando-lhe um tapinha nas costas e a liberando para ir - Sorte é para quem precisa.
Talvez essa tenha sido a primeira frase clichê de Zumbi. Apesar disso, era ela real! Karemachena caminhou pelo corredor humano e chegou até Passimian com um ar meio inseguro; o pokémon também não estava muito certo do que deveria fazer. Seria a primeira batalha oficial de ambos; como diabos iriam proceder? Tudo que Karen precisava saber estava na tal da PokeDex, mas era hora para abrí-la ali?!

Bem, seria pior que não fizesse.

Aos poucos Machoke começava a tocar mais lentamente seu instrumento. Apesar da multidão de cinquenta pessoas, nenhuma emitia um pio sequer; era uma grande lição de respeito mútuo ao momento. Tão respeitosos e unidos que até se sentaram no chão juntos! De repente o Coro desceu, ficando todos de cócoras, salvo o próprio Machoke-rítmico, Mora com uma esfera na mão e Kamamakate, à esquerda do campo. O homem então arranhou a garganta e disse:
- Karen, você começa - Era um indicativo para que a moça desse as ordens primeiro.

Ninguém ali sabia que Karen não tinha convicção nenhuma em batalhas. Claro; com exceção de Zumbi, que reparou na inexperiência da garota assim que bateu o olho na inocência e incoerência da moçoila. Talvez por isso só sentaram e esperaram que ela falasse alguma coisa, sem muitas delongas. Mora já até havia ido para frente e liberado seu pokémon! O adversário estava revelado, o confronto já havia sido decidido, agora só faltava... começar?! Bem, parecia que sim. O inimigo em questão era um urso rosa, que até combinava com as madeixas de Karemachena, mas definitivamente não parecia um lutador (ainda).


Campo: Campo em roda. As bordas são os telespectadores! O chão é de terra batida e nada mais importa além disso.

Ninguém deu a mínima para a utilização da PokeDex de Karemachena. Na verdade, para terem capturados seus devidos pokemons, todos ali deviam ter uma; só caiam em desuso de quando em quando. Mora mesmo não usou a sua, foi pelo olhar e desvendou que Passimian era um pokemon tropical, físico, lutador e de defesas altas. Talvez por isso ordenara o óbvio:
- Linoa, use Baby Doll Eyes e Leer! - Gritou a adversária.

Bem, só agora que eu me dava conta; estávamos em Hoenn, mas o confronto era advindo de Alola. Pois bem, Passimian seria o primeiro "alolan" a agir, se estivéssemos em condições normais, claro. Como não estávamos, Stufful fora mais rápido; isso é porque o golpe ordenado a princípio (Baby-Doll Eyes) é um golpe de prioridade, e é muito mais rápido de se executar! Apenas encarou o lêmure e enfraqueceu-o um pouco.

Apesar do enfraquecimento, Arthur parecia ainda bem "superior". Catoou do chão uma pedrinha perdida, correu até a quadrúpede e esmago (-10) o objeto na cabeça dela! O Golpe não parecia suficiente para intimidá-la, mas certamente a deixou um pouco... desfavorecida? Acho que é esse o termo (-1 Def). A guarda da pokemon baixara e, justamente por isso (e por não ter que usar outro golpe de prioridade) que Arthur agiu primeiro dessa vez.

Retomando a normalidade dos fatos, o Passimian catou um segundo pedregulho, acertando mais uma vez o topo da cabeça de Linoa e quebrando a pedra por inteiro, agora causando um pouco mais de dano que antes (-11). Já irritado, a pokemon rosada bradou! Depositando todo o seu desdém e ódio sob Arthur (-1 Def), mostrando-o que não veio ali para brincar:
- Agora vamos contra atacar! Duplo Payback! - Ordenou Mora.


Campo: Campo em roda. As bordas são os telespectadores! O chão é de terra batida e nada mais importa além disso.

Pois é, em time que está ganhando, não se mexe.  Passimian recuperou a frente da batalha, retirando do chão os fragmentos da última rocha que chocou na faze de Stufful e agora lhe atingiu nas costas (-11 HP e -1 Def)! O quadrúpede grunhiu, emitiu um pequeno som de descontentamento mas logo entendeu que deveria usar aquela dor para outra coisa.

