011 - MISSIO

É isso, Karen. Talvez não tenham lhe explicado, mas Rangers da sua patente ainda tem pouca autonomia para agir, por isso precisam se aliar a algum superior em algumas missões. Essa era uma destas, pois envolvia um esquema de patrulha, locais específicos para ir, divisão de grupos e, enfim, coisas que realmente a descrição da missão não deixa tão claro, mas você virá a descobrir.

Por sorte, o posto Ranger da cidade fica num lugar que já é familiar: a Delegacia. Lá, o recepcionista meio "nerd" já até reconhecia a garota e, no automático tinha a autorizado a passar pela catraca, sem muita cerimônia - ainda bem que essa é a Karen verdadeira, não a falsa que anda circulando por Star City!

Uma vez lá dentro, veria o guichê dos Rangers sem dificuldade, graças aos tons quentes que destoavam do cenário frio dos azuis, cinzas e brancos da polícia. Atrás do balcão, uma Ranger com trajes de Cadete manuseava um tablet com habilidade. Em frente a ela, de pé, um trio de laranjinhas - como chamo carinhosamente os Rangers - aguardava algo, conversando entre si vez e outra. Deve ser ali que se dá o primeiro passo!

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Bem, seria interessante ter se apresentado devidamente uniformizada? Seria. Mas você ainda não estava em serviço, então não era nada obrigatório, seria nada mais que um detalhe de formalidade. Em todo caso, foi inevitável receber um olhar analítico da Ranger do outro lado do balcão, antes dela se voltar ao próprio tablet.

– Oi! Karen, né?! Karen, Karen, Karen... – deslizava o dedo pela tela do aparelho, buscando – Erh... Tem uma Okido aqui, mas é de Karemachena, seria você? – tinha dúvida no olhar da outra garota, enquanto os demais Rangers só davam passinhos para o lado, gentilmente deixando Karen mais à vontade para tratar do que precisava – Desculpe mas, posso ver sua credencial no Ranger Pad, por favor? – havia uma leve desconfiança na voz, mas nada grave, ainda.

Veja bem, estando sob o mesmo teto que a polícia que, até a noite anterior, estava toda mobilizada para um tal caso de cópias de pessoas circulando por aí... É aquilo, né?! Todo cuidado é pouco. Ninguém quer assumir o risco de dar ferramentas nas mãos dos criminosos, mesmo sem querer. Eles são bem espertos afinal de contas.

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Querida, já pensou em seguir alguma carreira artística? Contest, talvez. Nesse meio é bem mais tranquilo renegar o nome original para fazer a vida com um pseudônimo ou algo assim. O quem sabe algo na ciência? Mas aí teria que aceitar ser conhecida tão somente pelo sobrenome. Tá bom, tá bom, não vou ficar dando pilha nisso!

Seguindo com o roteiro, o Ranger Pad foi consultado e então a Ranger suspirou aliviada e sorriu, dando toques seguros na tela do seu próprio aparelho.

– Perfeito, é você mesma então. Que bom que veio, Karen, estamos nos preparando pra sair na patrulha da manhã. – indicava o pequeno grupo de colegas ali perto – Eu sou a Cadete Lucimara, mas pode me chamar só de Luci, ou Mara, como preferir. – sorria, ficando progressivamente mais simpática – O Capitão desse plantão me colocou como responsável pelo nosso grupo, então eu vou dividir a gente em grupinhos e designar as avenidas da nossa ronda. Como deve saber, temos um jogo perigoso de motoqueiros acontecendo meio que clandestinamente em algumas ruas de Star City. Os números no hospital só cresce, mas ninguém quer se comprometer a dizer quem tá envolvido nisso, então... Bem, vamos ver o que nós conseguimos dando umas voltas por aí. – explicava brevemente o caso, com adição de alguns detalhes – Só preciso que você coloque seu uniforme, porque não podemos fazer isso à paisana, tem um banheiro logo ali e... Vai precisar mexer no seu time? Posso arranjar um Storage se precisar. Sairemos daqui vinte minutinhos, é o tempo de o restante da equipe chegar. Se tiver alguma pergunta, fique à vontade.

