Reprise

Paula parecia contente em te ver bem. Por mais que ainda tenha a pendência dos seus pais pra resolver, você está muito melhor do que antes, se parar pra pensar. Voltou pra casa, reencontrou sua irmã, até mesmo conheceu alguém especial, apesar de ter tido de se distanciar novamente. A vida parece estar melhorando, por mais que nem tudo o que você queria realizar tenha se concretizado. Mas não é nada que tentar de novo não resolva, pois essa é a verdadeira maneira de se alcançar o que almeja.

As mensagens de Emily continuavam provocativas, de uma certa forma. Por mais que nem sempre ela tivesse a intenção de te deixar desconfortável, era algo que ocorria com frequência. "Eh? Sem felizarda? Tá dormindo no ponto! Nem parece aquele galã que eu vi em Mahogany, hehe."

Conforme você continuou seu caminho até o Centro Pokémon, dando, talvez, uma paradinha pra almoçar com sua amiga, já que ainda havia um tempo pro torneio, foi ocorrendo um papo legal com ela durante o trajeto. Ela te contou algumas coisas que aconteceram depois que vocês se separaram e você foi entendendo até mesmo os motivos pra ela ter voltado. Não obstante, ela também queria saber de você, e foi te perguntando como foram suas aventuras, como foi a reconstrução em Mahogany e tudo mais. Um papo típico de "colocar a conversa em dia".

Ao chegar no Centro Pokémon, você via que tinha uma certa movimentação na arena aos fundos do local que não era muito costumeira, até mesmo Paula percebeu que havia algo diferente. Obviamente se tratava do torneio amador, que a menina ainda não tinha conhecimento da existência. Chegando na arena, era possível ver uma tendinha em um dos cantos, com duas pessoas ali sentadas e umas outras ao redor da arena, estas pareciam ser treinadores. A jovem Cavendish não hesitou em perguntar. — O que tá rolando? Parece que vai ter algum evento...

Ela sorriu ao ouvir a pergunta sobre se tornar jornalista como a mãe. Um sorriso admirado, mas ao mesmo tempo meio amarelo. — Então... Eu não sei. Sabe, minha mãe significa muito pra mim, mas eu ainda estou pensando. Afinal, vai ser algo que vou levar pro resto da vida. — O Colégio de Rustboro havia ensinado muito para Paula sobre batalhas Pokémon, visto também que regularmente ocorriam palestras feitas por Treinadores e que até mesmo você já havia palestrado uma vez, enquanto sua amiga estava dormindo. É de se imaginar que ela tenha criado algum interesse por essa carreira e agora esteja um tanto indecisa. Essa teoria se confirma ainda mais quando ela aceita prontamente sua proposta de participar do torneio.

— Oh, um torneio? Claro que participo! Eu queria mesmo batalhar com você... Bem, nesse caso, contra você. — Um sorriso alegre se expandiu em seu rosto, entregando alguma animação pela participação. No entanto, você se lembra que ao deixar Paula em Hoenn, ela não era exatamente uma exímia treinadora e também não gostava muito de batalhar. Não que ela nunca batalhasse, mas também não fazia isso com tanta frequência. Talvez ela esteja pensando em se aprimorar mais, como treinadora. Quem sabe entrar no mundo dos Contests... As possibilidades são muitas e, considerando que ela também tem a possibilidade e um desejo de se tornar uma jornalista, a lista vai só aumentando e a indecisão também.

Então, adiantando um pouco o lado dos dois, você rapidamente foi se inscrever no torneio e Paula foi junto, ambos colocando seus nomes nas fichas e recebendo um cartãozinho colorido. O seu era Amarelo e o de Paula era Laranja. Cores parecidas, mas bem diferentes. As pessoas que estavam na tendinha explicaram como funcionaria o torneio: Por não terem conseguido pessoas o suficiente pra montar chaves em formato oitavas de final, terá de ser quartas de final, com um dos participantes tendo que fazer uma "oitavas de final" porque ficou com número ímpar. Ou seja, alguém terá que lutar uma vez a mais do que os outros pra se consagrar campeão daquele campeonato de amadores. Além disso, informaram também que será feito tudo por sorteio. Ou seja, as primeiras lutas serão todas sorteadas e o que indicará quem lutará com quem são justamente os cartões coloridos. Não há prêmios de consolação, além da experiência obtida. Só o vencedor conseguirá adquirir os prêmios citados no panfleto.

