[MISSÃO DE SOCIEDADE] REFRAÇÃO - Virtuum

Vorazmente, comecei a ler todas as notícias dos sites mais prestigiados de jornalismo, que se resumiam principalmente em três. Fiz uma "leitura dinâmica" das três reportagens e depois sintetizei o conteúdo em minha mente, resumindo os fatos mais importantes. O homem se chamava Milton. Eu sabia que ele era esposo da Mafalda (Era isso mesmo?). Ele tinha um filho e um Alolan Golem, que não sei os nomes (ou talvez não lembre). Ele portava uma maleta, foi baleado de forma não-letal, aparentemente intencionalmente, foi atacado por um vulto que trajava uma blusa com R estampado e que tinha um poderoso Quagsire, o que realmente era incomum. Mas enfim... Era de fato, algo que não ocorria todo dia, principalmente envolvendo figuras tão exóticas... Um ambulante e um pseudo-Rocket? Ok...

— Milton está bem... pararã... Virtuum já no caso. Menina investigando e... — Peraí... Menina? Que menina da Virtuum estaria investigando? Natalie? Karinna? Karen? Yoshiro? Mísia? Por que ninguém me disse nada? Tratei então de pegar o Rotom Phone para acessar o PokéZap, enviando uma mensagem sucinta e objetiva para o grupo: "Ei, quem mais tá fazendo esse Contrato em Viridian? Estou aqui no Centro Pokémon. Revelem-se!". E ENVIADO! Ok, agora era só esperar alguma resposta... Isso realmente não estava me cheirando bem... Então, passei o tempo de espera olhando o PikiPek, uma outra rede social onde pessoas fazem comentários curtos, sinceros e muitas vezes... Chatos...  Lá eles tinham inúmeras teorias da conspiração sobre o porquê um ambulante andava com uma maleta e se vestia tão bem e... Porque logo ele foi roubado e baleado desta forma. Que raios tem nessa maleta afinal? Uma pergunta boa, que ficaria sem resposta...

Argh... Toda essa massagem mental me fazia voltar à alguns minutos atrás... Eu tentava não pensar no mistério em si, que já me dava dor de cabeça, mas na verdade acabei pensando em outra coisa nada a ver que fazia todo sentido agora... Era a fala da Joy sobre uma menina ter perguntado sobre antes de mim. E bem... Poderia matar parte da curiosidade ao questionar diretamente a Joy sobre quem era! Voltei então correndo ao balcão e perguntei esbaforido... — Joy! Desculpa, mas... Você lembra como era a menina que perguntou pra você antes de mim sobre esse vulto e tudo mais? Eu estou pensando em ir ver com ela se tem dicas também. Você sabe onde ela pode estar? — Perguntei, arfando, mas com um sorriso no rosto. Se ela não soubesse nada, iria até o Campo de Treino ver com possíveis treinadores se sabiam de algo. Seria uma parada rápida antes de ir até o

Certo... Eu tinha bastante informação em mãos. Tinha tanto que me sentia até perdido e ansioso... Por onde começar? Bem, começaria pelo fato que mais me incomodava e perturbava nisso tudo. E não, não era o vulto em si... Isso acontecia em toda a cidade violenta, mas alguém possivelmente se passando por membro da Virtuum certamente não era algo que ocorria todo dia. Seria possível ser alguém querendo surrupiar a recompensa da Missão? Hmm... Sendo assim, fui até a Joy para fazer a derradeira pergunta, recebendo uma informação curiosa... Uma menina loira (possivelmente peruca), de olhos coloridos e de uma altura específica. A cor dos cabelos e dos olhos poderia me levar a algumas meninas da Sociedade, mas a altura era quase uma eliminação de 99% dos membros. TInha quase certeza que havia mesmo um "caroço debaixo desse angu".