Seria essa uma boa hora para, além de perguntas, anunciar aquelas informações extras que tinha pego na outra missão e poderiam ser úteis nessa? Diria que sim. Ajudaria Luci a fazer o planejamento da patrulha, ou simplesmente mudar todo roteiro da atividade programada por eles, quem sabe.

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– Rua Taurus? Com pão? – Luci ficava apreensiva, sobrancelhas unidas, mordendo o canto da boca; até os outros Rangers (agora em sete) pararam para prestar atenção – Pelo menos, seria coincidência demais se não fosse algo relacionado a isso.

A Cadete refletia mais uns instantes antes de se voltar ao seu próprio Ranger Pad, onde clicou em algumas coisas e claramente digitou outras, como quando fazemos ao mandar uma mensagem de texto para alguém pelo Pokézap.

– Infelizmente a Rua Taurus não tava no nosso roteiro de patrulha hoje. Por conta disso não posso simplesmente mandar vocês, Recrutas, pra lá sem autorização do Capitão. Mas... – dava pra ver que Luci se sentia pressionada pela indecisão, mas a moça não levaria muito tempo para se resolver com aquilo – Isso, é. Eu mesma posso ir até lá. Recrutas, atenção! – chamava alteando um pouco a voz, então os demais se aproximavam do balcão, se agrupando pelos lados e atrás de Karen.

Agora com todos mais perto, Karen notaria que todos se vestiam fardas no mesmo padrão da sua, característico dos Recrutas. Sendo assim, estavam em pé de igualdade na hierarquia dos Rangers. Isso também significava que boa parte deles passava um ar de insegurança e nervosismo, típico de sua inexperiência. Eram poucos os que transpareciam estar confortável, praticamente só se mascaravam com uma empolgação exacerbada, torcendo por ação.

– Nossa missão hoje é patrulhar as ruas nas partes periféricas da cidade por isso já enviei para os Ranger Pads de vocês o mapa atualizado e 3D de Star City. Os perímetros que vamos fazer ronda estão marcados em vermelho no mapa, divididos em região norte, sul, leste e oeste. Iríamos fazer patrulha em duplas, mas a colega Karen nos trouxe uma informação nova e precisamos improvisar. Vamos aproveitar e aprender, porque na rotina de um Ranger, às vezes, o improviso e as decisões certas tomadas de última hora podem determinar o sucesso da sua missão. – ah! Bem lembrado. É por isso que Recrutas geralmente fazem missões acompanhados de pessoas em outros escalões: eles ainda tem algo a aprender – Sendo assim, excepcionalmente por isso eu irei formar um trio com a Karen e você, Tim. Nós vamos para o lado oeste, onde fica a rua Taurus. Vocês...

E assim foi feita a divisão, com os demais Recrutas sendo separados em duplas e designados para as outras três áreas da cidade. A orientação, pelo menos, era de que não haveria envolvimento com grandes riscos, pois os tais motoqueiros tendiam a fugir na menor presença de representantes da lei e da ordem. Em todo caso, foi dado a cada dupla o seguinte kit: um megafone, uma pistola de sinalização na cor vermelha e uma sirene portátil. Algo que foi considerado como útil em caso de emergência. Ao fim de todo o restante da explicação, um lembrete:

– Lembrem que seus Pokémon são seus grandes aliados e, se precisarem, os selvagens também podem ser, e que não machucamos ninguém nem nenhuma criatura assim, gratuitamente. Somos Rangers, como gosto de dizer, protetores da ordem. Bem, boa sorte a todos e, se precisarem de algo, estarei sempre atenta ao nosso canal particular no Ranger Pad. Vamos lá, Rangers!

Havia uma pequena comoção naquele grupo animado que deixou a Delegacia de Polícia naquela manhã morna. Do lado de fora, era até engraçado ver a forma como aquela facção se diferenciava dos Policiais, mais sisudos e "acelerados". Isso para não falar nos meios de transporte, uma vez que os Rangers eram mais "tradicionais" a ponto de se deslocarem com seus Pokémon - teve só um de bicicleta, e uma garota de patins - ao invés de veículos motorizados. Por falar nisso...