Com tudo explicado, o cadastro estava pronto e Paula parecia um pouquinho ansiosa. Tanto em questão de nervosismo quanto querendo batalhar logo. Não era muito do feitio da garota ansiar tanto por batalhas Pokémon mas, por alguma razão, ela parecia querer se divertir batalhando e te observar também. Não que ela nunca tenha visto você batalhar, mas era como se ela estivesse te enxergando com novos olhos agora e quisesse testar seus novos conhecimentos.

Os cartões foram sorteados, um a um, gerando a seguinte tabela.


Por coincidencia do destino, para a sua felicidade (ou infelicidade), você acabou sendo sorteado para a primeira luta, que ocorreria antes da verdadeira "primeira fase", pra que o participante "a mais" fosse eliminado logo de cara. Você estava prestes a batalhar contra o oponente do cartão vermelho. Além dos outros 8 treinadores, considerando que Paula também fazia parte desse total, haviam aproximadamente mais 7 pessoas assistindo. Parando pra pensar, não era tanta coisa assim. Então, por intermédio de um microfone, você ouvia uma voz que tinha ouvido há pouco tempo. Spike assumia o papel de anunciar as batalhas.

— Obrigado por terem comparecido e, principalmente, a quem veio apenas assistir e dar aquela força. Muito obrigado, de verdade. Vamos começar o torneio, sem enrolação, pois teremos oito batalhas hoje e não queremos que ninguém fique esperando demais. Como temos um número de participantes ímpar, teremos que fazer uma batalha extra, mas o formato vai ser em quartas de final! Os treinadores já foram sorteados. Por favor, posicionem-se! Aqui do lado direito da arena, um jovem treinador, certamente com seu Espeon ao seu lado, ou não, Thomas Wilkerson! Já do lado esquerdo, uma garota que parece ser bem experiente também, Elise Rogers! — Pelo visto, para Spike todo mundo parece ser um treinador experiente. — As regras são simples: Batalhas de três contra três, em formato single. Se um dos lados não tiver três Pokémon, terá que lutar com quantos tiver e derrotar o seu oponente mesmo assim, mesmo que isso signifique uma batalha de um contra três.

A garota que seria sua oponente estava fumando um cigarrinho, aproveitando que era uma batalha a céu aberto. Ela lança uma piscadinha pra você, mas não te cumprimenta verbalmente, pois estava com a boca ocupada com aquele tabaco.


Spike continuava sua apresentação. — Então, sem mais delongas, o lado favorecido pra iniciar a batalha será o lado esquerdo, que foi sorteado com o lançar de uma moeda. Escolham seus Pokémon e estão liberados pra iniciar o combate!

A loirinha já puxava uma Pokébola do cinto e a arremessava pra cima, tudo isso sem tirar o cigarro da boca. Desta Pokébola saía uma Dragonair, uma serpente dragão azulada, bem bonita. Assim que você também mandasse seu Pokémon pro campo, considerando que a iniciativa estava nas mãos de Elise, ela dá seus primeiros comandos. — Vamos, Drika, começar no sapatinho. — Era um dos poucos momentos que ela parava de fumar. — Lança um Safeguard e depois vem com um Thunder Wave!

Esse primeiro round foi... Explosivo. Deve ser a melhor forma de descrevê-lo em uma única palavra. Elise não sabia exatamente o nível de poder de Hero e não imaginou que ele iria deitar sua Dragonair na porrada tão facilmente. Na verdade, não foi na porrada e sim na base de raios coloridos e brilhantes. A serpente dragão ativou seu Safeguard logo depois de ter recebido um golpe poderoso, mas quando estava prestes a usar seu Thunder Wave, recebeu outro e caiu fedendo. Bom, obviamente ela não morreu mas ficou nocauteada. Um dano massivo e rápido, Hero nem precisou suar.