— Muito obrigado Joy, você está certa. Ela deve estar lá mesmo. Não vou perder tempo e vou lá —  Por sorte, a Delegacia e o aparecimento do vulto ficavam próximos entre si e também do Ginásio, o que me pouparia trabalho... Então após agradecê-la, corri até a frente do Centro Pokémon e já fiz "sinal" para o primeiro coletivo que apareceu, afinal ela disse que todos iam para o Ginásio, né? Entrei esbaforido e passei direto pelo motorista, apenas fazendo um aceno com a cabeça, mas... Por via das dúvidas, retornei para falar com ele — Ah, bom dia! Esse ônibus passa no Ginásio da cidade, né? Estou meio perdido, sou novo por aqui... — Perguntei, esboçando um sorriso "normal". Eu até podia ir voando, né? Mas a frase da Enfermeira sobre os voadores pegarem friagem mexeu comigo mesmo, deixaria para usá-los apenas em caso de emergência. Mas enfim... Restava apenas esperar chegar ao destino. Se fosse o ônibus certo, né?

Com uma simpatia tremenda, o motorista do ônibus me informou que realmente era a linha correta, dando uma orientação de onde seria o ponto ideal para descer, se meu foco era de fato o Ginásio. Agradeci prontamente e esbocei um sorriso, sentando-me em uma cadeira individual logo atrás do próprio motorista, enquanto vislumbrava um pouco da vida noturna de Viridian, uma cidade que pouco conhecia. Não era a das mais animadas, diga-se de passagem... Com exceção de lugares-chaves, o restante das rua encontrava-se friamente vazia... E eu digo "friamente" no sentido literal e também figurado, afinal estava acostumado com a animação quase eterna de uma cidade, como a de Nimbasa e esse "vácuo" de gente parecia muito estranho, típico de filme de terror.

Lembrando de minha cidade natal, me toquei de que lá os motoristas também não eram simpáticos lá da mesma forma que eram por aqui, afinal era muita bagunça de jovens e pessoas cheias de energia para todos os lados. Eles eram os principais alvos de todo esse caos, principalmente com os coletivos lotados — Droga, a Joy parece que fez atrair mais frio, nem lembrava de estar tão frio assim quando cheguei... — Comentei, para mim, falando baixinho, enquanto acariciava o próprio corpo com os braços. Para ajudar, abracei a mochila que tinha a Ball do Slugma e ganhei um pouco do calor que conseguia atravessar o material. Com uma sensação mais agradável, coloquei a cabeça para funcionar sobre o que deveria fazer.

Se toda a cidade estivesse tão vazia como essas ruas que levavam ao norte, então seria arriscado ir vasculhar o Ginásio sozinho com o vulto à solta. Sendo assim, a melhor opção tornava-se a Delegacia. Observei no meu Rotom Phone, abrindo um App de Mapa e notei que poderia me manter neste mesmo ônibus para alcançar a Delegacia alguns pontos depois, então não perdi tempo em tomar esta decisão — Ei piloto! Vou descer na Delegacia, pode passar direto do ponto do Ginásio, ok? — Comentei com o homem, fazendo um sinal de positivo com a mão. Em seguida, apenas me mantive imóvel até o momento ideal de descer — Tenha uma boa noite e uma boa volta para casa! — Disse ao motorista, enquanto diminuía a velocidade do coletivo nas proximidades da Delegacia. Quando parasse, era só descer e entrar lá o mais rápido possível.

Assim que anunciei que desceria na delegacia, notei um olhar de preocupação por parte do motorista. Um olhar que me soava como um: "Eu sei que você está sofrendo abusos... Pode falar". Bem, talvez não isso exatamente, talvez seja apenas coisa da minha cabeça, mas enfim... Esbocei um sorriso sem graça para ele, ao acenar para me despedir, e então desci de uma vez. Assim que cheguei na calçada, fui abraçado pelo frio e levei os braços a envolver meu próprio corpo, enquanto adentrava a delegacia, certo de que me sentiria mais aquecido... Mas não foi isso que aconteceu... O lugar era arejado até demais e, por estar tão deserto, parecia um cenário de filme pós-apocalíptico.

