Sine Qua Non

Sua passagem por Arboville foi rápida, depois de fazer um check-up em seus Pokémon no Centro Pokémon e almoçar, o primeiro item que riscou da sua lista foi visitar uma loja especializada em vestimentas para encarar o pântano conhecido como Green Mangrove. Comprou botas de cano longo, calça e blusa de manga comprida impermeável, além de repelente suficiente para usar por uma semana. Ali mesmo na loja mudou de roupa e seguiu para o norte da cidade.

A todo instante que perambulou por aquele lugar peculiar que muito lembrava Fortree em Hoenn, Will perguntou para quase todas as pessoas em seu caminho se alguém tinha visto o pequeno Blank, sobrinho do líder de Ginásio de Cianwood. O piralho metera na cabeça, para se provar ao tio, que conseguiria sobreviver uma semana nos pântanos, loucura ou não, sua chance sozinho era mínima. Por tanto, o membro da família Allstar estava com presa e mesmo que não tenha obtido nenhuma informação relevante das pessoas de Arboville sobre um menor de 10 anos seguindo para o pântano sozinho, ele prometera ao Mestre Chuck que reviraria o lugar até achar a criança.

- Aqui está o Kimono dele, Ka – Disse parado na borda da região com a vestimenta na mão para que a sua Lucario pudesse sentir o cheiro da criança. Tendo um faro apuradíssimo, ela talvez encontrasse o cheiro do Blank, apesar de nem Will colocar muita esperança nisso. Contudo, existia outro motivo relevante para Katana ser a sua principal escolha para estar ao seu lado na busca, ela sentia a aura de todas as coisas vivas. – Não vamos deixar passar nada. Se encontrar a presença de um ser vivo, guie-nos até lá. Mesmo que não seja o Blank, posso encontrar algum Pokémon interessante. Com alguma sorte um Grass ou Ground cruza o nosso caminho, mas o melhor de todos vai ser um Croagunk, faz tempo que enrolo para capturar um. Não vamos perder essa oportunidade.


Off: Eggs de Happiny – 01 post

“Acho que entramos pelo pior lugar do pântano” – Pensou sentindo um calafrio ao ver a paisagem miserável. A escuridão se adensava pelo lugar, em alguns pontos podia jurar que via nuvens toxicas explodirem dando vida ao fogo fátuo. Aquele era um bom cenário para um filme de terror. Pensar nisso o fez questionar se Blank não se mijou de medo e deu meia volta, direto para a cidade, gastando suas economias em uma hospedagem barata só pra bater o prazo de uma semana e dizer falsamente que havia conseguido. Não, o garoto pareceu corajoso no áudio que Will ouviu e se os Pokémon que estavam com ele tivessem um mínimo de respeito por Chuck, não abandonariam a criança à revelia e ela sabia disso. Provavelmente a maior parte de sua coragem vinha dos seus parceiros.

- Melhor nos mantermos nas trilhas, vamos evitar o máximo entrar nessa água... – Comentou apontando para o trecho “seco” mais próximo, aquele que parecia uma trilha comum para os moradores que se aventurassem na Green Mangrove. Em resposta, Katana indicou um Gastly no local, do qual Will não dera muita importância até a criança se aproximar.

- Eu acabei de ver um, ele estava bem ali – apontou o lugar em que o Gastly desaparecera, sem o mínimo de remorso por delatar o fujão – Parece que ele gosta ainda mais de brincar de pique esconde com você... – Continuou sorridente, tentando parecer simpático. – Deixa eu aproveitar que está aqui, por a caso você já viu esse garoto? – Com o Rotom Phone na mão, Will mostrou uma das fotos (Link) que Chuck lhe passara. A chance era uma em um milhão ou mais, mas vai que acontece? – Eu me chamo Will. Você costuma frequentar muito essa área?

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É, aquele encontro foi muito mais breve do que o esperado. Aparentemente, Gastly gostava de aprontar, mas era obediente o suficiente para não continuar fugindo após ter sua posição revelada. Será que o fantasma queria que o Karateka entrasse na brincadeira? Infelizmente aquele não era o momento, pois Blank podia estar em perigo.

- Entendi, obrigado pela dica, Max! – O garoto tinha nome de gente importante, será que quando crescesse seria um pensador revolucionário? Will lhe desejava sorte em seu caminho. Virou-se em direção a trilha e puxou Katana pelo ombro – Vamos indo, garota.

Os dois seguiram pela trilha observando a região ao redor em busca de algum sinal do garoto, se aquele pântano fosse grande como imaginava teria incontáveis caminhos/trilhas e “ilhotas” de terra, como um labirinto vivo com água e árvores no lugar de paredes. Blank poderia estar em qualquer lugar.