Era nítido no rosto da oponente que ela estava muito frustrada em ter tido sua Drika nocauteada tão rapidamente. Ela mordia o filtro do cigarro (a parte laranja) e recolhia sua companheira pra dentro da Pokébola. Depois, lançava outra ao ar, saindo dali uma aranha grande, com patas bicolores e um chifre, além de dois dentes em formato de pinça. Um Ariados. No entanto, era seu momento de ter a iniciativa da batalha e os comandos já poderiam ser dados, mesmo que a aranha mal tenha chegado em campo.


Campo: Campo de batalha padrão dos Centros Pokémon, chão de terra, totalmente plano, com as marcações da Liga Pokémon. Ao redor, alguns assentos que servem de arquibancada. O clima está normal.

Ao ver seu comando, Elise reagiu tentando atingir Hero antes que a barreira fosse erguida, sabendo que teria problemas pra causar mais dano depois que a barreira estivesse de pé. Sendo assim, ela comandou para seu Ariados. — Peter, Shadow Sneak! — E o aracnídeo foi. Ele criou uma sombra no chão, que tinha o formato do corpo dele mas que foi se alongando e alongando rapidamente até chegar em Hero, vindo por trás dele e dando um golpe com as garras sombrias. Apesar de ter sido um golpe efetivo, deu pra ver que não causou muitos danos. Logo depois de receber esse golpe, o gato psíquico ergueu uma barreira protetora, em tons iridescentes, que protegia contra danos físicos e a sombra de Ariados havia recuado pro seu tamanho normal.

Em seguida, ela ordenou, em resposta ao seu segundo comando. — Agora, Leech Life! — Aproveitando-se que você havia exclamado uma ordem de golpe ofensivo, tentou mitigar o dano. O psíquico atingiu a aranha com o seu Psychic, fazendo-o levitar no ar e depois o arremessando pra longe, causando grandes danos. A aranha está muito debilitada, quase não consegue lutar mais, mas ainda está de pé, mesmo que fraquejando um pouco. Juntando o pouco de força que tinha, ela avançou contra o gato, dando um golpe com suas presas de pinça e sugando um pouquinho de sangue do seu companheiro, se curando no processo. O dano teria sido altíssimo, se não fosse pela barreira criada anteriormente.

Agora Elise dava mais comandos, sendo a iniciativa de batalha por parte dela. Não haviam muitas alternativas pra ela, mas ela não desistiu de lutar mesmo assim. — Vamos até o final, Peter... Duplo Leech Life! — Ela provavelmente sabia o que estava por vir. Deu pra notar uma leve desanimada nesse ultimo comando. Mas ela tentou não transparecer muito, pra que seu Ariados não desanimasse também.


Campo: Campo de batalha padrão dos Centros Pokémon, chão de terra, totalmente plano, com as marcações da Liga Pokémon. Ao redor, alguns assentos que servem de arquibancada. O clima está normal.

A batalha acontecia conforme o previsto. Tanto você quanto Elise já sabiam do resultado desse confronto. Hero estava muito acima dos Pokémon dela em nível de poder e, com a vantagem de tipo, tudo ficou muito bem definido. O gato arremessou a aranha e esta caiu nocauteada, sendo recolhida pra sua Pokébola ao final. Somente um milagre salvaria Elise dessa batalha, pois são três Pokémon pra derrotar e ela tem apenas um sobrando.

Por falar nisso, ela libera seu Pokémon sobressalente. Na verdade, era possível ver que, assim como você, ela também tinha um time completo, mas tinha escolhido aqueles pra batalha. Talvez um pouco de azar de ter caído logo contra alguém que tinha uma vantagem de tipo tão expressiva. Da Pokébola dela sai um ratinho alaranjado com um rabo em formato de raio. Um Raichu. Hero não deu oportunidade sequer que ele pudesse agir assim que entrou e lançou um outro Psychic, arremessando o rato pela arena.

Quando o gato termina de brincar com o rato, Elise dá mais um comando. — Remy, Thunderbolt! — E era a vez do treinador agir com a iniciativa. O gato psíquico aguardava os comandos para agir enquanto o rato estava machucado mas ainda bem na batalha, não se sabe exatamente por quanto tempo.


Campo: Campo de batalha padrão dos Centros Pokémon, chão de terra, totalmente plano, com as marcações da Liga Pokémon. Ao redor, alguns assentos que servem de arquibancada. O clima está normal.