– Ro-rôi! Karen, né?! – a voz do rapaz carregava um tom de timidez – E-eu so-sou o Timothy, mas p-pode me chamar de Tim, i-i-igual a Luci... – e um pouco de gagueira também – P-precisa de c-carona? – perguntava no instante em que tirava uma esfera do bolso, liberando um Gogoat já equipado com uma sela nas costas. Enquanto isso, Luci se distraía preparando um Stoutland para levá-la. Qualquer um dos dois conseguiria levar Karen junta, se ela quisesse; das vantagens de ser pequena e leve!

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– Arthur é o seu Passimian? Ele pode vir comigo. – por que foi dizer isso, Luci?

Karen já tinha até subido no carona de Gogoat, atrás de Tim, o jovem Recruta de cabelos ruivos e compridos até o ombro [imagem ilustrativa]. De lá mesmo, como entrou por vontade própria, Arthur saiu da Pokébola. Seu raio avermelhado fez até uma curva curiosa para alcançar o carona da montaria seguinte. De cima de Stoutland ele apoiou um dos braços no ombro de Luci e, com a outra mão, acenou um joinha para Karen. Era um Pokémon realmente peculiar e que sabia ser animado quando queria.

Por algum motivo Luci nem se incomodava com a cena - será que ela tem um Arthur em sua vida também? Então, a Cadete apenas anunciou que poderiam partir e ela foi na frente. Olhando agora, daquele ângulo, Luci lembrava um pouco a própria Karen no combo altura + porte físico. Até o cabelo mais curto podia trazer alguma semelhança, contudo o da Cadete era bem escuro, quase negro [imagem ilustrativa].

O trio de Rangers faria seu caminho com alguma dificuldade enquanto estivessem no centro de Star City. Sabe como é, essa costuma ser a área de maior movimento na cidade e, se fossem pela rua, ocupariam o espaço de dois veículos; se fossem pelas calçadas, tomariam elas por completo, praticamente. Em todo caso, a líder determinou que fossem pelas avenidas, onde podiam desenvolver um ritmo maior e mais constante para alcançar depressa a parte menos movimentada da cidade.

– Pessoal, aqui começa nossa área de patrulha, podemos desmontar. – a moça anunciou, descendo de seu Stoutland logo após Arthur o fazer – Karen, Tim, vou deixar vocês com esse lado da rua e eu vou seguir pelo outro. A cada esquina, vamos virar, descer a rua e depois voltar até essa aqui. Sugiro que dividam quem vai ficar consultando o mapa, pois cada rua transversal terá um número diferente de quarteirões pra ser percorrido. – Luci fazia a descrição com naturalidade, apontando as esquinas e desenhando no ar os movimentos de seguir até o fim da rua transversal e voltar para a principal – Faremos assim até o meio do circulo marcado no mapa, onde eu marquei um ponto de referência pro nosso encontro. Façam isso se revezando para quem vai manter atenção em qual lado das transversais. Elas são curtas e o que nós procuramos são movimentações suspeitas, aglomerações de motos e coisas assim, que costumam chamar atenção nem que seja pelo barulho.

Luci aguardaria mais um tempinho caso a dupla de novatos quisesse tirar alguma dúvida. Se não, ela traria para forma da esfera um Pidove muito animado, que pousaria em seu ombro e depois voaria assim que atravessassem a rua; seu companheiro de patrulha! Tim observaria aquilo e, em seguida, faria algo parecido, mas de sua pokébola viria um tímido Whismur que ele colocaria sobre seu ombro.

– V-vai ajudar a gente se-se-se tiver barulho. – o próprio Tim sorriu, tímido.

– Chamem pelo Ranger Pad se precisarem! – e é isso. Agora, imagine que você tem um círculo desenhado no mapa, com uma linha reta que cruza o centro dele, de sul a norte. Pois então, vocês estão exatamente nessa linha, a rua principal, na extremidade sul. Só precisam caminhar até uma esquina, descer pela rua transversal e voltar. Sempre atentos aos sinais daquilo que vieram combater: uma gangue de motoqueiros nojentos. Simples... não?!

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