Katana foi a primeira a ver o objeto, correndo até ele. Will moveu-se de pressa logo atrás arregalando um olho questionador ao ver do que se tratava. – Sabe se é do Blank, Ka? – Depois, como se pensasse alto, desviou o olhar para a água lodosa parada da região, cheia de matéria orgânica se decompondo - Ele realmente tomou banho nesse lugar? – Isso ou ele estava usando de banheiro. Para ter deixado a cueca ali provavelmente entrou na água e se perdeu ou saiu fugido dali quando foi pego de surpresa por algo ou alguém. A segunda opção era a mais viável.

- Vamos continuar olhando por aqui para ver se encontramos mais pistas. – Passeou com os olhos por todos os caminhos em que pudesse andar em meio a vegetação, teria que verificar todos. – Sonde a área com o seu poder da mente garota. Vamos ver se você percebe alguma aura... – Assim ela o fez, parou momentaneamente e se concentrou ampliando o seu espaço de percepção invisível em todas as direções em um campo esférico de 360º. Qualquer criatura com alma não escaparia se estivesse dentro do alcance de sua “teia”.

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Katana pareceu ver aquela pista por uma perspectiva diferente, deixando Will ainda mais preocupado. – Você realmente acha que ele se despiu pra viver peladão como um Pokémon na selva? Se isso for verdade, esse garoto está mais pirado do que eu imaginei. – Aquilo era ruim, Chuck pediu para ser gentil com Blank ao trazê-lo de volta, mas se ele realmente vivia desse modo e estava conseguindo sobreviver a selva, provavelmente o Karateka teria que usar a força e não o diálogo para arrastar o garoto dali. – “Mas o que diabos você fez a esse garoto, Mestre Chuck?” – Pensou com uma expressão dura no olhar antes de voltar a procurar.

Alguns rastros foram encontrados, entretanto não eram significativos. Quase a todo instante Will olhava para Katana em busca de respostas, mas ela balançava a cabeça negando ter encontrado alguma coisa com o seu “radar” sensorial. Apesar de tudo, aquelas pistas passavam a sensação de que estavam no caminho certo. Blank, afinal, estava com alguns dias de vantagem. – Só faltava essa agora! – Nuvens carregadas avançavam sobre a região do pântano só para dificultar ainda mais a procura. Com a chuva, qualquer odor no ar seria escondido e para piorar o nível da água subiria. – Não tem muito o que fazer, vamos continuar... – Se a água subisse demais, teriam que fazer uma pausa na busca e procurar uma ilhota acima do nível da água para esperarem o grosso da tempestade passar. Will levantou a gola da jaqueta e colocou um boné na cabeça para proteger os olhos da chuva que estava por vir.

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- Ka, não está dando pra continuar – Gritou embaixo do aguaceiro tentando vencer o som da chuva. Andar em meio a lama estava se tornando uma tarefa quase impossível. Isso fez o treinador pensar se não cometera um erro, para aquele habitat o seu Poliwrath teria sido uma escolha muito melhor, mas infelizmente não o trouxera consigo. – Precisamos ir para uma parte alta.

Naquele ponto Will e Katana deram as mãos, venciam a distância com um “arrastando” o outro, agarrando-se em árvores vivas e mortas para puxarem sempre que um dos dois atolava no lamaçal. Por sorte, Lucario encontrou o que eles precisavam, uma elevação de terra que os deixava longe da água do pântano. Por outro lado, estavam molhados até os ossos devido a chuva que não dava trégua.

Felizmente, eles encontraram uma caverna e correram para dentro até ficarem longe das gotas d’água que invadiam o lugar por causa do vento. – Bom trabalho, garota. Mas um pouco e morríamos afogados lá fora. Mas que pé d’água. – Ele começou a apertar a roupa para escorrer a água, mas sabia que era inútil, pois sentia a cueca molhada. Depois, se viu repetindo o processo com cara de infeliz quando Lucario se sacudiu toda para se secar. – Valeu por isso.

Enquanto Will pensava em montar uma fogueira para se secar e preparar um acampamento, Katana começou a explorar a caverna, chamando o Karateka ao encontrar uma pista. – Ele esteve aqui? – Ela acenou com a cabeça empolgada. – Você é mesmo uma ótima rastreadora, se bobear é melhor do que o meu tio. Vamos investigar, a fogueira fica pra depois. – Ele “afastou” o frio do corpo com a determinação e avançou, preparando o seu Rotom Phone para iluminar o caminho. Fora então que percebeu que o Aplicativo do Itemfinder estava ligado, quem sabe encontrava algo de útil por ali.

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