Se não fossem duas figuras, eu estaria solitário. A primeira, uma auxiliar de limpeza que trouxe a bebida "dos céus", um café quentinho para visitas e funcionários. O cheiro inebriante dominava o ar e quase me arrastava para lá. Entretanto, também arrastava a segunda figura do lugar, que parecia ser uma recepcionista. Sendo assim, apressei-me a chegar na bebida quente primeiro, independente dela achar que estava ali para roubar ou não. Aliás... O que eu falaria ali? Que alguém estava se passando como membro da Virtuum para infiltrar-se nas investigações? Deveria perguntar sobre o vulto, assim do nada? Bem, aí que seria mesmo suspeito... Era melhor agir como se eu não soubesse de nada do que ocorreu recentemente com a tal menina saindo nas notícias. Afinal, eu cheguei na cidade agora, né?

Pegando um copo de café então, esperei que a recepcionista se aproximasse para puxar assunto — Boa noite! — Disse com um sorriso e um aceno de cabeça, bebendo um grande gole de café, que me aquecia por dentro felizmente — Será que o delegado está disponível? Sou um membro da Virtuum e fui enviado para auxiliar com as investigações sobre o vulto... — Expliquei, tomando mais um gole de café. Provavelmente a mulher diria que eu deveria esperar ela retornar ao posto, ou algo do tipo, mas acho que é melhor falar agora do que ficar quieto e só depois tocar no assunto. Seria menos... Suspeito, talvez? Oh céus, eu agia como um criminoso tentando parecer "normal", sendo que eu não tinha feito NADA! Espero que isso não me atrapalhe...

Quando notei a mulher vindo na minha direção, achei que diria que eu não poderia tomar café ali, mas para a minha surpresa, ela ficou até preocupada com o meu estado de "batendo o queixo". Tão sensível ao meu problema, que até ignorou meu pedido, ofertando um casaco. Achei interessante a ideia, poderia até manter uma pose de durão com um desses (ou não), mas antes que conseguisse emitir algum som de afirmação ou confirmação, ela alterou o discurso para atender meu pedido inicial, ao qual apenas sorri e dei de ombros, seguindo-a até o balcão. Finalmente iria "iniciar" de fato aquela missão...

— Identificação? Vai ser moleza! — Disse para ela, acessando o App da Pokédex no Rotom Phone, onde constava os dados que o Professor Birch (ou um de seus assistentes) cadastrou em meu aparelho, como Pokémon Inicial, nome, cidade de origem e etc. Acredito que isso serviria... Entretanto, havia mais. Enquanto procurava essa identificação, a mulher também comentou sobre algo que confirmasse a minha participação da Sociedade, até mesmo o Contrato que recebi. Bem, certamente este último seria o mais prático, afinal foi assim que descobri sobre tudo aquilo em primeiro lugar. Prontamente acessei o documento no Rotom Phone e também mostrei à mulher pela tela do aparelhinho — Luch Valassa Drac, Healer da Virtuum. A seu dispor! Estou ansioso para dar um apoio nessa missão, afinal o prazo é curto, como diz no Contrato...

Eu me mantinha "me fazendo de desentendido" sobre a presença de alguém como participante desta missão. Fico pensando em como ela conseguiu ludibriar todos com uma segurança tão grande. Ou realmente é alguém da Sociedade e a Joy não soube descrever, ou uma pessoa bastante especializada em infiltrar-se em Sociedades ou... Alguém bem próximo de algum dos envolvidos na investigação. De todo modo, eu teria que confrontá-la em algum momento, mas gostaria de fazer isso quando ninguém estivesse olhando. Vejamos qual será a reação dela ao ver um membro da Virtuum em público... — É só isso? Estou pronto para seguí-la para onde devo ir...