Isso mesmo, contra-atacar. Num ato de revolta, pegou uma das pedras que Passimian jogou contra si e simplesmente jogou-as de volta, num contra-ataque odioso que, mesmo pouco efetivo, era bastante sério (-9). Arthur havia tomado o primeiro golpe de sua vida e definitivamente não gostou; o lêmure demonstrou certa insatisfação e obrigou-se a acabar logo com aquilo. Vendo que a única forma de finalizar rápido era nocauteando seu inimigo, esmagou mais uma pedra em seu torço (-13), o deixando quase nocauteado! Foi por tão pouco! Linoa grunhiu, caiu ao chão e com o restante de vitalidade que tinha, revidou mais uma vez (-9)... deixando Passimian levemente cansado, mas ainda bastante disposto.

A batalha estava indo muito bem para a iniciante; Zumbi sentia um certo orgulho. Sabia que aquele não era para ser um desafio impossível de se passar, mas tinha que se considerar que Stufful era um pokemon já bem treinado e até "adultinho", então não há como tirar o mérito de Karen e Arthur daquela evidente vitória! Nessas horas o Machoke já apertava o congo; soava mais alto e mais forte, além de mais rápido também.


Campo: Campo em roda. As bordas são os telespectadores! O chão é de terra batida e nada mais importa além disso.

Mora dera alguma ordem sem muita relevância, visto que Passimian já não dava mais opções para Stufful; só teria mais alguns instantes de consciência, até tomar um temido Rock Smash e cair no chão, perdendo o restante da vitalidade. O que aconteceu depois era bem mais relevante! Agora Machoke cessava o batuque e descansava o braço, dando para Lecca o instrumento e sentando ao chão como todos. Zumbi levantava da plateia, assobiava até que seu ar sumisse por completo de seus pulmões e só depois disso anunciou:
- ACENDE A FOGUEIRA, PORQUE HOJE É UM DIA DAQUELES - E ai dizer isso, todos levantaram e caminharam em direção ao lado, porém em margem diferente que outrora Karen esteve.

Karamakate não, ele ficou. Tanto ficou que foi até ao encontro de Arthur e Linoa, num mmisto de preocupação e bondade em sua expressão. O homem de cabelos longos abaixou-se, chamou os dois lutadores para conversar e deu-lhes um pequeno frasco que saia de seus bolsos. Sim, era só uma simples poção; feita pelos próprios quilombolas, de gosto muito mais agradável que as outras poções em questão.

Não precisava borrifar ou sarar os ferimentos; a simples ingestão já resolvia a falta de vitalidade de muitos casos. Nesse?! Bem, certamente era um desses. Em instantes Arthur já se sentia bem de novo e o homem se levantava e ia ao encontro de Mora. O casal agora se abraçava, dava um beijo rápido e ao fim da demonstração de afeto, viravam ao Passimian e diziam:
- Tu é guerreiro, Arthur - e então viravam à Karen - Tu é guerreira, Karemachena - E iam embora, na mesma direção que o grupo marchava.

Fora só quando todos se afastaram um pouco que Zumbi se aproximou da nossa protagonista e (mais uma vez) passou o braço por trás de seu pescoço e chamou-a para mais perto; de uma forma muito esquisita, Zumbi não achava aquele ato invasivo ou coisa parecida, até porque, Karen não demonstrou incômodo com isso até então. Enfim, quando finalmente estavam sozinhos, o homem falou:
- Vamos indo também? - E dito isso, começou um ritmo lento, chamando Karen para caminhar contigo - Eu queria te fazer um pedido... Karen. Não são muitos treinadores que param aqui, e os que param, não costumam ficar muito tempo... e eu sei que você já ta indo embora, então queria te pedir um favor.
Fora ao dizer isso que deu a ela o ovo em seus braços; seu pedido não dizia a respeito do ovo, mas certamente não tinha mais motivo para estar com ele.



Campo: Campo em roda. As bordas são os telespectadores! O chão é de terra batida e nada mais importa além disso.

OFF: Progresso e Box atualizados.