Luch foi esperto, sem dúvidas. Passou o olho pela translúcida porta e tentou analisar o conteúdo daquela lanchonete antes mesmo de analisar seu "beco" mais a fundo. Não era difícil para ele fazer isso; seus lindíssimos olhos azuis atravessaram as janelas enormes de vidro e as grades "transvisions" do estabelecimento, conseguindo montar em sua cabeça um interior menos fantasiado e mais sólido.
Pois vamos a esse interior?! Vamos!
De início Luch viu o canto esquerdo; ilustrado com balcões de cadeiras individuais num mesclado de azul & marrom. Caminhou um pouco o olho para o fundo e foi até o balcão de atendimento, onde via apenas um caixa aberto (de quatro totais) e uma moçoila com leve sobrepeso. Estava tão entediada que botou os dois cotovelos sobre a mesa, apoiou a cabeça nas próprias mãos e jogou todo o peso para cima daquele balcão. Ora ou outra suspirava ao ver o movimento nulo da lanchonete. Depois disso, Luch voltou suas vistas para o meio do salão.
Ali viu um bocado de mesas e cadeiras sem ninguém. Todas em marrom e azul; reparando que as paredes também seguiam esse padrão. O uniforme da moça entediada destoava alguns tons de vermelho, a fazendo "gritar" naquele ambiente. Salvo isso?! Tudo Marrom & Azul. Talvez por esse "destaque" Luch voltou os olhos para a mocinha do balcão, dessa vez se permitindo ir mais fundo e vendo por detrás dela: uma cozinha estilo Fast-Food original e, na extrema direita, um corredor que parece dar à cozinha e à outras coisas. Sala do gerente? Banheiros? Fundos? Vestiário? Área dos Funcionários?! Talvez. Não é como se Luch tivesse como saber apenas ao "olhar".
Pois então, voltou ao meio e foi até a direita e "pliiim", um funcionário! O homem se sentara nos balcões solitários das paredes; simétricos aos que narrei na esquerda. Ele era baixinho, jovem (cerca de quinze anos) e tinha alguns fios desgovernados em seu cabelo - majoritariamente - liso. Não parecia que veio para ficar; sentara de costas para o balcão, olhando para o chão e balançando a perna ansioso.
Certamente ele não queria estar ali; seu semblante passava uma apatia falsa, reação comum a medo. Pedira um lanche no Ifood e decidira ir retirar no local para economizar 5 reais; se arrependera amargamente quando viu o endereço da lanchonete. Agora ele estava extremamente ansioso, nervoso e medroso (?), querendo que seu lanche ficasse pronto o mais rápido o possível.
Só que o curioso não terminou ai... na verdade, podemos dizer que fora este o ponto-de-vista de Luch que começou a curiosidade. Fora "no momento do olhar" que o garoto foi (enfim) servido de seu lanche, por uma garota que eu estou CERTA de que Luch sentiria um "... eu te conheço de algum lugar".
Veja bem, narrarei-a para você e verei se consegue reconhecê-la.
Primeiro de tudo; o cabelo. Numa tinta-barata (que parecia desbotar rápido demais) a moçoila guardava por debaixo da boina-de-uniforme um cabelo preto que reluzia vermelho-cereja; como se estivesse mal-pintado ou coisa do tipo. Talvez fora um efeito proposital; talvez não. No mais, o corpo "nos ombros" revelava um cacheado leve; daqueles que se separam em pequenos cachinhos, levantando consigo um pouco de fios aqui e um pouco acolá.
Tinha uma franja que, se esticada, lhe tampariam os olhos quase que completamente. Como olha por onde anda (normalmente), a "elevação natural" de seu cabelo a posicionava na altura dos "orbes". Orbes esses que eram de um cinza bastante "vazio"... se é que me entende. Não era uma mulher de muitos ânimos; parte disso era reverberado em seus braços, com um bocado de cicatrizes de cortes e arranhões.
O que causara esses cortes?! "Situações de quase-morte" e pararei por ai; não a conheço tão bem para dizer mais que isso. No mais, a moça vestia um uniforme simples, que não valorizava muito suas curvas-suaves... talvez por não ser do seu tamanho?! Não sei; aquele uniforme parecia ter um ou dois números a mais em sua forma...
... O que, em hipótese alguma, a deixava menos linda aos olhos do garoto...
... Além disso, posso lhe informar que o azul-escuro e o marrom-escuro contrastavam bem com sua pele extremamente alva. No mais, ela dera o pacote de papel para o jovem cliente que logo levantara e saíra disparado daquele lugar; atravessando a porta-automática e correndo em direção a sua casa.
Não que Luch pudesse reparar muito mais, logo sendo compilado por Margo que ouvia suas pontuações e pensava com seus miolos: "nós demos que adentrar os fundos daquele estabelecimento":
- Acho que se todos pudessem voar, eles não usariam esse bequinho... eles só "voariam", não?! Sei lá, nem todos tem "seis pokémons confiáveis" e, entre esses seis, um voador. Eu mesma tenho um, mas sei que a maioria dos meus parceiros de sociedade não tem essa sorte... - Eu não sei o quão verossímil é isso, mas fazia certo sentido Margo querer firmar um certo caminho firme ao chão - Precisamos entrar ali... e não adianta sem como cliente... eu quero ver os fundos e.... - Ela mesma se cortou.
Num estalar de dedos, Margo mostrou-se completamente "cheia de si". Tomou todo o ar da atmosfera para seus pulmões, deu um suspiro intenso e falou: "Tenho uma ideia!". Se Luch apertasse os olhos e visse bem sobre a cabeça de Margo, ele poderia ver uma lampadazinha acessa com a palavra "Eureka!" piscando...
Pois bem, o plano?! Ah, ela não iria falar. A moçoila apenas posicionou os dois punhos (fechados) próximo de seu queixo, fechou sua base e se preparou para dar um belo de um socão bem na fusa de Luch.
O impulso fora tão rápido que o garoto nem viu o que lhe atingiu; Margo apenas mirara bem no meio de seu nariz e lhe dera uma belíssima sequência de jab-direto, comum do Boxe ou qualquer outro derivado. Logo em seguida limpou a mão na própria blusa e viu Luch bambeando as pernas. Seu nariz instantaneamente começara a sangrar e ela lhe puxara para cima de seu ombro, começando a gritar:
- ELE FOI ATACADO, ELE FOI ATACADO - Gritava a menina, correndo para dentro do estabelecimento - EU PRECISO DE AJUDA, ELE FOI ATACADO!!! - Anunciava a plenos pulmões...
O interior já está narrado, não é?! Pois bem; só lhe direi uma coisa a mais. Quando Luch entrou no estabelecimento, a moçoila que perdi meu tempo narrando lhe viu e demorou um tempo para associar a realidade dos fatos. Depois de um delay de dois à três segundos, ela emitira um "Luch?" meio perdida, se tocara do óbvio e CORRERA ESTABELECIMENTO A DENTRO NA VELOCIDADE DA LUZ.
Margo olhou aquela reação sem entender nada, mas pretendia largar o garoto nocauteado ali no chão mesmo e correr atrás da foragida. Não o fizera ainda; talvez Luch tivesse uma ideia melhor...