[Sphere’s Universe] – Granite Cave –

Sinceramente, foi com uma certa surpresa que a ruiva recebeu a falta de recepção de morceguinhos venenosos, levando em consideração os contínuos e constantes ecos que reverberavam nas escuras paredes das alas pelas quais percorriam, passo a passo, adentrando cada vez mais as entranhas daquele enorme complexo de cavernas. O fato fê-la ponderar sobre se realmente teriam tantos selvagens quanto os sons sugeriam, ou se a imaginação era responsável por aumentar sua quantidade baseando-se meramente nos ruídos trazidos para si pelo sistema sonoro produzido naturalmente pelos túneis do lugar.

— Olha, já faz tanto tempo desde que rolou algum problema mais sério ou assombroso que, sinceramente, esse aqui parece o lugar ideal pra rolar algo do tipo. — Comentou, aproveitando a limitada iluminação alaranjada provinda de Pumpkaboo para olhar ao redor; Sabe, tinha consciência que eram praticamente um grande alvo vibrante no meio do escuro para qualquer um mal intencionado mas, infelizmente, não era como se pudessem evitar. Não enxergavam no escuro, afinal! — Obrigada! — Agradeceu, um sorriso gentil se expondo em retribuição às luvas entregues pelo moreno, as quais ela prontamente calçou, ajeitando pacientemente os dedinhos no molde da vestimenta. Seguiram com certa tranquilidade à medida que o caminho de abria e, quando tudo parecia estar bem…

Chase saltou no lugar diante do altíssimo e repentino barulho metálico que se espalhou pela galeria, o coração ameaçando arritmia e os dedos instantaneamente se fechando contra o braço do companheiro - isso é, pelo menos até ouvir seu resmungo dolorido sobre uma pá, fato que a fez erguer uma das sobrancelhas, discreta, antes de baixar os orbes acinzentados para o piso, os ombros relaxando quando se deparou com a ferramenta displicentemente abandonada. Já estava começando a pensar que podia ser pior quando ouviu a voz masculina se erguer do escuro e, aí, o cenho se franziu, as pálpebras estreitando enquanto as pupilas vasculhavam o ambiente, ariscas.

Se já tinham pessoas ali, por que diabos o lugar estava tão escuro assim?

— ...Você tá bem? — Foi a primeira coisa que perguntou, enfim afrouxando o aperto dos dedos no braço do unoviano e afagando-o com o polegar, suave. Com a pergunta, porém, deixou escapar um riso nervoso, balançando a cabeça com sutileza e apontando na direção de sua flutuante lanterna de abóbora à frente. — Se quiserem, bem, a gente é quase uma placa neon ambulante. Não é como se desse pra gente se esconder, ou como se valesse à pena, pelo menos. Ainda não. — Foi sua conclusão sussurrada, um dar de ombros leve vindo como uma confirmação das próprias palavras. Então, paciente, voltou-se ao escuro:

— Alô? Quem é que tá aí? — Questionou, mantendo-se próxima ao criador e olhando constantemente em volta, buscando quaisquer indícios que denunciassem a posição da desconhecida companhia. — Nós estamos procurando por alguém! — Anunciou. — Um pesquisador que está estudando a Granite. Você está sozinho? — Quis saber.

...Restava torcer que não fosse encrenca, huh?

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Inevitável foi o alívio que pulsou em seu peito quando, mesmo que só após alguns arrastados segundos de silêncio, um baixinho e gorducho minerador abandonou as trevas para se apresentar e cumprimentá-los, oferecendo também a explicação que tinha para estar trabalhando sem a utilização de uma única fonte de luz sequer. Durante a justificativa apresentada pelo homem, os orbes acinzentados da moça se limitaram à passear pela imagem escura e irregular do pokémon que o acompanhava, o cenho se franzindo com suavidade diante da simplicidade rochosa do animal. Ora, não fosse pelo vibrante olho alaranjado, podia bem confundi-lo com um monte de carvão no canto de uma caverna…

— Nós encontramos com algumas meninasa atrás, e elas disseram que ele tinha vindo por aqui. Será que não chegou a ver alguém ou alguma coisa? — Acrescentou, completando as informações fornecidas pelo unoviano. Além disso, a ruiva também observou quando o monstrinho do desconhecido se afastou rumo à escuridão, fazendo atiçar a pulguinha que se remexia atrás de sua orelha. — Desculpe, mas do que é que vocês estão atrás? — Quis saber, as pálpebras se estreitando levemente na direção pela qual o tal Rolycoly havia se afastado, momentos antes de retornar a atenção na direção do minerador. — ...Talvez nós possamos ajudar? — Sugeriu, um sorriso simples brincando nos lábios, sereno.

Não tinha certeza se valia a pena perder tempo por ali mas, ora, também poderiam acabar se separando com alguma coisa interessante, não?
Só vendo pra saber.

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"Pedras raras para uma coleção.", ela pensou, ecoando no consciente as palavras ditas pelo minerador.
"Seriam Mega Stones?", veio a questão, e o cenho se franziu com sutileza enquanto a ruiva ponderava a probabilidade de estarem ou não falando do bendito herdeiro da Corporação Devon - afinal, se por um lado não deviam existir lá muitas pessoas com o mesmo "naipe" de objetivos por ali, ora, também poderiam meramente se tratar de treinadores com intenções idênticas àquelas que eles próprios detinham ao embarcar naquela aventura, o que poderia ser indício de que estavam seguindo uma pista falsa mas, huh, não era como se tivessem muitas (ou mais) opções. Além disso, existia a ponderação sobre a informação passada pelo homem à respeito dos tais Makuhitas territoriais, e a moça refletiu quão problemática poderia ser a travessia pela área.

...Coisas demais para se pensar, certamente.

— Mineração de Stones? — Perguntou, pendendo com suavidade a cabeça para o lado em um gesto curioso. — Não sabia que dava pra fazer isso por aqui... Apesar de que, sinceramente, eu nunca parei pra pensar direito na possibilidade desse tipo de coisa. — Comentou, trocando um breve olhar na direção de Valassa antes que ambos acompanhassem o gorducho senhor, o brilho emitido por Pumpkaboo diminuindo sua intensidade em resposta ao "pedido mudo" do homem quando este desligou o próprio capacete. Não longe dali, com os olhos um pouco mais adaptados ao escuro, a moça enxergou o ponto avermelhado que se destacava em uma das paredes de granito, enquanto ouvia atentamente a explicação dada pelo minerador.

Luch foi quem tomou a iniciativa de traçar um rápido plano que, embora meio duvidoso à primeira vista, talvez fosse a melhor oportunidade que teriam para auxiliar a dupla em seu projeto de mineração. A treinadora limitou-se à assentir com suavidade, mas também se preocupou em recuar alguns passos, só pro caso de necessidade de distância naquele pequeno trabalho improvisado.

— Parece bom. — Incentivou, antes de se voltar brevemente ao seu fantasma flutuante. — Pumpkaboo, use seu Rock Slide para arremessar algumas rochas ao redor da Stone. Se não der certo derreter, vamos tentar desprendê-la da parede, tudo bem? — Instruiu, tranquila. — Tome cuidado pra não machucar ninguém! — Reforçou. Não sabia se seria lá de muita ajuda, mas...

Enfim, né?

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